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Quem mexeu no mercado dos Queijos?

Por a 1 de Junho de 2007 as 16:00

 queijo

Inovar nem sempre é tarefa fácil num mercado tão tradicional como é o dos queijos. No entanto, as empresas esforçam–se por lançar produtos novos, quer sejam numa vertente “light”, queijos com sabores ou direccionados para o canal Horeca. A aposta na comunicação é outro factor apontado para o aumento do consumo de queijo em Portugal.

«Conquistar uma posição de relevo no Horeca», este é o grande objectivo da queijos Saloio, que este mês vai apresentar ao mercado uma gama de produtos destinados a este canal. A marca “Saloio Profissional” foi concebida «para responder às necessidades especificas destes profissionais cada vez mais exigentes», afirma Vera Mota, gestora de marketing da Queijos Saloio.

Ainda no capitulo das novidades, a empresa lançou recentemente um conceito inovador: Requeijão Saloio para Barrar, que está disponível nas variedades natural, light e Requeijão Doce, com dois sabores diferentes: abóbora e canela e Figo Light. «O elevado grau de inovação, levou ao pedido de registo de patente, já em fase avançada», sublinhou Vera Mota. Dentro deste segmento, a companhia pretende continuar a expansão da gama com «novas referências e formas de utilização».

Estes lançamentos vêm responder às tendências que caracterizam o mercado, onde os consumidores cada vez mais procuram e valorizam a «funcionalidade, assim como a preocupação com o bem-estar/nutrição», afirma a directora de marketing da Fromagerie Bel Portugal, Paula Gomes.

Foi com estas preocupações em mente que a Fromagerie Bel introduziu este ano dois novos produtos no mercado português: o Limiano ¼ bola (segmento flamengo), que tem menos 50% de gordura, e a cuvete A Vaca que Ri (segmento fundido), «uma nova forma de apresentação das marca, que permite ao consumidor maior facilidade para barrar no pão», explica a responsável da empresa.

O segmento de queijos pouco calóricos tem vindo a ganhar bastante peso. «No queijo fundido, os produtos light chegam a representar 24%». É neste sector que «a oferta francesa responde com o aparecimento de referências light e enriquecidas», afirma Teresa Madeira, responsável pela secção de queijos da Sopexa. Isto acontece porque «o consumo de queijo está intimamente ligado ao prazer de consumir, o que significa que o sabor tem que estar sempre associado ao light», continua.

Mercado (pouco) Inovador
Num mercado bastante tradicional, a Queijos Saloio tem sido das poucas empresas que mais tem inovado em Portugal, quer «pelo seu dinamismo, quer pela qualidade dos seus produtos».

«O mercado do queijo em Portugal esteve durante muito tempo condicionado por uma estrutura pouco inovadora e diversificada, associado à existência de marcas relevantes», afirma a gestora de marketing da Queijos Saloio, empresa que actualmente ocupa o terceiro lugar no ranking nacional, atrás da multinacional Bel e da Lactogal.

No entanto, o mercado apresenta sinais evidentes de mudança. Novas marcas, novos conceitos, novas formas de apresentação, fazem com que os fabricantes procurem introduzir mais-valias e soluções de consumo inovadoras (queijos para saladas, para refeições rápidas ou “pronto-a-comer”), com o objectivo de se tornarem mais rentáveis.

«A inversão da tendência deve-se ao aumento das preocupações nutricionais/funcionais dos consumidores, da qualidade dos produtos e a um acréscimo de investimento em comunicação, o que fez com que algumas marcas solidificassem a sua posição no mercado», acrescenta a especialista.

Queijos frescos em crescimento
Em Portugal, são consumidas 42 mil toneladas de queijo por ano, o que representa 304 milhões de euros. Sendo que «o mercado apresentou um crescimento de 6% em volume e de 5% em valor no ultimo ano», afirma a directora de marketing da Fromagerie Bel Portugal.
Cada português consome em média cerca de 10,2 quilos por ano, «um valor que tem vindo a crescer devido à diversificação dos momentos e formas de consumo, assim como à cada vez maior e mais variada oferta por parte das marcas e fabricantes», explica a responsável da queijos Saloio.

