FMCG Marcas

Falta de peixe afecta preço

Por a 17 de Junho de 2008 as 17:30

congelados

As limitações nas quotas de captura, a desvalorização do dólar, e o constante aumento do preço dos combustíveis, estão a afectar o sector piscatório. A tábua de salvação é, segundo as principais empresas do sector, diversificar a oferta.

O sector alimentar tem sofrido um revés nos últimos tempos. A área dos produtos congelados não foge à regra e as empresas do sector garantem que o preço dos alimentos congelados vai continuar a subir. Vítor Soares, Presidente do Conselho de Administração da Geldouro, avançou ao Hipersuper que “embora o factor preço seja cada vez mais importante na escolha dos consumidores é previsível uma subida dos preços muito por causa da valorização do dólar”.

A escassez de produtos é outro dos problemas que o sector alimentar enfrenta. No caso dos congelados, mais concretamente os produtos provenientes das actividades piscatórias, a redução das capturas, muito por causa da política europeia em relação às quotas de pesca, também reflecte o aumento dos preços. Lídia Tarré, responsável de marketing da Gelpeixe, corrobora: “o constante aumento do consumo de alguns produtos aliado à escassez dos mesmos, leva a um aumento no preço do pescado na origem”.

Ameaça Marcas de Distribuição
Os problemas existem, porém, quem actua no sector sabe que Portugal é um País que consome, tradicionalmente, mais peixe do que a maioria dos países da Europa. Para a Congelados Moreira, a estratégia a seguir passa por oferecer aos clientes um portfólio de produtos mais diversificado, como postas de peixe mais pequenas, que tenham a mesma qualidade e garantias. “Não podemos impor ao cliente o que este deve comprar, devemos, sim, dar-lhe opção de escolha”, afirmou Sandra Pinto, responsável de qualidade da marca. Esta parece ser a estratégia consensual para todas as empresas do sector. A Geldouro vai mais longe e Vítor Soares diz “ser necessário promover o consumo de novas espécies onde a escassez seja menor”.

Quanto ao peso das marcas de distribuição, o sector não acredita que sejam uma ameaça embora Lídia Tarré, comente que “o crescimento destas marcas é hoje uma realidade”.

Segundo dados da TNS a quota de mercado das marcas próprias, entre Maio de 2007 e Abril de 2008, registou 36,7% em valor e 47% em volume. As marcas de fabricante, essas, alcançaram 63,3% em valor e 53% em volume.

A sazonalidade é outro dos factores que o mercado enfrenta. Existem produtos que são mais consumidos em épocas específicas, como o bacalhau no Natal, por exemplo.

Jorge Rato, administrador da Unima, explica que “em segmentos de produtos essa sazonalidade é evidente. No entanto, os ultracongelados têm vindo a introduzir no mercado a possibilidade dessa sazonalidade se esbater, permitindo o consumo dos produtos ao longo de todo o ano e não só no período coincidente com os com períodos de pesca”.

Por outro lado, os responsáveis dizem que a sazonalidade está a diminuir. Para a Geldouro, “produtos como o marisco, por exemplo já fazem parte dos hábitos alimentares dos portugueses”, indica Soares. A Congelados Moreira subscreve esta teoria e Sandra Pinto, diz mesmo que “a sazonalidade está cada vez mais desvanecida porque o consumidor se está a acostumar a adquirir pescado e marisco congelado”.

Jorge Rato destaca a Inovação. “Ter capacidade de desenvolver novos conceitos quer a nível do produto quer a nível da apresentação, não esquecendo a necessária adaptação dos conceitos tendo em conta a segmentação do próprio mercado”.

A Gelpeixe prefere ir pela segmentação de clientes mas também investe em inovação. “O cliente tem hoje diversas necessidades e perfis. Para o satisfazermos é necessário segmentá-lo. Inovar e diversificar são também factores decisivos para criar valor adicional ao cliente”.

Peixe é rei
Falta saber qual o paralelismo que se pode estabelecer entre as vendas de produtos congelados e frescos. O peixe fresco é o rei do consumo nacional. A Congelados Moreira considera que “a venda dos produtos congelados, nomeadamente nos mariscos e peixe, está a aumentar comparativamente aos frescos. Para a Geldouro e Gelpeixe, os produtos frescos têm mais procura que os congelados nas épocas em que apresentam disponibilidade de mercado. Já Unima defende que “são mercados que existem paralelamente e em muitas situações se complementam”.

Os principais fabricantes do sector dos congelados estão a perder quota de mercado. Para Vítor Soares “estamos perante uma transferência do consumo cada vez mais acelerada para as marcas de distribuição, que neste segmento chegam a atingir 60 a 70% das vendas. Jorge rato afirma “ser cada vez mais é difícil disputar quota de mercado entre os principais operadores”.
As soluções passam por dinamizar e inovar o mercado. A Congelados Moreira não tem dúvidas: “a apresentação dos produtos tem de ser melhorada constantemente. Se há uns anos o peixe congelado era embalado somente a granel, hoje já o temos embalado individualmente (inclusive às postas), em saco, ou em vácuo”, conclui a responsável da marca para a qualidade, Sandra Pinto.

No caso da Gelpeixe, “a opção recaiu para segmentação através da introdução no mercado de 3 sub-marcas: Gelpeixe Chef, para pré-cozinhados, Gelpeixe Gourmet, para produtos de alta qualidade, e Gelpeixe Delidu para carnes de porco preto”, rematou Lídia Tarré.

A Geldouro, por sua vez, aposta em novas espécies. Vítor Soares ressalva que a solução “é introduzir no mercado novas espécies para colmatar a escassez. Por outro lado, persiste a tendência para os pré-cozinhados, finalizou.

Jorge Rato subscreve dizendo ser “ao nível dos produtos pré-cozinhados que se assiste à maior introdução de novidades e tal acontece a nível dos diversos segmentos de produtos”.

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