Afinal, a bola não é redonda
A pretexto do 50.º aniversário de Limiano, fomos a Vale de Cambra ver como é produzido o flamengo mais vendido em Portugal. A higiene é levada ao extremo. E […]

Rita Gonçalves
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A pretexto do 50.º aniversário de Limiano, fomos a Vale de Cambra ver como é produzido o flamengo mais vendido em Portugal.
A higiene é levada ao extremo. E não pode ser de outra maneira quando a actividade é a manipulação de alimentos.
As regras apertadas têm de ser respeitadas por todos, administrativos, operadores fabris e visitantes.
Mal se passa a porta que sinaliza a entrada na fábrica da Limiano, em Vale de Cambra, a poucos minutos de Oliveira de Azeméis, há que desinfectar e lavar as mãos em bacias de inox colocadas estrategicamente mesmo à entrada da unidade.
A indumentária é branca e constituída por quatro acessórios. Depois de vestir a bata, colocar touca e calçar meias adequadas, que cobrem o calçado, é ainda necessário ultrapassar a passadeira de tapete rolante dotada de água com detergente de modo a purificar as peúgas brancas descartáveis antes de pôr o pé na área de produção propriamente dita. É ainda fornecida uma máscara mas dada a indicação que só é obrigatório utilizá-la numa fase mais avançada da produção. Já lá vamos.
Os silos que se começam a avistar na estrada de acesso à propriedade da Bel Portugal armazenam o leite que vai chegando todos os dias à fábrica. A matéria-prima indispensável à produção de queijo.
Mas são os depósitos que se encontram no interior da fábrica que dão origem à primeira fase da produção, onde se misturam e fermentam os ingredientes que vão formar no final do ciclo produtivo a emblemática bola de Limiano.
Na antecâmara encontram-se os silos e logo a seguir está instalada a linha de moldes que recebe automaticamente e sem intervenção humana a mistura fermentada. Avistam-se meia dúzia de trabalhadores mas muita maquinaria. “É por ser hora de almoço”, justifica Paula Gomes, directora de marketing da Bel Portugal.
Salmoura, frio e maquilhagem
Nesta fase, o produto assemelha-se à textura e cor do queijo fresco. Segue já no interior dos moldes para as piscinas de salmoura onde permanece em média 12 horas. O próximo destino é a câmara de frio, cuja temperatura ronda 12 graus. Em ambiente controlado, demora em média oito dias para ganhar consistência.
O passo seguinte é a maquilhagem. Nesta fase é obrigatório cobrir a boca com a máscara porque o contacto humano com o alimento nunca foi tão próximo. É também nesta sala que é possível perceber que a bola Limiano não é afinal redonda já que a sua base, a parte final, é achatada.
A maquilhagem não é mais do que mergulhar a bola num pequeno tanque coberto com um corante liquido alimentar vermelho, que lhe confere a capa de cor rosada, em outros casos avermelhada, que caracteriza os queijos flamengo.
Daqui, a bola segue para a linha de corte e embalamento.
A transformação em fatias, o segmento que mais cresce nas vendas, é levada a cabo noutro espaço, uma sala muito recente e inacabada que resultou da ampliação da unidade fabril, um investimento de 2,5 milhões de euros ainda por concluir.
Agora que o produto está pronto a ser consumidor, instala-se no armazém à espera dos camiões da Luis Simões, empresa contratada pela Bel para gerir a distribuição e entrega de Limiano e Pastor, a outra marca de queijo fabricada em Vale de Cambra.
Os números em Portugal
– Limiano detém 18% de quota no segmento flamengo
– Vendas da marca cresceram 2% este ano
– São comercializadas 5 mil toneladas de Limiano por ano
– 40% do queijo consumido no País é flamengo (vendas cresceram 3% em 2008)
– Portugueses consomem 65 mil toneladas de queijo (528 milhões de euros)
– Segmento fatias vale 30% do mercado
– Bel emprega 650 pessoas em três fábricas (uma em Vale de Cambra e duas nos Açores)
– Facturação liquida do grupo ultrapassou 120 milhões de euros
– Marcas brancas representam 40% da venda de flamengo
– Limiano, Terra Nostra e Vaca que ri, marcas da Bel, são líderes em vendas
Paula Gomes, Directora de Marketing da Bel Portugal
“O segmento fatias está a crescer”
A conveniência é a grande tendência na compra de queijo flamengo.
Hipersuper (H): Que acções levaram a cabo para assinalar o aniversário de Limiano?
Paula Gomes (PG): Lançámos uma campanha multimeios, em todos os pontos de contacto com o consumidor, para passar a mensagem de 50 anos de vida. O filme, a preto e branco, é constituído por um noticiário que remonta à data, 1959, no qual são noticiados acontecimentos importantes, um dos quais é o lançamento de Limiano.
H: E no ponto de venda?
PG: Vamos ter oferta de produto no ponto de venda, acções muito valorizadas nesta conjuntura, e fizemos uma embalagem dedicada às comemorações.
H: Quais são as grandes tendências de consumo no sector do queijo?
PG: A procura de formatos mais convenientes: o segmento fatias está a crescer na ordem de 15%. E formatos com menos gordura. O conceito familiar também está dinâmico, com beneficio em preço na compra de um lote maior.
H: Quanto pesa a Moderna Distribuição na venda de Limiano?
PG: A marca está em 97% dos pontos de venda nacionais. A Moderna Distribuição, incluindo discounts, pesa cerca de 70%. Também chegamos ao Horeca com presença nos cash&carry e armazenistas.
H: O principal concorrente de Limiano é Terra Nostra, também comercializado por vós, ou as marcas próprias?
PG: São os dois. Embora tentemos diferenciar os dois produtos que comercializamos.
H: A marca é exportada?
PG: Sim, mas é residual. Vamos fazer um projecto de exportação, mas ainda não há nada definido.
Os países de língua portuguesa podem ser o caminho a seguir. Além disso, vamos aproveitar alguns contactos da casa mãe [Fromagerie Bel].