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Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite

Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite

Entrevista

“Não há grande esperança que o preço do azeite possa baixar”

“Não há grande esperança que o preço do azeite possa baixar”, avisa Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite, em entrevista ao Hipersuper, onde enumera os fatores que estão por detrás da subida vertiginosa do preço do azeite, que praticamente duplicou nos últimos dois anos, indica o que esperar da campanha que agora começou, faz um balanço do comportamento do consumo e fala do impacto da subida dos preços nas exportações.

Rita Gonçalves
Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite

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Entrevista

“Não há grande esperança que o preço do azeite possa baixar”

“Não há grande esperança que o preço do azeite possa baixar”, avisa Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite, em entrevista ao Hipersuper, onde enumera os fatores que estão por detrás da subida vertiginosa do preço do azeite, que praticamente duplicou nos últimos dois anos, indica o que esperar da campanha que agora começou, faz um balanço do comportamento do consumo e fala do impacto da subida dos preços nas exportações.

Rita Gonçalves
Sobre o autor
Rita Gonçalves
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A produção de azeite caiu para metade em Espanha na última campanha: de 1.500 milhões para 670 milhões de toneladas. Os efeitos fizeram-se sentir em todo o lado. Em Portugal, o preço do litro de azeite já ultrapassou os oito euros e irá continuar a subir. “Não há grande esperança que o preço do azeite possa baixar”, diz a secretária-geral da Casa do Azeite, em entrevista ao Hipersuper. Mariana Matos enumera os fatores que estão por detrás da subida vertiginosa do preço do azeite, que praticamente duplicou nos últimos dois anos, indica o que esperar da campanha que agora começou, faz um balanço do comportamento do consumo e fala do impacto da subida dos preços nas exportações.

Fotografias Frame It

Há dois anos que o preço do azeite está a subir…
É o mercado a funcionar. Não há azeite. Não há mesmo. Estamos a falar de um produto 100% natural, não há outra forma de o fazer a não ser as oliveiras produzirem azeitonas.

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É sobretudo a quebra de produção que está a levar à subida dos preços?
A campanha do ano passado, que terminou agora, 2022-2023, registou uma quebra a nível mundial, sobretudo em Espanha. Também houve uma quebra em Portugal e noutros mercados. Mas Espanha é principal produtor de azeite do mundo. Contribui em cerca de 50% para a produção mundial. E como diz um colega, quando Espanha espirra todos ficamos constipados. A quebra de produção em Espanha tem um impacto enorme nas disponibilidades mundiais.
Em números redondos, o consumo mundial anda à volta de 3.000 milhões de toneladas. No ano passado produziram-se 2.400 milhões toneladas de azeite no mundo inteiro. Como havia algum stock, o restante consumo veio dos stocks. Quando baixam os stocks, aumenta o preço. E quando a produção é fraca aumenta o preço.

Como está a correr a atual campanha?
Tudo isto já seria suficientemente explicativo do que se passou nos preços, mas há um outro fator: esta campanha que se iniciou agora, em outubro, que está agora a começar, vai ser igualmente má. E, portanto, parte-se de uma situação em que os stocks mundiais já estão baixos, os stocks em Espanha estão baixos, a produção espanhola vai ser novamente baixa. Mas baixa mesmo. 50% abaixo da média das últimas cinco campanhas.

É esperada nesta campanha uma quebra de 50% em relação à média dos cinco últimos anos?Mais ou menos. Cerca de mais 50 a 70 mil toneladas do que no ano passado mas muitíssimo abaixo do que é uma campanha normal. Uma campanha normal em Espanha são 1.500 milhões toneladas. No ano passado foram 670 milhões de toneladas. Este ano, serão pouco mais de 700 milhões de toneladas.

Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite

Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite

São quebras muito significativas.
Este é o principal aspeto. E isso deve-se à seca e às secas continuadas e extremas em algumas regiões, principalmente nas principais produtoras, como a Andaluzia, de onde sai a grande parte do azeite espanhol e que tem um sistema de produção essencialmente de sequeiro ou rega deficitária. Nestas situações de seca extrema, não há hipótese. E o sistema produtivo espanhol é essencialmente de sequeiro. E isto é visível nas duas últimas campanhas nas quais a produção reduziu para metade. E este é o principal aspeto que fez o preço subir. E a única forma de regular o mercado é através do aumento do preço. Não há azeite suficiente para satisfazer o consumo tradicional. Caso contrário, não não haveria possibilidade de dar resposta à procura.

O consumo está, então, a cair?
Nestas circunstâncias o consumo sofre. E vai continuar a sofrer. Porque se esta fosse uma campanha normal, estaríamos numa situação difícil mas ainda haveria hipótese de os preços se regularizarem. Agora, temos novamente uma campanha impactada tão negativamente pela seca, já partindo de uma base pior, da campanha anterior, porque os stocks já foram consumidos. Não há grande esperança que o preço do azeite possa baixar.

Há outras questões a influenciar o preço, além da quebra de produção?
Há outras questões que também justificam de alguma forma a subida do preço mas a grande percentagem é justificada sobretudo pela falta de produção. Há escassez de azeite. Mas há ainda os fatores de produção, não podemos esquecer do aumento do preço dos fertilizantes, dos aumentos de mineralidades. Do aumento generalizado dos fatores de produção. Isso também se reflete no preço. Mas deve-se principalmente à escassez de produção.

E como está a correr a campanha da azeitona em Portugal?
Na última campanha, Portugal registou uma produção de 126.000 toneladas, uma quebra de 39% em relação ao período homólogo. Mas em Espanha foi mais de 50% e é Espanha que marca o preço porque tem metade da produção mundial.

E, no entanto, Portugal é autossuficiente na produção de azeite.
Imagine, se Portugal fosse um país fechado, sem trocas comerciais, não sofríamos qualquer influência do mercado mundial. Não tínhamos problema nenhum, nós somos mais que autossuficientes. Somos exportadores líquidos. Agora, vivemos num mercado livre e somos influenciados. Os preços são muito influenciados nomeadamente pela produção espanhola e pelo que se passa em Espanha. Os preços mundiais. Não estou a falar só dos preços em Portugal.

Qual a produção estimada para a atual campanha em Portugal?
A estimativa são cerca de 150.000 toneladas, mais cerca de 20% do que no ano passado. A campanha só está a começar agora, pelo que estas estimativas podem ainda vir a sofrer variações, mas será sempre uma campanha de nível médio.
Embora seja uma campanha de safra, portanto com maior produção, também não será uma campanha extraordinariamente elevada, pelo impacto negativo das condições climatéricas nos olivais de sequeiro, por um lado, mas também, em alguns casos, os olivais de regadio. Este ano, as geadas tiveram um impacto bastante negativo em algumas regiões. Causaram sérios danos ao olival.

Ainda assim, uma subida de 20% em termos homólogos é insuficiente.
Sim, é insuficiente. Para ter uma noção, num ano normal, em média, Espanha produz 1.500 milhões de toneladas. Portugal produz, em média, 150 mil. Portanto, são 10 vezes menos. Não temos grande capacidade para interferir no preço, porque também não impactamos assim tanto as disponibilidades de azeite a nível mundial.

O mesmo se passa nos outros países produtores, como Itália?
Sim. Estão todos a sofrer o mesmo drama. Os países da bacia do Mediterrâneo, Itália, Grécia, mas também a Norte de África, Marrocos e Tunísia, sobretudo, todos têm situações de seca extrema. Isto não é exclusivo de Portugal e Espanha. E é daqui, da bacia do Mediterrâneo, que sai 98% da produção mundial.

É verdade que o preço do azeite pode chegar aos 10 euros por litro?
Hoje, o preço do azeite deve estar à volta dos 8,3 euros por litro. Pode mexer para cima ou abaixo. É um pouco especulativo hoje em dia neste cenário estarmos a fazer previsões, ninguém sabe onde vai parar. Vai depender também do comportamento do consumidor. Se o consumo quebrar significativamente, o preço tem de baixar. O preço vai-se ajustando à procura mas na realidade ninguém sabe. Começou agora a chover. Estas chuvas ainda vão ter algum impacto positivo na produção da campanha que está a começar? Ninguém sabe.

Já me disse que pelo menos para já o preço não vai descer.
É a única coisa que consigo dizer com certeza. Isto depende da temperatura, do comportamento do consumo. Até agora, as quebras no consumo não têm sido tão significativas como era de esperar. Mas também é verdade que os aumentos de preço demoram às vezes meses a chegar ao mercado, porque os contratos já estão feitos e o que está a ser consumido agora foi comprado há dois ou três meses.

