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Inflação e perda: qual o impacto da situação atual no retalho

Por a 14 de Novembro de 2022 as 15:57

david-perez-checkpointDavid Pérez del Pino, Business Unit Managing director Checkpoint Systems Portugal & EMEA Channel

Com a flutuação constante dos preços, os problemas nas redes de abastecimento e o constante aumento do nível de vida, os compradores europeus estão, neste momento, numa situação de perda de poder de compra que há muito não se sentia.

A taxa de inflação em Portugal para o mês de agosto situou-se já nos 9,3%, bem acima da média europeia e com tendência a aumentar. O Governo tomou já medidas, que entram em vigor em outubro, para mitigar esta situação e devolver aos portugueses algum poder de compra. Mas, como afeta realmente esta conjuntura os retalhistas?

De um modo geral, a previsibilidade e tendências de consumo não se podem, novamente, equiparar com anos anteriores, tornando praticamente impossível aos retalhistas fazer uma preparação dos meses seguintes, quer em reposição de stocks quer de lucros. A complicar ainda mais esta situação, as perdas no retalho estão a apresentar uma tendência de incremento paulatino com o aumento da inflação.

Com a diminuição clara do poder de compra dos clientes, a probabilidade de existir uma fuga para comércios com preços mais baixos é apenas uma tendência natural. Contudo, a conjuntura mundial não permite, sequer, a observação deste fenómeno, uma vez que os preços estão a apresentar tendência para se equipararem entre si, independentemente do comerciante.

Ora, uma situação com estas, de elevada inflação e instabilidade no abastecimento dos produtos, leva, nalgumas circunstâncias e sobretudo em artigos de maior valor, à existência de ruturas de stock difíceis de contornar, levando a procura pelos artigos a enveredar para situações de irregularidade e/ou mercado paralelo. Contudo, se o abastecimento mundial se encontra numa situação difícil, surge a questão de qual a proveniência dos artigos que se adquirem nesse mercado paralelo?

Para o consumidor, a sua origem não é, na maioria das situações, uma preocupação, mas apenas a possibilidade de adquirir o equipamento per si e, claro, a preços mais baixos. Já para o retalhista, que observa de fora este tipo transações, a situação é bem mais complicada.

Na verdade, os produtos de preços mais elevados são, nas circunstâncias económicas em que nos encontramos, o alvo de maior furto no retalho, ficando esta situação a dever-se à atuação de grupos organizados. Numa situação como a atual, os retalhistas sofrem com perdas mais avultadas não ao nível dos bens de primeira necessidade, mas sim de bens como telemóveis, máquinas de barbear, presuntos, vinhos e similares, para os quais o consumidor se torna bem mais sensível ao fator preço, do que propriamente para a área alimentar. Estes produtos são o alvo de grupos organizados que começam a crescer e que mais procuram dar a volta às medidas de segurança que os retalhistas tenham implementadas.

Os retalhistas, apesar do trabalho contínuo que têm de realizar para garantir a segurança dos seus produtos e clientes, têm agora o trabalho acrescido de controlar a entrada destes grupos nos seus estabelecimentos, ao mesmo tempo que lutam contra uma crise cuja dimensão ainda não está definida, nem tem fim à vista.

 

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