David Antunes, CEO Makro Portugal
Distribuição

CEO Makro: “Grande parte do desafio passa por transformar um modelo de transação num modelo de relação”

A Makro está a acelerar a transformação do seu negócio para um modelo relacional. A empresa de distribuição grossista “deixou de ser um mero prestador de produtos e preços, é atualmente um prestador de serviços e soluções, com ofertas únicas, como as ferramentas digitais e os serviços de consultoria”, revela em entrevista, David Antunes, CEO da empresa que pertence ao grupo alemão Metro

Rita Gonçalves
David Antunes, CEO Makro Portugal
Distribuição

CEO Makro: “Grande parte do desafio passa por transformar um modelo de transação num modelo de relação”

A Makro está a acelerar a transformação do seu negócio para um modelo relacional. A empresa de distribuição grossista “deixou de ser um mero prestador de produtos e preços, é atualmente um prestador de serviços e soluções, com ofertas únicas, como as ferramentas digitais e os serviços de consultoria”, revela em entrevista, David Antunes, CEO da empresa que pertence ao grupo alemão Metro

Rita Gonçalves
Sobre o autor
Rita Gonçalves
Artigos relacionados
Marta Baptista: “A agricultura faz-se com pessoas”
Alimentar
Vinhos de Portugal promovem-se na APAS SHOW 2025 em São Paulo
Exportação
Mar Shopping Matosinhos realiza ação de prevenção para séniores
Retalho
Grupo Rodilla adquire 100% da A Padaria Portuguesa
Retalho
Buondi é o café oficial do Primavera Sound Porto 2025
Bebidas
Nuno Loureiro é o novo country manager da Mastercard em Portugal
Retalho
Pingo Doce cresce 2,8% no 1.º trimestre para 1,2 mil milhões de euros
Retalho
Quinta da Lagoalva lança colheita de 2024 de brancos e rosé
Bebidas
Agricultura perde mais de 16 mil trabalhadores num ano e enfrenta desafios estruturais no recrutamento
Produção
InPost nomeia Luis Florit como diretor comercial para a Península Ibérica
Logística
PUB
David Antunes, CEO Makro Portugal

David Antunes, CEO Makro Portugal

A Makro está a acelerar a transformação do seu negócio para um modelo relacional. A empresa de distribuição grossista “deixou de ser um mero prestador de produtos e preços, é atualmente um prestador de serviços e soluções, com ofertas únicas, como as ferramentas digitais e os serviços de consultoria”, revela em entrevista, David Antunes, CEO da empresa que pertence ao grupo alemão Metro

PUB

 

Tem já um percurso de 21 anos ligado ao grupo Metro e à Makro.

Praticamente nasci e fui criado neste mundo Makro. Comecei em Portugal em 1998, já lá vão 21 anos, depois tive muito tempo lá fora e, em 2018, regressei com um grande espírito de missão e paixão porque era o trabalho que queria fazer, voltar a Portugal e ser CEO da Makro. Comecei na Makro Portugal, na altura era responsável pelo departamento de logística, em 2002 saí para a área corporate, onde fiquei um ano. Fui, entretanto, para a Ásia. Fiquei à frente da logística e supply chain no sudoeste asiático, estava sedeado na Tailândia, mas trabalhava com as Filipinas, Malásia, Paquistão, China e Indonésia. Depois fui diretor de operações e vendas na Indonésia durante três anos. Voltei, entretanto, à Europa para ser responsável pela logística e supply chain do grupo inteiro, para os 25 países. Mais recentemente estive na Makro Polónia, durante sete anos, onde fiz um pouco de tudo, comecei nas operações e rede de franchising, geri as compras e o marketing. Já andava há algum tempo com o bichinho de vir para Portugal e as conversas foram acontecendo até que surgiu a oportunidade em 2018, fui nomeado em fevereiro, comecei em junho. Não sou colaborador da Makro Portugal sou colaborador do grupo Metro na Alemanha e estou sediado em Portugal. Vim com um contrato de três anos que renovei por mais três. É uma missão que encaro com grande paixão e entusiasmo porque sempre quis voltar à casa mãe e ajudar a Makro Portugal.

Que principais ensinamentos trouxe dessa experiência profissional para o mercado português?

Tive oportunidade de trabalhar em várias geografias, em vários ciclos de vida e estados de maturidade do negócio, em várias funções, desde vendas, compras, marketing, logística e supply chain. Nas áreas funcionais de uma empresa só não fiz finanças e recursos humanos. Por isso, o que trouxe para o mercado português é esta experiência acumulada e esta vivência em áreas funcionais diferentes. Acima de tudo, a equipa em Portugal precisava de trabalhar com um gestor português, penso que isso ajuda na comunicação, na colaboração e até a criar laços e networking com associações e outros players. É esse valor acrescentado de conhecer a companhia e trazer essa experiência funcional e de várias geografias.

Que balanço faz do caminho feito em Portugal nos últimos três anos?

O balanço é muito positivo. A companhia fez 30 anos em Portugal no ano passado, acho que não é todos os dias que isso acontece. E estes 30 anos foram muito feitos à custa de uma equipa cordial, fiel, resiliente, apaixonada, lutadora. Os colaboradores Makro são, de facto, especiais. O balanço é positivo porque nos últimos dois anos trabalhámos muito a questão do nosso propósito. Ou seja, perceber porque é que nos levantamos de manhã e vamos trabalhar. A questão foi perceber que estamos aqui para viver a paixão pela gastronomia e para servir o setor de hotelaria e restauração, dar a conhecer a gastronomia e sua diversidade em Portugal e ao mundo. Foi essencial arranjar esse propósito. Queremos trabalhar os produtores locais e regionais, dar a conhecer a competência e a riqueza dos nossos produtos e restaurantes e fazer isso não só para o mercado interno, mas também mostrar aos turistas tudo o que temos para oferecer.

Um segundo motivo pelo qual estou muito satisfeito tem a ver com trabalharmos muito os nossos princípios orientadores, a questão da liderança, da organização, de criar um pipeline de talento e, acima de tudo, definir princípios para trabalharmos em colaboração, sermos orientados para resultados e pensarmos no sucesso do cliente primeiro que tudo. Este trabalho reforçou muito a colaboração entre as equipas.

Por fim, o balanço é positivo porque a minha grande missão era fazer a companhia crescer em quota de mercado de uma forma sustentada. Quando cheguei a Portugal, a Makro crescia mas continuava ainda a perder quota de mercado, ou seja o mercado crescia e a Makro também crescia, mas o mercado crescia mais rápido do que a Makro. E já há dezoito meses consecutivos que crescemos em quota de mercado.

Pode concretizar?

Sim, quando cheguei tínhamos 9% de quota de mercado e o último relatório já nos mostra uma quota de mercado quase nos 12%. Obviamente, agora, temos que olhar para isto com um bocadinho de sal e pimenta, porque a medição da quota de mercado também integra um shift de vários canais para o canal cash&carry, durante esta fase de pandemia e confinamento. Temos agora de partir isto aos bocadinhos e perceber por categoria, por geografia, por cidade e por canal qual é o impacto. Mas, antes da pandemia começar, a Makro estava claramente a ganhar quota de mercado, numa fase de aceleração comercial fantástica, estávamos a bater os nossos números todos, em termos de topline, cash flow, de resultados e crescemos em quota de mercado antes da pandemia e durante a pandemia. Neste momento estamos a preparar-nos para acelerar com o setor.

Em que consiste essa preparação?

Acima de tudo é importante pensarmos no cliente. Com o que se está a passar no mercado de restauração e hotelaria em Portugal, diria mesmo que é o mais importante. Não temos que pensar Makro, temos é de pensar o setor. Isto é quase uma causa nacional. Temos de pensar na sobrevivência e no bem-estar dos nossos clientes. E isso passa claramente por preparar o melhor verão de sempre, ouvindo os clientes, percebendo as suas necessidades e trabalhando as soluções que eles vão precisar para o verão, seja de sortido, de equipamento ou de ferramentas, e ter o stock disponível para poderem acelerar.

Obviamente que também temos de pensar nisto para lá do produto e do serviço. A Makro tem vindo também a trabalhar com a AHRESP [Associação da hotelaria, restauração e similares de Portugal] no sentido de propor conteúdo, partilhar as nossas experiências, tudo aquilo que for possível para ajudar a acelerar o setor. Todos os intervenientes nesta cadeia de valor têm uma palavra a dizer, sejam fornecedores, distribuidores, como a Makro, sejam associações, o Estado e a própria imprensa. Temos de dar voz à restauração em Portugal porque eles estão a sofrer e há muita gente com a corda na garganta. E o mercado vai abrir na altura do verão e há que dar voz, há que aproximar as pessoas dos seus restaurantes e locais favoritos. Há que trazer novamente esta cultura e ADN de comer fora. Ou seja, os players têm de estar preparados, mas tem de haver aqui uma causa nacional para reviver a restauração em Portugal.

Tem boas perspetivas para o verão?

Sim, quero que o mercado tenha um grande verão. No ano passado, a primeira vaga da pandemia impactou bastante o negócio, os números são conhecidos. A Makro tem um ano fiscal que começa em outubro e acaba em setembro. E o trimestre abril, maio e junho foi difícil. Mas, depois, nos meses de verão, julho, agosto e setembro, tivemos já valores muito próximos do ano anterior. Acredito que tudo o que a Makro está a fazer no sentido de fortalecer as relações com os clientes e estarmos lá para eles nesta fase difícil, mais tarde, quando o mercado reabrir, vai fazer com que cresçamos juntos. A Makro ganhou muitos clientes na fase de pandemia. Começámos a trabalhar alguns clientes com os quais não trabalhávamos, como, por exemplo, embaixadas, bombeiros, polícia, cantinas, escolas, todos são clientes que a Makro quer manter para o futuro. A ideia aqui não foi trabalhar o curto prazo, mas investir nesta fase em que os clientes mais precisam para que mais tarde, nos tempos de bonança, possamos ter uma relação forte com os clientes e crescer em conjunto.

A minha grande expectativa é que o mercado português recupere. Somos um destino tão apetecível, que ganhou tantos prémios, e precisamos muito do turismo internacional.

