Distribuição

APED pondera apresentar queixa contra responsáveis dos bloqueios dos transportes

Por a 12 de Junho de 2008 as 2:00

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Pode ser apresentada uma queixa-crime por parte da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) contra os responsáveis pelo bloqueio do transporte de mercadorias que durante os últimos dias, um pouco por todo o País, têm bloqueado as estradas nacionais obrigando mesmo a parar alguns camionistas que se mostram reticentes em relação à paralisação. José António Rousseau, director-geral da APED, diz que a situação é inacreditável e lamenta a falta de eficácia das autoridades.

Do leite aos aviários, os produtores falam já em escassez de ração para os animais. Dezenas de produtores de leite têm mandado fora o produto, uma vez que os camiões que costumam recolher o mesmo não o têm feito devido à paralisação. Sem espaço para armazenar a única solução é deitar fora o líquido. Nos aviários a ração de uma galinha já começa a ser dividida por duas, em alguns casos três. Com os matadouros cheios de carne pronta a transportar para as superfícies comerciais, os responsáveis do sector das aves temem deixar de ter ração para os animais e que os frangos e galinhas no matadouro se estraguem antes de poderem ser comercializados.

O gasóleo também já começa a faltar nas bombas de abastecimento. Em Lisboa existem já vários postos de abastecimento sem gasóleo para vender. O último balanço da Anarec, Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis, dá de resto conta de que os distritos de Leiria, Faro e Lisboa estejam na iminência de ficar sem combustíveis. “Na grande Lisboa, a situação é já das mais críticas do país”, confirmou o presidente da Anarec, Augusto Cymbron, ao Rádio Clube Português.

Na segunda e terça-feira, vários camiões que tentaram não aderir à greve foram ameaçados e alguns mesmo chegaram a ser apedrejados. Os danos nos vidros das viaturas eram visíveis. O grupo Jerónimo Martins foi mesmo obrigado a recorrer a escolta policial para conseguir enviar camiões da sua plataforma logística até à grande Lisboa, para colmatar a escassez de produtos alimentares que já era visível nos Pingo Doce e Féria Nova, insígnias do grupo.

As paralisações são uma realidade em Portugal, Espanha e França, porém estes últimos optaram por fazer uma manifestação mais calma, onde só participou quem quis, e que colocou dezenas de veículos pesados de transporte de mercadorias em marcha lenta na auto-estrada.

Empresários e camionistas dizem ser impossível obter margem de lucro nos fretes que efectuam com os actuais preços do gasóleo e querem, entre outras coisas, combustíveis mais baratos, isenção nas portagens nocturnas e apoios monetários ao nível da renovação das frotas existentes.

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