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Pão e pastelaria com projeções de crescimento até 2025
A categoria de pão alcançou vendas de 498 mil toneladas no mercado português em 2022, cifra que deverá aumentar para 524 mil toneladas em 2025, segundo dados da Euromonitor. Já as vendas de produtos de pastelaria somaram 46 mil toneladas e deverão representar 48,3 mil toneladas em 2025
Rita Gonçalves
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A categoria de pão alcançou vendas de 498 mil toneladas no mercado português em 2022, cifra que deverá aumentar para 524 mil toneladas em 2025, segundo dados da Euromonitor. Já as vendas de produtos de pastelaria somaram 46 mil toneladas e deverão representar 48,3 mil toneladas em 2025
A volatilidade dos preços da matérias-primas e a dificuldade em obter muitas delas foram dois dos principais desafios para os fabricantes de produtos de panificação e pastelaria em 2022. Desafios aos quais se juntaram o aumento dos custos com a energia e o transporte dos produtos. Foi um ano desafiante, instável e imprevisível, resumem os produtores ouvidos pelo Hipersuper.
“Fomos obrigados a reinventar-nos de forma a fazer chegar os produtos aos consumidores”, salienta Bernardo Caupers, diretor de marketing da Bimbo, em entrevista ao Hipersuper.
De uma forma geral, o mercado sofreu o impacto da guerra da Rússia na Ucrânia e a categoria de produtos de panificação e pastelaria sofreu particularmente. “O aumento dos preços das matérias-primas incrementou descontroladamente os preços dos produtos finais”, realça, por sua vez, Ana Ricardo, diretora de marketing da Puratos Portugal.
O que os produtores esperam para este ano é, por isso, estabilidade no acesso e nos preços das matérias-primas, mas também estabilidade nos restantes custos de produção. “Os consumidores estão cada vez mais limitados no seu orçamento familiar e sabemos que o fator preço é cada vez mais importante”, afirma Bernardo Caupers acrescentando que a empresa quer inovar e dar razões ao consumidor para escolher a sua marca, mas “só o conseguirá se o fizer da forma mais equilibrada na balança qualidade /preço”.
Para a Panificadora Costa de Ferreira, produtora do Pão de Rio Maior, o maior desafio do ano será mesmo dar resposta às mudanças nos hábitos de consumo em função da redução do orçamento das famílias. “Acreditamos que será um ano de adaptação do plano alimentar ao orçamento familiar”, considera Deborah Barbosa, diretora geral da panificadora que produz que forma artesanal à escala industrial.
Tiago Lameiro, responsável de comunicação e marketing da empresa de panificação Rialto, destaca, por outro lado, a competitividade do mercado em função do “elevado número de produtos de qualidade no mercado”. Para reforçar a sua própria vantagem competitiva, a empresa tem em marcha um investimento de quatro milhões de euros para erguer uma nova unidade de produção. Localizada junto às instalações atuais (Oliveira do Bairro), a Rialto construiu um novo polo, com uma área produtiva total de 3.000 metros quadrados, onde vai fabricar novos produtos que irão complementar a gama atual. Entre os novos produtos, estão incluídas variantes de pão tostado no forno, como tostas, mini tostas, croutons, grissinos, entre outros, avança Tiago Lameiro, em declarações ao Hipersuper.
O novo espaço produtivo conta com “linhas de produção modernas, completamente autónomas, para fabricação de massa de pão, formação dos produtos desejados, fornos e embalamento”, acrescenta.
Também a Panificadora Costa & Ferreira tem em marcha um projeto de ampliação do complexo industrial. Na sequência do aumento da atividade, a empresa inicia este ano um investimento de dez milhões de euros para aumentar a capacidade de produção e de armazenamento. “Vamos aumentar as nossas instalações, nomeadamente a zona de fabrico, com uma ampliação de mais de 2.500 metros quadrados. Com isto prevemos a criação de mais 20 postos de trabalho”, conta Deborah Barbosa, acrescentando que a empresa também irá investir “na produção energética com a aquisição de um aerogerador, o que nos permitirá obter autossuficiência de consumo”.
Segundo dados da Euromonitor, a categoria de pão alcançou vendas de 498,1 mil toneladas no mercado português em 2022, cifra que deverá aumentar para 524 mil toneladas em 2025. Já a categoria pastelaria (cakes e pastrie) representou no ano passado vendas de 46,1 mil toneladas, número que deverá aumentar para 48,3 mil toneladas em 2025.
Apostar em novas ocasiões de consumo para crescer
Em 2023, o grupo Bimbo está apostado em aumentar a presença das suas marcas na jornada diária do consumidor, desde que acordam até que se deitam. “Temos espaço para aumentar a nossa oferta em espaços e momentos onde ainda não estamos presentes e onde a nossa oferta é ainda limitada”, conta Bernardo Caupers, acrescentando que a empresa já identificou “momentos onde não está tão presente e onde existem oportunidades para aumentar a oferta”, sem revelar mais pormenores.
