Lidl espia funcionários

De acordo com o semanário “Stern”, a cadeia alemã de discount Lidl, pertencente ao grupo Schwarz, contratou, em 2007, uma equipa de detectives para espiar as condutas dos seus funcionários, com o objectivo de analisar os seus comportamentos. O facto não passou em branco, tendo sido noticiado pelo jornal “El País” e desenvolvido em reportagem pela publicação alemã “Stern”.

Segundo informações publicadas na passada quarta-feira no site do semanário alemão os detectives não só controlavam as idas à casa-de-banho e eventuais relações amorosas entre funcionários, como também julgavam se a pessoa seria apta para o trabalho ou se era “introvertida e ingénua”.

Um membro da direcção do Lidl admitiu que os funcionários de algumas filiais talvez tivessem sido espiados e pediu desculpas. «No momento, não posso descartar que tenha havido solicitações neste sentido», admitiu Jürgen Kisseberth, na sede do Lidl em Neckarsulm (Alemanha). A maioria dos relatórios teriam sido feitos nos estados da Baixa Saxónia, Renânia Palatinado, Berlim e Schleswig-Holstein.

«Os detectives foram contratados para, através do uso de mini-câmaras, evitar danos ao inventário», acrescentou Kisseberth. Em 2006, cerca de 150 filiais teriam contratado detectives e no ano 2007 foram registadas diferenças nos inventários de 8% das filiais da rede na Alemanha, tendo sido vigiadas 210 filiais neste ano.

Kisseberth lamentou que tivessem sido anotadas informações pessoais e acrescentou que «isto de forma nenhuma corresponde à linha da empresa».

Representantes de vários partidos políticos alemães e sindicalistas manifestaram-se já escandalizados com o facto. Segundo a Stern, o responsável federal de protecção de dados, Peter Schaar, advertiu que «controlar idas à casa-de-banho e coisas semelhantes é uma grave violação à lei nacional de protecção de dados», por isso, têm de ser investigados.

Uma porta-voz da secretaria do Interior de Baden-Württemberg (estado onde fica a sede do Lidl) disse que as acusações de espionagem sistemática serão motivo de investigação.