“Queremos que a Hirundo seja uma marca de Portugal para o mundo”
A Hirundo, marca portuguesa de sapatilhas sustentáveis, é um sucesso em Portugal e além-fronteiras, exportando metade da sua produção. O Hipersuper falou com Eduardo Serzedelo, co-fundador da Hirundo, que não […]

Ana Rita Almeida
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A Hirundo, marca portuguesa de sapatilhas sustentáveis, é um sucesso em Portugal e além-fronteiras, exportando metade da sua produção. O Hipersuper falou com Eduardo Serzedelo, co-fundador da Hirundo, que não tem dúvidas em afirmar que a sustentabilidade sempre foi um dos pilares da marca “porque acreditamos que é a única forma de trabalharmos para um mundo melhor”.
A Hirundo foi fundada em 2021, no Porto, pelos irmãos Eduardo e Filipe Serzedelo, por Pierre Starck da marca de beleza Benamôr e pela diretora criativa Ann Massal. Com materiais reciclados e recicláveis para produção dos seus ténis e compensação carbónica, a Hirundo foi lançada com a ajuda de uma campanha de kickstarter que financiou a primeira coleção, e permitiu exportar metade dos produtos para vários países do mundo. Com a nova loja online já disponível e a abertura de uma loja física eminente, a empresa espera atingir os 400 mil euros em 2024.
Como é que nasceu a Hirundo? A sustentabilidade sempre esteve na origem da ideia?
A Hirundo nasceu da paixão dos fundadores pelo calçado e como forma de respeitar a tradição e qualidade da indústria portuguesa, que tanto fazem parte da nossa cultura. A sustentabilidade sempre foi um dos pilares da marca porque acreditamos que é a única forma de trabalharmos para um mundo melhor.
Quais os maiores obstáculos com que se têm deparado?
O mercado da moda sustentável tem estado a amadurecer e a quantidade de consumidores que se preocupam com a pegada ecológica dos produtos tem aumentado. Tentamos apenas usar materiais portugueses, o que por vezes tem impacto no preço por serem componentes de qualidade, mas por outro lado permite-nos ter uma abordagem mais coerente e saber que estamos a ajudar a desenvolver a indústria local.
Sentem que os consumidores procuram cada vez mais adquirir marcas sustentáveis? E, no vosso caso, valorizam o facto de ser um produto português?
Sim, cada vez mais. Os consumidores, especialmente os mais jovens, procuram produtos com um propósito, e têm em consideração o impacto, não só ambiental, mas também social. O calçado português é reconhecido internacionalmente pela sua qualidade e, cada vez mais os consumidores procuram conhecer a origem e os processos de produção nas suas compras.
Num mercado tão concorrencial como o da moda como é que a Hirundo se distingue?
Antes de tudo a nossa sola é única! Com cores para todos os gostos e estados de espírito. Além disso, a Hirundo distingue-se pelo design e pela qualidade dos seus produtos, mas também por ter uma imagem jovem e uma marca forte, com uma filosofia importante nos dias de hoje. Somos uma marca de slow fashion e o nosso lema é “Slow Down”. Isto quer dizer que vamos atrás dos consumidores conscienciosos que não seguem as tendências da moda, mas que preferem produtos de qualidade e duráveis. É por isso que não temos coleções nem fazemos saldos.
Vivemos momentos complicados. A escassez das matérias-primas, o aumento generalizado dos custos a nível produtivo e energético. Que reflexo está a ter esta realidade na vossa empresa?
Temos sido afetados, mas a proximidade da nossa cadeia de abastecimento (trabalhamos apenas com fornecedores locais) tem-nos permitido reagir com muito maior flexibilidade o que nos tem ajudado a mitigar o impacto. Penso que fizemos a aposta certa. Tivemos um problema com o fornecimento das solas e trabalhando em conjunto com o fornecedor, conseguimos uma solução alternativa em menos de 24 horas. Teria sido impossível se não tivéssemos feito esta aposta desde o início.
Venderam no lançamento da primeira coleção 50% da produção para mais de 35 países. Era um objetivo inicial ou de alguma forma ficaram surpreendidos com estes números?
Tínhamos o objetivo de vender para fora e sabíamos que era possível, mas ficámos surpreendidos com os números. A primeira coleção ultrapassou os nossos objetivos e a meta que tínhamos definido, mas mais importante, foi um excelente primeiro teste ao conceito que apresentámos. Queremos que a Hirundo seja uma marca de Portugal para o mundo e esta primeira coleção significa que apostámos e conseguimos conhecer melhor os consumidores certos para a nossa marca.
A nível de logística como funcionam os envios? Há também uma preocupação nesse campo…
Quando falamos numa marca sustentável não falamos apenas nos componentes das sapatilhas, mas toda a nossa cadeia de valor deve ser sustentável. Desde o primeiro momento procurámos e analisámos soluções de distribuição que nos permitisse ter uma pegada de carbono menor. Por isso, na Europa apenas enviamos por camião. Somos uma marca de slow fashion e os nossos clientes valorizam que o transporte seja mais ecológico ainda que menos rápido. Para o resto do mundo, tal ainda não é possível, mas estamos continuamente em busca da solução mais ecológica.
Começaram com uma plataforma de crowdfunding. Estão agora a lançar a vossa loja online. A nível de números quais os objetivos?
Começámos com uma campanha de crowdfunding que numa primeira fase nos permitiu perceber o potencial da marca e produzir consoante o número de encomendas recebidas – evitando assim um excesso de produção. Neste momento lançámos a loja online hirundo.pt e estamos a dias de abrir uma loja física. Gostaríamos de atingir os 400.000 euros em 2024.
Vão apostar na exportação ou equilibrar entre o mercado nacional e o internacional?
Todos os mercados são relevantes para nós e sendo a Hirundo uma marca portuguesa, é importante que seja forte no nosso país. Por outro lado, os produtos portugueses são valorizados lá fora e por isso vamos continuar a apostar na exportação. Também é importante para o país mostrar ao mundo a nossa cultura e o que fazemos de melhor.
Quais são os objetivos de sustentabilidade da Hirundo a longo prazo?
Acabámos de implementar um novo projeto de produzir apenas sob encomenda. Isto obrigou-nos a repensar a cadeia de abastecimento, mas permite-nos ter muito menos stocks e sobretudo a não produzir em excesso. A longo prazo gostaríamos de descobrir melhores materiais sustentáveis portugueses e continuar a apostar e valorizar a indústria. Como referi acima, a questão da distribuição também é importante e vamos continuar à procura das melhores e mais eficientes soluções, sempre tendo em conta a sustentabilidade e o impacto ambiental e social.