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“Vendemos tempo para que as empresas se foquem no que fazem melhor”

Por a 15 de Maio de 2023 as 14:26
Batch, Pedro Vasconcelos

A startup portuguesa Batch nasceu em março de 2021, em plena pandemia, e oferece um serviço completo de entregas rápidas (em duas horas ou no próprio dia). Perfumes & Companhia, Paez, LeYa, Control, Conscious the label, My Services, The Almond e Favourite People são alguns dos retalhistas que confiam neste serviço inovador.

O Hipersuper conversou com Pedro Vasconcelos, que depois de ter exercido funções de liderança na Unilever, Uniplaces e Lime,  criou, em plena pandemia, a Batch que quer marcar a diferença no mercado e funciona como uma espécie de “departamento” logística da marca cliente.

“Tudo começou com emails que começamos a enviar para possíveis clientes a perguntar se o serviço que queríamos oferecer era algo que se justificasse. As respostas foram bastante positivas por parte das marcas. Estávamos no pico da pandemia e penso que viram o nosso negócio como uma espécie de ajuda para sobreviver” começa por contar Pedro Vasconcelos.

Desde o momento que o primeiro email foi enviado até à primeira entrega, passaram três meses. “Foi uma espécie de sprint. Testámos o mercado, tentámos perceber se era algo que as marcas queriam adotar, se o próprio cliente final tinha interesse neste serviço” recorda.

“Costumo definir a Batch em dois períodos. O período de pandemia, em que houve efetivamente muita adesão pelas entregas rápidas. Depois, com o nosso conhecimento e o facto de estarmos em ação, surgiu uma oportunidade maior. Foi aí que nasceu o momento em que podíamos deixar de ser apenas um parceiro de entregas rápidas para, como somos hoje, uma espécie de departamento de logística das próprias empresas” afirma ao Hipersuper. “Ou seja, colocamos à disposição a nossa tecnologia, o nosso espaço, para que as marcas se possam focar no que fazem melhor: desenvolver produto, marketing, vendas… No fundo, até ao momento da venda, o trabalho é das marcas, para depois deixar a parte da logística, que é um processo moroso e complexo que implica algum know how, do nosso lado” refere.

“Acabamos por ser quase um departamento na própria empresa”

Pedro Vasconcelos considera que a relação de confiança com os clientes faz toda a diferença. “Vendemos tempo para que as empresas se foquem no que fazem melhor. A nossa relação com os clientes não é só de um parceiro de entrega. Temos muitas marcas que nos confiam o seu negócio, o seu stock” enaltece.

PedroVasconcelos_Batch_2“Acabamos por ser quase um departamento na própria empresa. Temos atenção na maneira como falamos com os clientes, temos cuidado na personalização das próprias encomendas” sublinha.

E como é que isso é materializado? Há encomendas que são personalizadas com perfume, outras com um cartão ou embalagem específicos. Todo esse serviço é feito pela equipa da Batch. Uma espécie de livro de estilo para cada marca, que é seguido por quem prepara e entrega a encomenda. Quem recebe a encomenda vive uma espécie de experiência muito próxima ao vivido caso fosse comprar a uma loja física da retalhista em questão.

Um serviço muito valorizado pelo comprador e que tem sido um sucesso: “temos hoje uma taxa de erro abaixo dos 0,5%” avança Pedro Vasconcelos.

Toda a tecnologia é desenvolvida pela Batch. Desde a integração do seu software nos sites dos retalhistas, até à aplicação que o estafeta usa para fazer a entrega. Um software trabalhado e atualizado para a eficiência.

O crescimento da empresa, que trabalha atualmente com cerca de 300 marcas, é visível. O armazém em Lisboa, situado em Alvalade, já atingiu o limite e a mudança para um maior acontece a qualquer momento. “Estamos ativamente à procura de outro” para mudar e “está planeado, entre o 3.º e o 4.º trimestre de 2023, abrir uma dark store no Porto” avança ao Hipersuper.

“Temos procura e com casos bastante interessantes. Temos clientes que começam com a Batch apenas com um modelo de entregas e, passado algum tempo, acabam por nos dar o todo o seu stock. E temos clientes novos que nos procuram para, com esta solução, aumentarem o seu negócio” explica.

“Estamos a crescer acima das expetativas”

Pedro Vasconcelos, que fundou a Batch com Rui Gonçalves, reconhece que a Batch se teve que adaptar ao contexto desafiador que atravessamos. “Não somos alheios ao contexto económico. Tivemos de adaptar o nosso modelo de negócio e crescimento. Foi um trabalho feito com a equipa de gestão e com os investidores. Ajustámos o modelo que tínhamos tendo em conta esses fatores” admite.