 

“A hotelaria e restauração é hoje um setor com vários canais”DAVIDANTUNES

 

Há muitas diferenças entre a distribuição grossista portuguesa e a europeia e mundial?

O setor de hotelaria e restauração em Portugal está em franco desenvolvimento porque, desde há uns anos, Portugal tem sido um destino turístico muito apetecível, não só em termos domésticos, mas também internacionais. Se virmos o peso que o consumo doméstico e também o internacional têm no PIB [Produto Interno Bruto] português, percebemos que tem ajudado muito a economia a crescer.

A hotelaria e restauração é hoje um setor com vários canais, o canal cash&carry, mais consolidado, o canal de foodservice delivery, que está em franco desenvolvimento e uma grande parte do potencial de mercado está neste canal. É um canal que ainda está fragmentado e à espera de consolidação. Penso que há coisas que são iguais em Espanha ou França. Quer dizer, cada vez mais é um canal de valor e não de volume. É preciso trabalhar na qualidade, competência, inovação, diferenciação e na relação com os clientes. Penso que isso tem acompanhado o desenvolvimento nos mercados internacionais, no sentido de que cada vez menos é um negócio de transação e é mais um negócio de relação, da criação de relação com os clientes.

Nesse sentido, está a aproximar-se do modelo do comércio retalhista, que é também é cada vez mais relacional? Faço esta pergunta também porque tiveram a experiência de abertura ao público durante o estado de emergência?

A distribuição retalhista é um canal B2C [Business to Consumer], a comunicação e a oferta são massificadas e há programas de fidelização, entre outros. A distribuição grossista é mais um negócio B2B [Business to Business], cria-se uma relação individual com cada cliente. A nossa grande preocupação acaba por ser o sucesso do negócio dos nossos clientes. Se eles forem bem-sucedidos, nós também seremos. E aqui a questão é sempre trabalhar o cliente para crescer o share of wallet, a quota que temos dentro do cliente. Fazer crescer os clientes para nós crescermos também com eles.

Como correu a experiência da venda a retalho durante o estado de emergência?

A nossa experiência na área retalhista é algo pontual, foi abrangida pelo contexto de estado de emergência, em que a Makro oferece à comunidade mais uma alternativa com lojas grandes e seguras. Temos as normas bem implementadas para as pessoas na sua proximidade também poderem ir às compras. Para nós também foi bom, gerou alguma massa crítica para assegurar o emprego dos colaboradores, penso que foi bom também para fornecedores e outros players porque mantivemos a cadeia de valor a funcionar.

No ano passado, abrimos ao público em geral de abril a junho e quando o estado de emergência terminou fechámos as portas. Agora tornámos a abrir neste segundo estado de emergência, que renovou por mais quinze dias. A ambição da Makro não é entrar no mercado retalhista, estamos apenas a fornecer mais uma opção válida para as pessoas, e a nós também nos ajuda a fazer algum negócio, mas o nosso foco é o canal de hotelaria e restauração.

 

O impacto da pandemia no negócioMakro_DavidAntunes

 

Que impacto teve a pandemia no negócio da Makro no ano passado?

Foi um impacto brutal. Porque a Makro tem uma grande percentagem das suas vendas no setor de hotelaria e restauração. Com o confinamento, a proibição de restaurantes e bares de estarem abertos, e não só nestes segmentos porque as escolas e as cantinas também fecharam, o setor de hotelaria e restauração está a sofrer. Neste momento, mais de 50% dos restaurantes estão fechados até para delivery e take away. Mais de 30 ou 35% estão à beira da insolvência. É um setor que está em clara dificuldade e isso tem um impacto brutal nesta cadeia de abastecimento. A Makro tem uma grande dependência deste setor e, por isso, sofre com o setor. Houve a necessidade por parte da Makro de se reinventar não só dentro do setor, mas explorar outros canais para podermos mitigar parte da quebra nas vendas.

Que canais são esses?

Apostámos numa estratégia não só de produto, mas de serviços e soluções. Houve um ajuste de soluções de produtos no sentido de haver mais foco em produtos necessários neste momento, como copos descartáveis, por exemplo. Por outro lado, também criámos uma linha de consultoria [telefone e webinars] na qual temos um gastroconsultor e uma hotline a falar com restaurantes todos os dias para os ensinar a fazer a engenharia dos menus, a otimizar o food cost, a começar o delivery e o take away, a prepararem-se para a reabertura, entre outros.

Ainda dentro dos segmentos nos quais trabalhamos toda a parte de ferramentas digitais, temos uma plataforma que se chama digital inovation and solutions for hospitality, que tem muito a ver com ferramentas de backoffice e frontoffice que estamos a oferecer em Portugal, como sites e ferramentas de reserva. Neste momento, temos já 15 mil restaurantes em Portugal a quem damos website, mais de 1.500 a quem damos ferramentas de reservas e estamos a fazer o rollout de ferramentas como o menu kit, que permite fazer o download da receita para otimizar o seu food cost. Outra ferramenta também, denominada cockpit, uma ferramenta de gestão para gerir a produtividade dentro dos restaurantes. São ferramentas que a Makro tem dado ao setor no sentido de os ajudar. Lançámos também linhas de crédito para alguns clientes para ajudá-los na sua rentabilidade.

Sobre os novos canais começámos uma parceria com a hyper360 e com a Glovo, mais aqui a explorar os canais B2C, que, como lhe disse, ajuda a mitigar algumas vendas perdidas.

Há um outro segmento interessante, as pessoas começaram a procurar ainda mais o comércio de proximidade, como as mercearias nos seus bairros. E compraram mais produtos bio, healthy e premium. Por isso, essas mercearias têm necessidade de ter soluções diferentes, mais na vertente food, e isto também é algo que a Makro tem vindo a trabalhar, para que as mercearias estejam mais preparadas para fazer face à procura nas suas áreas de influência. Costumo dizer à minha equipa que a pandemia trouxe uma crise, as crises são boas no sentido de criarem oportunidades, eu próprio sou um gestor que gosta de viver de crise em crise. Por vezes, quando não há crise eu invento-a só para manter as equipas alerta. Eu gosto de crises. Esta é uma crise que está a impactar muito o setor, mas a nós obriga-nos a ser mais rápidos, pró-ativos, a reagir, e a antecipar e a reinventarmo-nos. E acelerar muita coisa que tínhamos em planos e que agora tem de estar a acontecer.

 

Quais as categorias que mais beneficiaram e quais as que saíram mais prejudicadas com a evolução da pandemia?

O que é que mudou no mercado com a pandemia? Por um lado, há mais desemprego, falta de dinheiro e as pessoas tem tendência a procurar artigos de primeiro preço ou de marca própria. Portanto houve aqui um impacto grande nestes produtos que ganharam mais quota. E devido a uma maior importância e perceção de fatores de higiene e segurança, e aqui a qualidade tem um papel ainda mais fundamental, aumentou a procura por artigos de limpeza, de desinfeção e de segurança. Por outro lado, este aumento da procura no comércio de proximidade fez com que aumentasse a procura de artigos bio, healthy e premium. Porque quando vamos a restaurantes é isso que queremos. Agora que não vamos a restaurantes, queremos procurar este tipo de artigos, no nosso hiper, supermercado, grossista ou mercearia. Descartáveis, papel, obviamente ganharam com a pandemia também pela aceleração do serviço de delivery e take away, mas houve também categorias, por outro lado, que perderam um bocadinho, tudo aquilo que é não alimentar desacelerou, também notámos na parte das bebidas. Há uma tendência quando as pessoas fazem uma encomenda em delivery ou take away de pedirem só comida, porque já têm a bebida.

Têm um parque de dez lojas em Portugal. Em 2019, Olaf Koch, diretor executivo da Metro Cash&Carry, falou na hipótese de ter lojas na Madeira, Serra da Estrela e Covilhã. Em que pé está o plano de expansão?

Se olharmos para a hotelaria e restauração, 70% do mercado está na área da Grande Lisboa, Porto e Algarve. E a Makro já tem neste momento dez lojas físicas nestas regiões. Já estamos presentes nas áreas de maior potencial. De facto, se olharmos para o território nacional e também para as ilhas há potencial por explorar, seja na Covilhã, na Guarda, no Fundão ou Castelo Branco. Aquela zona tem instância de ski, universidades. E também há potencial na Madeira. Mas para já não há planos para a Makro abrir mais lojas físicas. Temos ainda espaço para crescer não só em termos de penetração nos clientes que já temos nessas dez lojas, como também fazer crescer o número de clientes que temos nessas dez lojas. Fazer crescer o nosso serviço de entregas e as nossas ferramentas e plataformas de encomendas, como o MShop, a partir das quais estamos disponíveis para ir a esses sítios entregar. Já fazemos entregas, por exemplo, na Serra da Estrela e na Guarda, no Fundão, a partir das lojas de Coimbra e Leiria. A estratégia passa por crescer nas zonas existentes e explorar essas áreas através dos nossos serviços de entregas. O que não quer dizer que daqui a amanhã não se reequacione este cenário, mas para já esta é a estratégia.

Depois como sabe, há a questão da aquisição da Aviludo por parte do grupo Metro, há também aqui um crescimento do grupo Metro em Portugal através da aquisição da Aviludo.

 

É preferível tê-los como parceiros do que como concorrentes”Makro+David

 

Sim, foi em outubro de 2020 que o grupo Metro comprou a Aviludo. Como está a correr a integração?

É tudo ainda muito recente. Pessoalmente, estou muito satisfeito por ter a Aviludo no grupo Metro. Porque é preferível tê-los como parceiros do que como concorrentes. E acredito que há aqui uma grande complementaridade entre a Makro e a Aviludo. Se olharmos para os valores institucionais as duas empresas têm uma grande preocupação com a qualidade e a relação com os clientes. O ADN é o mesmo. Depois, há uma grande complementaridade regional porque a Aviludo é muito forte no Algarve e em Lisboa e no Algarve não somos tão fortes. E, depois, a Aviludo tem centros de produção de carne onde faz corte e calibração individualizada e isto é uma área que certamente a Makro pode beneficiar. A ideia não será integrar as empresas, mas manter as empresas separadas com a sua própria cultura e ADN. Agora, trabalhamos em mercados alvo que são similares, temos muitos clientes partilhados. Acima de tudo, as estratégias comerciais das duas empresas têm de trazer mais valor acrescentado para o cliente.

