Excelência nacional voltou a brilhar na SagalExpo
Durante três dias, a SagalExpo reuniu na FIL, em Lisboa, 380 empresas e mais de 1100 compradores estrangeiros, revela a organização. Nesta 3ª edição, a excelência dos produtos e serviços portugueses voltou a estar em evidência.
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Ana Rita Almeida e Ana Grácio Pinto
A SagalExpo voltou a reunir na FIL, em Lisboa, e segundo dados da organização, 380 empresas e mais de 1100 compradores estrangeiros. Foram três dias de networking e onde a excelência dos produtos e serviços portugueses esteve em evidência.
A ViniPortugal, entidade responsável pela divulgação dos vinhos portugueses no exterior, voltou a juntar-se à SagalExpo com uma prova de vinhos.
José Frazão, CEO da Exposalão, sublinha a importância que esta feira tem vindo a conquistar como plataforma de promoção do setor agroalimentar português a nível internacional: com esta terceira edição, a feira vai ao “encontro daquilo que os visitantes internacionais desejam encontrar. É uma feira com uma diversidade enorme, desde as bebidas, vinhos, queijos e os enchidos”.
Reforçar o mercado dos EUA
Fundada em 1914, inicialmente em Viana do Castelo, a Avianense é uma das mais antigas empresas portuguesas a trabalhar continuamente na produção de chocolates. Luciano Maciel da Costa assumiu a administração em 2005, recuperou a empresa e instalou a fábrica em Durrães, concelho de Barcelos. Desde então, tem trabalhado para levar a marca a todo o mercado nacional e à exportação. A presença na Sagal, tem esse objetivo. “A Sagal é um cartão de visitas para potenciais clientes e uma sala reuniões para os clientes internacionais que já temos. No mercado português, as vendas da gama de chocolates Avianense têm crescido, em torno de 15% a 20% ao ano. Também crescemos, a um ritmo mais pequeno, na exportação, mas queremos crescer mais”, contou ao Hipersuper.
Atualmente, o este crescimento está dependente da matéria-prima, já que o preço do cacau nos mercados internacionais aumentou 150% desde o início do ano, depois de em 2023 ter subido entre 300% e 400%. “Temos que cortar custos pata ter preços competitivos”, lamenta o empresário que, mesmo assim, tem lançado novos produtos, como as sardinhas de chocolate ou a gama Viana e Barcelos.
A exportar para Polónia, França, Luxemburgo, Alemanha, Reino Unido e EUA, a presença na edição deste ano da feira internacional, teve como grande objetivo reforçar a presença no mercado norte-americano.
Caves Sta Marta: Porto 50 Anos do 25 de Abril
Implantada em Santa Marta de Penaguião, no coração do Douro, a Caves Santa Marta é uma cooperativa de vinificação fundada em 1959. Tem, atualmente, 1100 associados e uma produção de seis milhões de litros de vinho. “A edição deste ano está maior do que a de 2023, com mais produtos e empresas expositoras e também com maior variedade de importadores”, afirmou Francisco Teixeira, diretor comercial das Caves Santa Marta que, à semelhança de outros produtores presentes, aproveita o certame para reunir-se com os distribuidores que trabalham com a empresa.
“Encontramo-nos aqui, reunimo-nos, divulgamos os lançamentos. E temos a oportunidade de contatar novos potenciais clientes estrangeiros”, sublinha, revelando que a edição deste ano “correu muito bem”, principalmente com contatos de geografias que compensam a presença mais reduzida de importadores de países do Leste da Europa, como Rússia e Ucrânia.
“Fomos contatados por potenciais novos clientes dos Países Baixos, Brasil, Camarões e Angola”, revelou o diretor comercial das Caves Santa Marta. Entre as novidades deste ano, o destaque foi o Porto 50 Anos, em homenagem ao cinquentenário do 25 de Abril, que a empresa apresenta como um Tawny de aromas intensos e complexos, com notas de frutos secos, especiarias, resina e madeira. E, pela primeira vez, a cooperativa lançou um vinho de quinta, o Quinta da Casa Pequena, que também deu a conhecer na Sagal.
O mercado nacional absorve a maior parte das vendas, tanto para a grande distribuição como no canal Horeca, mas o portfolio das Caves Santa Marta já chega a 25 países. “Temos vindo a crescer na exportação e ainda hoje firmamos aqui mais um contrato”, revelou ao Hipersuper no terceiro dia do certame.
Queques e Queijadas, Lusopastel e Confraria das Empadas: inovação marca o segmento
Ricardo Fernandes, diretor geral da Queques e Queijadas, sublinhou ao nosso jornal que a presença na Sagal teve como objetivo “aumentar as exportações no mercado da saudade e aumentar a nossa percentagem na exportação, que ronda os 15 por cento. Os produtos que mais exportamos são as queijadas, um produto artesanal, diferenciador e é isso que as comunidades procuram”. Presente nos Estados Unidos e para o mercado europeu, Espanha, França, Polónia e Inglaterra a Queques e Queijadas quer crescer em mercados como a Suíça, Bélgica e Holanda, exemplificou Ricardo Fernandes.
Na Sagal, apresentaram os novos quindins de sabores, “que trouxemos especialmente para a feira”. Nós fazíamos um quindim normal, uma receita própria nossa, e agora lançamos o quindim de vinho do Porto, o quindim de canela, o quindim de café e o quindim de chocolate”. Uma resposta à procura dos consumidores: “as pessoas cada vez mais procuram produtos diferenciados e que não há no mercado. Produzimos produtos inovadores de uma forma artesanal, já que toda a nossa produção é artesanal”, sublinhou ao nosso jornal.
A procura de novos mercados também foi o objetivo da Lusopastel com a sua presença na Sagal. Luzia Moura refere que é um caminho que a empresa cuja unidade de produção está localizada na cidade de Chaves, tem feito com criatividade e dedicação para levar mais longe os seus produtos.
Produtores de Pastel de Chaves certificado, medalhado com ouro nas últimas feiras nacionais de gastronomia, este é o produto best-seller, “o nosso produto mais vendido, aquilo que nos distingue muito”.
“Temos um folhado fino, estaladiço, crocante e as pessoas, quando provam a nossa massa, notam que não fica gordurosa de boca e notam uma diferença muito grande no nosso produto. Isso apraz-nos muito” enaltece a gerente.
A LusoPastel apresentou na Sagal, entre outros produtos, a sua oferta vegetariana – cogumelos e queijo de cabra – que “estão a ter um boom muito grande”. “Os próprios consumidores vegan estão a aprovar em muito esse produto e a procura tem sido enorme” avançou.
A Confraria da Empada exporta para cinco países da Europa e marcou presença na Sagal para entrar em novos mercados, sobretudo o mercado da saudade.
A ideia é identificar novos mercados, consolidar os que já temos e dar a conhecer a qualidade do nosso produto”, sublinhou Luís Ribeiro ao Hipersuper.
“Nós fazemos um produto com muita qualidade, reconhecido por todos os operadores do mercado, tanto nacional como internacionalmente. Por isso nós estamos nas grandes superfícies. A exportação neste momento representa 23% das nossas vendas” avança. “Temos crescido todos os anos” acrescenta.
Luís Ribeiro sublinha que “há uma procura por novos sabores mas essencialmente as pessoas querem produto de qualidade, bem feito, com sabores tradicionais, que nos remontem à nossa infância. Há muita gente que prova a minha empada e diz que isto era as empadas que a minha avó fazia” sublinha o CEO da empresa que produz empadas de frango, de pato, cogumelos e alho francês, de porco preto, de farinheira e espinafres, de bacalhau e de cozido à portuguesa, entre outros sabores.
Lacticínios do Paiva: Consolidar e trabalhar novos mercados
A Lacticínios do Paiva, fundada em 1933 e que está envolvida no negócio entre a Lactalis, multinacional francesa dos lacticínios, e o grupo português Sequeira & Sequeira, para a sua aquisição, esteve presente na Sagal com o objetivo de chegar a novos clientes e mercados. “O desafio é sempre esse, novos clientes em novos mercados e é com essa expectativa que nós estamos aqui” afirmou Marco Lamas, export manager da Lacticínios do Paiva, ao Hipersuper.