Steve Buissinne, PixabayHá que esperar ainda um efeito de ajustamento.
Sim, há aqui um período relativamente longo na cadeia de valor para fazer chegar ao consumidor final os incrementos de preço da produção. Por esse motivo, o preço no consumidor não chegou ainda ao patamar mais elevado. Na realidade, o consumo ainda não está totalmente impactado pelos aumentos na produção. E tem estado a ter um comportamento menos elástico do que era esperado. As pessoas não têm deixado de consumir na proporção que se esperava. Têm comprado menos mas continuam a consumir. Isto nos mercados tradicionais, como Portugal, Espanha e Itália, onde o consumo é muito consolidado.

E nas exportações?
O impacto nas exportações é maior. Entre janeiro a julho, regista uma quebra de 30% em termos homólogos. E pode ser superior. Porque em mercados onde o consumo não está tão consolidado, à medida que os aumentos de preço vão chegando ao consumidor final, estes deixam de consumir. Imagine um americano ou brasileiro que começou há pouco tempo a consumir e que não tem um consumo ainda muito consolidado, isto em mercados onde o consumo ainda é muito aspiracional, quando chega a este preço já não conseguem e mudam para os óleos que toda a vida consumiram.
Uma situação que nos preocupa sobretudo nos mercados de exportação é que as quebras de consumo são muito mais rápidas do que, depois, fazer os aumentos. Ou seja, o consumo quebra agora abruptamente, nomeadamente nos mercados externos, mas a recuperação daquele consumo vai levar anos. Quando a produção normalizar, porque vai normalizar, não será no próximo ano, mas daqui a dois ou três anos, vamos assistir à situação contrária, e iremos trabalhar novamente para aumentar o consumo e o preço.

Este problema da seca vai nos acompanhar nos próximos anos. Pelo menos assim esperamos. Estão a ser tomadas medidas na produção para contornar este problema com a ajuda da tecnologia, por exemplo?
Não, a questão da seca só se combate com a água. Aliás, nós conseguimos ver isso em Portugal. No ano passado, 90% da produção portuguesa foi produzida no Alentejo, nos olivais regados. Aqui se vê a importância da água como estabilizador da produção. Se não fosse o regadio, teríamos menos azeite e mais caro.
A existência de água e a eficiência do seu uso têm um papel absolutamente fundamental no setor porque a água é um fator estabilizador das produções. E não há outro. É óbvio que com mais tecnologia, posso tratar melhor e fazer uma série de coisas, mas sem água a árvore não produz. A água é absolutamente fundamental e crítica para a produção e para a estabilização da produção. E, também, de alguma forma, para a estabilização dos preços. E isso vê-se bem hoje. Nos olivais de regadio a produção é, apesar das variações, relativamente estável. O problema de Espanha é que não tem um modelo de produção tão moderno como temos na região do Alentejo.

Artigo originalmente publicado na edição 417

Sobre o autorRita Gonçalves

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Nestlé doa ao projeto Terras de Cascais o primeiro composto biológico gerado através das cápsulas Neo

São 10 toneladas de um composto classificado como Classe 1, apto para agricultura biológica e regenerativa, que resulta das primeiras cápsulas do inovador sistema Neo, da marca Nescafé Dolce Gusto, lançadas no início deste ano.

Das primeiras cápsulas do sistema Neo, feitas à base de papel, consumidas em Portugal, foi gerado um composto biológico que a Nestlé Portugal doou agora ao projeto Terras de Cascais criado pela autarquia cascalense.

São 10 toneladas de um composto classificado como Classe 1, apto para agricultura biológica e regenerativa, e que vai ser distribuído aos hortelãos que trabalham as hortas comunitárias do projeto. O excedente, será usado na vinha para a produção de Vinho de Carcavelos Biológico, plantada no Mosteiro de Santa Maria do Mar.

“Este é um composto de classe 1, o melhor composto que poderíamos ter e passível de ser aplicado em hortas e campos agrícolas com agricultura regenerativa e ou biológica. Esta cápsula tem cá dentro um café de origem responsável, também ele, por meio de práticas no âmbito do compromissos da Nestlé de ter, até 2030, 50% da matéria-prima originária de agricultura regenerativa”, explicou Hugo Silva, Sustainability Delivery Manager Nestlé, durante a cerimónia de entrega do composto, que teve lugar a 10 de dezembro, no Mosteiro de Santa Maria do Mar.

As cápsulas Neo, da gama Nescafé Dolce Gusto, foram lançadas no início deste ano. Representam o sistema mais avançado da Nescafé Dolce Gusto até à data, e são o resultado de mais de cinco anos de desenvolvimento no Nestlé R&D Center for Systems, tendo recebido a certificação, para compostagem doméstica e industrial, pela TÜV Áustria. As cápsulas utilizadas durante o lançamento da gama Dolce Gusto Neo foram recolhidas e tratadas pela Tratolixo, que as transformou no composto entregue agora pela Nestlé à Câmara de Cascais.

“Há 17 anos começamos uma revolução. Com a Nescafé Dolce Gusto trouxemos as cápsulas a todos os portugueses, o que permitiu terem acesso de forma bastante democrática a um café de altíssima qualidade. Este ano decidimos voltar a revolucionar. Porque os tempos são outros, e nós queremos estar preparados para o futuro. Lançámos um novo sistema, que é o Nescafé Dolce Gusto Neo, que está assente em três grandes pilares. Um é entregar um café de altíssima qualidade, o segundo é uma tecnologia de ponta, que permite tirar vários formatos de café. E depois, um terceiro pilar muito importante, uma cápsula feita à base de papel”, destacou Miguel Abreu, Coffee Portion Manager na Nestlé Portugal.

Capsulas totalmente compostáveis

Por serem totalmente compostáveis, permitem transformar uma pequena embalagem de café num produto compostável, através do processo de compostagem industrial. O composto gerado foi classificado como sendo de Classe I, a mais alta classificação. As cápsulas foram compostadas com resíduos verdes, orgânicos, chegando, assim, às dez toneladas entregues pela Nestlé Portugal ao Terra de Cascais.

Lançado pela Cascais Ambiente, a empresa municipal de ambiente de Cascais, o projeto Terras de Cascais teve início em 2009, com a criação das primeiras hortas comunitárias no concelho, dinamizadas essencialmente por particulares. Com o objetivo de incentivar o cultivo da terra em contexto urbano, com base na agricultura biológica, engloba atualmente 36 hortas comunitárias, trabalhadas por 765 famílias. Existem hortas associativas, hortas de produção e de integração social, hortas nas escolas, pomares comunitários, vinhas comunitárias e a Vinha do Mosteiro de Santa Maria do Mar, uma vinha de grande escala para a produção de Vinho de Carcavelos Biológico.

A Horta da Quinta do Pisão, com uma produção biológica e sazonal, e a Horta do Brejo, em parceria com o Estabelecimento Prisional de Tires, são exemplos que nasceram deste projeto. “Muitos dos produtos que fazemos no Estabelecimento Prisional de Tires são doados às IPSS. São toneladas de alimentos doadas mensalmente a muitas famílias que, se não fosse assim, não tinham acesso a estes produtos, que além de serem sustentáveis, além de serem locais, além de serem sazonais, além de serem provenientes de agricultura biológica, são, acima de tudo, saborosos”, destacou Luís Almeida Capão, diretor municipal de Ambiente e Sustentabilidade da Câmara Municipal de Cascais, na cerimónia de entrega do composto, durante a qual agradeceu à Nestlé Portugal a doação das 10 toneladas.

Luís Almeida Capão (esq.), Miguel Abreu e Hugo Silva durante a cerimónia de entrega do composto

Ao Hipersuper, Luis Almeida Capão, Hugo Silva e Miguel Abreu falaram sobre esta parceria e a importância do investimento em sustentabilidade.

Luís Almeida Capão, diretor municipal de Ambiente e Sustentabilidade da Câmara de Cascais

Como chegaram a esta parceria?

Chegámos a esta parceria porque a Câmara Municipal de Cascais tem na economia circular uma responsabilidade da qual não abdica. Tudo o que nós produzimos deve ser desenvolvido de forma a que possa ser reincorporado o mais possível no nosso sistema de economia de consumo ou de aproveitamento, seja energético, seja para outro tipo de coisas. Neste caso, quando criámos a primeira rede de ecocentros móveis do país, achámos por bem incluir a linha das cápsulas de café e a partir daí criámos, de facto, um movimento novo a nível nacional com os produtores de café. E que permitiu perceber que havia um grande manancial na comunidade, que, paralelamente aos retalhistas ou às lojas próprias, podia ter uma forma de ir recolher as cápsulas usadas.

Paralelamente a isso, a Nestlé teve a capacidade de inovar com uma cápsula nova em papel, que pode ser reintroduzida diretamente nos sacos verdes, nos restos de comida de Cascais e rapidamente ser transformada num composto de altíssima qualidade. Que neste caso foi doado à Câmara Municipal de Cascais e que a câmara doou aos hortelãos das mais de 760 famílias que têm hortas no concelho. Reaproveitando algo que iria parar ao aterro, e que neste momento volta a ver a luz do dia, permitindo que se promova uma agricultura mais sustentável e mais amiga até da comunidade, ao mesmo tempo que a Nestlé também tem aqui um grande papel na sua responsabilidade social e ambiental. E estamos muito felizes por temos sido escolhidos para a doação destas 10 toneladas de composto.

