Distribuição

CCP prevê perda de mais de 100 mil postos de trabalho no comércio

Por a 1 de Outubro de 2007 as 2:00

retalhoA Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) estima que nos próximos 4 anos venham a ser perdidos, em termos líquidos, mais de 100 mil postos de trabalho no sector do comércio. Uma análise da CCP à evolução do emprego no sector do comércio e serviços nos últimos 3 anos evidencia uma tendência alarmante para o agravamento da situação.

Os dados do INE referentes ao 2.º trimestre de 2007 revelam que a população empregada no sector do comércio voltou a diminuir, com uma perda liquida de 17 mil empregos em termos homólogos. A população empregada situa-se agora nos 742 mil indivíduos, representando uma perda, no 1.º semestre deste ano, de 9 mil empregos.

Os dados agregados do primeiro semestre de 2007 confirmam a tendência negativa registada nos últimos anos, tendo-se perdido, desde 2005, mais de 40 mil postos de trabalho líquidos no sector, assistindo-se em simultâneo a um acentuado aumento da precariedade.

Estes dados coincidem com o período em que se assistiu a um elevado número de aberturas de estabelecimentos pertencentes aos grandes grupos da distribuição, na sequência da entrada em vigor da lei 12/2004 do Licenciamento Comercial.

Recorde-se que, só no comércio alimentar, o número de autorizações desde 2004 é já claramente superior à área autorizada entre 1997 a 2004.

«Para a CCP, não restam dúvidas de que estes valores confirmam o impacto claramente negativo da expansão das grandes unidades comerciais sobre as PME do comércio e sobre o nível de emprego no sector», refere José António Silva, presidente da Confederação.

«A tendência agora registada tenderá a agravar-se, pois muitas das unidades comerciais autorizadas ainda não entraram em funcionamento, não se sentindo ainda verdadeiramente todo o impacto da lei do licenciamento comercial. A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal tem fundadas razões para considerar que o sector vai continuar a perder muitos postos de trabalho nos próximos 4 anos, cerca de 20% dos activos, ou seja, um valor que excede claramente os 100 mil postos de trabalho», acrescenta.

Tendo em conta que a grande distribuição criou nos últimos 3 anos cerca de 15 mil postos de trabalho, e que a criação líquida de desemprego foi de menos 40 mil postos de trabalho, chega-se à conclusão que, por cada posto de trabalho criado na grande distribuição são eliminados, em média, 4 postos de trabalho no comércio independente.

«Num contexto em que o sector terciário tem sido o único responsável pela criação líquida de emprego», a CCP vê com «preocupação a evolução do desemprego e, de um modo geral, as condições económicas e sociais do País».

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