Medidas ambientalistas “postas no saco”
31 de maio deste ano: no dia seguinte, 1 de junho, seria proibido disponibilizar sacos plásticos ultraleves, bem como cuvetes descartáveis que contivessem plástico ou poliestireno expandido. Soluções usadas, tipicamente, […]

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31 de maio deste ano: no dia seguinte, 1 de junho, seria proibido disponibilizar sacos plásticos ultraleves, bem como cuvetes descartáveis que contivessem plástico ou poliestireno expandido. Soluções usadas, tipicamente, para embalamento e transporte de fruta, legumes e pão. A exceção era feita a embalagens biodegradáveis, produzidas com materiais de origem biológica e renovável, que fossem compostáveis.
No mesmo 31 de maio (véspera da entrada em vigor da proibição): acordámos com a notícia de que “o Governo recuou na decisão, preferindo cobrar pelo seu uso”, referindo o Ministério da tutela que “no futuro, deverá ser privilegiada a utilização de sacos próprios não descartáveis ou alternativas reutilizáveis. A utilização de sacos muito leves ficará sujeita ao pagamento de uma contribuição, à semelhança dos sacos de plástico leves”.
Era o pasmo de supermercados, frutarias, mercearias e outros estabelecimentos comerciais, bem como nossa, que, envolvidos no afã do procurement de soluções que respondessem à legislação que entraria em vigor no dia seguinte, víamos inglorificado todo o esforço e trabalho realizado.
Os desafios foram mais que muitos. Basta pensar num saco que não tenha plástico na sua composição e consiga suportar a condensação gerada pelo pão quente ou a humidade que algumas frutas e legumes possuem e que permitam ao cliente chegar a casa com tudo o que comprou ainda num saco inteiro.
Todos sabemos que, desde a sua invenção, o plástico tem sido amplamente utilizado em embalagens e utensílios descartáveis, tornando-se um dos principais vilões pelo seu impacto ambiental. A preocupação com os danos causados pelo plástico descartável não é um exclusivo de consumidores, organizações ambientalistas ou de governos. Todos os dias me cruzo com essa preocupação bem vincada nas cadeias de grande distribuição e retalho. Todos os dias nos pedem alternativas sustentáveis. Todos os dias os fornecedores investigam e desenvolvem soluções inovadoras e amigas do ambiente.
O que não é sustentável é termos, também todos os dias, novas imposições legais a cumprir em tempo recorde (mesmo quando a lei tem anos, e a regulamentação finalmente sai) e, depois, de véspera, vermos todo o trabalho “ir por água abaixo”, qual saco de plástico a boiar no oceano.
É obvia a falta de uma estratégia de implementação integrada entre os diversos países da União Europeia, uma planificação da entrada em vigor de legislação e a correspondente regulamentação sair em tempo útil, previsibilidade, enfim, diria mesmo, bom senso.
Os exemplos, esses, multiplicam-se. Da obrigatoriedade repentina de tampas acopladas (até para sumos naturais feitos no momento, o que foi um desafio herculeano), os sacos plásticos ultraleves, os descartáveis biodegradáveis, entre muitos outros.
E, tudo isto, sem se perceber que, a montante da adoção de alternativas sustentáveis, existem desafios de procurement, como tecnologia, disponibilidade, custo, quantidade e qualidade da oferta, ou supply chain, apenas para me cingir aos mais evidentes. Medidas estruturais, têm de ser suportadas por fornecedores confiáveis, que garantam que os materiais alternativos respondem aos padrões exigidos.
A febre de adotar medidas repentistas ou deixar para as calendas a regulamentação (que tem prazo legal para ser publicada, mas que não é respeitado!) leva, muitas vezes, ao que estamos a assistir: um ziguezaguear que não serve, em primeiro lugar, o ambiente (uma taxa não diminui a poluição!), ao consumidor, às marcas e insígnias de retalho e grande distribuição.
Por Sara Monte e Freitas, partner Monte e Freitas | Expense Reduction Analysts
*Artigo originalmente publicado na edição 415 (julho | agosto)