Hugo Silva, Sustainability Delivery Manager Nestlé

A Nestlé é um dos players que integram o projeto Recaps. Mas este projeto de compostagem, surgiu por ter criado uma cápsula à base de papel?

O que está dentro da cápsula de café é exatamente o mesmo: é café torrado e moído. A grande diferença é o material da cápsula. No projeto Recaps, nós temos cápsulas de plástico e de alumínio e que podem ser recicladas. Aqui, a diferença desta cápsula, é que é feita à base de papel e é compostável, não é reciclável. Portanto é um processo completamente diferente e que deve ser colocado no fluxo de bioresíduos em casa dos consumidores, nos tais sacos verdes. Nós decidimos avançar com o projeto porque conseguimos desenvolver esta tecnologia, este material. O nosso grande objetivo era dar uma alternativa aos consumidores, que começavam a deixar de consumir o café em cápsula pela preocupação ambiental de não conseguirem reciclar nem o plástico nem o alumínio. E demos uma alternativa muito mais fácil, porque em casa dos consumidores na área de Cascais, Oeiras, Lisboa, é possível colocar estas cápsulas no fluxo de bioresíduos que já está implementado.

No fundo, como se processa?

Os dois materiais são compostáveis, tanto o papel como o que parece ser plástico, mas não é: é um biopolímero compostável feito à base da polpa da madeira. Isto tudo vai para uma pilha e através do processo de compostagem doméstica ou industrial, transforma-se em composto. A diferença dos dois processos, doméstico ou industrial, é o tempo: uma compostagem doméstica demora até seis meses e uma industrial até três meses. Depois, dependendo da quantidade de humidade que se adiciona ao processo, do calor que se adiciona ao processo, este pode ser mais ou menos acelerado. Portanto, a estas cápsulas, são misturados outros resíduos orgânicos, como casca da banana, cascas de maçã, restos de comida, tudo o que é resíduo orgânico, o que vai acelerar o processo de compostagem da cápsula e que depois, passados três meses, no caso da compostagem industrial, transforma-se no composto que podemos ver aqui.

Miguel Abreu, Marketing Manager Coffee Portion Nestlé

Para a Nestlé, e para a marca Nescafé, este é um exemplo prático de investimento em sustentabilidade?

Sim, em tudo o que fazemos, levamos a sustentabilidade muito a sério. Em todos os nossos segmentos de cafés, fazemos a prática da agricultura sustentável como mais valia. Sabemos que em Portugal os consumidores estão cada vez mais atentos, mas ainda não é o seu principal foco. No entanto, nós não abdicamos desse pilar. O Neo é exatamente a última demonstração disso. Nós sabemos que o consumidor tem o direito a ter um café de altíssima qualidade, não tem que abdicar dele, por isso não aumentámos o preço. O que queremos é democratizar o acesso a práticas sustentáveis. Queremos que o consumidor, de uma forma muito fácil, consiga ter acesso ao melhor produto, ao produto que ele merece, sustentável e de uma forma menos disruptiva para a sua vida. E com esta cápsula, a única coisa de que o consumidor tem que se lembrar é “onde é que eu deito o meu lixo orgânico, no dia a dia?”. No futuro nós queremos que as pessoas pensem e tenham práticas sustentáveis na sua vida. Mas naquelas em que nós pudermos facilitar, e o café é uma delas, queremos que as pessoas nem sequer pensem muito nisso. Queremos que elas simplesmente desfrutem de um grande café de uma forma mais fácil e sem qualquer tipo de preocupações.

Sobre o autorAna Grácio Pinto

Ana Grácio Pinto

Bebidas

Pobeira é uma cerveja com alma do Norte e um objetivo de internacionalização

Em pouco mais de um ano no mercado, Edgar Gonçalves e Artur Giesteira levaram a sua cerveja artesanal para lá da Póvoa de Varzim e implantaram-na no Norte. “Acreditamos que a cerveja artesanal deve ser um produto acessível a todos e não apenas um produto de nicho”, destaca Edgar Gonçalves ao Hipersuper.

O nome não deixa dúvidas: ser uma homenagem as raízes Poveiras dos seus criadores e o sotaque típico nortenho. Mas em pouco mais de um ano no mercado, Edgar Gonçalves e Artur Giesteira levaram a sua cerveja artesanal para lá da Póvoa de Varzim e implantaram-na no Norte. A Pobeira deu-se a conhecer em eventos pelo país, conquistou prémios, iniciou a exportação e iniciou uma estratégia de consolidação no mercado nacional. “Acreditamos que a cerveja artesanal deve ser um produto acessível a todos e não apenas um produto de nicho”, destaca Edgar Gonçalves ao Hipersuper.

A Cerveja Pobeira é ainda uma jovem marca de cerveja artesanal. Lançada por Artur Giesteira e Edgar Gonçalves, depois de cerca de quatro anos de desenvolvimento, aposta num setor de produtos diferenciados e numa promoção de proximidade, que inclui a presença em vários eventos, particularmente em festivais de cerveja.

Contam que em 2020, durante a pandemia, testaram sete estilos de cerveja “sempre com feedback positivo dos amigos e familiares”. Em 2022, realizaram um teste industrial de 1500 litros, que esgotou em três meses e foi o impulso para regressarem a Portugal e lançarem, na sua Póvoa de Varzim, a Cerveja Pobeira, em 2023.

Pelo caminho, houve “uma longa mas muito interessante pesquisa de mercado para definirmos onde posicionar a marca – canais de venda, segmentos de preços, identidade visual, a nossa estratégia de entrada no mercado e o nosso portfólio de cervejas que iriamos trazer para o mercado numa fase inicial”, recorda Edgar Gonçalves.


O portfólio é composto pela Beach Lager – “que remete para as praias lusas”, e que sete meses depois de ter chegado ao mercado conquistou o 3º lugar na categoria Lager no Concurso Nacional de Cervejas Artesanais de 2023, um prémio foi atribuído por um júri composto por especialistas nacionais e internacionais. Foram criadas também a Nata Stout – “um hino em forma de cerveja ao icónico pastel de nata, apresentando notas complexas de café e chocolate”, a Carnation Red Ale – que “celebra os 50 anos do 25 de Abril”, e a Surf Session IPA, lançada no verão de 2024, que a marca levou a três festivais de cerveja, “esgotando o stock em todos eles”, detalha Edgar Gonçalves.

No seu segundo verão de atividade, a marca marcou presença em quatro festivais de cerveja, sendo a mais jovem a ser convidada para os dois dos principais festivais nacionais, Porto Beer Fest e ArtBeer Fest, em Caminha. Este ano deverá ainda ser lançada uma edição especial de Natal, “uma garrafa especial decorada com um branding alusivo à época festiva”, disponível através da loja online da marca e em certos espaços físicos, avança o co-fundador da marca.

“Acreditamos que a cerveja artesanal deve ser um produto acessível a todos e não apenas um produto de nicho pelo que apostamos em cervejas que privilegiam o equilíbrio e a ‘drinkability’, mantendo sempre um toque único dentro dos estilos em que se enquadram”, defende.

Abrir uma fábrica e internacionalizar

No verão de 2024, e comparativamente ao verão de 2023, a marca registou um crescimento de 90% nas vendas, duplicou os pontos de venda e triplicou o número de cidades em que está presente. Os fundadores avançam ainda que em termos de produção, a Pobeira registou um aumento de 150% e a loja online registou números bastante interessantes, contando já com mais 150 clientes registados de oito distritos diferentes.

A internacionalização é um objetivo estratégico, pelas oportunidades de crescimento e de reconhecimento no estrangeiro. Em abril deste ano, iniciaram a exportação, com a entrada em França e têm na Suíça e no Luxemburgo os próximos mercados-alvo. “Estes são os mercados prioritários, mas estamos também a avaliar oportunidades noutras regiões onde exista uma forte comunidade portuguesa”, revela Edgar Gonçalves, assumindo que o chamado ‘mercado da saudade’ é uma aposta importante e onde também procuram ativamente parcerias. “Nos próximos três anos a Pobeira pretende aumentar o ritmo de crescimento, com planos para aumentar significativamente o número de efetivos, solidificar a presença nacional, e chegar a novos mercados de exportação”, assegura.

“E porque o mundo da cerveja artesanal não se faz só de negócios, temos também como objetivo a realização de produções colaborativas com outras marcas internacionais amigas que nos irão proporcionar não só acesso direto a esses mercados, conhecimento sobre boas práticas utilizadas lá fora mas também, claro, bons momentos e a partilha de experiências”, sublinha ainda.

