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Ana Pinto (Reckon.ai): “O foco está em gerar conveniência e proximidade sem necessidade de novas lojas”

Por a 2 de Dezembro de 2022 as 12:29
Ana Pinto, co-fundadora e CEO da Reckon.ai

A tecnologia da Reckon.ai permite criar conceitos inteligentes e automáticos de venda em espaços de grande tráfego. Os retalhistas podem ter mais um canal de venda sem a necessidade de criar novos pontos de venda ou mudar os layouts das lojas, sublinha Ana Pinto, co-fundadora e CEO da Reckon.ai, em entrevista ao Hipersuper

A Reckon.AI conheceu a luz do sol em 2017 através do lançamento de uma solução tecnológica de visão computacional de análise de concorrência, concretamente do modelo de pricing dos concorrentes e, mais tarde, aplicou essa tecnologia, baseada em Inteligência Artificial, em ambiente real para criar uma experiência de compra conveniente, sem filas e cashless, através da solução Buy Bye. Estas duas soluções coexistem? Estão interligadas?

Não coexistem, nem estão interligadas. Apesar de as duas terem como base tecnologia de reconhecimento de imagem – visão por computador – são dois produtos bastante distintos e com propósitos igualmente diferentes. No futuro, quem sabe!

Atualmente, estão focados na criação de experiências de compra automatizadas grab and go?

Sim, a tecnologia da Reckon.ai possibilita a criação de micro lojas autónomas, permitindo aos retalhistas estarem presentes com conceitos inteligentes e automáticos de venda em espaços onde de outra forma seria muito difícil. O target são sempre sítios de elevado tráfego, criando assim um canal de venda adicional muito interessante para o retalho.

Além de frigoríficos e armários inteligentes, vending machines e corners, a tecnologia pode ser aplicada a pequenas mercearias, como está a fazer a Amazon Go? Como se diferencia a vossa tecnologia e a que suporta os supermercados Amazon Go?

Não procuramos criar conceitos similares ao da Amazon Go por acharmos que, mesmo para lojas mais pequenas, estes são conceitos com investimento em capex (despesas de capital ou investimento em bens de capital) elevado. Desta forma, procuramos focar-nos em dar a oportunidade de criar conveniência e proximidade sem a necessidade de investir em novas lojas ou novos layouts de loja.

Acreditamos ser uma maneira mais disruptiva de olhar para a oportunidade de mercado, uma vez que combinamos a tecnologia com um foco maior nas necessidades do shopper e na forma como ele se comporta. Isto traduz-se numa proposta de valor muito mais alinhada com o ciclo diário dos consumidores e numa clara otimização do seu tempo e da sua experiência de compra.

Não consideram então a Amazon Go como um concorrente?

Não considero que estejamos a competir com a Amazon Go ou conceitos similares. Como referi, esses conceitos são difíceis de provar e escalar. A própria Amazon decidiu pôr um travão naquele que era o desenvolvimento dessas lojas, por isso não acreditamos que esse seja esse o caminho do retalho, pelo menos para já. Por isso, continuamos focados em aplicar a nossa tecnologia a armários, frigoríficos e estanteria de forma a poder torná-los inteligentes.

Em que pé está a patente da tecnologia proprietária da vossa solução?

A patente está neste momento em fase de aprovação e, por isso, neste momento contamos com o estado “patent pending” que detém alguma proteção jurídica contra possíveis cópias, mesmo que ainda não seja uma patente finalizada.

Além de custos operacionais mais baixos, eliminação do desperdício, através da reposição just in time, pode enumerar as vantagens da tecnologia para retalhistas e operadores de vending machines?

A grande mais valia é a forma como podem mudar o retalho e as suas operações daqui para a frente. A nossa tecnologia permite oferecer um conceito “plug-and-play”, ou seja, é rápida de instalar, testar e escalar. Para os retalhistas, isto representa a possibilidade de aumentar a sua capilaridade sem estar a investir numa nova loja e permitir estar presente em locais de grande tráfego. Além de oferecerem uma experiência de compra sem fricção e rápida, os retalhistas têm ainda acesso a dados muito importantes para se tornarem ainda mais competitivos.

