Desafios da alimentação animal vão ser debatidos pelos industriais do setor
O sobrecusto de 25 a 30% face aos preços de 2019, os custos da energia e a exigências ambientais europeias, como a lei da desflorestação, são questões que preocupam os industriais da alimentação animal.
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As XIII Jornadas e II Fórum de Alimentação Animal vão discutir, a 18 e 19 de setembro, em Santarém, o principal fator de produção da agropecuária do país. A alimentação animal representa até 70% do custo de produção da atividade pecuária que, por sua vez, representa 36% na economia agrícola nacional.
Um setor que “opera atualmente com um sobrecusto de 25 a 30% face aos preços praticados em 2019, antes da situação pandémica, da guerra na Ucrânia e da intensificação do conflito israelo-palestiniano”, sublinham os organizadores do evento.
A este desafio, acrescentam os custos de energia tendencialmente em alta, as exigências ambientais europeias, como o regulamento sobre a desflorestação (EUDR), e uma nova vaga de tensões no triângulo Europa, Estados Unidos e China, “com o consequente e previsível incremento de custos nas matérias-primas e ingredientes para a alimentação animal”.
Estas são as questões em destaque no primeiro dia das XIII Jornadas e II Fórum da Alimentação Animal, com organização da IACA (Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais) e do FeedInov CoLAB (Laboratório Colaborativo para a investigação e inovação em alimentação animal). O evento conta com a presença do Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes.
Continuidade da isenção de IVA
O contexto justifica o pedido ao Governo para que mantenha no Orçamento do Estado para 2025, a isenção do IVA nas transações deste setor, que termina em 31 de dezembro de 2024, “aliviando a tesouraria de industriais e explorações agropecuárias”.
Embora o setor note como positiva a desaceleração dos últimos meses nos preços das matérias-primas mais relevantes para a atividade, como os cereais, a instabilidade geopolítica internacional, tal como os regulamentos ambientais da União Europeia, designadamente, o Regulamento Europeu sobre Desflorestação – “que limitará a quantidade de soja disponível no mercado em total cumprimento com a legislação” -, fazem prever aumentos nos custos de produção de 25 a 30 milhões de euros por ano nos alimentos para aves, suínos e bovinos em Portugal, “situação que importa ter em conta, pois são estes os animais produtores das principais fontes de proteína da alimentação humana no nosso país”, alertam os organizadores.
A importação de cereais motiva um segundo pedido por parte da indústria nacional: a definição de uma política de stocks estratégicos, “sabendo que, para tal, é imprescindível solucionar o problema da armazenagem, pública e privada, nomeadamente, no que respeita à situação da SILOPOR, que está em liquidação há 24 anos”, afirma Jaime Piçarra, Secretário-geral da IACA. “Tudo isto põe em causa a segurança do abastecimento”, acrescenta.
O primeiro dia será ainda marcado pela discussão da evolução da nutrição da alimentação animal ao longo dos últimos 30 anos. O segundo dia do encontro é dedicado à apresentação das mais recentes conquistas em termos de Investigação, Desenvolvimento e Inovação na área, nomeadamente no que respeita à promoção da saúde e bem-estar animal e da sustentabilidade ambiental do setor, sem comprometer a produção de alimentos. Este evento marca uma das principais apostas da IACA e do FeedInov para responder aos desafios do futuro, constituindo-se como o ponto de encontro entre o universo empresarial, a investigação e a academia.
A IACA integra 55 associados, empresas de alimentos compostos para animais, pré-misturas e aditivos, representando 80% da produção nacional de alimentos compostos para animais e a totalidade das pré-misturas de produção nacional.
O FeedInov é uma associação sem fins lucrativos, sediada na Estação Zootécnica Nacional, Santarém, e detentora do Laboratório Colaborativo com o mesmo nome. O FeedInov CoLAB tem como missão responder aos problemas do setor pecuário no geral, da alimentação animal em particular, e integra 18 instituições parceiras, das quais uma associação empresarial, seis entidades do sistema científico nacional e onze empresa.