Editorial

Todos por nenhum

Por a 21 de Março de 2008 as 9:30

vitor jorge

Célebre ficou a frase “um por todos e todos por um” da obra de Alexandre Dumas “Os três Mosqueteiros”. Pois no caso português de Os Mosqueteiros, o grupo retalhista parece ter alterado esta máxima para “um por um e todos por nenhum”.

Os dados revelados pela consultora TNS davam conta, em meados de 2007, que o grupo Mosqueteiros tinha chegado à liderança do “Ranking da Distribuição” com a insígnia Intermarché, tendo anunciado isso mesmo durante o último Fórum da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), incomodando alguns dos participantes que se julgavam líderes incontestados do retalho nacional.

A quota do Intermarché estava a subir e tudo indicava que a estratégia traçada pela direcção do grupo era a indicada para consolidar uma posição que nunca se pensou alcançar. No fundo, profissionalizou-se um grupo, traçaram-se estratégia de marketing, compras, posicionamento, contabilidade, apostando-se inclusivamente numa marca própria que, até aí, andava pela rua das amarguras.

Os últimos dados da TNS, referentes ao retalho nacional, indicam que a insígnia Os Mosqueteiros já não ocupa o primeiro lugar do pódio e muitos são os que julgam que isto é apenas o começo de um lento e difícil processo de declínio não da insígnia, mas de todo o grupo.

Longe vão os tempos em que se colocava em cima da mesa a possibilidade de o grupo Os Mosqueteiros estar na corrida à compra do Carrefour ou às 75 lojas Plus, de modo a reforçar a sua posição no mercado nacional. Num tempo em que se discute a implementação de novas tecnologias, o RFID, os self-checkouts, quem “manda” efectivamente no grupo Os Mosqueteiros parece querer voltar 25 ou 30 anos atrás no tempo.

Para alguns é o regresso dos “Velhos do Restelo”, para outros é um simples desconhecimento estratégico de um mercado que, cada vez mais concentrado e concorrencial, não dá espaço de manobra a quem não o aborda de forma profissional. Sabendo-se que para negociar com as empresas fabricantes e concorrer com os “big players” da Distribuição Moderna em Portugal (e não só), dimensão e organização são fundamentais. Assim, a estratégia a adoptar só poderá e deverá ser uma… “um por todos e todos por um”.

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