Já estão a trabalhar em parceria?

Ainda não. Porque a Autoridade da Concorrência só aprovou o negócio há um par de semanas. Apesar de já termos comunicado a transação há algum tempo, a aprovação oficial só aconteceu no final de fevereiro. Só agora é que nos vamos sentar à mesa e conversar e há muita coisa que podemos fazer juntos. Podemos procurar sinergias na forma como construímos o nosso sortido, a nossa estratégia comercial para os clientes na área da logística e distribuição, por exemplo, ou na criação de competências e treino para as pessoas. Há muita coisa que se pode fazer em conjunto sem integrar as empresas. Esse momento ainda não chegou e estou ansioso por me sentar com eles e de começar a conversar. Penso que os próprios clientes da Makro e da Aviludo estão à espera de perceber qual vai ser a proposta de valor que estas empresas vão trazer em conjunto.

Quantos trabalhadores tem a Makro Portugal?

Cerca de 1.000 funcionários, 100 na estrutura central e o restante nas lojas.

Em cerca de um ano foram comunicadas mudanças na estrutura organizacional em Portugal. Nuno Loução assumiu a posição de head of sales, Filipa Herédia a liderança da comunicação, David Albert a direção comercial, só para dar alguns exemplos. A que de deve estas mudanças e se tem a ver com a questão da redefinição do propósito que mencionava?

A razão das mudanças tem muito a ver com o ajuste da estrutura à estratégia que desenhamos. Uma das principais preocupações quando cheguei foi trabalhar os perfis de liderança e o pipeline de talento no sentido de promover o talento na organização, desenvolver programas de retenção, e criar funções críticas na organização nas quais não tínhamos competência. Trabalhou-se muito a parte da comunicação, marketing digital, foodservice delivery, supply chain, master data, princing. Eram áreas onde estávamos carentes e houve necessidade de ir ao mercado e trazer talento para juntar ao já existente. Acima de tudo, passa por ter as pessoas certas nos lugares certos e, mais importante, ter uma química na equipa em que se trabalhe em conjunto e colaboração. E é aqui que entram os princípios orientadores que há pouco estávamos a falar, ou seja, ter uma equipa de head office que está ao serviço das lojas e das plataformas, o não termos silos organizacionais e ter nas lojas pessoas que estão mais focadas nas relações com os clientes e menos na transação ou na parte operacional.

Tem havido um grande investimento não só na reestruturação, mas também na criação de competências. Por exemplo, a Makro criou há dois anos a Makropédia, um centro de partilha de conhecimento, com três objetivos: treinar e certificar os nossos colaboradores, seja em competência de produto ou de serviço, criar relações internas e ter um sítio para criar relações com os clientes através de showcookings e seminários e também com outros fornecedores e parceiros. Criou-se uma Makropédia na loja de Alfragide e outra em Matosinhos. E tudo isto foi inserido num programa de transformação cultural em que não só se trabalha toda a parte de liderança e talento, mas também toda a parte de venda ativa e a competência das pessoas. Houve uma grande preocupação de há dois anos para cá de investirmos nesta área e de fazermos crescer o nosso ativo principal que são as pessoas.

Os resultados são visíveis? Está satisfeito?

Sim, os resultados são visíveis. Medimos os resultados através de duas ferramentas, uma é o NPS (Net Promoter Score), fazemos medições todos os meses acerca do feedback dos clientes e temos vindo a subir o nosso score consecutivamente. E também através do programa de mistery shopper, pessoas que vão às lojas e verificam o que se está a passar e temos tido um bom feedback.

Temos também internamente o engagement score, medido de três em três meses e, também aqui, ouvimos a organização e o feedback interno tem vindo a melhorar. E, por fim, isso reflete-se em mais vendas e quota de mercado.

 

Marca própria cresce em todas as categoriasMakro_David

 

Há pouco disse que em termos globais o setor vendeu mais marca própria, como é que isso se refletiu no negócio da Makro?

Temos cinco marcas próprias: Metro Chef (alimentar), Metro Professional (não alimentar), Metro Premium (produtos com valor acrescentado), Aro (entrada de preço) e Sabores Lusitanos, marca lançada para os produtos regionais. A marca própria tem vindo a crescer basicamente em todas as categorias, representa já 23% do nosso volume, e se me pergunta se é suficiente, ainda não.

Que meta gostaria de alcançar?

Gostaria de alcançar valores na ordem dos 30 a 35%.  Estou a falar em termos globais, porque no canal foodservice delivery e no canal horeca tem até mais peso. Não estou, no entanto, a dizer que quero crescer através da criação de novos SKU’s, acho é que há muito espaço para as marcas próprias crescerem dentro do sortido existente e substituir muitas marcas Bs e Cs. Porque a marca própria é um excelente fator de fidelização e de relação entre a Makro e os seus clientes. E, por outro lado, são marcas que dão aos clientes mais rentabilidade e produtividade, não só para venda nas mercearias, mas também para toda a parte de transformação nos restaurantes, uma vez que oferecem mais qualidade a um preço reduzido.

Qual o peso dos fornecedores nacionais no sortido?

No total, mais de 90% dos nossos fornecedores são nacionais. Na marca própria há duas fontes: os fornecedores nacionais com os quais desenvolvemos projetos locais e as marcas que vêm das nossas plataformas internacionais. Andará à volta dos 50/50 ou 60/40. Há ainda um peso muito grande dos nossos centros de distribuição em Valência, para a parte das frutas e verduras, e em Roterdão, para a área da carne. Mais e mais se está a trabalhar na parte da verticalização no sentido de trabalharmos com fornecedores e produtores locais, essa será a tendência.

Em junho de 2019, o presidente executivo do Metro AG estimava, em entrevista à Lusa, uma faturação de 400 milhões para 2020. Como fecharam o exercício fiscal?

Em 2019, fizemos 398 milhões de euros e, na altura, alargámos claramente as expectativas. Quando essas previsões foram feitas ainda não estava fechado o exercício de 2019 e ultrapassámos largamente o objetivo desse ano. O objetivo em 2020 já seria perto dos 420 milhões, mas depois a pandemia veio e desacelerou. Em outubro, novembro, dezembro e janeiro tivemos meses fantástico, mas depois a pandemia veio e mudou o cenário. Ou seja, fechámos o exercício de 2020 com 351 milhões de euros e esse foi o impacto da pandemia na Makro. Agora aqui só há oportunidade de crescer.

Quais as expectativas até ao final do exercício fiscal?

Os exercícios de previsão neste momento são quase uma bola de cristal. Porque fazemos previsões todos os meses e os números são muito dinâmicos e já percebemos que há aqui uma grande dependência entre o PIB e o mercado Horeca e a Makro. A minha grande expectativa é que agora, a partir de abril, com as medidas de desconfinamento já comunicadas, o setor comece a crescer. A 4 de abril já podem abrir os terraços, a partir de dia 19 podem abrir o interior dos restaurantes. Agora é estar com os nossos clientes e aproveitar isto e acelerar para ter um grande junho e um grande julho, vamos ter o Campeonato da Europa e esperemos que Portugal ganhe o título novamente e eu espero que os portugueses aproveitem e que os nossos restaurantes e a Makro vendam muito.

Se tivesse que fazer uma previsão, seria em linha com o ano anterior?

Sim, seria em linha com o ano anterior.

Que principais desafios enfrenta este setor a prazo em Portugal, na Europa e no resto do mundo?

Da experiência que temos acumulada de outros países, um dos grandes desafios passa por haver a passagem de um negócio de transação para um negócio de relação. Isso é observável em Portugal, como em Espanha, França e Itália. Diria que França está uns passos à frente. Se olharmos para a Makro, por exemplo, grande parte daquilo que estamos a fazer agora passa por fazer menos volume e mais valor, fazer mais qualidade, mais competência, mais inovação, para ser clara a diferença entre ir a um hipermercado e ir a um grossista especializado no setor de hotelaria e restauração. E isto tem de ser perceber quando se olha para os produtos, para o packaging, para a competência dos produtos, e tem de ser perceber, acima de tudo, quando se olha para as pessoas, em que há um atendimento personalizado e as pessoas conhecem e trabalham os seus clientes. Grande parte do desafio passa por transformar um modelo de transação num modelo de relação. No caso da Makro grande parte do desafio passa por acelerar aquilo que estamos a fazer. O que quero dizer com isto é que a Makro deixou de ser um mero prestador de preço e de produto, neste momento já é um prestador de serviços e soluções, já tem ofertas que neste momento mais ninguém tem no mercado, como as nossas ferramentas digitais e os serviços de consultoria. Há que continuar a trabalhar e a acelerar isto, não só em termos de quantidade, mas também de qualidade. Grande parte do desafio também passa por olhar para lá do nosso umbigo, o setor precisa de nós e temos de perceber qual é o nosso papel para ajudar o setor, para mobilizar, para facilitar, para criar movimentos com as associações, o Estado e outros parceiros, para ajudar o setor a sair da crise e tornar a acelerar. E há pouco falámos do caso da Aviludo. Para a Makro passa ainda, em parceria com a Aviludo, perceber como é que, em conjunto, vamos criar uma proposta de valor ainda mais interessante para os nossos clientes. São estes, diria, os principais desafios: olhar para o produto, para a consultoria, para os serviços, as ferramentas digitais, a aceleração do Marketplace e toda a parte com a Aviludo, como é que vamos trazer mais valor ao mercado.

