Destaque Destaque Homepage Distribuição Homepage Newsletter

Nesta loja só há queijos artesanais, vendidos à fatia

Por a 8 de Fevereiro de 2024 as 11:27

A produção artesanal, a oferta internacional e o atendimento personalizado, são os argumentos diferenciadores da Queijaria do Monte. Diana Mello, co-fundadora da loja especializada em queijo, está à procura de um espaço para abrir mais uma loja em Lisboa

Nesta loja de porta virada para a rua não entram queijos industrializados nem embalados. Nas prateleiras da recém inaugurada boutique Queijaria do Monte, em Alvalade, só há lugar para queijos artesanais, vendidos ao peso. Na sua maioria, são provenientes de países europeus tradicionalmente produtores deste alimento milenar, como França, Suíça, Inglaterra, Países Baixos e Espanha, mas também há portugueses, como o tradicional Serra da Estrela ou o Sotonisa, por exemplo.

A produção artesanal, a oferta internacional e o atendimento personalizado, são os argumentos da empresa dirigida por Diana Mello para dar cartas neste mercado que, apesar de não ser propriamente uma novidade em Portugal, está a conhecer uma nova geração de queijarias (Queijaria Cheese Shop, Fromagerie, Maitre Reynard) a abrir portas nomeadamente nas duas maiores cidades do país: Lisboa e Porto.

A exceção é feita para o queijo francês Boursault, produto industrial e vendido embalado que entrou na loja a pedido de um cliente. “Depois de um período em que foi vendido nos supermercados, o Boursault foi descontinuado. Um cliente sugeriu-nos este produto, começámos a vender e funciona muito bem”, explica Diana Mello, co-fundadora da Queijaria do Monte, em entrevista ao Hipersuper.

Na oferta internacional, saltam à vista o queijo de vaca Comté, com 36 meses de cura (produzido exclusivamente na região de Haut Jura, em França), o raclette (feito com leite de vaca não pasteurizada) para derreter com receita original Suíça mas atualmente produzido também em algumas regiões francesas, o cheddar (produzido com leite da vaca ordenhado preferencialmente nos meses de primavera e verão) que deve o nome à aldeia de Cheddar, no condado de Somerset, em Inglaterra, o também inglês queijo azul Stilton (feito com leite de vaca integral e envelhecido entre quatro a seis meses), o holandês Gouda (fabricado tradicionalmente a partir de leite integral de vacas Holstein-Frísia), o suíço Tête de Moine (Cabeça de Monge), com receita dos monges da abadia de Bellelay na região dos Alpes, é cortado com uma lâmina fina e servido em forma de flor e o Le Cousin (o primo), produzido na Suíça mas curado em França, na zona da fronteira, beneficiando da temperatura e humidade daquela região.

A oferta portuguesa representa cerca de 10% dos queijos da loja, com destaque para o amanteigado Serra da Estrela DOP, feito a partir de leite de ovelha cru, o Sotonisa e o queijo de cabra Chiba, produzido artesanalmente a partir de leite cru de cabra da raça Chiba, na região do Ribatejo.

No total, a Queijaria do Monte trabalha com 300 referências, a grande maioria internacional mas em loja tem em média entre 100 a 150 variedades de queijo porque, como explica Diana Mello, a venda de queijo é sazonal. “Há queijos que só existem em determinada altura do ano. Um exemplo é o queijo francês Mont-d’Or que só está disponível para consumo desde a primeira semana de setembro até março. A produção tem lugar em exclusivo nestes meses mais quentes por causa da riqueza da gordura do leite. Depois, há a sazonalidade da procura. O queijo para derreter raclette é mais procurado nos meses frios e, em oposição, a burrata, produzida a partir de leite de búfala italiana, é mais procurada nos meses quentes pelo casamento perfeito com as saladas frias.

Os queijos tradicionais continuam a estar nas preferências dos consumidores amantes deste alimento mas chegam ao mercado com regularidade novas variedades para conquistar gostos mais jovens, como os queijos enriquecidos com ingredientes como frutos secos, trufas, mostarda, e queijos veganos. “Na zona Norte da Europa está a produzir-se um queijo com leite e aveia que, apesar de utilizar leite de origem animal, pode ser consumido por pessoas com dieta vegetariana. Tem a ver com um composto que utilizam na produção para fazer queijo vegetal”, explica Diana Mello.