Neste momento a estratégia passa por “consolidar os mercados onde já estamos, que nos deram este trabalho estes anos todos, e chegar a novos mercados. E esse é o grande desafio para as empresas portuguesas: conseguir com que Portugal seja conhecido como um produtor de produtos com qualidade, que é a nossa maior dificuldade”.
Marco Lamas refere que a exportação tem ganho espaço no negócio da empresa. “Temos produtos que basicamente só trabalhamos com a exportação” sublinhou. A oferta diferenciada sempre fez parte dos produtos da Lacticínios do Paiva, diz, quer seja no sabor ou nos formatos. Uma preocupação também relacionada com a sustentabilidade e com o desafio do desperdício alimentar. “Há mais de 10 anos que fazemos isso, e foi o que nos catapultou para conseguir abrir muitas portas. Felizmente estávamos certos naquilo que pensámos. O consumidor não compra um queijo grande. A conveniência também é um fator importante no momento da compra”, destacou.
Azeol: Procura do mercado do Brasil
Sediada no concelho de Torres Vedras, a Azeol dedica-se fundamentalmente ao embalamento e comercialização de azeite e óleos alimentares. Criada em 1964, com o nome do fundador, José Elias, a partir de 1975, adotou a designação Azeol e assumiu a exportação como o foco do seu negócio. Atualmente, exporta 90% da sua produção para 42 países. “A empresa sempre foi muito vocacionada para os mercados internacionais. Começamos pelo chamado ‘mercado da saudade’, mas como este é um produto de procura internacional e o azeite nacional é de muito boa qualidade, tem sempre portas abertas um pouco por todo o mundo”, destaca Tânia Pinto, responsável de exportação da Azeol para o continente americano e alguns mercados europeus.
“A Azeol trabalha com produtores de norte a sul”, e apresenta aos importadores um portfolio com marcas de todas as regiões do país, explica a responsável. Este ano, a Sagal voltou a permitir à Azeol reunir com clientes internacionais, “sem termos de nos deslocar aos respetivos países, o que é uma mais-valia”, acrescentou, revelando ainda que tem potenciado a criação de novos negócios. “No ano passado, levamos desta feira dois clientes novos, um da Suíça e outro dos Estados Unidos da América, o que é fantástico. Se a cada edição conseguirmos angariar dois, três clientes, será excelente”, afirmou.
Na edição deste ano, Tânia Pinto destacou a presença de importadores do Brasil, que buscaram azeite de qualidade a um preço competitivo. “Fomos bastante contatados por importadores do Brasil. O azeite teve um grande aumento de preço no último ano e o mercado brasileiro é muito sensível ao preço. O que é certo é que o preço do azeite já começa a descer o que nos permitiu reativar o mercado do Brasil com os clientes com quem já trabalhávamos e receber importadores novos”, concluiu.
ULMA Packaging: a sustentabilidade é muito importante
Filipe Ribeiro da Silva, diretor da ULMA Packaging, referiu ao Hipersuper que a presença na Sagal é importante por ser uma feira com muito contatos. “O objetivo principal de estarmos na feira passa por tentar captar algum novo mercado e reforçar os contatos já antigos” disse ao Hipersuper.
“Somos uma empresa que se dedica essencialmente a equipamentos de embalagem na área alimentar e o nosso mercado tem vindo a crescer. Um crescimento constante.” referiu.
A sustentabilidade é um dos eixos centrais da ULMA Packaging, que apresenta soluções cada vez mais amigas do ambiente, tendo também, enquanto empresa, uma atuação muito vincada nesta área: “no que nos diz diretamente respeito, que tem a ver com os consumos energéticos das máquinas, por exemplo, com o desenvolvimento dos equipamentos para poderem trabalhar com materiais de embalagem mais amigos do ambiente”. “Portanto, toda esta área da sustentabilidade é muito importante e temos um departamento criado dentro da empresa que se dedica essencialmente a esta área. “É algo que nos preocupa muito e com o qual trabalhamos muito eficazmente” reforçou.
E afiança: “penso que é algo que vai, nos próximos anos, evoluir e que as empresas vão ter que se preocupar ainda mais do que se preocupavam até os dias de hoje”.
Este artigo faz parte da edição 422