*Entrevista originalmente publicada na edição 389 do Hipersuper

 

Sobre o autorRita Gonçalves

Rita Gonçalves

Artigos relacionados
Marta Baptista: “A agricultura faz-se com pessoas”
Alimentar
Vinhos de Portugal promovem-se na APAS SHOW 2025 em São Paulo
Exportação
Mar Shopping Matosinhos realiza ação de prevenção para séniores
Retalho
Grupo Rodilla adquire 100% da A Padaria Portuguesa
Retalho
Buondi é o café oficial do Primavera Sound Porto 2025
Bebidas
Nuno Loureiro é o novo country manager da Mastercard em Portugal
Retalho
Pingo Doce cresce 2,8% no 1.º trimestre para 1,2 mil milhões de euros
Retalho
Quinta da Lagoalva lança colheita de 2024 de brancos e rosé
Bebidas
Agricultura perde mais de 16 mil trabalhadores num ano e enfrenta desafios estruturais no recrutamento
Produção
InPost nomeia Luis Florit como diretor comercial para a Península Ibérica
Logística
Marta Baptista, vice-presidente de Investigação Agrícola e Investigação Global de Plantas da Driscoll’s California Fotografia Frame It
Alimentar

Marta Baptista: “A agricultura faz-se com pessoas”

Marta Baptista, vice-presidente de Investigação Agrícola e Investigação Global de Plantas da Driscoll’s California, alerta para os desafios que se impõem na produção de pequenos frutos, com destaque para a gestão da água, a escassez e retenção de mão de obra e a necessidade de reforçar a inovação. Em entrevista, sublinha a importância de colocar as pessoas no centro da estratégia agrícola. E não tem dúvidas: o melhor sítio para trabalhar é onde sente que pode fazer a diferença.

Fotografias Frame It

A sustentabilidade da produção de pequenos frutos enfrenta uma pressão crescente, impulsionada pela escassez de recursos naturais, alterações climáticas e exigências sociais. Em entrevista ao Hipersuper, realizada em Odemira, no dia do 20º Aniversário do Test Plot da Driscoll’s, a vice-presidente de Investigação Agrícola e Investigação Global de Plantas da Driscoll’s California, Marta Baptista, alerta para os desafios que se impõem ao setor, com destaque para a gestão da água, a escassez e retenção de mão de obra e a necessidade de reforçar a inovação. Marta Baptista sublinha também a importância de colocar as pessoas no centro da estratégia agrícola. E não tem dúvidas: o melhor sítio para trabalhar é onde sente que pode fazer a diferença.

Marta Baptista, vice-presidente de Investigação Agrícola
e Investigação
Global de Plantas da Driscoll’s California

Quais são os principais desafios quando falamos na produção de pequenos frutos?
Os recursos naturais são, hoje, uma preocupação global. Falo, desde logo, da água e da disponibilidade de solos, que precisam de ser utilizados de forma equilibrada – não demasiado intensiva, mas ainda assim rentável. Se tivermos muitos hectares concentrados numa mesma zona, acabamos por usar os recursos de forma insustentável para a comunidade. Já nos aconteceu em alguns locais e aprendemos com isso. A água é cada vez mais o desafio número um.
A mão de obra é outro fator crítico. Precisamos de garantir condições sustentáveis, que levem as pessoas a querer voltar e a sentir-se bem. Os pequenos frutos são muito intensivos em termos de mão de obra, especialmente porque a colheita é manual. Esta representa entre 50% a 70% do custo total de produção, dependendo do país e da variedade. Exige muitas pessoas, que por sua vez necessitam de habitação, escolas, água… é um desafio.
Outro desafio é a instabilidade climática resultante das alterações climáticas. Ainda há quem pense que as alterações climáticas são algo do futuro. Não são. Estão aqui, há muito tempo, e afetam a produção esperada, as curvas de produção e os volumes. Sem previsibilidade, não conseguimos vender bem, nem trabalhar com os produtores na gestão de expectativas. Falta ainda muita tecnologia e informação, especialmente nos pequenos frutos, para mitigar estes efeitos. Como operamos em muitos países, sentimos isto todas as semanas – há sempre um evento climático extremo. Dá uma boa noção do quão real isto já é.

Em Portugal, a água é também o principal desafio?
Sem dúvida nenhuma. É o número um. Os restantes vêm muito depois.

O que é que precisamos, então?
Não queria entrar em questões políticas, mas a verdade é que o perímetro de rega foi construído nos anos 60. Na altura foi bom, inovador, mas hoje está completamente desadequado. As infraestruturas são as mesmas, com fraca manutenção. Não há pressão nos canais de rega, há muitas perdas. Os colegas da Lusomorango podem dar números mais precisos, mas há perdas significativas. Precisamos de soluções estruturais, que não são fáceis, mas são investimentos para gerações, não apenas pontuais.

Com essas infraestruturas, poderíamos produzir mais?
Sim, poderíamos produzir mais, em mais regiões, e de forma menos concentrada. A Driscoll’s já está a crescer em regiões como o Norte de Portugal, Cantanhede, Tocha, Algarve, exatamente para diversificar esta intensidade.

Que frutos é que já colheram com essa atuação em Portugal?
Nos campos de ensaio implementámos e otimizámos técnicas de uso de água, como a recolha de água da chuva – não toda, para permitir a recarga dos aquíferos, mas uma parte. Também promovemos a recirculação da água. Dois dos nossos maiores produtores já utilizam este sistema. Ontem visitámos uma quinta da Maravilha Farms que está a 100% em recirculação. A água de drenagem, que contém adubo, é recolhida, analisada, desinfetada com luz ultravioleta e reutilizada. Isto permite poupança de adubo e evita a poluição. São exemplos concretos de frutos colhidos – metafóricos e literais – destes investimentos. Mas ainda há muito por fazer. Fundámos o Centro de Investigação para a Sustentabilidade em 2023 com o INIAV, a Lusomorango e um produtor parceiro. É o início da jornada.

Para além da água, que outros exemplos de inovação estão a ser aplicados?
O sistema de produção em substrato não foi inventado aqui, mas era utilizado em pequena escala em países frios para proteger as plantas no inverno. Inovámos ao otimizá-lo para climas mais temperados, como o português. Comparado com o solo, o substrato permite poupanças de até 25% de água e fertilizantes. É uma inovação replicável que se tornou praticamente o standard da indústria, dentro e fora da Driscoll’s. Este campo foi pioneiro nesse processo.

Sai muita inovação daqui para o mundo?
Sim, muita. Tanto para a Driscoll’s como, por vezes, para a indústria em geral.

Os fertilizantes são um mal necessário ou há alternativas?
Os fertilizantes são essenciais – potássio, azoto, fósforo – são elementos naturais e fazem parte da nossa alimentação. Mas são recursos finitos e o seu fabrico e desperdício têm impactos. A recirculação é uma inovação que permite reutilizar esses nutrientes. Outra inovação é a seleção de variedades mais eficientes – como a ‘Reina’, que precisa de menos 30% de adubo para produzir o mesmo. Hoje, priorizamos essas variedades.

Como se equilibra a sustentabilidade com a produtividade e o negócio?
Criámos métricas que refletem esse equilíbrio. Por exemplo, em vez de medir a água total usada, medimos litros por quilo de fruta vendida. Isso dá uma perceção mais realista da eficiência e cria consciência. Hoje, produtores perguntam quantos litros por quilo usa determinada variedade – algo impensável há poucos anos. Isso já faz parte do pensamento agrícola.

Nota uma mudança de mentalidade entre os produtores?
Sim. Aqui, na região do Sudoeste Alentejano, onde há escassez real e legal de água, os produtores têm muita vontade de aprender. Noutros locais, onde a escassez não é tão evidente, pode haver mais resistência. Mas as técnicas e variedades já estão desenvolvidas e são transferíveis, com pequenas adaptações.

Essa partilha de conhecimento é uma das coisas mais valiosas do seu trabalho?
Sem dúvida. Gosto muito disso. A informação bem aplicada e bem transferida é uma ferramenta poderosa. Estamos na era do social media, mas na agricultura a partilha entre pares ainda é essencial. Informação é poder, também na agricultura.

A agricultura de hoje é diferente daquela que vemos nos livros escolares?
Completamente. Hoje é uma ciência com tecnologia, sensores, melhoramento genético. Esta manhã falávamos de usar inteligência artificial para desenvolver programas de fertilização. Não é ficção científica, é real. Mas os jovens ainda não têm essa perceção. Falta mostrar o que há de melhor na agricultura, especialmente nas idades mais jovens.

É um setor que precisa de pessoas, certo?
Claro. A tecnologia não substitui pessoas, transforma o trabalho. Pode ser mais intelectual, com mais valor acrescentado. Não precisamos de cavar, temos tratores, mas precisamos de pensar em soluções, como para a água. Pode até ser mais estimulante.

Diz-se que os frutos mais doces são de Portugal. Porquê?
Algumas regiões em Portugal, como esta onde estamos, têm uma combinação de fatores naturais muito especial: clima ameno, invernos suaves, verões não excessivamente quentes, e uma brisa refrescante que ajuda as plantas. Esta combinação encontra-se em poucas regiões no mundo. Quem me dera encontrar mais Zambujeiras por aí.

Quais são as linhas de investigação mais transformadoras no Centro de Investigação e Sustentabilidade?
A recirculação da água é uma das mais adotadas. Há também investigação sobre o uso de luz ultravioleta no combate a doenças, substituindo pesticidas. Outro foco é a compostagem do substrato de coco – queremos fazer mais. Não sei se haverá um breakthrough, mas há avanços incrementais em várias áreas. Estamos também a estudar formas de medir a biodiversidade usando inteligência artificial e fotografia. A ideia é que os sistemas indiquem ao produtor onde existe uma praga, para que ele possa atuar com precisão.

A inteligência artificial é já presente ou ainda é futuro?
É aspiracional, mas será realidade nos próximos cinco anos. Vai ser utilizada de várias formas: programas de fertilização, melhoramento genético, deteção de pragas. Estamos a começar com ideias piloto, mas vai ser transformador.

O estudo de pragas e doenças é essencial?
Sim. Se não conhecermos as pragas, não podemos preveni-las. E prevenir é sempre mais barato do que tratar. É preciso conhecimento profundo: há insetos que se alimentam de outros, e só com essa base científica conseguimos soluções biológicas eficazes.

O que são as iniciativas Ask the Grower e Virtual Test Plots?
O Ask the Grower nasceu na pandemia, quando vimos que era necessário continuar a transferir conhecimento, mesmo sem poder viajar. É uma plataforma virtual onde produtores partilham experiências com outros produtores. Continuou após a pandemia e vai regressar este ano.
Os Virtual Test Plots são visitas virtuais aos campos de ensaio, com vídeos bem preparados. Mostramos variedades novas ou inovações tecnológicas. Estão acessíveis a todos os produtores e colaboradores da Driscoll’s no mundo, desde que tenham internet.

