Vivemos um momento em que é “imperativo” promover e avançar com a sustentabilidade nas cadeias de valor, tanto para assegurar o cumprimento da regulamentação como para dar resposta à crescente procura dos consumidores por escolhas sustentáveis, impulsionar a automatização, apostar em advanced analytics para sustentar o crescimento e a eficiência operacional, e expandir os programas de formação para apoiar a evolução de competências e funções que permitirá acompanhar os desafios do setor logístico. Quem o diz é Vitória Nunes, diretora da Unidade de Negócio Portugal da ID Logistics.

E como é que a empresa de origem francesa está a acomodar estas tendências? No domínio da sustentabilidade, está a levar cabo um conjunto de projetos para diminuir o consumo de energia e, ao mesmo tempo, o impacto dos preços da energia nas suas contas, como a instalação de soluções de baixo carbono nos armazéns. São exemplos a instalação de 53.000 metros quadrados de painéis fotovoltaicos nos telhados das plataformas logísticas em França, Espanha e Brasil, “excedendo os requisitos regulamentares”, exemplifica Vitória Nunes, acrescentando que nos Países Baixos, Espanha e Brasil, os contratos de fornecimento de eletricidade renovável já representam 14% do consumo de eletricidade do grupo e que, nos Países Baixos, os contratos de fornecimento de gás renovável já representam 7% do consumo global da empresa.

Na Península Ibérica, a ID Logistics apostou na plataforma de monitorização ENERGISME que acompanha de “forma precisa” o consumo de eletricidade e gás. Esta plataforma possibilita a medição do impacto dos planos de ação, como substituição da iluminação tradicional por iluminação LED, a utilização de empilhadores de iões de lítio alimentados por baterias e a substituição de caldeiras. A obtenção destes dados permite identificar as medidas mais eficazes para implementar no grupo, indica a líder da filial portuguesa.

Outro projeto em matéria de sustentabilidade é a gestão dos resíduos gerados nos armazéns logísticos. Estes consistem sobretudo em embalagens de cartão ou plástico (utilizadas para transportar produtos) e paletes de madeira e papel (como etiquetas e listagens). “A triagem dos resíduos é obrigatória em todos os armazéns e está sujeita a pontos de controlo durante as auditorias do CID1. Na ID Logistics, este procedimento é uma fonte de motivação para os nossos colaboradores, tendo originado já mais de 1.150 projetos de redução de resíduos propostos internamente”.

Na área da digitalização, a empresa lançou recentemente o primeiro robot autónomo para inventários a operar com inteligência artificial, em parceria com as empresas francesas E-Dentic e Wyca. Este robot não necessita de intervenção humana para identificar a sua rota, orientar-se e realizar trabalhos de inventário, esclarece a gestora.

Através de um acordo com a empresa Locus Robotics, a empresa tem vindo a otimizar numerosos processos na cadeia de fornecimento de forma a gerar eficiências na atividade dos diferentes armazéns logísticos.

“Evoluímos ao ritmo das necessidades dos clientes, integrando novos serviços em todas as fases da cadeia logística, desde a robotização até à monitorização exaustiva dos bens. Se não tivermos uma intralogística otimizada, não seremos capazes de responder à procura dos nossos clientes”, defende a responsável, adiantando que a automatização dos processos “é essencial” e que, em muitos casos, é alcançada com a adoção de digitalização, business intelligence, internet of things, entre outras tecnologias. “A título de exemplo, nos nossos armazéns, dispomos de ferramentas de mecanização e robotização, assim como de gestão de dados, para uma maior precisão em termos de análise preditiva e antecipação da procura”. A empresa valoriza ainda a criação de armazéns intermédios com picking intensivo e entregas last mile. “Na verdade, temos já quatro grandes centros logísticos em Espanha para atividades de e-commerce, incluindo logística inversa”.

No que se refere ao desenvolvimento de competências e à retenção de talento, na ID Logistics “lembramos, constantemente, os nossos colaboradores que o seu trabalho diário é fundamental não só para o lucro da empresa, mas para a sociedade como um todo”. “É-nos muito importante que um colaborador possa ser promovido e tenha a possibilidade de aprender novas competências”. A empresa adotou uma política “muito pró-ativa” em termos de integração, saúde e segurança, ética e promoção interna. Por exemplo, até 2025, compromete-se a nomear 70% dos gestores locais através de promoções internas.

Sobre o futuro, Vitória Nunes avança que a intenção passa por “abrir novos armazéns, assegurando um maior crescimento orgânico”. “Estamos convencidos de que as linhas de negócio têm um forte potencial de crescimento, tanto no comércio eletrónico como em todas as nossas divisões”, termina.