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Electrão assume gestão direta dos plásticos perigosos da reciclagem de eléctricos

Por a 8 de Novembro de 2022 as 12:05

O Electrão – Associação de Gestão de Resíduos, vai promover um projeto inovador, totalmente pioneiro em Portugal, para separar, durante o processo de reciclagem, plásticos com substâncias perigosas existentes em equipamentos elétricos usados, nomeadamente os que contêm retardadores de chama, que são poluentes orgânicos persistentes (POP).

O projeto, designado por “Controlo de Plásticos Mistos e com Retardadores de Chama”, será desenvolvido em parceria com a Interecycling – Sociedade de Reciclagem e com a AVE – Gestão Ambiental e Valorização Energética, dois dos principais operadores de tratamento de resíduos nacionais.

Este projeto, que surge no contexto da atividade de gestão de equipamentos eléctricos usados desenvolvida pelo Electrão, decorre dos requisitos definidos pela legislação nacional e europeia, mas é também uma resposta à necessidade de otimizar os processos e melhorar as metas de reciclagem. Ao mesmo tempo dá resposta à crescente preocupação sobre o efeito nocivo dos materiais e dos químicos aí presentes na saúde e no ambiente.

Os plásticos mistos, objeto do projeto, são considerados perigosos porque contêm agentes retardadores de chama, que são misturas de químicos adicionadas a uma ampla gama de produtos, de forma a torná-los menos inflamáveis. Estão aqui incluídos alguns plásticos usados em equipamentos eléctricos, sobretudo pequenos eletrodomésticos, equipamentos informáticos, de comunicação e tecnologia e as televisões mais antigas (CTR’s). Os retardadores de chama são químicos poluentes persistentes, bioacumuláveis e tóxicos para o homem e para o ambiente.

Atualmente, tal como decorre de diretrizes europeias, o fabrico de novos equipamentos eléctricos já tem em consideração a restrição de substâncias químicas perigosas. Assim, a nova geração de equipamentos já tem em conta esses limites previstos, que pressupõem menor impacto, mas conferem aos equipamentos as mesmas características de resistência ao calor e fogo, o que tem sido possível graças à investigação e desenvolvimento técnico promovidos por vários fabricantes.

Para o desenvolvimento do projeto será considerada a totalidade dos plásticos resultantes do tratamento dos equipamentos eléctricos usados, recolhidos na rede Electrão e encaminhados para as instalações da Interecycling. Os plásticos serão separados recorrendo a meios ópticos e separação por densidade.

Como resultado do processo de separação será possível obter um fluxo de plásticos sem retardadores de chama, livre de contaminação de componentes químicos perigosos, que será encaminhado para reciclagem sem qualquer problema de segurança. Estas quantidades serão contabilizadas para efeitos da taxa de reciclagem.

Já a fracção de plásticos com retardadores de chama será encaminhada para valorização energética, conforme previsto na legislação, para queima e eliminação em ambiente controlado, operação que será coordenada pela AVE.

O projeto será o ponto de partida para a definição de uma estratégia de tratamento destas fracções críticas, nomeadamente dos plásticos POP, no âmbito do sistema de gestão de equipamentos eléctricos do Electrão.

A iniciativa possibilita ainda a adopção das melhores práticas e técnicas disponíveis para a separação e tratamento das substâncias químicas perigosas, potenciando a correta cadeia de valor e cumprimento legal vigente sobre o plástico.

“O projeto que o Electrão vai desenvolver, em parceria com a Interecycling e com a AVE, é da máxima relevância para a proteção da saúde humana e do ambiente tendo em conta a velocidade com que estes poluentes persistentes proliferam por todo o planeta sem conhecer fronteiras. O Electrão orgulha-se de estar mais uma vez na linha de frente da inovação antecipando diretrizes europeias, cada vez mais exigentes, que serão ditadas face à urgência de controlar estas fracções críticas”, destaca o CEO do Electrão, Pedro Nazareth.

Para o administrador da Interecycling, Ricardo Vidal, este projeto materializa em absoluto a circularidade de materiais e o cumprimento de todas as exigências ambientais. Tendo em conta os processos industriais que a Interpolymers, divisão operacional dedicada à reciclagem de polímeros, dispõe, estes permitem realizar a reciclagem e despoluição de importantes polímeros. Bem como, separar e destinar a fração Bromada/POP´s, cuja legislação determina que seja de forma irreversível.

“Esta parceria, firmada com o Electrão, fará Portugal destacar-se ao nível europeu e mundial no domínio do tratamento de plásticos. Trata-se de um projecto 100% Português, que aportará seguramente elevado valor económico e ambiental”, sublinha o administrador da Interecyling-Interpolymers, Ricardo Vidal.

O administrador da AVE – Gestão Ambiental e Valorização Energética, Luís Realista, também se congratula para participação da AVE neste projeto. “A AVE fará parte da solução que está prevista no plano de ação da Agência Portuguesa do Ambiente, de forma a garantir a separação e eliminação da fracção plástica obtida na atividade do desmantelamento de equipamentos eléctricos e outros fluxos”, sublinha Luís Realista.

Para o administrador da AVE, o desafio europeu de afastar da cadeia da reciclagem estes materiais leva a um contínuo trabalho de rastreabilidade no ato de separação e triagem, durante o processo de desmantelamento e posterior eliminação térmica. “Assim é justificável a colaboração da AVE com os diferentes atores da atividade, particularmente com entidades gestoras, como é o caso do Electrão e da indústria de reciclagem especializada, como é o caso da Interrecycling”, realça. O coprocessamento de resíduos em fornos de cimento é um processo de destruição definitiva, conduzido de forma segura, monitorizado e em linha com os princípios da sustentabilidade ambiental, sublinha Luís Realista.

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