Portugal pode beneficiar das experiências de outros países?
Sem dúvida. Por exemplo, neste campo desenvolvemos a produção de mirtilo em substrato, algo que parecia impensável. Hoje, essa técnica é usada no Peru, México, África do Sul… Aprendemos também com outros, como na poda de mirtilo – aprendemos com Austrália e Peru. Copiar boas práticas deve ser feito com orgulho.

Em que ponto está Portugal em relação a outros países?
Nada para trás. O recorde de produção de framboesa fresca que conheço, dentro e fora da Driscoll’s, é em Portugal. Também tivemos o recorde de mirtilo até há poucos anos. Fala-se muito de Portugal como estando atrasado, mas não está.

De todos os países onde já trabalhou, onde gosta mais de trabalhar?
Onde sinto que posso fazer a diferença. Há 20 anos, quando começámos aqui, os produtores sabiam pouco e o impacto era enorme. Hoje, são eles que nos ensinam. O impacto mais forte acontece agora em regiões que estão onde Portugal estava há 20 anos. É gratificante trabalhar onde conseguimos fazer um impacto real na comunidade.

A Marta valoriza muito o papel das pessoas…
Sem dúvida. A fruta faz-se com pessoas. A agricultura faz-se com pessoas. A Driscoll’s faz-se com pessoas. As pessoas têm de estar no centro das nossas preocupações. Infelizmente – ou felizmente – as framboesas não crescem sozinhas.

E o bem-estar das pessoas ultrapassa a apanha da fruta. Falamos de alojamento, de condições…
Sim. Um trabalhador que não tenha boas condições não vai querer voltar. E, se não voltar, temos de ensinar outro. E um novo trabalhador, no início, tem baixa produtividade. Portanto, temos todo o incentivo para reter e para fazer com que as pessoas se sintam bem. Custa muito tempo e dinheiro ensinar constantemente. Reter trabalhadores — tanto os da apanha como os técnicos especializados — é recompensador. Vale mesmo a pena. E estou a dar-lhe uma resposta muito honesta do ponto de vista económico: vale mesmo a pena.

Como olha para tudo o que foi construído nestes 20 anos? Começaram do zero…
Começámos com a ajuda do INIAV, com o engenheiro Pedro Carlos Oliveira, e com poucos colegas. Cabíamos todos num carro, eramos cinco. Hoje, só na Driscoll’s Europa, somos… talvez mil. Tenho muito orgulho, claro, mas o que mais me fascina é o impacto das pessoas que passaram por aqui. Pessoas que formámos e que depois formaram outras. Esse efeito de cadeia é a parte mais bonita de tudo isto.

É isso que a mantém aqui?
Sim. Fazer a diferença. Ver que há impacto. Podia ter seguido outros caminhos, tive convites, mas o que me mantém é ver o crescimento das pessoas, perceber que deixamos marca. Pessoas que agora ocupam cargos importantes. Por exemplo, o Andy, hoje vice-presidente das operações na Europa, esteve na minha equipa até maio do ano passado. Podia olhar para isso como uma perda, mas olho com orgulho. Ele merece. E há mais como ele. Muitos estão aqui agora mesmo.

Essa filosofia da Driscoll’s é muito forte?
Temos processos de recrutamento muito exigentes. Às vezes até pedimos desculpa aos candidatos — são entrevistas atrás de entrevistas. Mas vale a pena. Porque depois de entrarem, investimos. E custa muito recomeçar do zero. Quando perdemos alguém — e já perdemos pessoas muito boas — recrutar e formar de novo é difícil. O conhecimento técnico pode ensinar-se. O alinhamento de valores é mais difícil. Por isso damos tanta importância a essa área. E depois, queremos reter as pessoas o máximo de tempo possível.

A retenção de talento é hoje também um desafio?
É, sim. Mas se formos proativos e pensarmos: “Como é que podemos ajudar esta pessoa a dar o próximo passo?”, conseguimos manter as pessoas motivadas e na empresa. Se formos passivos e esperarmos que a pessoa levante a mão, nem todos o farão. Nem todos dizem: “Eu quero o próximo desafio.” Temos mesmo de ser proativos. No trabalho que faço atualmente, já não faço ensaios com plantas, já não cresço plantas diretamente, mas… talvez cresça pessoas. Parece poético, mas é mesmo verdade. E essas pessoas vão fazer o mesmo com outras.

Como se antecipa o futuro da agricultura sustentável?
É uma previsão, mas acredito que terá de ser cada vez mais precisa, baseada em mais informação e mais ciência. Porque os desafios vão continuar a aumentar. A água, por exemplo, não se renova. O que existe hoje é o que existirá daqui a 100 anos, a menos que se descubra uma forma de a criar — o que ainda não existe. As alterações climáticas vão agravar-se em frequência e intensidade. Preocupa-me que alguns governos ainda não levem o tema a sério. Já impacta vidas, economias e, claro, a agricultura — talvez até mais do que outras indústrias, porque dependemos diretamente do clima e dos recursos naturais.

Esse contexto político influencia também onde se investe?
Sim. As mudanças na agricultura acontecem quando precisam de acontecer. A agricultura é uma atividade económica e precisa de incentivos económicos para evoluir. Esses incentivos podem ser regulamentares, relacionados com procura, custos, etc. Eu podia dar-lhe uma resposta romantizada e dizer que se inova só porque queremos produzir de forma sustentável. Mas a verdade é que muitas das inovações surgiram por necessidade. Por exemplo, quando os fumigantes do solo deixaram de estar disponíveis, foi preciso encontrar alternativas. A necessidade conduz à inovação. E isso também influencia onde e como se investe.

Este equilíbrio entre competitividade, negócio e sustentabilidade será determinante para o futuro da agricultura?
Tem de ser. O produtor precisa de rentabilidade para pagar salários, investir em centros de inovação… e precisa de água. Esta exigência dupla — económica e ambiental — ajuda-nos a focar nas soluções certas. Em ciência e inovação, uma das grandes dificuldades é o excesso de opções. Mas quando temos estas duas diretivas claras, conseguimos filtrar melhor.

Há pouco dizia-me, meio em tom de brincadeira, que se reformava se conseguisse eliminar o plástico. Mas ainda há muito por fazer?
Sim, ainda há muito a fazer. A utilização intensiva de plásticos é uma questão que nos incomoda. Usamo-los porque precisamos, mas gostávamos de ter alternativas. É um dos desafios para os quais ainda não encontrámos boas soluções. E isso é frustrante.

Os plásticos são um problema pouco visível para quem olha de fora.
Sim. Mas fazem muita diferença para o ambiente. São necessários para garantir fruta fresca e de qualidade. Para congelados ou sumos, pode produzir-se ao ar livre. Mas framboesas e amoras são muito sensíveis — ao vento, à radiação solar… queimam-se, como nós. O morango e o mirtilo têm mais tolerância. Já fazemos mirtilo ao ar livre no norte, mas as outras culturas ainda precisam de proteção. Gostaríamos de usar menos plástico, claramente.

Até a nível de embalagens. Falávamos disso há pouco. Por que não são todas em cartão?
Por causa da durabilidade. A fruta dura muito mais nestas embalagens atuais. Já estamos com cerca de 40% em cartão na Europa. Mas custou muito. As primeiras embalagens desfaziam-se com a humidade. É preciso mais inovação, mais trabalho. Substituir o plástico nas embalagens, túneis, vasos… é um desafio. E não só nos pequenos frutos, é transversal à agricultura.

Como vê o papel das universidades nesta mudança? Essa ligação entre investigação e setor produtivo está suficientemente consolidada?
Não. É preciso muito mais. Assistimos a uma desvalorização da investigação pública nas últimas décadas, especialmente na agricultura. E as empresas não conseguem fazer tudo sozinhas. Por isso, estas parcerias são fundamentais. Já temos colaborações com o INIAV, Universidade de Évora, Nova, Instituto Superior de Agronomia. E a nível internacional, com a Universidade de Wageningen, na Holanda. Mas precisamos de fazer mais.

Porquê?
Porque ajuda muito se as universidades e os alunos compreenderem os desafios reais da indústria. Assim, podem orientar melhor a investigação, para problemas urgentes, como os plásticos, a água, a biodiversidade, a poluição. As empresas terão sempre mais dificuldade em resolver tudo sozinhas.

20 anos do Test Plot de Taliscas, Zambujeira do Mar

Um campo de ensaios (test plot) tem como missão testar e definir as variedades com melhor adaptação à região onde estão localizados, servindo também como um showcase das melhores práticas agrícolas. A principal finalidade é otimizar o crescimento e desenvolvimento das plantas, permitindo que os produtores tenham acesso ao melhor produto disponível e às informações mais completas para tomarem decisões informadas.
Na Europa, a Driscoll’s opera sete campos de ensaio, dois em Portugal: Taliscas, na zona da Zambujeira do Mar, e Foja, em Cantanhede.

Alguns marcos históricos:
2005 – Abertura do Campo de Ensaios com plantação de morangos em solo.
2006 – Aumento de área para 1 hectare e acrescentando ensaios de framboesas, amora e mirtilos. Primeiros ensaios de Driscoll Maravilla.
2008 – Redução de área com retirada dos ensaios de amoras e framboesas.
2009 – Reativação de 0,5 hectares com ensaios de mirtilos e morangos em solo.
2013 – Início de expansão da área para cerca de 3 hectares de ensaios com plantações em solo. Primeiras plantações de ensaios de Driscoll’s Victoria.
2014 – Retirada dos ensaios de morango.
2016 – Introdução das primeiras plantações em substrato nos ensaios de mirtilo.
2017 – Instalação da estação de rega automatizada. Introdução de ensaios de morango em plantações de substrato.
2018 – Conclusão da conversão do total da área de ensaios exclusivamente para substrato.
2019 – Instalação de melhores estruturas de túneis com possibilidade de recolha de águas de chuva.
2020 – Anos de pandemia sem comprometer a execução dos ensaios planeados. Primeiras plantações de ensaios Driscoll’s Reyna.
2021 – Primeiros ensaios de Driscoll’s Clara.
2023 – Início da recolha de água da chuva e recirculação da água de drenagem.
2024 – Efetiva utilização de água de chuva em exclusivo para regar os ensaios durante quatro meses.

