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O império do arroz

Por a 5 de Outubro de 2007 as 9:00

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A Atlantic Meals investiu 4 milhões de euros para reforçar a produção de cereais nas duas fábricas instaladas em Coruche.

Duas famílias portuguesas deram as mãos para constituir em Novembro de 2005 a Atlantic Meals, empresa do sector agro-industrial de cereais. Quase dois anos depois, a empresa criada pelos clãs Espírito Santo e Marques alcançou o estatuto de «maior estrutura nacional privada de recepção, armazenagem e secagem ligada à produção nacional de arroz e milho», que processa 17% do arroz consumido em Portugal, assegura Nuno Marques, administrador com o pelouro da produção e qualidade.

A Atlantic Meals é constituída por capitais 100% nacionais, divididos em partes iguais pela Herdade da Comporta, da Espírito Santo Resources, e pela Portalimpex-Certejo. As duas unidades de produção de cereais instaladas em Coruche têm capacidade para processar 100 mil toneladas. Cerca de 60% da matéria-prima é nacional. No ano passado, a empresa manteve relações comerciais com 200 produtores portugueses e adquiriu 15% da produção nacional de arroz.

A empresa inaugurou recentemente uma nova unidade de recepção e secagem de arroz em Biscainho e outra linha de arroz na fábrica de Monte da Barca, ambas sedeadas em Coruche. Um investimento global de quatro milhões de euros que permitiu o alargamento da capacidade de armazenagem.

A «obsessão pela eficácia», alcançada graças à «modernização dos processos produtivos», como descreve Manuel Fernando Espírito Santo, presidente da Espírito Santo Resources, foi determinante para o investimento. Além disso, «a capacidade de laboração estava esgotada» e era preciso reduzir custos energéticos e logísticos, assim como o tempo de colheita, e responder às exigências em matéria de qualidade, segurança e higiene alimentar, completa Luis Marques, administrador executivo do grupo Certejo.

A empresa que relançou a marca mais antiga de arroz em Portugal, a Ceifeira, criada em 1925, certificou todos os produtos e instalações naquelas três valências. Uma equipa de engenheiros agrónomos garante a qualidade dos produtos com recolhas frequentes de amostras para detectar em laboratório a presença eventual de pesticidas e Organismos Geneticamente Modificados (OGM), entre outros agressores externos.

Duplicar exportação

Na Europa, um em cada três bebés consome papas com ingredientes produzidos pela Atlantic Meals. A exportação representa aliás 16% do volume de negócios da empresa, cerca de 22 milhões de euros no ano passado.

Reino Unido, Polónia, França e Espanha destacam-se entre os principais destinos internacionais. É, aliás, no Velho Continente que a empresa tem mais força. A meta é duplicar as exportações, que também têm peso considerável em Angola, Finlândia e Suécia.

Este ano, estima alcançar 30 milhões de euros de facturação, mais 36% face a 2006. A previsão não é alheia ao volume de negócios que a empresa atingiu no primeiro semestre deste ano, superior em 41% face ao período homólogo.

A maior fatia da facturação da Atlantic Meals, cerca de 60%, resulta da produção de marca própria para a Grande Distribuição. É fornecedora das maiores cadeias de retalho no País. Entre os clientes da área industrial destacam-se os fabricantes de cerveja. «Mais de 50% da cerveja produzida em Portugal usa matéria-prima nossa», lembra Luis Marques. Mas, também, a Royal Numico, multinacional adquirida recentemente pela Danone (por 12,3 mil milhões de euros), que comercializa a emblemática Milupa, da qual é um dos principais fornecedores.

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