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“A internacionalização será um passo, mas vamos escalar de uma forma sustentável. Já vi empresas a crescer muito rápido” sublinha Pedro Vasconcelos

“Apesar de termos sido obrigados a rever para baixo os objetivos que tínhamos inicialmente, há uma boa notícia: estamos a superar esses objetivos mensalmente desde o início do ano. Estamos a crescer acima das expetativas” sublinha. “Por dois motivos principais: normalmente diz-se que é nos tempos de crise que as pessoas se reinventam e temos clientes que estão a ter um ano melhor que o ano passado, reinventando as suas marcas”. “E estamos a ver o aparecimento de muitas marcas no mercado que nos contatam. Estas novas marcas estão a dar-nos um bom impulso para este ano” expõe.

“Nós, a nível de valor absoluto, continuamos a crescer, porque também fomos adquirindo mais clientes” aponta, admitindo que se sentiu um decréscimo do canal online com o fim do levantamento das restrições por causa da pandemia. “As pessoas voltaram às lojas e isso sentiu-se nas vendas online”.

“Por outro lado, também sentimos que as pessoas passaram a olhar para este canal muito mais a sério. Hoje temos mais facilidade em marcar uma reunião com uma empresa. Houve um desbloqueio na forma de olhar para o online como algo secundário para algo importante. As empresas investem em mais recursos para terem mais conversões nas suas plataformas e conseguirem aumentar as suas vendas. O canal online é levado mais a sério” destaca.

”A entrega rápida está para ficar”

Pedro Vasconcelos não tem dúvidas: há duas coisas que fazem a diferença numa entrega. “A primeira é a rapidez. A tendência de mercado aponta para isso. Há 10 anos uma entrega podia demorar 4 dias a chegar. Com o aparecimento de fenómenos como a Amazon isso foi mudando. A entrega rápida está para ficar!”.”A sensação de uma pessoa pagar e receber a encomenda no mesmo dia, quase como se uma pessoa fosse à loja, é diferenciadora. 40% dos consumidores se tiverem hipótese de receber a encomenda no próprio dia optam por essa via” sublinha.

BatchCom a Batch, comprar um livro na Leya e começar a lê-lo passado duas horas já é possível. Uma experiência cada vez mais valorizada pelos clientes.

De acordo com o estudo “The last-mile delivery challenge” da Capgemini Research Institute, a eficiência da entrega é determinante para atrair e reter os clientes. O estudo é claro: 74% dos clientes aumentam os gastos e 82% compartilham a sua experiência com familiares e amigos quando ficam satisfeitos.

“O segundo factor que faz a diferença é conseguirmos dar ao comprador controlo sobre a sua entrega. O cliente quer sentir que tem controlo sobre o que está a acontecer. Se a encomenda vai atrasar, se vai chegar da parte da tarde” refere.  “Já ninguém quer ficar o dia todo em casa à espera da encomenda” não tem dúvidas.

Um dos focos da Batch é precisamente dar ao comprador a sensação de controlar por completo a entrega. Por isso a inovação e a procura em proporcionar a melhor experiência ao utilizador está presente no dia-a-dia da empresa.

“Acabámos de lançar um serviço que permite ao cliente, através do whatsapp, receber informações sobre cada passo do processo: quando a encomenda entra é enviada uma mensagem, outra quando está a ser preparada no nosso armazém ou quando fazemos a recolha na loja. E quando sai para distribuição, damos uma janela horária com a possibilidade de reagendamento, no caso de não conseguir receber a encomenda na hora em que vamos entregar” explica.

Toda esta experiência é inovadora e Pedro Vasconcelos não esconde que tem sido um sucesso. “Temos constatado um aumento de interações no final de cada entrega. Desde que usamos o whatsapp temos muito mais pessoas a darem a sua opinião. Temos mesmo um crescimento de 300 por cento” avança ao Hipersuper.

Sobre o futuro, é categórico: “Não estamos a fazer sprints. Estamos num long term. Acreditamos que ao desenvolver o nosso software somos mais ágeis, mais flexíveis e podemos adaptar ao mercado e necessidades do cliente. Cada três meses fazemos um inquérito de satisfação aos nossos retalhistas e é com base nesse feedback que contruímos os próximos meses de trabalho”.

Pedro Vasconcelos admite ainda que faz parte dos planos iniciar o serviço de entregas rápidas em mais uma capital de distrito e avançar para a internacionalização do negócio. Mas, faz questão de referir, que será sempre um processo muito bem pensado.

“A internacionalização será um passo, mas vamos escalar de uma forma sustentável. Já vi empresas a crescer muito rápido” refere.

O responsável vinca que a “sustentabilidade é uma preocupação”, referindo mesmo que a Batch está “a perceber o mercado para mudar. Queremos, por exemplo, que o cliente tenha a opção de uma entrega eco e informar no final qual foi a poupança de emissão de carbono”. Pormenores, que acredita, fazem toda a diferença.

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