Para 2025, o foco principal será consolidar a presença a nível nacional “expandindo a nossa pegada geográfica para as regiões Centro e Sul do país”, adianta o responsável, acrescentando que, para tal, estão à procura de parceiros nas áreas da distribuição comercial, a nível regional e nacional. “Procuramos a entrada nas grandes superfícies e também queremos aumentar a nossa presença em pontos de venda, tanto com garrafas como com cerveja à pressão. Já estamos presentes em 15 cidades portuguesas, mas o nosso objetivo é expandir para outras zonas e reforçar a nossa presença nos locais onde já estamos”, complementa.

Outro projeto assumido é a abertura de uma fábrica própria e um ‘tap room’, onde os clientes possam conhecer melhor a marca “e provar as nossas cervejas diretamente das cubas”. “Estamos ativamente à procura de investidores e formas de concretizar esse projeto”, revela. Por conta da estratégia de entrada no mercado, atualmente a produção da Cerveja Pobeira é subcontratada, mas a receita e o desenvolvimento do produto são inteiramente da responsabilidade dos fundadores.

Na vertente da digitalização do seu negócio, a marca tem planos para lançar uma app “com o objetivo de conectar a sua rede de parceiros e pontos de venda”, bem como alavancar o programa de Embaixadores ‘Entra na Onda’, “dinamizando o seu ecossistema e criando mais valor para os seus stakeholders”, avançam Edgar Gonçalves e Artur Giesteira.

Além das cervejas artesanais, os dois empreendedores criaram um serviço a pensar nos eventos em que participam. A Beer Van é uma Volkswagen ‘Pão de Forma’ de 1975, transformada num bar móvel que tem percorrido festivais e marcado presença em eventos privados. “Esta Beer Van pode também ser alugada por empresas de catering ou outros parceiros que queiram alavancar este serviço diferenciador”, destacam os criadores da Pobeira.

Este artigo foi publicado na edição 428

Sobre o autorAna Grácio Pinto

Ana Grácio Pinto

Bebidas

Água de Luso celebra ligação à sua origem em campanha multimeios

A Água de Luso tem uma nova campanha digital e de exterior, que celebra a sua origem, a Serra do Bussaco.

tagsLuso
A serra que abrange os concelhos da Mealhada, Mortágua e Penacova é o ponto de partida da mais recente campanha de marca que explora, através de uma conversa pedagógica entre pai e filha, a história da Água de Luso e o seu compromisso com a natureza e a qualidade incomparável, que se reflete em cada gota que chega aos consumidores.
Desde a queda das chuvas, a água é filtrada, lentamente, pelas rochas da Serra do Bussaco. Este processo de filtração milenar acontece a centenas de metros de profundidade, estando a Água de Luso protegida e preservada na Serra, permanecendo intocada, até ser engarrafada. Este percurso cria uma água nobre com características únicas, influenciada por toda a envolvência, desde o tipo de florestação, o clima, subsolo e rochas, sublinha a Luso em comunicado.
A mais recente campanha de marca vai estar no ar em exterior, Spotify e digital, com conteúdos dos embaixadores – Jessica Athayde, João Amorim, Alice Trewinnard e Mafalda Sampaio – que serão publicados, gradualmente, e representarão a “viagem” da água desde a Serra do Bussaco até aos diferentes momentos do dia a dia e desta época festiva, sob o mote “Da Serra do Bussaco, para ti”.
Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Alimentar

Fábricas do Grupo Celeste produzem mais de 500 toneladas de doces para a época natalícia

Com a chegada da época natalícia, as fábricas do Grupo Celeste produzem mais de 500 toneladas de doces de Natal, um número que cresce anualmente.

Hipersuper

O Grupo Celeste apresenta várias novidades para este natal, produtos “que foram criados para transformar esta época numa experiência verdadeiramente especial”: Panetone de Frutas Confitadas, Panetone de Caramelo Salgado e Chocolate, Bolachas Rei, Fatias Douradas de Abóbora e Canela, Pão de Ló Cremoso de Limão e o elegante Tronco de Natal de Tiramisu.

Com a chegada da época natalícia, as fábricas do Grupo Celeste produzem mais de 500 toneladas de doces de Natal, um número que cresce anualmente, sublinha em comunicado.

São das unidades de Guimarães, Vizela e Ermesinde, em Portugal e em Esch-Sur-Alzette, no Luxemburgo que saem as mais variadas gamas de produtos natalícios; 190 toneladas de pão de ló tradicional; 110 toneladas de pão de ló de especialidades (pão de ló húmido/cremoso, pão de ló de chocolate); 145 toneladas de bolo-rei tradicional; 145 toneladas de bolo-rei de especialidades (alagado, frutas confitadas, castanhas, chocolate, chila) e 300 mil unidades/cacetes rabanada, entre muitos outros.

“No Grupo Celeste, acreditamos que o verdadeiro espírito do Natal está em honrar as tradições, enquanto criamos memórias. É por isso que combinamos o sabor autêntico dos clássicos com a inovação de receitas únicas, feitas para surpreender e encantar nesta época tão especial. Sabemos que os nossos clientes além de não prescindirem da qualidade dos nossos produtos, estão sempre curiosos por conhecer as novidades que preparamos ano após anos, em especial para esta época. Temos a certeza de que não os vamos desiludir e será mais um ano em que as famílias terão os produtos Celeste à mesa.”, indica Sofia Miguel, diretora de marketing e comunicação do Grupo.

O Grupo Celeste tem na sua gama o tradicional Bolo Rei, Bolo Rei de Castanhas, Bolo Rei de Chocolate e Bolo Rei de Alfarroba, vários tipos de Pão de Ló, como o Pão de Ló Húmido, Pão de Ló de Chocolate, Pão de Ló de Mel ou o Pão de Ló de Caramelo Salgado e doces típicos, como Fios de Ovos, Rabanadas, Filhoses, Mexidos, Sonhos, Arroz-Doce, Pudins e Troncos de Natal.

Para este ano aas novidades são: Panetone de Frutas Confitadas, Panetone de Caramelo Salgado e Chocolate, Bolachas Rei, Fatias Douradas de Abóbora e Canela, Pão de Ló Cremoso de Limão e o sofisticado Tronco de Natal de Tiramisu.

Sobre o autorHipersuper

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Exportação

Forte presença portuguesa na Wine Paris em fevereiro de 2025

Portugal destaca-se por ter a segunda maior presença internacional, a seguir a Itália.

Hipersuper

Paris volta a receber – de 10 a 12 de fevereiro de 2025 – a Wine Paris, evento global de vinhos e bebidas espirituosas. A presença portuguesa volta a crescer, com um aumento de 61% face a 2024. São oito territórios vitivinícolas nacionais e de sete produtores de renome, além da ViniPortugal, num total de mais de 3.000 referências vínicas de todo o país.

De 10 a 12 de fevereiro de 2025, Portugal mostra ao mundo mais 3.000 vinhos de todo o país numa área de 1.600m2, no Hall 4 Internacional da feira internacional Wine Paris. Esta área é partilhada por 11 espaços coletivos e sete expositores.

Os 11 espaços coletivos são divididos pelos seguintes organismos: Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, o Instituto do Douro e do Porto, ambos com dois pavilhões, a Comissão Vitivinícola da Bairrada, com um stand, e a Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior, com um stand, assim como a ViniPortugal, com cinco pavilhões incluído (Dão, Lisboa, Tejo e Península de Setúbal).

Por sua vez, os sete expositores estão distribuídos pelos seguintes produtores: Van Zeller Wine Collection (Douro), Sogrape (várias regiões), Niepoort (várias regiões), Global Wines (várias regiões), Grande Porto (várias regiões), DFJ Vinhos (Lisboa e Tejo) e AdegaMãe (Lisboa).

4600 expositores de 50 países 

A Wine Paris 2025, que conta com mais de 4.600 expositores e 50 países produtores, prevendo-se o registo de 50.000 visitantes comerciais de 140 países do mundo, é organizada pela Vinexposium, e ocupa três halls que estão inteiramente dedicados aos países produtores representados, com um crescimento de dois dígitos no espaço distribuído por vários países, incluindo Alemanha (+ 65%), Áustria (+ 35%), China (+ 60%), Espanha (+ 40%), Portugal (+ 61%) e Roménia (+ 75%). A Itália dobrou uma vez mais a área de exposição e engloba 30 pavilhões regionais num único espaço, o Hall 6.

A mostra também recebe vários novos pavilhões internacionais: África do Sul, Argentina, Armênia, Chile, Hungria, Macedônia do Norte, Uruguai e Austrália.

Destaque também para a participação francesa aumenta, com um crescimento de  7% no número de produtores do país, entre participação de vinicultores independentes, cooperativas, empresas comerciais e casas como Les Grands Chais de France, Boisset, Famille Guigal, Borie-Manoux, M. Chapoutier, Groupe EPI, Castel Frères e Barão Philippe de Rothschild.

A exposição de 2025 também promete o regresso das principais marcas, sobretudo de champanhe, como Bollinger, G.H Martel, Lanson e Vranken.

Bebidas espirituosas em destaque

Impulsionada pela aposta na diversidade e o aumento da qualidade, a indústria global de bebidas espirituosas está extremamente otimista num evento de sucesso.

Sendo um evento dentro do evento, a Be Spirits recebe distribuidores, bartenders e especialistas de todo o mundo. Há mais de 200 produtores – incluindo 38% de novos participantes neste setor e 30% de participantes internacionais de 27 países –, o que resulta em 47 tipos de destilados, entre os quais estão Armagnac, Baiju, Brandy, Calvados, Cognac, Gin, Malte, Mezcal, Pastis, Rum, Saquê, Soju, Tequila, Umeshu, Vermute e Vodka.

Através da Be Spirits, a Vinexposium alcança todo o setor de bebidas alcoólicas, desde as ofertas tradicionais até a categoria sem e com baixo teor alcoólico. “Em tempos de grande incerteza, crise económica e perda de significado, o isolamento de um país não é uma opção! Ao combinar pontos fortes e promover a inovação, a ligação entre todas as partes interessadas do setor e os vínculos entre as áreas económica e política, podemos promover soluções. Ao longo dos anos, a Wine Paris criou um lugar privilegiado na mente de todos em todo o mundo, como uma fonte vital de influência, um catalisador para os processos de pensamento, um espelho para as tendências e uma força motriz para toda a indústria”, sublinha Rodolphe Lameyse, CEO da Vinexposium.

“Mais do que nunca, a exposição de 2025 irá desempenhar um papel crucial para todas as partes interessadas nacionais e internacionais na indústria do vinho e das bebidas espirituosas”, acrescenta.

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Alimentar

Bacalhau: tradição, inovação e estratégias para este natal

O bacalhau é rei na mesa de Natal. Quais são as tendências que moldam o consumo de bacalhau? Como é que as marcas se preparam para responder à crescente procura nesta época festiva?

Por detrás do prato de eleição da Consoada, há um mercado dinâmico e desafiante, marcado por oscilações de preços, preocupações com a sustentabilidade e novas exigências dos consumidores. Quais são as tendências que moldam o consumo de bacalhau? Como é que as marcas se preparam para responder à crescente procura nesta época festiva? Paulo Amaral, corporate product director-coldfish da Brasmar Group, João Feteira, diretor comercial da Caxamar, Joselito Lucas, administrador da Lugrade e Ricardo Alves, administrador da Riberalves, respondem.

Inovação e oferta diversificada

O Natal é tradicionalmente a época de maior procura de bacalhau em Portugal, e a Caxamar, empresa de referência no sector, prepara-se para responder a este aumento com uma estratégia robusta e inovadora. Em declarações ao Hipersuper, João Feteira, diretor comercial da Caxamar, revelou que a empresa prevês “uma procura robusta e antecipada de bacalhau durante esta época natalícia, um período em que o nosso produto assume um papel preponderante nas tradições festivas portuguesas”.

Para responder a esta elevada procura, a empresa implementou “uma estratégia de reposição de stock com uma considerável antecedência, assegurando a disponibilidade necessária para satisfazer as exigências dos nossos clientes”. Além disso, a Caxamar investiu em novas referências de produto, adaptadas às preferências dos consumidores, com foco em inovação. “Destacamos o nosso novo Lombo de Bacalhau com Cachaço de 1,1 kg, o produto estrela para a mesa de Natal dos portugueses”, disse João Feteira. Este produto distingue-se, segundo o responsável, “não apenas pela sua grandiosidade, mas também pelo seu sabor marcante, convertendo-se num elemento distintivo na mesa na noite de Natal e evocando a magia intrínseca desta época festiva”.

Num mercado altamente competitivo, a empresa portuguesa reforçou a sua estratégia de comunicação. “Este ano, a Caxamar aposta numa estratégia de comunicação abrangente, reforçando a presença em diversos pontos de venda, outdoors, redes sociais e, de forma especial, numa campanha televisiva com o Chef Rui Paula”, afirmou João Feteira.

O foco na qualidade e autenticidade dos produtos é central para a marca. “Com um leque mais alargado de opções, garantimos que cada cliente encontra o bacalhau ideal, especialmente ‘para quem gosta mesmo de bacalhau’ e aprecia o sabor autêntico que só a Caxamar oferece”, sublinhou o diretor comercial.

Acompanhando as tendências emergentes, João Feteira confirma que a Caxamar que há um interesse crescente por novas formas de cozinhar o bacalhau e por receitas inovadoras. “Em resposta a esta tendência, lançámos uma gama de produtos que permite aos consumidores explorar novas receitas e sabores, mantendo a autenticidade do bacalhau Caxamar”, referiu João Feteira. Entre as novidades estão “ovas de bacalhau, samos, línguas e bochechas, prontas a cozinhar”, produtos que refletem a versatilidade e a inovação da marca.

Esta diversificação de portefólio demonstra o compromisso da empresa fundada por Manuel Mendes Bastos em 1989, em “assegurar que a nossa oferta se adapta aos gostos contemporâneos, proporcionando aos nossos clientes a versatilidade e qualidade que esperam de uma marca de confiança”, concluiu João Feteira.

Brasmar aposta em edição especial e qualidade premium

A Brasmar Group, referência na comercialização de bacalhau e outros produtos do mar, responde ao aumento da procura com uma oferta diversificada e uma estratégia de comunicação multicanal. Em declarações ao Hipersuper, Paulo Amaral, corporate product director – codfish da Brasmar Group, afirma que “as expectativas mantêm-se elevadas, já que o bacalhau é um produto tradicionalmente associado à consoada, em Portugal”.

Segundo Paulo Amaral, a empresa tem verificado que “o bacalhau seco regista uma procura acentuada nesta época, enquanto o bacalhau demolhado mantém um consumo constante ao longo do ano”. Para garantir a satisfação dos consumidores, a Brasmar reforçou os seus stocks, com uma especial atenção às opções premium que, como destaca o responsável, “ganham especial destaque durante a época festiva”.

Para se destacar num mercado competitivo, a Brasmar aposta numa estratégia de comunicação focada em tradição e qualidade superior. “Estamos a apostar numa comunicação multicanal e focada na nossa Edição Especial de 2024, disponível em lojas da Brasmar – Trofa e Famalicão – e em superfícies comerciais selecionadas”, explica Paulo Amaral.
Esta edição especial inclui “variedades de origem Faroé – o Bacalhau Salgado Seco Jumbo e os Lombos de Bacalhau Demolhado – e o emblemático Bacalhau Cura Amarela Salgado Seco”, revelou. Estes produtos, segundo o responsável, são promovidos com destaque para o método de cura superior a 12 meses, que “garante lascas consistentes e suculentas”. Esta abordagem reforça o compromisso da marca com “os apreciadores que procuram tradição e um sabor premium na época natalícia”.

A Brasmar também tem acompanhado a evolução dos hábitos de consumo e as novas tendências gastronómicas. Paulo Amaral refere que há “um interesse crescente por receitas inovadoras e formas alternativas de preparar bacalhau”. Para responder a esta procura, a empresa introduziu, na sua Edição Especial de 2024, duas novas referências face ao ano anterior. “Incluímos uma de bacalhau demolhado, que responde à procura por conveniência e praticidade, especialmente valorizada pelas gerações mais jovens”, destaca.

Para complementar esta oferta, a Brasmar investiu na criação de conteúdos que apelam à inovação na cozinha. “Desenvolvemos conteúdos com sugestões de receitas contemporâneas, criativas e práticas, que destacamos tanto no nosso site como nas redes sociais”, afirma Paulo Amaral, sublinhando o papel crescente da digitalização na interação com os consumidores.

Lugrade aposta na tradição, inovação e parcerias de excelência

O Natal é uma época de grande significado para a Lugrade, empresa especializada em bacalhau de cura prolongada, que se prepara para responder à procura elevada de consumidores nacionais e internacionais. Joselito Lucas, administrador da Lugrade, destaca ao nosso jornal que “nesta época do ano o consumidor nacional procura sempre o melhor e maior bacalhau. É assim todos os anos, este não será exceção”.

A Lugrade tem registado uma procura particularmente acentuada por produtos premium, como o “Especial da Islândia Vintage – 20 meses de cura” ou o “Especial da Islândia Seleção Chef Diogo Rocha – 9 meses de cura”. Entre as preferências dos consumidores também se destaca o “Especial Jumbo da Noruega Magnus – 6 meses de cura”, que, segundo Joselito Lucas, “se caracteriza pelos seus lombos extra generosos”.

Para responder a esta procura, a Lugrade apostou numa preparação cuidadosa e antecipada. “Preparamo-nos efetivamente durante o ano para ter capacidade de resposta às solicitações dos clientes no último trimestre do ano. Tivemos as nossas câmaras cheias, graças à boa rede de fornecedores. Mas quando os exemplares de maior cura ou calibre começam a escassear, não há nada a fazer! Não podemos ligar uma máquina para produzir bacalhau de calibres superiores, a nossa máquina é o oceano e não é programável! Felizmente!”, explica o administrador.

A empresa de Coimbra tem uma abordagem abrangente e diversificada na sua comunicação, adaptando-se à concorrência e às exigências de diferentes públicos. “O nosso maior investimento comercial é nas feiras internacionais do nosso sector. Neste momento comercializamos o nosso produto em todos os continentes, portanto a nossa presença em algumas destas feiras é quase ‘obrigatória’!”, afirma.

No mercado interno, a marca aposta numa forte presença online e em parcerias com figuras públicas, como Hugo Van Der Ding e Falso Tacho. “Mantemos ainda parcerias digitais com alguns dos melhores nomes da atualidade”, acrescenta. Contudo, a tradição também permanece um eixo importante da comunicação: “Mantemos esse registo nos nossos órgãos de comunicação social tradicionais a nível nacional, através de diferentes canais de rádio e imprensa escrita”. A Lugrade reforçou ainda a visibilidade com campanhas de rua, “em outdoors nas principais vias de circulação do nosso país”.

Para responder à procura por novas formas de cozinhar o bacalhau, a Lugrade aposta na parceria com o Chef Diogo Rocha, embaixador da marca. Joselito Lucas destaca a experiência do chef, afirmando que “para além de ser um dos melhores Chefs da atualidade, ter Estrelas Michelin Vermelha e Verde (da Sustentabilidade) e ser jurado de conceituados programas de gastronomia, ele é um dos melhores conhecedores de bacalhau”.

O Chef Diogo Rocha tem desempenhado um papel central na inovação culinária da Lugrade, criando “receitas inovadoras, reinventando receitas tradicionais e adaptando-as a públicos iniciantes”. Em colaboração com a marca, desenvolveu até “um livro de receitas direcionado ao público infantil e juvenil”.

Além disso, a Lugrade promove showcookings, divulga receitas através dos seus meios digitais e cria reels para alcançar públicos mais jovens. Joselito Lucas frisa a importância de ensinar o básico antes de inovar: “O público de facto vai procurando receitas inovadoras, mas antes de chegar a esse nível é importante começarem pelo mais básico, como o simples ato de bem cozer o bacalhau. E aí também temos a intervenção do nosso Chef Diogo Rocha, com as suas úteis dicas de como demolhar, conservar e cozer bacalhau”.

Consolidar liderança no Natal

O Natal é um período de grande importância para a Riberalves. Ricardo Alves, administrador da Riberalves, sublinha ao Hipersuper que as expetativas para esta época são “as melhores”, lembrando que “o Bacalhau assume um papel ainda mais central na mesa dos portugueses”.


Apesar do aumento da matéria-prima nos últimos anos, Ricardo Alves refere que esta época continua a representar “cerca de 30% das vendas”, mantendo-se um consumo estável. Para garantir a qualidade esperada pelos consumidores, a Riberalves prepara-se com antecedência. “Começamos a preparar o Natal muito cedo, com mais de um ano de antecedência, quando iniciamos o processo produtivo com a cura portuguesa, para que tenhamos agora no mercado o melhor bacalhau, de longa maturação no sal, com a qualidade e sabor que os portugueses tanto valorizam”, explica.

Entre as novidades, o administrador destaca “a caixa familiar de Natal, com 12 meses de cura” e a nova linha Iguarias, que inclui “Cachaços, Bochechas, Línguas e Ovas de Bacalhau”. Esta diversificação de produtos visa proporcionar “a melhor e mais completa experiência do bacalhau”.

A Riberalves reforçou a sua estratégia de comunicação nesta época, com uma campanha que visa destacar a praticidade do Bacalhau Pronto a Cozinhar. “Damos ainda mais visibilidade à nossa mais recente campanha, que vem destacar que, com o Bacalhau Riberalves, é fáááácil!”, afiança Ricardo Alves.

O foco está na promoção do Bacalhau Pronto a Cozinhar, já demolhado e disponível em diversas referências, garantindo praticidade e qualidade tanto para celebrações como para o dia-a-dia. “A demolha e o Bacalhau Salgado Seco são passado. Com o Bacalhau Pronto a Cozinhar, temos uma refeição deliciosa e saudável, baseada numa proteína de origem 100% selvagem, feita numa questão de minutos”, explica.

A campanha utiliza uma abordagem transversal, com presença em tv, digital, out of home e, sobretudo, no ponto de venda, onde promotoras ajudam a desmistificar a compra e confeção do produto. Ricardo Alves destaca também o esforço da marca para atrair públicos mais jovens: “O nosso foco está na transferência de consumidores do bacalhau seco para o congelado e na captação do público mais jovem para a categoria. E, nesse sentido, nas redes sociais as nossas campanhas chegam inclusivamente ao TikTok”.

O bacalhau mantém-se como símbolo da consoada, mas também como uma opção versátil para o dia-a-dia, segundo Ricardo Alves. “O Bacalhau é a celebração da Consoada, mas também pode ser a salada ou a marmita do dia-a-dia. Garante sabor, é saudável, 100% selvagem e rico em proteína”, afirma.

A Riberalves aposta na reinvenção constante, tanto em produtos como em receitas. “Partilhamos nas nossas redes sociais novos vídeos que inspiram sabor e simplicidade. E dicas, também em torno da confeção, alertando por exemplo para a questão da cozedura, onde ainda se cometem muitos erros”, explica, acrescentando que um lombo congelado “precisa apenas de dez minutos depois de iniciar fervura e o bacalhau fica sempre perfeito”.

O site da marca é atualizado mensalmente com novas receitas e conteúdos criativos, reforçando a missão de “levar sabor, saúde e ideias facilitadoras ao dia-a-dia dos portugueses”. Ricardo Alves conclui que, “a ideia de que existem 1001 receitas de bacalhau talvez seja modesta, porque a reinvenção é permanente”.

Este artigo foi publicado na edição 428

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

Retalho

Primeiros espaços Minipreço a reabrir sob a marca Auchan marcam arranque de reestruturação que será feita até final de 2025

Estas aberturas marcam o arranque da reestruturação que será feita até final de 2025, altura em que todas as lojas do Minipreço e Auchan funcionarão sob a marca.

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As lojas Minipreço da Graça, Tires, Lumiar, Baixa da Banheira e Rinchoa vão voltar a abrir ao público, agora sob a insígnia Auchan Supermercado e My Auchan.

As cinco superfícies comerciais estarão ainda em projeto piloto e marcam o arranque da reestruturação que será feita até final de 2025, altura em que todas as lojas do Minipreço e Auchan funcionarão sob a marca, com a mesma oferta, atendimento e clube de fidelização e preços que, em média, chegam a ser 12% mais baixos, refletindo o posicionamento da marca Auchan no mercado português, avança a insígnia em comunicado.

Este projeto piloto marca o início de uma transformação que pretende levar conveniência, qualidade e proximidade a cada vez mais clientes, garante a Auchan Portugal. “Até 2025, o objetivo é garantir uma experiência consistente em todas as lojas do país, numa operação que permitirá à Auchan estar ainda mais perto dos portugueses e das suas necessidades, com a garantia dos melhores produtos ao melhor preço”, refere.

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Exportação

Mais de 200 empresas já confirmadas na SAGALEXPO 2025

Nova edição da feira vai decorrer entre 28 e 30 de abril de 2025, na FIL, em Lisboa, e já conta com mais de 200 empresas portuguesas  confirmadas como expositoras. A cinco meses da sua realização, a organização sublinha que mais de 20% destas empresas são novas participantes.

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Lisboa vai receber a 4ª edição da SAGALEXPO – Sabores de Portugal, Feira Internacional de Exportação de produtos e marcas portuguesas, entre 28 e 30 de abril de 2025, evento que já conta com mais de 200 empresas portuguesas  confirmadas como expositoras. A cinco meses da sua realização, a organização sublinha que mais de 20% destas empresas são novas participantes.

Este crescimento de novas empresas é um sinal claro da vitalidade do setor e da confiança crescente dos empresários portugueses na exportação como um caminho estratégico para o reforço da sua internacionalização, sublinha a organização em comunicado. Este dado sublinha também o papel da feira como um evento essencial para o desenvolvimento da economia portuguesa, criando um ambiente de inovação, troca de experiências e networking entre empresários, agentes comerciais e investidores internacionais, acrescenta.

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Premium

Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce certifica o que chega à mesa do consumidor

Fomos visitar o Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce, o único em Portugal detido por uma empresa do retalho alimentar, e cuja acreditação é reconhecida internacionalmente.