Na Queijaria do Monte tudo gira à volta do queijo e, por isso, integram a oferta produtos que casam na perfeição a estrela do negócio. Vinhos, compotas, carnes frias, manteigas, mostardas, tostas, foie gras, além dos utensílios para preparar o queijo, como tábuas e raladores. Os produtos que vêm do exterior são agrupados por um agregador contratado pela empresa que faz o envio dos produtos para Portugal.

Segunda loja em Lisboa e canal de e-commerce: próximos passos

Diana Mello e o marido, Tiago Pinto Carneiro, apaixonados por queijo e vinho, tiveram a ideia de criar este projeto em 2021. Na altura, convidaram um casal amigo, Ana e Duarte da Conceição, para se juntarem ao negócio. No dia 9 de junho desse ano abriram a primeira loja da Queijaria do Monte, no Monte Estoril, um local que, segundo os proprietários, tinha pouca oferta deste tipo de produtos gourmet. Diana fez um curso na Academy Of Cheese e largou o emprego numa agência de comunicação para se dedicar a tempo inteiro à nova atividade, na qual tem uma posição maioritária. “O balanço da loja do Estoril é super positivo, tem corrido muito bem e hoje temos uma equipa dedicada a esta loja”, conta ao Hipersuper, acrescentando que o armazém da empresa também está instalado nesta zona.

Este ano, decidiram expandir o negócio e abrir um novo espaço, desta vez no centro da capital portuguesa. Com a abertura em Alvalade, a empresa criou três postos de trabalho. “Desde a abertura da primeira loja, no Monte Estoril, sempre tivemos em mente que queríamos expandir este conceito, porque o nosso objetivo é que todos tenham a oportunidade de provar queijos únicos e de grande qualidade”.

Diana Mello explica que o segundo espaço “é exatamente o reflexo da nossa ambição com este projeto. Escolhemos Alvalade para a nossa nova residência e queremos que este bairro seja o novo destino gastronómico para os apaixonados por queijo, tal como nós, e que entre na rota dos que não dispensam este género de produtos mais gourmet”.

Com o objetivo de consolidar-se como a principal referência no mercado dos queijos em território nacional, os proprietários têm intenção de abrir mais espaços, tanto na capital portuguesa, como noutras cidades pelo país. “Para já, o próximo passo é abrir um segundo espaço em Lisboa. O local ainda não está definido mas temos esse plano e queremos executá-lo. Pode ser ainda este ano, se surguir a oportunidade. Até lá, estamos 100% focados em Alvalade”. A breve prazo, há também a intenção de lançar o canal de e-commerce. O lançamento ainda não tem data definida porque a empresa quer oferecer online uma experiência semelhante à que o cliente tem numa loja física e “há muitos desafios para superar” para conseguir esse feito.

Apesar das dificuldades económicas no país, Diana Mello acredita que este mercado gourmet tem tudo para crescer. “Temos uma oferta muito diversificada para todos os gostos e carteiras”, sublinha, acrescentando que a sua clientela, que abrange desde os mais jovens aos consumidores mais maduros, “vêm buscar nem que seja um bocadinho”.

A par da qualidade dos produtos, a queijaria prima pelo serviço de excelência e atenção ao cliente. “Estamos constantemente a atualizar os produtos que servimos, permitindo aos nossos clientes ter acesso a uma variedade enorme de iguarias à disposição, que vão variando ao longo do ano”.

A degustação de uma tábua de queijos harmonizada com vinho está entre os serviços que disponibiliza, assim como o aconselhamento para eventos, takeaway e entregas ao domícilio (este último, por enquanto apenas disponível na loja do Estoril). “Fazemos consultoria personalizada, para todo o género de eventos, e este serviço inclui a seleção dos queijos e conceção dos menus para cada ocasião”, salienta, por sua vez, Tiago Pinto Carneiro, responsável pela promoção do negócio B2B (Business to Business). A Queijaria do Monte trabalha atualmente com restaurantes, alguns com estrela Michelin, e grupos hoteleiros.

*Artigo originalmente publicado na edição 419

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *