José Oliveira (DS Smith): “Produtos comercializados em packaging pouco sustentável correm sérios riscos comerciais”
A DS Smith vai lançar duas soluções de embalagem este ano. Em discurso direto, José Oliveira, country sales, marketing & innovation director, fala sobre os novos projetos que dão resposta às duas grandes tendências deste setor: sustentabilidade e ecommerce
Rita Gonçalves
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A DS Smith vai lançar duas soluções de embalagem este ano. Em discurso direto, José Oliveira, country sales, marketing & innovation director, fala sobre os novos projetos que dão resposta às duas grandes tendências deste setor: sustentabilidade e ecommerce.
Que inovações apresentam no portefólio de embalagens?
As mais recentes inovações estão direcionadas, sobretudo, para a necessidade de substituição dos plásticos problemáticos e para dar resposta ao crescimento exponencial do e-commerce.
No que diz respeito à substituição dos plásticos, a Ecovete, uma solução 100% reciclável, desenvolvida em Portugal para o setor hortofrutícola, é um dos exemplos mais recentes, a par de outros, como as soluções para peixe e marisco, otimizadas para o transporte de produtos frescos desde a lota até ao ponto de venda, assim como para os envios de compras online.
No caso do e-commerce, o crescimento deste canal tem vindo a conferir uma maior relevância ao packaging de cartão canelado e esse tem sido igualmente um desafio, no sentido de criar soluções à medida das necessidades dos clientes e que garantam a proteção dos produtos, melhorem a experiência de compra, potenciem a imagem da marca e permitam a comunicação com o utilizador final.
Dispomos de ferramentas, processos, instalações de teste e dos serviços necessários para apoiar a expansão ou transição dos nossos clientes para as vendas online, assim como adaptar as suas soluções de packaging ao ambiente de e-commerce.
Adicionalmente, no ponto de venda, os nossos displays são também, por natureza, uma inovação permanente, desenvolvidos à medida das necessidades de comunicação das marcas e da apresentação dos bens de consumo. Além de serem elementos de comunicação distintivos, refletem o nosso empenho em procurar formas inovadoras para ajudar os clientes a aumentarem as vendas e, simultaneamente, reduzirem o impacto no planeta com soluções promocionais sustentáveis.
Vão apresentar novidades este ano? Pode levantar a ponta do véu?
Iremos apresentar brevemente uma solução inovadora de packaging para embalagens primárias autoportantes. É uma embalagem agrupadora de bricks (conhecida no setor como wraparound), cujas características permitem diminuir a quantidade de fibras utilizadas e proteger a embalagem primária, ao evitar a deformação causada pelo empilhamento. Assim, a nova solução contribui de forma significativa para diminuir os custos da cadeia de fornecimento e reduzir as emissões de CO2.
Uma outra novidade destina-se ao canal de e-commerce e vem substituir os tradicionais envelopes de plástico. Trata-se de envelopes em papel que se adaptam ao volume do conteúdo e incluem papel bolha para acondicionar os produtos no interior. Além da proteção e da facilidade de utilização, os envelopes destacam-se pelo facto de serem uma alternativa sustentável, o que se enquadra nos nossos objetivos de desenvolver soluções que minimizem a utilização de plásticos neste setor.
Quais as principais tendências no mercado de embalagens?
A sustentabilidade é uma das grandes tendências. Os consumidores exigem cada vez mais produtos e serviços sustentáveis e, em simultâneo, têm a expetativa de que as empresas reduzam radicalmente o seu impacto no meio ambiente.
São cada vez mais as marcas comprometidas com objetivos focados na circularidade e sustentabilidade do seu packaging. Atualmente, qualquer produto comercializado num packaging pouco sustentável corre sérios riscos comerciais, como demonstrou um estudo que realizámos com a Ipsos Mori, segundo o qual 29% dos consumidores na Europa e 39% em Portugal já deixaram de comprar a determinadas marcas porque o seu packaging não era sustentável.
A personalização do packaging é também cada vez mais determinante para as marcas, pois contribui para captar a atenção e garante a diferenciação entre a concorrência. Uma das ferramentas mais eficazes e versáteis para o conseguir é a impressão digital.
Porquê?
Esta técnica permite obter soluções personalizadas, com alta qualidade de imagem, que ajudam a divulgar a mensagem da marca, ao possibilitar a impressão em função de campanhas ou épocas, cross-selling e ações promocionais, por exemplo, melhorando a experiência do cliente e acrescentando valor ao produto.
Outra das tendências é o packaging inteligente, que promove a interação com os consumidores. As marcas utilizam o packaging como um meio de comunicação, através do qual as pessoas se conectam por meio de códigos QR, NFC (Near Field Communication – tecnologia sem fios de curto alcance) e AR (Realidade Aumentada) para aceder a promoções e ofertas, histórias da marca ou dos produtos, entre outras informações adicionais.
Que iniciativas estão a levar a cabo no âmbito da economia circular e ação climática na área operacional e de produto?
Operamos um modelo de negócio circular, ajudando os clientes a fechar o ciclo através de um melhor desenvolvimento dos seus produtos, de modo a serem reutilizados e reciclados. Fomos pioneiros na criação de um conjunto de métricas de design circular, que integramos em todas as fábricas de packaging, o que permite medir o desempenho de sustentabilidade de todos os nossos designs, graças a oito indicadores, entre os quais a pegada de carbono, a capacidade do produto para ser reutilizado e o nível de otimização para a cadeia de fornecimento. Com base nestas ferramentas e princípios, temos vindo a incentivar os clientes a adotarem soluções que contribuem para eliminar os resíduos e a poluição, manter os materiais em uso durante mais tempo e regenerar os sistemas naturais.
No ano fiscal 2021/2022, alcançámos o objetivo de produzir embalagens 100% recicláveis ou reutilizáveis. Entre outros objetivos, até 2030, pretendemos que todo o packaging seja reciclado ou reutilizado e iremos otimizar cada fibra para cada cadeia de fornecimento.
No plano operacional, até 2030, iremos reduzir em absoluto as nossas emissões de CO2e por tonelada de produção em 46% comparativamente com 2019 e pretendemos alcançar zero emissões de carbono até 2050. Para isso, estamos a realizar investimentos estratégicos em fontes de energia renováveis, eletricidade verde e eficiência energética.
Adicionalmente, pretendemos manter a certificação FSC (Forest Stewardship Council) nas nossas fábricas, assim como manter a certificação de gestão florestal de todas as florestas.
Em termos de inovação, quais são as prioridades?
Temos vindo a impulsionar a inovação com o objetivo de conceber soluções nas quais se utilizam menos fibras, e de otimizar o packaging para a cadeia de fornecimento de cada cliente. Temos também em marcha um plano de I&D [Investigação e Desenvolvimento] e Inovação no âmbito do qual exploramos a possibilidade de utilizar fibras naturais alternativas e estamos a testar materiais inovadores de base biológica para o processo de fabrico de papel e embalagens, nomeadamente fibras à base de plantas e resíduos agrícolas. O objetivo é analisar o potencial dessas fibras para a substituição de plástico de vários materiais e diversificar a gama de fontes que utilizamos na produção de packaging.
Abriram recentemente um centro de inovação na fábrica de embalagens de Lisboa?
Sim, abrimos o segundo centro de inovação e criatividade em Portugal, o PackRight Centre de Lisboa, depois de termos aberto o primeiro no Porto há cerca de um ano. Nestes centros, os clientes podem explorar ideias e desenvolver soluções sustentáveis através de um trabalho conjunto com as equipas especializadas em packaging, beneficiando do nosso expertise, tecnologia e de uma multiplicidade de ferramentas que permitem a otimização dos materiais, estudos de eficiência de transporte, visualizações 3D e até comparar a eficiência ambiental de diferentes designs de packaging, através das métricas de design circular.
Também dispomos de um Customer Innovation Hub, na fábrica de packaging de Lisboa. Este espaço permite criar experiências de colaboração presencial, virtual e híbrida, utilizando as mais recentes tecnologias e software audiovisuais. O nosso objetivo é investir e conectar estes dois tipos de espaços para alavancar a colaboração com os clientes, inspirando-os com as últimas tendências em sustentabilidade, e-commerce, retalho e cadeia de fornecimento, entre outras.
*Entrevista originalmente publicada na edição 412 do Hipersuper