É aqui que o ADN dos ingredientes dos produtos marca própria do universo Jerónimo Martins é posto à prova e confirmado. Inaugurado em 2021, o Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce é o único em Portugal detido por uma empresa do retalho alimentar. O Hipersuper visitou este laboratório inovador, cuja acreditação é reconhecida internacionalmente, onde é confirmada a composição real dos ingredientes e a autenticidade da informação que consta nos rótulos de cada produto marca própria do Grupo.

O trabalho desenvolvido no Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce está associado à qualidade da segurança alimentar, mas também à autenticidade e à transparência, afirma Carlos Santos, diretor global da Qualidade e Desenvolvimento de Marcas Próprias do Grupo Jerónimo Martins. O responsável de Portugal, Polónia e Colômbia na área da qualidade da marca própria do Grupo acrescenta que o objetivo final é o de que os clientes “façam escolhas informadas quando compram os nossos produtos”.

No Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce são realizadas análises de ADN que permitem identificar as espécies, tanto animais como vegetais que estão presentes nos produtos de Marca Própria e assegurar que os ingredientes indicados em cada rótulo são, de facto, os utilizados na receita.

“Fomos pioneiros de entre as empresas do retalho alimentar. Em Portugal há laboratórios que fazem estas análises, mas num laboratório próprio na distribuição, ninguém faz. Aliás, eu diria que na Europa há mais de dois ou três”, assegura Carlos Santos.

O Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce tem quatro grandes clientes – o Pingo Doce e o Recheio (Portugal), a Biedronka (Polónia) e a Ara (Colômbia), ou seja, as insígnias do universo do Grupo Jerónimo Martins, e trabalha com todas estas geografias.

Inaugurado em 2021, foi ao mercado buscar uma equipa com uma larga formação e experiência em biologia molecular, e no início de 2023 foi acreditado pelo Instituto Português de Acreditação (IPAC), o que lhe garante a independência e a imparcialidade dos resultados obtidos. “A acreditação do laboratório está para os laboratórios como a certificação para as empresas. O que é que isto nos dá? Ao ser acreditado, é reconhecido internacionalmente, e, portanto, capacitado a fazer análises, quer para nós, quer para terceiros”, explica Carlos Santos.

O laboratório é auditado anualmente, tanto por uma auditoria interna como por uma externa, ambas importantes não apenas em termos de procedimentos, mas também junto dos fornecedores, a quem chega a mensagem de que este é um laboratório acreditado.

O grupo Jerónimo Martins tem certificado todo o processo de desenvolvimento de Marca Própria, que indica que são sempre seguidos todos os procedimentos em todos os produtos, com várias etapas de validação. Uma delas, é feita no laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce. “Nós não lançamos nada sem que seja analisado aqui também neste laboratório. Além disso, depois temos todas as questões de validação laboratoriais em laboratórios acreditados de química, de microbiologia, para que tenhamos um produto de qualidade e também para que tenhamos a certeza de que aquilo que nos estão a oferecer e que nós pedimos, está correto, ou seja, que a ficha técnica esteja correta”, refere Carlos Santos.

Um laboratório que deteta tudo

Neste laboratório são feitas análises de ADN quer aos produtos que o Grupo está a desenvolver, quer, de rotina, àqueles que já estão em linha, na prateleira, disponíveis para o consumidor.

Nos produtos a lançar, como as empadas destacadas no filme promocional sobre o laboratório, que está no ar, o fornecedor envia as propostas e as amostras e estas são ali entregues. Se for detetado algum elemento que não integra a ficha técnica do produto, o fornecedor é informado e tem de realizar os ajustes. Nos produtos já em loja, voltam a ser feitas as análises de biologia molecular, as análises químicas e físicas, para confirmar que o produto se mantém conforme a sua especificação.
De referir que o Grupo detém também um laboratório sensorial e uma cozinha, em Lisboa, onde, em 2023, fizerem cerca de 1.500 testes da rotina, em produtos já no mercado, e cerca de 500 em lançamentos.

Na decisão de avançar com a criação de um Laboratório de Biologia Molecular, que contou com o empenho do Chairman da companhia, estiveram três aspetos.

Um deles, a capacidade de controle de autenticidade. “No passado fazíamo-lo em laboratórios externos e tínhamos tempos de avaliação por vezes com um atraso muito grande. Com o aumento da capacidade de controle da autenticidade, conseguimos reduzir a probabilidade de ocorrência de fraude e garantir também a qualidade dos ingredientes do produto”, explica Carlos Santos.

O laboratório veio também permitir fazer chegar os resultados aos fornecedores ao mesmo tempo em que são enviados para os técnicos de Qualidade do grupo. “Criamos uma pressão muito grande a montante, estas são análises muitíssimo rigorosas, conseguimos detetar tudo, e isto criou uma necessidade aos nossos fornecedores de utilizarem ingredientes de elevada qualidade e com as espécies que nós queremos que existam no produto. Esta questão é extremamente importante”, sublinha.
O terceiro aspeto prende-se com o tempo, com o facto de ter a capacidade de reduzir o tempo da análise e, assim, atender à urgência dos resultados, necessária, por exemplo, na deteção de situações de adulteração, de fraude, num produto. Situações à semelhança da ocorrida, em 2013, na chamada crise da carne de cavalo ou na substituição de bacalhau por paloco.

O ADN: resistente e único

Presente nas células, o ADN contem toda a informação genética e que é única. “Porquê é que nós nos focamos muito na análise do ADN? Porque está presente em todos os organismos, porque é único para cada um deles, ou seja, conseguimos distingui-los todos, e porque é muito resistente. E quando falamos de comidas, estamos a falar de altas pressões, altas temperaturas, coisas muito processadas e por isso, por exemplo, as proteínas já ficam muito destruídas. E o ADN, apesar de ficar partido aos bocadinhos, digamos assim, nós conseguimos recuperar e conseguimos montar o puzzle e conseguimos identificar então as diferentes espécies”, explica Sofia Nogueira, gestora do Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce.

Especiarias, chás, queijos, hambúrgueres, enchidos, e até alimentação animal, são alguns dos vários produtos analisados no Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce. Sofia Nogueira sublinha que conseguem analisar qualquer produto alimentar, desde que tenha DNA, mas há um foco maior em alimentos mais processados e com maior volume económico. “Por exemplo, um carapau ou uma sardinha, são identificados facilmente. Mas se estivermos a falar de um paté de sardinha, ou de um Bacalhau à Braz ou de uma lasanha, não se consegue facilmente identificar de que espécie se trata, daí esse foco em alimentos mais processados”, explica.

A análise ao DNA é ali usada para dois tipos de testes. Um deles centra-se na verificação das espécies presentes num produto. “Aqui, a pergunta que fazemos é ‘que espécies estão presentes na minha lasanha?’ e vamos dar a lista completa de todas as partes que estão na lasanha. Fazemos esta sequência de nova geração para todos os produtos que analisamos”, exemplifica.

O outro, é a pesquisa de OGMs, já que Pingo Doce tem uma política de zero por cento para a utilização destes organismos geneticamente modificados, apesar da legislação permitir chegar até ao 0,9%. “Nós aqui procuramos alterações no ADN que nos permitem perceber se existe algum organismo geneticamente modificado naquele produto, ou não”, refere a responsável. Carlos Santos afirma que a decisão do grupo em torno dos OGMs prende-se com as regras de sustentabilidade da empresa: “um dos problemas dos OGMs é que afetam muito a diversidade das espécies, ou seja, um OGM é muito mais forte que as outras espécies”.

Feita a análise, o que se obtém é a lista de espécies presentes na amostra de produto examinada. O passo seguinte é compará-la com as especificações do rótulo, para verificar se o produto está ou não conforme essa informação. A chamada contaminação cruzada é a alteração que mais ocorre. “Por exemplo, num queijo de ovelha em que estamos a apanhar uma pequena quantidade de queijo de cabra, porque anteriormente tinha sido produzido queijo de cabra e a linha não foi bem limpa. Ou também podemos verificar a substituição real de uma espécie por outra. Aqui conseguimos fazer essa distinção”, assegura a gestora do Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce.

Num caso ou noutro, os resultados da análise são enviados à Direção da Qualidade da respetiva insígnia do Grupo, que identifica o problema e decide a medida a tomar. O laboratório, por ser autónomo e imparcial, está isento da tomada de decisões.

Capacidade para as 100 mil espécies conhecidas

O laboratório está apto a identificar as 100 mil espécies conhecidas que podem estar presentes nos produtos. Desde 2021, o Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce já realizou cerca de 19 mil análises a produtos de marca própria das várias insígnias do Grupo Jerónimo Martins, das quais mais de seis mil apenas em produtos marca própria Pingo Doce, revela Sofia Nogueira. Somente em 2023, no global do Grupo foram feitas 6.263 análises, das quais 1.748 da marca Pingo Doce. Apenas no contexto do Pingo Doce, desde 2021 foram analisados mais de cinco mil produtos.

