Compras online de supermercado regressam aos níveis de 2019, depois do pico registado na pandemia
As vendas do canal online alcançaram uma quota de 3,4% do total de vendas entre janeiro e setembro de 2021, percentagem que diminuiu, este ano, para 2,5%, estando apenas 0,4 pontos percentuais acima do valor no período homólogo de 2019

Rita Gonçalves
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Depois do pico registado durante a pandemia de Covid-19, a percentagem de utilizadores de e-commerce regressa praticamente aos níveis de 2019. Entre janeiro e setembro de 2022, um total de 29,6% dos consumidores nacionais utilizaram o comércio eletrónico para fazer as suas compras de supermercado, um aumento de 0,6 pontos percentuais em relação a igual período de 2019, segundo um estudo realizado pela Kantar para a Centromarca (Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca).
As vendas do canal online alcançaram uma quota de 3,4% do total de vendas entre janeiro e setembro de 2021, percentagem que diminuiu, este ano, para 2,5%, estando apenas 0,4 pontos percentuais acima do valor registado no período homólogo de 2019.
O mesmo sucede a nível mundial. Se, durante a pandemia, o comércio eletrónico no consumo de FMCG (Fast Moving Consumer Goods) se mostrou o canal de vendas mais dinâmico, com um crescimento de 45,9% em 2020 e de 15,8% em 2021, ultrapassado este período, as compras online diminuíram 0,4% no início deste ano, em relação a igual período do ano passado.
“Esta é uma tendência verificada em toda a Europa, com uma queda que é justificada com o regresso dos consumidores, principalmente dos maiores de 65 anos, às lojas físicas. Em todos os mercados europeus analisados no estudo, o comércio eletrónico manteve ou perdeu quota em relação a anos anteriores, sendo que o valor médio de cada compra também diminuiu. Em Portugal, o valor médio de cada compra online é, atualmente, de 39,7 euros”, lê-se numa análise da Centromarca aos resultados do estudo.
Segundo o estudo ‘Navigating e-commerce in inflationary times’, que resulta de inquéritos a agregados familiares em 36 mercados, apesar de os modelos de comércio mais modernos terem “uma importância marginal na Europa” (em França, por exemplo, 32% dos consumidores vão de carro fazer compras para os seus agregados familiares, enquanto apenas 9% recebem compras em casa), a importância do e-commerce varia em função do setor de atividade. Na Alemanha, por exemplo, a Amazon tem uma quota de mercado de apenas 2% nos produtos frescos, mas essa percentagem aumenta para 18% nos produtos de saúde e para 15% em produtos de higiene pessoal.
Como 60% dos consumidores europeus ainda não fazem compras online, a Kantar aconselha as marcas a apostarem neste canal de vendas para atraírem novos consumidores. “Esta atração pode ser feita com promoções, mas também com reduções nas taxas de entrega”, sugere a empresa. Segundo o estudo, os preços atrativos, as entregas económicas ou livres de taxas e encontrar todos os produtos no mesmo sítio, são as principais motivações para comprar online.
Quanto ao aumento de preços, o estudo indica que o valor global da compra FMCG reflete o aumento da inflação, com uma evolução de 1,8% entre junho de 2021 e o mesmo mês de 2022, mas o volume adquirido pelos consumidores nos 36 países analisados, no mesmo período, diminuiu 2,3%.
Nos 36 mercados analisados neste estudo, Portugal é aquele onde o volume adquirido pelos consumidores – online e offline – mais diminuiu (9%) num ano. Seguem-se Argentina (6,7%), Irlanda (6,2%), Grã‑Bretanha (6,1%) e Espanha (5,9%). Do outro lado do espetro estão Equador (com um aumento de 5,1% do volume), Taiwan (4,3%) e a China Continental (2,7%). A variação do volume de compras é verificada com mais incidência junto dos consumidores com níveis de rendimentos mais baixos.
“Depois da aceleração sentida pelo online nas compras de supermercado, nos períodos em que a pandemia nos obrigou a permanecer mais tempo em casa, é natural que o regresso à normalidade e a uma mobilidade sem limitações conduza a um ajustamento da curva de crescimento”, comenta Pedro Pimentel, diretor geral da Centromarca, citado em nota de imprensa, ressalvando que este é, no entanto, um segmento “com um franco potencial de desenvolvimento”.
“A crise inflacionista que atualmente atravessamos pode conduzir a uma compra mais programática e o online, com preços e entregas com valores atrativos, pode ser um refúgio interessante para os consumidores mais cautelosos e mais atentos à gestão dos seus orçamentos familiares”, termina.