A empresa está ainda a acompanhar o crescimento dos novos canais e plataformas de distribuição. “Embora o canal retalho continue a ser o mais significativo, continuamos a ver canais como o e-commerce e as darkstores das plataformas de delivery a crescerem a duplo dígito e por vezes a triplo dígito”, detalha o diretor de marketing, ao mesmo tempo que indica que a empresa está muito atenta ao comércio tradicional “que tem estado a crescer após a pandemia”.
Em relação ao portefólio, a aposta vai no sentido de fabricar produtos nutricionalmente mais equilibrados e com benefícios nutricionais. Por outro lado, em 2022, o grupo Bimbo entrou na categoria de bolachas com as marcas Donuts e The Rustik Bakery, “uma entrada que está a ser um sucesso”, garante o responsável.
Apesar de os dois últimos anos não terem facilitado projetos de “investimento e alterações estruturais, seja de packaging seja de métodos de produção ou até de estruturas físicas”, a empresa tem vindo a aumentar substancialmente o parque de placas solares nas duas fábricas de Albergaria-a-velha e Mem Martins. “Temos também projetos on-going para redução de plástico e aumento de materiais recicláveis, mas a escassez de matérias-primas tem sido um desafio”, termina Bernardo Caupers.
Produtos inovadores, mais saudáveis e com cunho português
Nas decisões de compra, têm cada vez mais peso questões ligadas à saúde e bem-estar e à sustentabilidade. O consumidor de produtos de padaria e panificação não são uma exceção à regra, segundo as conclusões da estudo última edição do estudo “Taste Tomorrow”, que a Puratos realiza a nível mundial para analisar o comportamento de consumo de panificação, pastelaria e chocolate.
“Um pouco como reflexo da pandemia que vivemos, o consumidor português procura estar cada vez mais informado, é um consumidor cada vez mais exigente aquando confrontado com o processo de decisão de compra”, realça a diretora de marketing. Ana Ricardo destaca ainda os alimentos plant based (de base vegetal) como uma das grandes tendências no setor da alimentação. “Em Portugal, a compra de produtos plant based (penetração mensal), em comparação com a anterior edição do Taste Tomorrow, passou de 22% para 78%”. Também relacionado com a tendência da saúde, os portugueses procuram cada vez mais uma alimentação hiperpersonalizada às suas necessidades nutricionais, sendo que 80% dos portugueses procura alimentos adaptados ao seu estilo de vida, acrescenta.
Por outro lado, a integração de fruta fresca e frutos secos nas especialidades de pastelaria, assim como grãos e sementes, grãos integrais e fibras nos produtos de panificação, são tendências em Portugal.
Em 2023, a Puratos irá continuar a “apostar forte” na criação e desenvolvimento de produtos inovadores e que respondam às necessidades de saúde e bem-estar dos consumidores, avança Ana Ricardo, acrescentando que a portugalidade terá um papel fundamental no lançamento de novos produtos. “Faz parte da nossa estratégia a procura incessante por ingredientes locais e tradicionais que levem à mesa dos portugueses os sabores tradicionais e locais que procuram na panificação e pastelaria”.
Numa ótica de otimização de custos e dando resposta aos temas da sustentabilidade, a empresa procedeu à troca, por exemplo, de todos os pontos de iluminação por lâmpadas LED, adquiriu equipamentos de ar condicionado e ar comprimido e investiu num sistema solar para aquecimento de águas. “Há cerca de quatro anos, iniciámos um processo de quatro fases de implementação e instalação de painéis solares nas nossas instalações que nos ajuda bastante na redução de consumos energéticos”, termina a diretora de marketing.
Sustentabilidade e valor acrescentado dos produtos ganham destaque
Além da nova unidade de produção, a Rialto está ligada ao projeto “From Fossil to Forest”, em parceria com a Navigator, que lidera o consórcio de 27 entidades. Com um investimento de 103 milhões de euros, o projeto tem como principal objetivo “substituir as embalagens de plástico de origem fóssil e de uso único por embalagens de materiais de base renovável e biodegradável a partir da floresta de eucalipto, contribuindo para a construção de um futuro sustentável”, conta Tiago Lameiro.
“A preocupação com a sustentabilidade e valores acrescentados dos produtos são duas tendências que cada vez mais estão presentes neste mercado. E vieram não só para ficar, mas para se consolidarem cada vez mais”, sustenta o responsável.
Para 2023, a empresa tem como objetivo reforçar a sua posição de referência no sector da panificação, junto dos canais de distribuição nos quais já está presente, como o retalho, o online, e o foodservice, através do lançamento de “novos produtos que complementem o portefólio”.
O mercado português representa cerca de 45% do volume de negócios da Rialto e, em particular na categoria de pão ralado, produto distribuído em todo o mercado português, representa 90%.
*Artigo originalmente publicado na edição 409 do Hipersuper