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

Retalho

Pingo Doce cresce 2,8% no 1.º trimestre para 1,2 mil milhões de euros

Num contexto de consumo marcado pela elevada sensibilidade ao preço e por um calendário menos favorável, o Pingo Doce encerrou o primeiro trimestre de 2025 com um crescimento das vendas de 2,8%, totalizando 1,2 mil milhões de euros.

Excluindo o segmento de combustíveis, o crescimento like-for-like (LFL) atingiu os 1,1%, sustentado pelo desempenho das lojas que operam sob o conceito All About Food, que têm vindo a ganhar peso estratégico na proposta da insígnia.

A operar num mercado fortemente promocional, o Pingo Doce manteve a sua agressiva política de descontos, o que lhe permitiu preservar quota num ambiente de grande competitividade. No trimestre, a insígnia do grupo Jerónimo Martins abriu uma nova loja e concluiu a remodelação de 13 localizações.

Em termos consolidados, o EBITDA da Distribuição Portugal cifrou-se em 78 milhões de euros, 0,7% abaixo do trimestre homólogo, tendo a respetiva margem atingido 5,2% (5,3% no 1T 24), pressionada pela subida dos custos com pessoal na sequência do aumento de 6,1% do salário mínimo nacional.

A Jerónimo Martins fechou o primeiro trimestre de 2025 com um resultado líquido de 127 milhões de euros, 31,4% acima do ano anterior, ou 6,1% abaixo se excluídos os outros ganhos e perdas de natureza não recorrente. No 1º trimestre de 24, esta rubrica incluiu os 40 milhões de euros da dotação inicial da Fundação Jerónimo Martins.

As vendas cresceram 3,8% (+1,9% a taxas de câmbio constantes), impactadas negativamente pelo efeito de calendário já que o ano anterior, sendo bissexto, contou com mais um dia de vendas e também com a Páscoa, que em 2025 foi no 2T. O EBITDA aumentou 3,8% (+1,2% a taxas de câmbio constantes) com a respetiva margem, em linha com o ano anterior, a cifrar-se em 6,3%, informa a Jernónimo Martins em comunicado

Pedro Soares dos Santos, presidente e administrador-delegado da Jerónimo Martins, sublinha a resiliência do grupo num cenário de grande incerteza: “Neste ambiente de contenção, todas as nossas Companhias trabalharam com disciplina para gerir a pressão sobre as margens que decorre da subida dos custos com pessoal na sequência do aumento dos salários mínimos em cada país, num momento em que a inflação nos cabazes permanece baixa”.

“Ainda que o primeiro trimestre apenas permita uma leitura muito limitada das tendências nos mercados, os resultados do Grupo, nestes três meses e perante o comparativo muito exigente do ano anterior, são sólidos e confirmam a competitividade das propostas de valor e a estratégia, dos últimos anos, de reforçar os modelos de negócio das diferentes insígnias”, pode ler-se na mensagem divulgada

“Atentos ao desenvolvimento das dinâmicas de consumo e da concorrência, manteremos o foco no crescimento sustentável, defendendo as nossas bases de clientes, executando o nosso ambicioso plano de expansão, e respondendo aos desafios ambientais e sociais que enfrentamos num contexto particularmente volátil.”, garante.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Retalho

Continente e Pingo Doce lideram ranking das marcas mais relevantes para os consumidores

Entre as 20 marcas mais referidas no Estudo ao Consumidor 2025, nove são portuguesas, com destaque para Continente, Pingo Doce, Delta Cafés, Mimosa, Galp, MEO, NOS, EDP e Worten. O pódio é liderado por Continente, seguido de Pingo Doce e Adidas, sinalizando uma crescente valorização de marcas nacionais por parte dos consumidores. Pedro Diogo Vaz, country manager da Superbrands Portugal, destaca o reforço da presença de marcas nacionais no ranking geral, com especial evidência para o retalho.

A Superbrands Portugal divulgou esta terça-feira, 7 de maio, os resultados do Estudo ao Consumidor 2025, colocando duas insígnias nacionais de retalho alimentar — Continente e Pingo Doce — no topo da lista das marcas com maior referenciação espontânea pelos consumidores portugueses. Os dados foram apresentados na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.

Entre as 20 marcas mais referidas no estudo, nove são portuguesas, com destaque para Continente, Pingo Doce, Delta Cafés, Mimosa, Galp, MEO, NOS, EDP e Worten. O pódio geral é liderado por Continente, seguido de Pingo Doce e Adidas, sinalizando uma crescente valorização de marcas nacionais por parte dos consumidores.

O estudo revela ainda que o setor do Retalho reforçou significativamente a sua presença no TOP 20 entre 2020 e 2025, aumentando de 22,1% para 30,2%. Esta evolução reflete-se também na entrada de novas marcas como Mercadona e na consolidação de insígnias como Lidl.

Para Pedro Diogo Vaz, um dos destaques da edição deste ano prende-se com o reforço da presença de marcas nacionais no ranking geral, com especial evidência para o retalho. “Há uma diversidade muito grande no mercado, mas essa abundância acaba por valorizar ainda mais as marcas que fazem parte do nosso quotidiano. Marcas como o Continente e o Pingo Doce estão presentes de forma contínua na vida das pessoas e, por isso, são mencionadas instintivamente pelos consumidores”, explicou em declarações ao Hipersuper.

O responsável sublinha ainda que o contexto económico e social atual pode influenciar este comportamento: “Vivemos num período de incerteza, e isso leva os consumidores a procurar segurança e familiaridade. As marcas portuguesas acabam por despertar uma ligação emocional mais forte, seja pelo enraizamento cultural, seja por uma perceção de maior proximidade e confiança”.

Pedro Diogo Vaz destaca também a importância da análise promovida pela Superbrands enquanto ferramenta útil para os profissionais de marketing e gestão de marcas. “Este é um estudo independente, que pretende refletir de forma genuína a perceção do consumidor. Não há interferência comercial nas escolhas, o que confere credibilidade aos resultados e torna-os relevantes para a estratégia das marcas, sobretudo no que toca à avaliação do seu posicionamento face à concorrência”, conclui.

O Continente assume um papel transversal no estudo, surgindo como a marca mais mencionada nas cinco dimensões avaliadas — Notoriedade, Marcas Únicas, Confiança, Identificação e Satisfação das Necessidades — e liderando o ranking em todas as gerações analisadas, da Silent Generation à Geração Z.

Já o Pingo Doce e a Delta Cafés destacam-se por integrarem o TOP 3 em duas dimensões, enquanto marcas como Adidas, Nike, Lidl e Nestlé também mantêm uma presença constante nos rankings multidimensionais.

A análise por geração demonstra que o retalho mantém uma relevância transversal, sendo o setor com maior peso em todas as faixas etárias. Por outro lado, os Baby Boomers e a Geração X apresentam maior afinidade com marcas de Alimentação, Telecomunicações, Bebidas e Energia, enquanto a Geração Z se destaca nas áreas de Desporto e Tecnologia.

Existem cinco áreas de atividade que monopolizam 81% do TOP 20 do ranking geral, sendo estas o Retalho, Alimentação, Desporto, Tecnologia e Telecomunicações. Numa comparação entre 2020 e 2025, observa-se que o Retalho aumentou o seu peso de 22,1% para 30,2% no TOP 20, tendo também a Energia e a Moda registado um ligeiro aumento.

O estudo, conduzido pela consultora independente AMINT, decorreu entre 7 de janeiro e 12 de fevereiro de 2025, através de 1.000 entrevistas online a uma amostra representativa da população portuguesa em termos etários (com idade igual ou superior a 16 anos), género e distribuição geográfica. A margem de erro é de 3,2%.

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

Logística

DHL Supply Chain adquire IDS Fulfillment e reforça oferta para PME no setor de e-commerce

A aquisição da empresa norte-americana especializada em logística de distribuição de retalho e fulfillment de e-commerce representa a segunda aquisição estratégica da DHL no setor de e-commerce na América do Norte em 2025, depois da compra do negócio de logística inversa da Inmar em janeiro.

Hipersuper

A DHL Supply Chain anunciou a aquisição da IDS Fulfillment num movimento que reforça a presença da multinacional no setor e amplia significativamente a sua capacidade de resposta às necessidades das pequenas e médias empresas (PME).

A operação, concluída em maio, representa a segunda aquisição estratégica da DHL no setor de e-commerce na América do Norte em 2025, depois da compra do negócio de logística inversa da Inmar em janeiro. Com esta aquisição, a DHL integra mais de 120 mil metros quadrados de espaço de armazém e distribuição multicliente, distribuídos por localizações estratégicas nos EUA, incluindo Indianápolis, Salt Lake City, Atlanta e Plainfield.

“O e-commerce tem sido um motor de crescimento para a DHL nos últimos anos e é um foco importante na nossa agenda da Estratégia 2030. A aquisição da IDS Fulfillment não só expande a nossa presença operacional, como também garante que as pequenas e médias empresas tenham acesso às nossas soluções logísticas de última geração, concebidas para as suas necessidades específicas”, disse Patrick Kelleher, CEO da DHL Supply Chain North America.

Mark DeFabis, CEO da IDS Fulfillment, afirma: “Acreditamos que o compromisso da DHL com a inovação e a excelência do serviço faz da empresa o parceiro ideal para melhorar as nossas operações e fornecer as capacidades líderes da indústria aos nossos clientes e membros da nossa equipa.”

A IDS Fulfillment continuará a operar sob a liderança atual, assegurando uma transição sem perturbações para os clientes e colaboradores. Para além da infraestrutura física, a operação traz à DHL uma carteira diversificada de clientes e um know-how adicional em fulfillment, reforçando a oferta de soluções escaláveis e integradas.

Com o setor global de e-commerce a crescer a uma taxa anual composta (CAGR) de 8% até 2029, a DHL aposta numa estratégia de expansão seletiva, que fortalece a sua rede e capacidade tecnológica, ao mesmo tempo que democratiza o acesso a serviços de logística de ponta.

