A tecnologia no setor do retalho

Margarida Monteiro, consultora da Michael Page para a área de retalho

O setor do retalho é, sem dúvida, um dos setores que mais ganhou com a crescente inovação tecnológica que a pandemia acabou por proporcionar. Seja através da implementação de e-commerce, de chatbots, do uso de inteligência artificial ou realidade aumentada, ou mesmo através da implementação de novos meios de pagamento, todos os dias, as equipas de retalho são confrontadas com esta crescente digitalização do setor.

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Sem dúvida que estas ferramentas podem ajudar a alavancar as vendas e o negócio, contudo, é importante relembrar que subjacente a tudo isto temos de ter equipas especializadas e preparadas para trabalhar com estas tecnologias. Não é novidade que perfis tecnológicos e de marketing digital, têm tido uma grande procura neste setor, mas a tendência desta procura tem-se alargado a funções mais operacionais, nomeadamente em loja.

O retalho é um setor com um grande impacto em termos de empregabilidade em Portugal e cada vez mais são necessárias competências tecnológicas que, muitas vezes, os colaboradores não têm. Isto porque é um setor onde muitos iniciaram a sua carreira através de part-times e, alguns deles há algum tempo, e porque sempre foi um setor muito operacional e de terreno. Para estes colaboradores que nunca tiveram contacto com a vertente digital, é natural que sintam alguma dificuldade e nervosismo associado.

De forma a conseguirem responder às exigentes solicitações do mercado, os colaboradores devem ter competências tecnológicas atualizadas que, por vezes, pode ser um desafio para as empresas porque não se sentem motivados e interessados. Por isso, é necessário que as equipas de gestão e recursos humanos pensem em formas estratégicas de implementação de programas de formação para uma maior adesão e, consequentemente maior empoderamento digital das equipas.

De realçar que o retalho é uma área muito dinâmica onde, muitas vezes, é possível a mobilidade interna entre departamentos sendo que esta literacia digital se torna muito importante para possibilitar estas movimentações. A falta de competências digitais pode ter um impacto muito significativo na progressão dos colaboradores e, muitas vezes os mesmos nem se apercebem desse impacto.
Atualmente, denota-se uma crescente procura por perfis que combinem competências operacionais com competências digitais, nomeadamente em termos analíticos.

Para além da gestão de equipas, orientação para resultados e resiliência, competências digitais como as de análise de dados tornam-se importantíssimas para um perfil robusto em termos de gestão neste setor.

Sem dúvida que a pandemia foi um grande motor de arranque para o desenvolvimento tecnológico no setor do retalho, contudo, ainda se acredita que uma grande fatia de colaboradores deste setor não tem as competências digitais necessárias e, por isso, cabe às empresas desenvolver as suas equipas, mas também aos trabalhadores desenvolverem o seu perfil profissional.