Tec & Log

Frio a todo o vapor

Por a 4 de Abril de 2008 as 12:00

frio

A nova legislação e as exportações permitiram aos industriais do frio ganharem novo fôlego para salvas o sector da competitividade dos mercado orientais.

O negócio dos produtores nacionais de móveis refrigerados conheceu uma lufada de ar fresco com a entrada em vigor da legislação comunitária em matéria de segurança alimentar e a fiscalização apertada da ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica). A corrida à compra de equipamentos que respondem às exigências do HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points) ainda não registou abrandamentos, afirmam os principais players do sector ouvidos pelo Hipersuper.

Apesar do dinamismo comercial que o sector registou nos últimos anos, Portugal continua a revelar-se um País pequeno para as empresas com metas de crescimento ambiciosas. Assim, a exportação é a arma de arremesso dos fabricantes nacionais para vencer as dificuldades inerentes à pequena dimensão do País e à falta de poder de compra dos operadores, explicou Rui Martins, director-geral da Mafirol.

Na frente externa, a localização geográfica do País limita a competitividade dos produtores nacionais. Aos custos fixos há que somar a despesa logística associada à importação das matérias-primas. «Temos falta de fabricantes de alguns componentes críticos» ao processo de produção, lembra Fernando Costa, director comercial da Frigocon.

Custos de importação
Os produtores portugueses enfrentam ainda a agressiva «competitividade dos mercados orientais, com preços quase imbatíveis». Assim como a falta de mão-de-obra especializada. Os cursos dedicados ao sector são quase inexistentes, refere o responsável pela empresa de Vila do Conde que aponta o dedo às entidades comunitárias por falta de protecção «contra a concorrência, muitas vezes, desleal».

Além disso, a exportação dos equipamentos implica custos de transporte cada vez mais elevados graças à subida da despesa com as matérias-primas.

Dentro das fronteiras, Mário Rodrigues, coordenador de marketing da Jordão Cooling Systems, acredita haver ainda muito potencial para crescer. Os operadores do canal alimentar e horeca «desejam modernizar-se e procuram soluções inovadores. O único óbice poderá estar na obtenção de crédito». Ou seja, com as dificuldades na concessão de crédito muitos empresários não dispõem de meios para investir em novos estabelecimentos comerciais.

A tendência de concentração no sector alimentar também oferece dificuldades aos produtores de menor dimensão, com menor poder negocial.

Energia e ecologia
A poupança energética é o pilar essencial da criação de novos projectos. Mas, «a par do consumo de energia, há um conjunto de normas e práticas ambientais e de sustentabilidade a ter em conta: efeito de estufa, higiene e segurança alimentar, a directiva RoHS (não utilização de substâncias perigosas no fabrico de equipamentos eléctricos e electrónicos», explicou Mário Rodrigues.

Rui Martins, por sua vez, destaca cinco requisitos essenciais ao desenvolvimento de novos equipamentos: «funcionalidade, fiabilidade, design, versatilidade e rentabilização do espaço ocupado».

A procura no mercado nacional está mais focada nos equipamentos com tecnologia de ponta ou pelo contrário nas gamas mais económicas e de baixo preço? Segundo Patrícia Figueiredo, técnica de qualidade, segurança e ambiente da Baltrina, «a procura está centrada nos sistemas mais baratos, pois as empresas não possuem

O director-geral da Mafirol corrobora: «Apesar da demanda de equipamentos com tecnologia de ponta estar a aumentar, quer devido à concentração no sector alimentar quer pela crescente consciencialização dos benefícios que lhes estão associados, a procura em Portugal, de baixo poder de compra, continua a focar-se nos preços mais baixos».

Quando se trata do desenvolvimento de móveis frigoríficos “nobres”, destinados a projectos especiais, «os profissionais do sector elegem os equipamentos mais sofisticados», remata Fernando Costa.

A supremacia do Norte

  • Baltrina Cold Tecnology
    Desde 1982 que se dedica à produção e comercialização de máquinas de frio. Na oferta da empresa sedeada em Sintra destacam-se as caixas eutéticas (temperatura mais baixa durante maior período de tempo), os revestimentos/isolamentos isotérmicos e frigoríficos de furgons (maior aproveitamento do espaço de carga e resistência à infiltração de líquidos), frio invisível (veículos sem alterações na estética que facilitam o estacionamento), vitrinas frigoríficas e registadores de temperatura. A sua mais valia é conceber projectos à medida das necessidades de cada cliente. A Baltrina facturou 2,5 milhões de euros em 2007 e a exportação é um objectivo ainda “intangível” para a empresa.
  • Frigocon
    A empresa de Vila do Conde fornece mais de 50 países. Alcançou no ano passado um volume de negócios de 16 milhões de euros, 50% nos mercados internacionais, e ambiciona crescer 15% este ano. A consolidação da marca Fricon nos EUA (contratos com as duas maiores fabricantes de gelados – Nestlé Dreyers e Good Humour Breyers) e a entrada no mercado polaco, foram as grandes conquistas do ano passado. Nas duas fábricas, produz cerca de 250 unidades por dia. A grande aposta é o canal alimentar. Para conquistar os retalhistas, desenvolveu novos equipamentos de descongelação automática com novas tecnologias quer a nível dos compressores quer de outros componentes.
  • Guifrio
    Fabrica sistemas de frio, conservação e exposição, foi criada há 26 anos. A fábrica instalada em Guimarães produz uma alargada gama de produtos: balcões expositores e vitrinas alimentares para os canais alimentar e horeca. No ano passado, facturou mais de um milhão de euros e exporta para os continentes europeu e asiático. O seu posicionamento assenta na «tecnologia de ponta aliada aos preços económicos», garante Firmino Alves, responsável da Guifrio. Modernização e design são palavras de ordem na concepção de novos equipamentos.
  • Jordão Cooling Systems
    Cresceu 12% em 2007 face ao ano homólogo e alcançou uma facturação próxima dos 20 milhões de euros. A forte pujança dos mercados internacionais contribuíram para o resultado. A exportação representa 65% da facturação da empresa de Guimarães. O mercado norte-americano, canadiano e angolano, constituem as grandes apostas na cruzada internacional. A oferta está recheada de novidades. A nova gama de murais Columbus XL privilegia a capacidade de exposição, a visibilidade, e optimiza o footprint (espaço que o equipamento ocupa no chão face à capacidade de carga). Para responder às necessidades das médias superfícies e fazer crescer o negócio neste canal, a Jordão acrescentou as ilhas ao portfólio.
  • Mafirol
    Lançou uma linha de móveis refrigerados destinados à moderna distribuição. Com design elegante e inovador, a nova aposta apresenta várias soluções com três características principais: poupança energética, rentabilização do espaço ocupado e transparência. Em 2008, a fabricante de Águeda estima produzir 6.500 unidades. 70% da produção destina-se aos mercados internacionais, sobretudo comunitário, mas a intenção é desbravar novos mercados. O grupo Mafirol iniciou actividade em 1965, opera em duas unidades fabris, e tem mais de 2500 colaboradores.

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