“Com o crescimento global do setor e-commerce a um CAGR de 8% ao ano até 2029, a DHL tem como objetivo investimentos que expandam ainda mais as nossas capacidades para assegurar as necessidades deste segmento em crescimento e tornar a nossa rede e soluções facilmente acessíveis a empresas de todas as dimensões. O IDS Fulfillment complementa a nossa atual Rede DHL Fulfillment, aumentando a nossa capacidade de oferecer soluções globais de e-commerce sem descontinuidades, com conhecimentos e alcance locais. Especialmente oportuno, uma vez que mais organizações multinacionais estão a procurar estabelecer capacidades de fulfillment na América do Norte”, sublinha
Oscar de Bok, CEO Global da DHL Supply Chain.

“Estas aquisições demonstram o nosso compromisso com o crescimento contínuo no sector do e-commerce e reforçam a posição de liderança da DHL como o fornecedor de logística de eleição para clientes de todas as dimensões”, reforçou Patrick Kelleher.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Bebidas

ÉvoraWine celebra 10ª edição com 300 vinhos em prova

O ÉvoraWine regressa à Praça do Giraldo nos dias 23 e 24 de maio para celebrar uma década de existência com uma edição que promete superar recordes de adesão e reforçar a notoriedade dos vinhos da região.

Hipersuper

Com entrada livre e copo oficial de prova disponível por 15 euros, a organização estima receber cerca de 10 mil visitantes ao longo dos dois dias, atraídos pela possibilidade de provar cerca de 300 referências vínicas oriundas de mais de 50 produtores alentejanos.

O evento arranca na sexta-feira, às 18h00, com a habitual sessão de abertura e a entrega dos prémios “Por todo o Alentejo”, que distinguem figuras de destaque nas áreas do vinho, gastronomia e cultura. O ambiente será marcado por uma combinação de provas vínicas, gastronomia regional e música ao vivo, com atuações que vão desde os cantares tradicionais dos Almocreves até à energia do Grupo Mala Conexion, passando pelo fado e ritmos sevilhanos.

A principal novidade desta edição comemorativa é a festa de encerramento “ÉvoraWine Party”, agendada para sábado, dia 24, a partir das 22h30, na Horta das Laranjeiras. O evento, animado pelo grupo “Os Vizinhos” e pelo DJ Pedro d’Orey, prolonga-se até às 02h00. A entrada tem o custo de 5 euros para os participantes do ÉvoraWine e de 10 euros para o público geral.

Durante o certame, os visitantes poderão ainda degustar pratos típicos alentejanos, preparados por restaurantes parceiros, numa aposta da organização na promoção da harmonização entre gastronomia e vinho da região.

A 10.ª edição do ÉvoraWine conta com o apoio da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), da Câmara Municipal de Évora, da Confraria dos Enófilos do Alentejo e da Confraria da Gastronomia do Alentejo.

Programa

Sexta-feira // 23 de maio  
18h00 – Sessão de Abertura com Grupo de Cante Tradicional Alentejano “Os Almocreves”
19h00 – Grupo Caranguejos da Cevada
20h00 – Fado com Inês Villa-Lobos
21h00 – Teresa Franco, Bruno Cramez e Nuno Páscoa
22h00 – Encerramento das provas de vinho

Sábado // 24 de maio  
18h00 – Abertura ÉvoraWine
18h30 – Grupo Sevilhanas
19h00 – Carla Saramago, Rui Gonçalves, Bruno Cramez e José Silva
20h30 – Grupo Mala Conexion
22h00 – Encerramento das provas de vinho
22h30 – ÉvoraWine Party na Horta das Laranjeiras com “Os Vizinhos” e Dj Pedro d’Orey
2h00 – Encerramento da ÉvoraWine Party

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Continente
Retalho

Continente promove “O Melhor de Portugal” em feira dedicada à produção nacional

A feira reúne frutas e legumes, queijos, vinhos, enchidos e outros produtos típicos, representando o melhor da diversidade gastronómica nacional, com destaque para a seleção especial dos melhores frescos nacionais e de produtos inovadores desenvolvidos pelo Clube de Produtores Continente, como é caso do famoso Arroz Carolino Caravela.

Hipersuper

Até 18 de maio, todas as lojas Continente e a plataforma Continente online recebem a primeira edição da feira “O Melhor de Portugal”, uma iniciativa que celebra a qualidade e o sabor dos produtos portugueses, valorizando o trabalho dos produtores locais e das marcas nacionais.

A nova feira, que conta com uma forte campanha multimeios sob o mote “Quem é que passa sem o melhor de Portugal?”, destaca uma seleção especial de produtos frescos nacionais e referências inovadoras, com origem no Clube de Produtores Continente. Entre os destaques está o Arroz Carolino Caravela, uma variedade 100% portuguesa resultante de quase duas décadas de investigação em parceria com a Lusosem, a Novarroz e o INIAV/COTArroz.

Esta iniciativa insere-se na estratégia do Continente de reforçar a aposta na produção nacional, garantindo qualidade, sustentabilidade e inovação em diversas categorias. A feira reúne frutas e legumes, queijos, vinhos, enchidos e outros produtos típicos, representando o melhor da diversidade gastronómica nacional.

A campanha publicitária, com criatividade da Fuel, está presente em televisão, rádio, digital, outdoor, lojas e folheto. A narrativa destaca o apreço dos portugueses pelos sabores autênticos do país, mesmo quando estão longe, demonstrando o orgulho e amor pelos sabores e tradições da sua terra.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Alimentar

Encontro da FENAZEITES vai debater os problemas urgentes do setor olivícola

O encontro terá lugar pelas 10h, na sede da Cooperativa Agrícola de Macedo de Cavaleiros, centrado no tema ‘Desafios para o Futuro’.

Hipersuper

A Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Olivicultores (FENAZEITES), realiza na sexta-feira, 9 de maio, o 10º Encontro com as Cooperativas Olivícolas para discutir o futuro perante as tendências de mercado, o cálculo do sequestro de carbono no olival e o futuro da interprofissional do setor olivícola.

O encontro, que conta com o apoio da Cooperativa Agrícola de Macedo de Cavaleiros, terá lugar pelas 10h0, na sede da Cooperativa, centrado no tema ‘Desafios para o Futuro’ que terá como objetivo “não só identificar alguns dos problemas mais urgentes do sector olivícola, mas também fazer um levantamento de propostas em defesa do mesmo, tendo em conta as tendências do setor, o aumento da produção, o condicionamento do mercado nacional pela produção em Espanha, a oscilação dos preços e os custos de produção”, avança a FENAZEITES, associada da CONFAGRI.

A sessão de abertura será feita por Nuno Serra, secretário-geral da CONFAGRI, António Brito, presidente da FENAZEITES e Luís Rodrigues. presidente da Cooperativa Agrícola de Macedo de Cavaleiros. Moderado por Patrícia Falcão, secretária-geral da FENAZEITES, o debate “Desafios para o Futuro” contará com o analista internacional Juan Vilar, com Juan Antonio Polo, chefe do departamento de Oleicultura e meio-ambiente do COI, e Fernando do Rosário, presidente da Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches. A sessão de encerramento estará a cargo de Idalino Leão, presidente da CONFAGRI, Benjamim Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, e Paulo Ramalho, vice-presidente da CCDR-Norte.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED
Distribuição

Gonçalo Lobo Xavier: “Antecipar e preparar são as palavras de ordem”

Num momento marcado pela incerteza, disrupções nas cadeias de valor e exigências crescentes em matéria de sustentabilidade e digitalização, Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED, sublinha que liderar o futuro no retalho exige antecipação, resiliência e uma visão estratégica partilhada. A poucos dias da edição de 2025 do APED Retail Summit (7 de maio, em Lisboa), o responsável destaca ao Hipersuper as prioridades do setor, os desafios estruturais e o papel da APED na construção de um ecossistema mais sustentável, competitivo e preparado para responder à transformação em curso.

O tema desta edição do APED Retail Summit é “Liderar o Futuro”. Que competências e capacidades considera essenciais para que o retalho e a distribuição possam, de facto, liderar num contexto marcado por incerteza e transformação acelerada?
O contexto é incerto, é acelerado, e também desafiante. E qualquer um destes atributos não é compatível com uma atitude passiva ou excessivamente reactiva. Antecipar e preparar são, por isso, as palavras de ordem para responder aos desafios constantes e emergentes do sector, quer do ponto de vista regulatório, como tecnológico ou de mercado/supply chain. Se há uma lição a retirar das múltiplas crises que atravessámos nos últimos anos, – e usando o que já é quase um “lugar comum” – é a necessidade de resiliência e reforço da capacidade de gestão e adaptação das empresas. As empresas, hoje, necessitam de uma boa dose de resiliência e cultura organizacional forte, fundada na confiança, na responsabilidade e na agilidade, para responder à imprevisibilidade internacional e aos efeitos decorrentes daquilo a que se convencionou designar de “policrises”. Não estamos muito afastados dessa realidade. E por isso, num sector como o do retalho, que está, por definição, mais exposto aos constrangimentos ou disrupções das cadeias de valor, a antecipação e preparação assumem, pois, uma relevância central em qualquer dos nossos Associados. Deste ponto de vista, “liderar o futuro” é também gerir a mudança e os seus efeitos conjunturais e estruturais. É esse o debate a que nos propomos.

O evento reúne um leque alargado de especialistas internacionais. Que contributos espera retirar destas perspectivas globais para a realidade concreta do setor em Portugal?
O perfil dos vários oradores é revelador da transversalidade dos temas que hoje se colocam ao sector. Teremos especialistas de várias áreas e sensibilidades da sociedade, desde a tecnologia à política, passando pela formação e coaching, para nos ajudarem a compreender e perspectivar o futuro. O APED Retail Summit ocorre de dois em dois anos e é não só o momento de encontro entre o sector e os vários interlocutores com quem lidamos e interagimos de forma frequente e regular – desde autoridades públicas a fornecedores e clientes – mas é também uma oportunidade para refletir sobre as principais tendências que moldam o futuro da economia e do sector. De forma muito sucinta destacaríamos a apresentação de um estudo de impacto económico do sector na sociedade portuguesa e uma discussão produtiva e esclarecedora do enquadramento regulatório europeu e o seu impacto no sector, ou seja, o que podemos esperar para os próximos anos do ponto de vista regulatório; uma reflexão profunda dos efeitos da IA no mercado de trabalho do sector e a requalificação de profissionais; uma discussão sobre liderança em tempos de incerteza, justamente, para responder à questão suscitada anteriormente; e uma conversa entre dois dos Associados da APED sobre a sua experiência na sua jornada para a sustentabilidade e o seu impacto ao longo de toda a cadeia de valor. Parece-nos um programa completo e motivador!