“Cada produto é analisado cerca de três vezes ao ano, para manter esta consistência. Depois, se houver algum problema, o número de análises pode aumentar. Tem tudo a ver com o risco, obviamente”, esclarece Sofia Nogueira. “Todos os planos de controle que nós temos, são baseados no risco. Nós temos produtos em que o risco é maior e analisamos cinco vezes por ano, por vezes até mais”, complementa o diretor global da Qualidade e Desenvolvimento de Marcas Próprias do Grupo Jerónimo Martins.

Curiosamente, em produtos vegetarianos ou vegan, a análise é feita ‘pela negativa’, para confirmar a ausência de DNA seja de carnes, peixes, crustáceos ou outros ingredientes e que os produtos contêm apenas DNA de plantas.

Para alcançar estes números, o laboratório conta com uma equipa técnica com vasto conhecimento e experiência, mas também com equipamentos de última geração, que representaram um investimento de um milhão de euros. “Nós temos o ‘estado da arte’ em termos de equipamentos. ou seja, neste momento todos os equipamentos que temos são topo de gama, e isso importante porque uma das nossas preocupações é que cada vez que possa aparecer um novo método, nós estarmos preparados para também para o fazer”, refere Carlos Santos.

O investimento aplica-se também à formação, seja quando adquirem um novo equipamento, seja na procura e aquisição de novas metodologias a implementar.

O Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce foi criado para o universo do Grupo Jerónimo Martins, mas tem capacidade para realizar análises de ADN a pedido de entidades externas, uma possibilidade que não esta descartada. Carlos Santos adianta que neste momento, o laboratório estabeleceu trabalhar com os fornecedores, principalmente, e com terceiros, apenas ingredientes e processos, ou seja, verificar a origem de uma possível contaminação. Mas lembra que o laboratório tem capacidade para fazer análises para fora.

“Aliás toda a gente já sabe que que pelo facto de seremos acreditados, somos imparciais e, portanto, temos capacidade de trabalhar com clientes. Neste momento temos muito poucos ainda, mas há clientes que nos estão a pedir orçamentos para trabalhar connosco. O facto de ser um laboratório acreditado, permite-nos fazer tudo”, conclui Carlos Santos.H

Transparência e segurança alimentar passo a passo

Por mês, o Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce analisa o ADN dos ingredientes (e confirma a autenticidade da sua composição) em cerca de 150 amostras apenas de produtos marca própria Pingo Doce. No global do universo do Grupo Jerónimo Martins, o número é, exponencialmente, maior: naquele que é o laboratório pioneiro na área do retalho alimentar em Portugal, mensalmente são testadas cerca de 500 amostras de produtos marca própria do grupo comercializadas em Portugal (Pingo Doce e Recheio) na Polónia (Biedronka) e na Colômbia (ARA).

Acreditado pelo Instituto Português de Acreditação desde 2023, o Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce tem desde então reconhecimento internacional do trabalho ali realizado. Tem capacidade para analisar mais de 100 mil espécies que possam estar presentes nos produtos marca própria, e para além das análises regulares ao ADN dos produtos que já estão no mercado, ali são feitos também testes de ADN a novos produtos.

Mas como se processam? A composição do produto em análise – por exemplo, se um hamburguer de vaca contém verdadeiramente carne de vaca e todos os ingredientes listados no seu rótulo – é confirmada através da sequenciação do ADN.

A análise ao produto é realizada em várias fases, cada uma das quais numa sala distinta. Mas começa com a sua chegada ao laboratório. É fotografado em vários ângulos para se registar todos os elementos identificativos (entre eles, o rótulo que refere a composição dos ingredientes).

A amostra vai então para a primeira sala onde é homogeneizada e forma uma espécie de pasta, da qual é extraída uma porção para análise. Segue para outra sala, onde é feita a extração do ADN, passando por uma sucessão de lavagens até ficar ‘puro’. O ADN é copiado por PCR e feita a sua sequenciação através do método de NGS (sequenciação de nova geração), num equipamento instalado noutra sala.

O ADN que ali é sequenciado, chega num pequeno chip com milhões de ‘poços’ onde podem ser colocadas moléculas de ADN de vários produtos, que poderão ser de origens diferentes: num mesmo chip, podem estar moléculas de ADN de queijos, de enchidos e de especiarias.

Após ser carregado, o chip é colocado no sequenciador para que seja feita a “leitura” de todas as moléculas de ADN, e seja criado um ficheiro informático com essa informação. As sequências de ADN obtidas são comparadas com a informação que consta em base de dados internacionais (que estão em constante atualização) e que permitem identificar as várias espécies animais ou vegetais que estão no produto em questão.

Artigo publicado na edição 428 

 

Sobre o autorAna Grácio Pinto

Ana Grácio Pinto

Rui Goulart, managing partner Brandp

Rui Goulart, managing partner Brandp

Opinião

Porque é que algumas campanhas de Natal falham: erros que as marcas não se podem dar ao luxo de repetir

O Natal é uma boa altura para ser ousado, mas apenas com a estratégia certa. A opinião de Rui Goulart, managing partner Brandp.

Hipersuper

Por Rui Goulart, managing partner Brandp

A época natalícia é um momento de grande risco para as marcas. Se forem bem feitas, as campanhas de Natal podem gerar uma enorme proximidade com o público e vendas impressionantes. Mas quando correm mal, os resultados vão desde orçamentos desperdiçados a desastres de relações públicas.

Existem inúmeros fatores que podem comprometer o sucesso das campanhas, alguns deles promovidos pela agressiva concorrência que existe, nomeadamente nesta altura do ano. Mas se dissecarmos um pouco as armadilhas mais comuns, percebemos que a maioria dos erros se prende com estratégia, criatividade e logística.

Um dos problemas mais comuns é a relutância das marcas em sair das suas zonas de conforto. O Natal é uma época de tradições, mas isso não significa que as ações de marketing devam ser previsíveis. Muitas marcas hesitam em inovar, e repetem os temas da praxe e os brindes genéricos. De que forma se vão distinguir das demais?

Em vez de recriar a tradicional casa do Pai Natal, que já não oferece nada de novo, porque não criar experiências que misturem tradição com inovação e oferecer passeios de trenó imersivos em Realidade Virtual?

Este ponto conduz-nos a outro: mal entendimento do público e das suas necessidades.

Vivemos numa sociedade global, com diferentes culturas, religiões e princípios. A quem quer chegar com uma campanha específica de Natal?

O field marketing bem sucedido depende da compreensão do seu público. Demasiadas vezes, as marcas fazem suposições ou dão prioridade aos seus próprios objetivos em detrimento das preferências dos clientes.

É sabido que o Natal é tipicamente uma altura que une as famílias, e muitas das ativações centram-se nos mais pequenos, mas porque não envolver também os adultos?

Um pop-up com amostragem de produtos, na época mais atarefada do ano pode passar despercebido ou ser mera paragem de visitas rápidas e pouca interação. Pense de forma holística no público e de que forma podem permanecer mais tempo. Lembre-se que o Natal cria memórias. Porque não um espaço com zonas interativas e oportunidades para tirar fotografias?

Outro ponto: tradição é uma coisa, viver no passado é outra! Não podemos ignorar o poder da integração digital. As estratégias de ativação de marca /field marketing que não tiram partido das ferramentas digitais perdem enormes oportunidades de envolvimento. Não nos podemos nunca esquecer da amplificação da experiência online.

Cuidado com um mau planeamento e execução. Desde problemas com recursos a falhas logísticas, o que uma marca menos quer é uma experiência negativa, num espaço onde existem provavelmente inúmeras outras marcas a oferecer coisas boas. Pode parecer estranho, mas muitos problemas surgem por falta de produto suficiente no ponto de venda. Se a campanha for bem sucedida, os consumidores quiserem comprar o produto e ele estiver esgotado, a experiência não só se perde, como passa rapidamente de positiva a negativa devido à frustração, nomeadamente nesta época.

Este problema surge tipicamente quando a área comercial não consegue passar a mensagem da importância da campanha e da expectativa de aumento de vendas, e o ponto de venda não aumenta o stock. O cenário piora ainda mais, quando não existe um reforço da capacidade logística para o fornecer a tempo. Uma campanha não é um evento isolado em loja, e nunca deve ser vista como tal.

Uma ativação bem organizada, com planos de reserva para potenciais desafios, reflete profissionalismo e preocupação com a experiência do cliente.

O entusiasmo da época pode também, por vezes, tentar as empresas a prometer mais do que aquilo que podem realisticamente cumprir. Quando as ativações ficam aquém das expectativas, correm o risco de alienar os clientes em vez de os encantar. Independentemente da época, é necessário gerir expectativas com honestidade.

O Natal é uma boa altura para ser ousado, mas apenas com a estratégia certa.

 

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