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APED: “É preciso falar verdade aos portugueses”

Por a 9 de Março de 2023 as 23:21
supermercado

A APED – Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição  contesta as conclusões da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e as informações  veiculadas esta quinta-feira pelo Ministério da Economia e do Mar referindo que é “preciso falar verdade aos portugueses e explicar com clareza todos os fatores que levam ao aumento de preços dos alimentos”. A associação refere que o  setor tem tido “uma postura de diálogo e teve oportunidade de explicar ao Governo o motivo dos aumentos dos preços e o que se passa em toda a cadeia de valor”.

A APED diz mesmo que  “a realidade vivida no nosso País assenta num conjunto de fatores relacionados com a produção, a indústria e transporte. Ao colocar em perspetiva a realidade destes três elos da cadeia de distribuição obtém-se uma explicação para o aumento do custo dos produtos, que é refletido no preço que a Distribuição apresenta ao consumidor”.

E justifica: “entre janeiro e dezembro de 2022 face ao período homólogo o índice de preços do lado da produção agrícola aumentou 33,6 pontos percentuais (p.p.), do lado da indústria alimentar aumentou 18,4 p.p. e o índice de preços dos produtos alimentares na distribuição/retalho alimentar aumentou 16,2 p.p., sempre inferior ao da indústria alimentar em cerca de 10 p.p.”.

“A Distribuição está a comprar os produtos cada vez mais caros, já em 2023, aos fornecedores (indústria e produção). Estes aumentos no início da cadeia refletem a subida dos custos dos fatores de produção decorrentes dos aumentos dos preços dos fertilizantes, das rações e de outros custos relevantes” acrescenta lembrando, por exemplo, que “um caso flagrante é o leite que está 75% mais caro nas lojas, precisamente o aumento que os fornecedores passaram para a distribuição (o leite é há muito anos um produto social com margens mínimas). Isso mesmo foi referido há 3 dias pela FENELAC”.

A APED sublinha que o ” setor da Distribuição atua de forma séria, responsável e com respeito pela lei e pelos consumidores e não pode aceitar ficar com o anátema da inflação e do aumento de preços. Somos um dos setores económicos mais escrutinados e esta é uma realidade encarada com naturalidade. Contudo, em momento algum pode ficar a dúvida que os associados do retalho alimentar desenvolvam uma conduta premeditada para prejudicar os consumidores”.

E deixa o  apelo à ASAE : “que cumpra o que prometeu e analise toda a cadeia de valor e que promova uma comunicação clara, objetiva e sustentada em evidências, que contribua para a promoção de um ambiente de serenidade junto dos consumidores.”.

“À semelhança do que aconteceu, por exemplo, durante a pandemia, o setor tem procurado cumprir a sua missão de garantir os bens essenciais às famílias, mesmo enfrentando constrangimentos e impactos decorrentes da guerra, nomeadamente o aumento dos custos dos fatores de produção, do custo da energia, dos combustíveis fósseis e da logística e transporte” enaltece, referindo que “o negócio da Distribuição alimentar é um negócio de volume e não de margem. A margem média do setor do retalho alimentar é, em todo o mundo, na ordem dos 2 a 3%, que compara com margens da indústria na ordem dos 15 a 20%”.

“O sector do retalho alimentar não aumentou as margens de comercialização e reinventou-se para absorver o acréscimo generalizados dos custos operacionais, evitando que o ónus da inflação em geral para o consumidor fosse muito superior” sublinha ainda a APED.

Recorde-se que segundo dados apresentados esta quinta-feira, em conferência de imprensa, pelo inspetor-geral da ASAE, Pedro Portugal Gaspar, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica sinalizou, no ano passado, margens médias de lucro bruto nos supermercados de até 50% em bens alimentares essenciais e que o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, também presente na conferência, referiu que “vamos ser absolutamente inflexíveis se existirem práticas abusivas”.

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