A inovação e a transformação digital continuam a ser prioridades para o setor. Quais são, na sua visão, os principais desafios na sua implementação e como é que as empresas portuguesas se estão a posicionar nesta transição?
A inovação é crucial para impulsionar a transição digital de muitas das empresas do sector. Um dos desafios principais é, obviamente, de natureza financeira, da capacidade financeira das empresas para investirem na dinâmica da transformação digital sem perderem competitividade.
A exigência da incorporação tecnológica em muitos dos equipamentos e soluções adoptadas pelos nossos Associados nas suas operações – desde as caixas self-checkout. p.e. às plataformas e-commerce passando pela simplificação das operações, através da automação e IA – traz consigo um elevado custo financeiro. Para se ter uma ideia, o EuroCommerce aponta para um investimento entre 155 e 230 mil milhões de euros, até 2030, para as empresas de retalho europeias responderem ao desafio da transição digital, nomeadamente: melhoria da experiência omnicanal e serviço ao cliente, optimização da eficiência operacional e de toda a cadeia valor, a modernização das tecnologias de informação ou ainda a integração de ferramentas digitais na operação, como IA ou advanced analytics. Ou dito de outra forma, a estimativa de investimento prevista para esta dimensão situa-se entre os 0.8% e 1.6% da receita anual das empresas. É motivo de preocupação, mas também de motivação para todos.

Ao longo do dia, vão ser debatidos temas como sustentabilidade e requalificação de talento. Na sua perspectiva, como pode a APED liderar/apoiar esse processo de transformação ou reforço do compromisso?
A sustentabilidade e as pessoas são dois dos eixos estratégicos do posicionamento institucional da APED. É assim desde há muitos anos. Tem sido um caminho que o sector tem vindo a fazer. Na área da sustentabilidade, p.e., destaco a iniciativa emblemática lançada pela APED para apoiar os seus Associados na resposta aos desafios das Alterações Climáticas, em particular no que respeita à descarbonização: o Roteiro para a Descarbonização da Distribuição. Hoje são mais de 20 os Associados da APED que fazem parte do Roteiro com metas ambiciosas até 2040 e que já representam mais de 65% da faturação do sector. Em paralelo, o acompanhamento e participação da APED na discussão e definição das políticas públicas na área da sustentabilidade é, hoje, absolutamente crucial.
No que respeita às Pessoas, para um conjunto de associados que a APED representa e que emprega quase 150.000 trabalhadores, o nosso compromisso é claro na resposta a três desafios estruturais: aumentar a produtividade, promover a transformação e adaptação de competências e cargos às novas exigências do mercado; e ser um sector magnético na atração e retenção de talento. Há ainda muito para fazer nestes domínios, mas estamos firmes neste caminho.

O evento tem uma forte componente de antecipação estratégica. Que tendências globais acredita que vão moldar o retalho nos próximos anos e como pode o setor posicionar-se de forma competitiva nesse cenário?
Por muito que se invista e estude, os exercícios de antecipação estratégica são sempre complexos. Podemos tentar trabalhar e antecipar tendências, mas trata-se sempre de algo com um risco elevado de sucesso. Quem é que antecipou uma pandemia e um período de confinamento como aquele que vivemos entre 2020 e 2022? Quem é que anteviu as disrupções nas cadeias abastecimentos decorrentes da invasão da Ucrânia e na tensão no Mar Vermelho, entre 2022 e 2023? Ou ainda, quem é que consegue prever a magnitude da guerra tarifária lançada pelos EUA? Estes três exemplos refletem bem o ambiente de incerteza que vivemos e as repercussões negativas que estas situações tiveram na vida financeira das nossas empresas e nas suas respectivas operações. Por isso, mesmo sabendo que não conseguiremos antecipar alguns dos principais acontecimentos e que, mais cedo ou mais tarde, seremos surpreendidos, as empresas devem ser ágeis o suficiente para ajustar objetivos, recalibrar metas e reconsiderar investimentos.
Do nosso ponto de vista, as empresas adaptarem os seus negócios aos novos padrões de consumo, corresponderem à necessidade de descarbonização e acelerarem a implantação de tecnologias inovadoras nas suas operações não é uma escolha, é condição para as empresas serem competitivas. E isso não irá mudar. O caminho terá sempre de passar pela formação das pessoas e pela capacidade de adaptação a novas realidades e desafios, tendo em vista a competitividade e a inovação. Os consumidores esperam isso de nós.

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

Retalho

Pingo Doce doou 7,1 mil toneladas de alimentos em 2024

Os donativos aumentaram mais de 35% face a 2023, devido à implementação do programa ‘Alimenta o Bairro’.

Hipersuper

Em 2024, o Pingo Doce doou géneros alimentares equivalentes a 7,1 mil toneladas. “São excedentes alimentares que já não podem ser vendidos, por exemplo, por terem as suas embalagens danificadas ou por se aproximarem do fim da validade, mas que estão conformes com os padrões de segurança”, informa a insígnia de retalho alimentar.

Os donativos aumentaram mais de 35% relativamente ao ano passado, em resultado da implementação do programa ‘Alimenta o Bairro’, que tem como objetivo alargar as categorias de artigos que são doados, bem como tornar o processo de recolha e a relação entre as lojas e as instituições mais eficiente.

Este programa reforçou o papel ativo no combate à fome nos bairros em que o Pingo Doce está presente. Em 2024, o Pingo Doce respondeu ao apelo de cerca de 1.350 instituições de cariz social nas zonas de influência das suas lojas. Os apoios em géneros alimentares e em valor monetário – que incluem apoios fixos, cartões-presente e apoio a projetos de conservação ambiental – ultrapassaram os 19,3 milhões de euros, mais 6,6% do que em 2023.

De referir que o apoio a situações de carência alimentar é uma das prioridades do Pingo Doce que apoia regularmente instituições de solidariedade social nas comunidades envolventes das suas mais de 480 lojas em todo o país.

Ainda no âmbito do programa ‘Alimenta o Bairro’, o Pingo Doce implementou também um programa de capacitação das instituições focado na segurança alimentar e na gestão de organizações sociais, com dicas práticas para gestão de recursos humanos e de voluntários, gestão de stocks, gestão de orçamento e otimização de donativos.

“Orgulhamo-nos de termos conseguido aumentar o apoio às nossas comunidades e assim sermos, cada vez mais, um supermercado de proximidade. A cada ano, procuramos sempre novas formas de poder contribuir com um bem tão essencial como a alimentação, ajudando a minimizar a carência de tantas pessoas e famílias”, sublinha Filipa Pimentel, diretora de Desenvolvimento Sustentável e Impacto Local do Pingo Doce.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Fotografia de arquivo
Retalho

Retalho lidera investimento em imobiliário comercial no primeiro trimestre de 2025

O investimento em imobiliário comercial em Portugal atingiu os 651 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025. O setor do retalho destacou-se como o principal motor deste desempenho, captando cerca de 59% do volume total de investimento, num montante que ascende aos 385,5 milhões de euros.

Hipersuper

O investimento em imobiliário comercial em Portugal atingiu os 651 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025, traduzindo-se num crescimento de 151% face ao período homólogo, de acordo com o mais recente estudo Investment Market Overview da consultora Savills. Este valor representa também um acréscimo de 144% quando comparado com a média dos primeiros trimestres dos últimos três anos.

O setor do retalho destacou-se como o principal motor deste desempenho, captando cerca de 59% do volume total de investimento, num montante que ascende aos 385,5 milhões de euros. Centros comerciais, retail parks e supermercados mantêm-se como os ativos preferenciais dos investidores, sendo particularmente relevante a aquisição da totalidade do capital social do NorteShopping pelo Fundo Sierra Prime, gerido pela Sonae Sierra, operação que teve um peso determinante na liderança do segmento.

Apesar do contexto internacional adverso, marcado pela guerra comercial entre os EUA e a China e pela imposição de novas tarifas aduaneiras, que têm gerado cautela entre consumidores e operadores, o mercado de retalho em Portugal revela uma resiliência significativa. Esta performance sugere uma atratividade contínua do país enquanto destino de investimento, sobretudo em ativos de conveniência e proximidade.

Geograficamente, a Região Norte, com especial destaque para o Porto, concentrou 67% do capital investido, reforçando a sua posição enquanto polo estratégico para o imobiliário comercial. Lisboa e a respetiva Área Metropolitana registaram 15,5% do volume total, enquanto o Algarve captou 16,9%.

Os investidores nacionais lideraram a atividade, representando 77,6% do total investido, seguidos por capital proveniente do Reino Unido e da Suíça.

Para Paulo Silva, head of country da Savills Portugal, “este primeiro trimestre de 2025 revelou sinais muito positivos para o mercado de investimento imobiliário comercial em Portugal, com um crescimento assinalável face ao período homólogo. Apesar do atual contexto internacional marcado pela incerteza, tudo indica que 2025 poderá ser um ano particularmente dinâmico, com volumes de investimento expressivos. O setor de hospitality continuará a desempenhar um papel de relevo, beneficiando das condições únicas que o país oferece aos visitantes. Ainda que se antecipe uma ligeira desaceleração no curto prazo, a economia portuguesa está bem posicionada para manter a sua trajetória de crescimento, sustentada por uma procura interna robusta, investimento consistente e um alinhamento positivo com as tendências económicas da zona euro.”.

“A Região Norte está a assumir um papel cada vez mais relevante na captação de investimento nacional e internacional em Portugal, O dinamismo que temos vindo a assistir em segmentos como os de escritórios e de industrial e logística vai certamente manter-se ao longo de 2025, pois existe um número crescente de empresas que pretendem instalar-se ou expandir as operações e consequentemente as suas instalações no norte do país. A mão de obra altamente qualificada, a qualidade das infraestruturas e a proximidade a rotas marítimas e terrestres de grande importância são apenas alguns dos fatores que tornam a região tão atrativa para os investidores.”, acrescenta Ricardo Valente, managing director, Savills | Porto Division.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB

Navegue

Sobre nós

Grupo Workmedia

Mantenha-se informado

©2025 Hipersuper. Todos os direitos reservados.