Estudo destaca o vasto potencial da biotecnologia na agricultura
São inúmeras as áreas com potencial de aplicação da biotecnologia no setor agroflorestal, como o melhoramento genético vegetal e animal, ou a produção de biofertilizantes, biocidas e biofármacos. Este é […]
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São inúmeras as áreas com potencial de aplicação da biotecnologia no setor agroflorestal, como o melhoramento genético vegetal e animal, ou a produção de biofertilizantes, biocidas e biofármacos. Este é um dos resultados do estudo sobre a aplicação de biotecnologia na agricultura, alimentação e floresta realizado pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e a associação P-Bio.
O estudo AgroBioTech mapeou e compilou iniciativas, produtos e modelos de negócio que aplicam a biotecnologia no setor primário em Portugal e pretende “desenvolver uma estratégia comum para fomentar a inovação biotecnológica no sector agrícola e agroalimentar mapeando as iniciativas, produtos e modelos de negócio”, indicam a CAP e a P-Bio no documento final do estudo.
O estudo incidiu em seis regiões – Alto Minho, Entre Douro e Minho, Trás os Montes, Centro, Ribatejo e Alentejo, tendo analisado, através de um inquérito, 22 micro, pequenas e médias empresas que desenvolvem soluções biotecnológicas com aplicação na área agroalimentar e florestal em Portugal.
“Espera-se que os resultados do estudo AgroBioTech forneçam informações valiosas para orientar ações futuras, fomentar o desenvolvimento de soluções biotecnológicas inovadoras e promover a adoção ampla e consciente dessas soluções no setor agroalimentar e florestal em Portugal”, referem os promotores.
Vasto potencial de aplicação
O estudo confirma que são inúmeras as áreas com potencial de aplicação da biotecnologia no setor agroflorestal: melhoramento genético vegetal e animal; otimização da propagação de plantas; produção de biofertilizantes, biocidas e biofármacos; valorização de subprodutos e resíduos agroflorestais; dinamização de novas culturas, variedades e produtos inovadores; promoção da sustentabilidade agroambiental.
Destaca ainda que a biotecnologia poderá ser utilizada na melhoria da produtividade e sustentabilidade agroflorestal, na satisfação das novas prioridades dos consumidores alimentação saudável e sustentabilidade, na criação de novas cadeias de valor agroflorestais e de novos produtos diferenciados para alimentação e nutrição e na promoção da economia circular.
Embora cada uma das seis regiões agrárias estudadas apresentem cracterísticas distintas, o estudo verificou a existência de fatores na utilização da biotecnologia que são transversais a todo o território nacional.
A abertura por parte dos produtores em adotar praticas agrícolas mais sustentáveis baseadas em conhecimento, tecnologia e inovação, a preocupação por parte das universidades em desenvolver investigação aplicada e a existência de estruturas ou entidades a nível local que procuram aproximar a investigação do produtor, foram pontos fortes indicados pelas empresas em todas as regiões.
Mas foi, por outro lado, deixado o alerta de que há espaço “para melhorar a articulação entre as necessidades na produção e as linhas de investigação a desenvolver na academia, bem como a realização de projetos em co-promoção e a promoção de ações de demonstração no terreno”.
Produtos ainda caros
Os custos de produção, comparativamente ao preço de venda, são um entrave a um maior investimento em produtos biotecnológicos. “Ainda são, na maioria dos casos, mais caros quando comparados com produtos de síntese disponíveis no mercado, o que faz com que os produtores que decidam investir na sua aquisição tenham de optar por reduzir a margem de lucro ou aumentar o preço do produto final para poderem ser competitivos”, conclui o estudo.
Por outro lado ainda não há, por parte do consumidor, uma compreensão deste investimento e a sua valorização no preço do produto final, o que faz com que muitos produtores não sintam necessidade de investir neste tipo de soluções.
Ainda no âmbito do investimento, em praticamente todas as regiões os responsáveis das empresas destacaram a dificuldade no acesso a mecanismos de financiamento “que apoiem o desenvolvimento de projetos colaborativos e de inovação”, assim como no acesso a mecanismos de financiamento que visem a incorporação de inovação biotecnológica por parte dos produtores, ou o retorno financeiro por eventual perda de rendimento pela participação em projetos de inovação.
Por fim, os produtores também se queixaram da atual legislação ou regulamentação, que consideram “desajustada, associada a um excesso de burocracia e a processos certificação complexos e lentos”.
O AgroBioTech é uma parceria entre a CAP e a P-BIO, apoiada pela Rede Rural Nacional. O estudo foi a primeira etapa do projeto e a informação recolhida foi compilada num documento conjunto que pretende influenciar, junto das autoridades nacionais com competências nesta área, “a aplicação das políticas e mecanismos que melhor contribuam o desenvolvimento e a incorporação desta inovação”.