Editorial

15 Anos

Por a 13 de Dezembro de 2005 as 15:00

É um número redondo e obviamente motivo de orgulho. Não é fácil manter um projecto editorial num país caracterizado pelos fraquíssimos índices de leitura de publicações jornalísticas, quer na vertente generalista quer na profissional. Ainda assim, o feed back que temos vindo a receber do sector deixa-nos animados e confiantes para o futuro. Sem falsas modéstias, a Hipersuper é hoje uma referência incontornável na Produção e Distribuição nacionais.

Ao longo deste período, muito aconteceu e muito mudou. A começar pela dimensão dos grupos de Distribuição. Recorde-se que o primeiro hipermercado do País abriu portas em Matosinhos, em 1985. Cinco anos depois, quando nasce a Hipersuper, o sector ainda está em plena fase de evolução. Abria o primeiro mega-mall e os níveis de crescimento do retalho rondavam os 30%, com algumas insígnias a evoluírem acima dos 100 pontos percentuais. O sector facturava globalmente 450 milhões de contos (pouco mais de dois mil milhões de euros) e hoje atinge cifras na ordem dos nove mil milhões. Em 15 anos, portanto, quase multiplicou por cinco.

Os líderes do retalho em Portugal já na altura davam cartas, mas a diferença de dimensão mostra bem como tudo se tem transformado. No início da década de 90, tanto a Modelo Continente como a Jerónimo Martins apresentavam facturações à volta dos 70 milhões de contos (350 milhões de euros, aproximadamente). Hoje em dia, estão próximo ou superam mesmo os dois mil milhões de euros, e isto só no mercado nacional, pois também já têm projectos internacionais.

A nível europeu, o Carrefour, agora líder, ocupava apenas a quinta posição, atrás da Metro, Tengelmann, Leclerc e Intermarché. Por aqui também se vê a capacidade que alguns operadores conseguiram demonstrar. Disso é também exemplo uma especificidade muito própria do mercado português, com o pequeno comércio a conseguir organizar-se em estruturas de compra e negociação, mantendo uma força que já havia perdido noutro países. Ainda assim, só nos últimos dez anos desapareceram 10.000 mercearias, num processo de renovação do tecido comercial inevitável.

Por esta altura, os níveis de competência eram ainda diminutos. Não havia formação específica nas diferente áreas, o que obrigava os operadores a procurarem know how oriundo do exterior. Esse facto colocou grandes dificuldades na relação entre fornecedores e lojistas, que se olhavam com desconfiança mútua. Felizmente, hoje em dia já se percebeu a necessidade de haver um trabalho conjunto, ao nível de fileira agro-alimentar ou na gestão conjunta de categoria, por exemplo. Ainda que persistam dificuldades de entendimento, as parcerias são hoje uma realidade. E o profissionalismo também, quer de um lado quer do outro.

É claro que os níveis de competitividade são também muito mais elevados, o que vem colocar enorme pressão sobre o preço, tanto no ponto de venda como nos seus fornecedores. Daí que a ética negocial (onde incluo acordos justos nos prazos de pagamento) seja essencial para que toda a cadeia possa continuar a evoluir de forma saudável. Por outro lado, a manutenção de algum equilíbrio ao nível dos fenómenos de concentração, na Indústria e na Distribuição, será igualmente um aspecto preventivo quanto à possibilidade de gerar abusos.

A Hipersuper tem sido uma ferramenta importante na criação de um universo em redor deste sector. E temos também evoluído em paralelo, como aliás é exigível a uma publicação especializada. Mas queremos mais e melhor. Sabemos que somos um veículo privilegiado de comunicação entre fabricantes e distribuidores. Mas o nosso crescimento também depende da relação com os intervenientes de mercado. Queremos uma revista cada vez mais útil, rigorosa e credível. Para isso, precisamos de todos no acesso à informação, na partilha de conhecimentos e naturalmente na colaboração institucional. Já o disse uma vez neste espaço: revistas profissionais fortes são espelho da própria vitalidade do sector.