O tipo de queijo preferido dos portugueses é o Flamengo (45,4% de penetração), apesar de este ser o único segmento onde se tem notado um decréscimo no consumo. Ao contrário do que acontece com o queijo fresco, que tem registado uma subida de 30% desde 2004 (12% em volume e 13% em valor, Ano Móvel DJ 07), área onde se tem «verificado um movimento para o queijo embalado, que oferece maior garantia de qualidade em detrimento do queijo fresco desembalado», afirma a responsável de marketing da Bel Portugal. O requeijão e os fundidos são os segmentos mais estáveis nos últimos três anos.

O consumo de produtos elaborados com leite de cabra também tem aumentado, «tendência paralela àquela que se regista em toda a Europa e se deve à descoberta e interesse crescente dos consumidores, pelas suas propriedades nutricionais e sabor distintivo muito apreciado», afirma a especialista da queijos Saloio.

Em relação à forma como os queijos são mais consumidos, dentro do segmento de queijo flamengo, existem três formatos principais: bola (39%), barra (37%) e fatias (24%). Sendo que «as fatias são o formato que apresenta maiores taxas de crescimento». O segmento de queijo ralado é outro que também tem registado crescimento significativo. «Estas evoluções são consistentes com as tendências gerais de consumo, no sentido da conveniência e da saúde – fatias, frescos, ralados», continua.

Portugueses gostam mais de doces
Com o consumo destes produtos a aumentar exponencialmente nos últimos seis anos, a procura de queijos originários de países estrangeiros também tem crescido. Só em 2005, foram importados 30.051 toneladas destes lacticínios e as vendas subiram 32,6%. França é o terceiro principal fornecedor do mercado, em 2006 exportou para Portugal 7.191 toneladas de queijo, o que representou mais 13,3% que no ano anterior.

Os segmentos que mais cresceram em 2006 foram os fundidos (+42%), os Camembert (+22,5%), as pastas prensadas (Ememtal, +15%) e os ralados (+15%). Esta procura está mais uma vez ligada à adaptação às novas tendências de consumo e aos novos momentos de consumo.

«Existe uma nova geração de consumidores, que está associada ao desenvolvimento de uma sociedade mais consumista» explica Teresa Madeira. «A gastronomia e os momentos de convívio estão na moda, e o consumidor procura produtos que lhe permitam diferenciar-se». Neste capitulo, os queijos franceses satisfazem as novas tendências, «pela abrangência das sua gama e diferenciação em relação aos produtos existentes no mercado», continua.

Apesar do aumento do consumo de queijo nos últimos anos, ainda estamos longe dos números que se verificam nos restantes países europeus, «principalmente porque consumimos em geral duas refeições quentes e o queijo é consumido na maioria ao pequeno-almoço e lanche», onde os portugueses estão mais habituados a comer doces.

Os hábitos de consumo dos portugueses variam bastante quando comparados com os dos nossos vizinhos espanhóis, onde a tipologia de produtos é bastante diferente. «O mercado é predominantemente de queijos de grandes dimensões e pastas duras, resultantes de curas mais prolongadas. O peso dos snacks doces é muito pouco significativo, sendo o queijo utilizado frequentemente como aperitivo», afirma Vera Mota.

Marcas de distribuição crescem 18%
Em relação aos canais de distribuição, o sector dos hipers e supermercados (distribuição moderna) têm um crescente protagonismo, representando 86% das vendas em valor.

No sentido inverso, estão as lojas de comércio tradicional, onde se assinalou um decréscimo de cerca de 12% nos últimos três anos.

Esta situação não se verifica em todas marcas que comercializam queijos. «O nosso segmento de vendas é o tradicional, não temos grandes hipers», afirma Miguel Moreira, responsável da Lacto Serra, empresa que comercializa a marca Fonte Mourisca. «A nossa cadeia resume-se a cashs e armazenistas, ao grupo Mosqueteiros e à Makro», continua.

Dentro do mercado dos queijos, «a marca própria tem muita importância», continua. Estas registaram crescimentos na ordem dos 18% em valor. «Este boom das marcas de distribuição é fruto do lançamento de produtos com marcas das insígnias com um preço mais baixo comparativamente ao produto líder e segunda marca», afirma a responsável da Queijo Saloio.

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