O regresso de uma velha questão

Parece que o Governo reequacionou o velhinho dossier da abertura das grandes superfícies aos domingos e feriados à tarde, colocando-o novamente na agenda política.

Uma semana depois de seis hipermercados serem encerrados pela ASAE e meses após a entrega de mais de 250 mil assinaturas pela APED na Assembleia da República, o Governo PS pretende estudar uma questão que, a um ano de eleições, lhe poderá trazer alguns dividendos, possibilitando, em 2009, acenar com a bandeira da criação de postos de trabalho (lembram-se dos prometidos 150 mil), bem como ir ao encontro das (supostas ou não) exigências dos consumidores.

Coloca-se agora a questão de debater o timing escolhido para a reavaliação de um dossier que, de acordo com afirmações do Executivo, não iria constar da agenda política. Para muitos não terão sido as 250 mil assinaturas entregues na Assembleia da República que pesaram neste decisão, mas, eventualmente, a concentração registada no sector da distribuição que terão levado o Governo a reequacionar algo que não queria reequacionar.

Com menos dois players no mercado – Carrefour e Plus – verificamos que um dos grupos nacionais adquiriu hipermercados (fechados aos domingos e feriados à tarde), enquanto o seu concorrente adquiriu lojas com menos de 2.000 m2 (abertas aos domingos e feriados à tarde).

Ora, é sabido que para ganhar eleições temos de agradar a gregos e troianos e sabendo-se que o encerramento total nestes dias está, como recentemente disse fonte do gabinete do secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, fora de questão, é provável que, satisfeitos os troianos, seja agora altura de agradar, também, aos gregos.

Certo é que ninguém do Governo veio ainda explicar porque razão um espaço com menos de 2.000 m2 pode estar aberto aos domingos e feriados à tarde, enquanto ao lado, um hipermercado é obrigado a fechar as portas às 13:00 horas.