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Plantas geneticamente modificadas trazem benefícios económicos, sociais e ambientais

Por a 24 de Janeiro de 2007 as 16:48

O CiB – Centro de Informação de Biotecnologia apresentou, em conferência de imprensa, uma análise do relatório de 2006 sobre a comercialização global das culturas geneticamente modificadas (GM), divulgado pelo Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações da Biotecnologia (ISAAA). Para comentarem os dados publicados do relatório, o CiB convidou: Francisco Avillez, especialista em Economia Agrícola e professor Catedrático do ISA – Instituto Superior de Agronomia; Gabriela Cazajous Cruz, agricultora e presidente da Aposolo – Associação Portuguesa de Mobilização de Conservação do Solo; e José António Matos, investigador e coordenador do Grupo de Biologia Molecular do INETI – Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação.

Segundo Gabriela Cruz, «as variedades GM (VGMs) são muitíssimo importantes para a agricultura em todo o mundo, em especial para os países em desenvolvimento, e Portugal não é excepção». A agricultora e dirigente da Aposolo defendeu que apesar da utilização de VGMs na agricultura obrigar ao cumprimento das regras exigentes e a um controlo muito rígido, o seu cultivo é benéfico. Evita o uso de produtos fitofarmacêuticos (pesticidas), pois são variedades resistentes a pragas e doenças, o que se traduz em maior produtividade das plantas e consequentes benefícios económicos. A não aplicação de um pesticida traduz-se também em benefícios sociais e ambientais, pois é menos um produto tóxico com que o agricultor tem de lidar e que não contamina o ambiente. José António Matos salientou as «224.300 toneladas de pesticidas que não tiveram de ser usadas, entre 1996 e 2005, devido ao uso de VGMs, e que não contaminaram solos, águas subterrâneas e rios».

O investigador do INETI e Francisco Avillez consideram que «as previsões do ISAAA para o futuro – 20 milhões de agricultores a produzirem culturas GM em 200 milhões hectares até 2015 – são modestas». Segundo os comentadores, a partir do momento em que variedades de arroz GM forem aprovadas para comercialização, prevê-se que a sua produção na Ásia seja muito elevada. Por exemplo, uma das variedades que será disponibilizada dentro de poucos anos é o “arroz dourado”, enriquecido com beta-caroteno. O seu consumo será fundamental nas populações asiáticas para impedir a cegueira, principalmente nas crianças. Estas previsões foram também consideradas modestas, porque algumas plantas como o milho e a colza serão decisivas para a produção de biocombustíveis em todo o mundo. A utilização de variedades GM destas plantas trará capacidade competitiva aos seus produtores que as utilizarão em larga escala. O especialista em economia agrícola, Francisco Avillez, considerou ainda que as potencialidades da soja e do algodão transgénico são superiores às apresentadas e que a utilização das duas culturas GM irá chegar rapidamente aos 90-100% em todo o mundo.

Na apresentação da avaliação deste relatório esteve também o presidente do CiB. Pedro Fevereiro salientou que «mais uma vez se demonstrou que as culturas geneticamente modificadas continuam a merecer a confiança dos agricultores, sobretudo dos pequenos agricultores dos países em desenvolvimento, que as escolhem devido à sua eficiência e facilidade de manuseamento». O presidente do CiB chamou ainda a atenção para o «claro aumento da aceitação desta tecnologia demonstrado pelo ritmo de adopção – cerca de 12% ao ano -, que é o mais rápido conhecido para uma nova tecnologia agrícola». Pedro Fevereiro explicou também que o uso de plantas geneticamente modificadas na União Europeia (UE) tem sido reduzido, devido à controvérsia pública relacionada com as variedades de plantas geneticamente modificadas e à demora dos dispositivos legais de aprovação na UE para assegurar a segurança da sua utilização.