Para os operadores de vending, a nossa tecnologia permite-lhes serem muito mais eficientes operacionalmente enquanto, por outro lado, conseguem aumentar o seu ticket médio de vendas devido ao tipo de produto que conseguem vender com os nossos armários inteligentes: podem vender múltiplos e conjuntos de produtos ao invés de um produto apenas.

No dossier de imprensa, a marca diz que no público-alvo estão ainda outras áreas de negócio do setor da distribuição ao cliente final. Pode concretizar?

A nossa tecnologia, ao conjugar visão computadorizada, sensores vários, algoritmos e design focado em oferecer a melhor experiência de compra ao cliente, pode também ter várias utilizações dentro do ciclo operacional da distribuição. Posto isto, convidamos também as empresas do setor a olharem um pouco para os desafios que têm.

Onde aplicaram o investimento de 1,5 milhões de euros, anunciado em setembro de 2021, na ronda de investimento seed liderado pela NOS 5G e pela PT Ventures?

Diria que investimos no crescimento do negócio. Antes de mais, e primordialmente, construindo uma equipa com valências e competências em diversos campos, uma equipa necessária para podermos realmente continuar a desenvolver as nossas ideias e escalar o produto internacionalmente. Neste momento, somos cerca de 20 pessoas, foi um salto bastante grande em termos de equipa.

Em 2022, tinham como objetivo atrair mais investidores e expandir na área de retalho e vending? Que avanços fizeram até à data?

Continuamos focados em trabalhar com os nossos parceiros na definição e no alinhamento da nossa tecnologia com o seu modelo de negócio. Temos crescido bastante em termos de negócio e temos clientes em várias áreas, desde o retalho, passando pelo grande consumo até ao vending.

Isto permite-nos aprender muito com estas relações, já que a forma como cada cliente opera a máquina é diferente, possibilitando a evolução da nossa tecnologia. Cada vez que é feita uma compra com a nossa tecnologia (e já são alguns milhares) aprendemos um pouco mais. E isto é ainda exponenciado quando temos clientes tão diferentes.

Esta é uma área que está a crescer imenso e sentimos cada vez mais que a evolução da nossa tecnologia e da forma como estamos a criar este negócio tem-nos tornado bastante atrativos a esse nível.

Quais os mercados prioritários na estratégia da empresa, onde consideram existir maior adoção deste tipo de tecnologia?

Continuamos focados em disromper o setor do retalho e o mercado de experiências de compra grab and go. É muito engraçado como uma tecnologia tão complexa se traduz numa experiência de compra tão simples. Por isso, há um interesse natural por parte de vários operadores que olham para a nossa tecnologia como a oportunidade de oferecerem micro lojas autónomas e inteligentes, facilmente operáveis, e que possibilitam a criação de rápidas e eficientes experiências de compra. Há um foco natural na Europa, por questões de proximidade geográfica, mas a verdade é, em função dos contactos que temos vindo a desenvolver, que a nossa ambição é global.

Quais os objetivos para 2023?

Acelerar o crescimento do negócio internacionalmente e continuar a apostar no desenvolvimento da tecnologia será o nosso foco. Esperamos que em 2023 já tenhamos centenas de armários inteligentes a operar em mercados estratégicos e com players chave para a Reckon.ai.

Em que pé está a estratégia de expansão internacional? No dossier de imprensa dão conta do objetivo de conquistar centenas de lojas com tecnologia proprietária instaladas na Europa e a entrada em cinco novos países europeus.

Estamos a crescer a um ritmo realmente muito interessante. E, quando olhamos para os estágios dos contactos que temos atualmente, esperamos realmente uma aceleração deste crescimento para atingir as centenas de lojas na Europa. No entanto, não posso adiantar muito mais, também por uma questão de confidencialidade dos planos dos nossos parceiros.

 

*Entrevista originalmente publicada na edição 407 do Hipersuper

 

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