Destaque Destaque Homepage Homepage Newsletter Produção

Produção de vinho biológico aumenta em Portugal

Por a 1 de Novembro de 2022 as 22:05

Portugal tem 4.000 hectares em modo de produção biológico, de um total 175.000 hectares de vinha. A produção está a aumentar, mas a um ritmo inferior aos grandes produtores europeus, afirma Afonso Nogueira, export manager da A&D Wines, em entrevista ao Hipersuper.

Vinhos biológicos, ou vegan, não são novos tipos de vinhos, as respetivas certificações é que são recentes. Os vinhos não biológicos, cuja produção recorre a produtos de síntese, só começaram a existir no século passado, esclarece Afonso Nogueira, export manager da A&DWines, em entrevista ao Hipersuper. O portefólio da empresa de Baião, atualmente com 45 hectares de vinha certificados em modo de produção biológico, é 100% vegan e biológico, à excepção da gama entrada de gama, vendida exclusivamente para exportação.

A intenção da produtora vitivinícola passa por continuar a aumentar a oferta deste tipo de vinho à medida que o ritmo de crescimento de vinhos biológicos e vegan continue a acelerar, adianta Afonso Nogueira. Atualmente, Portugal tem cerca de 4.000 hectares de vinho em modo de produção biológico, de um total 175.000 hectares de vinha. Ou seja, os 45 hectares de vinha da A&D Wines representam mais de 1% do total nacional de vinhas biológicas.

A área de vinha tem vindo a diminuir “consideravelmente” nas últimas décadas em Portugal, mas a área de vinha biológica, por sua vez, tem vindo a aumentar, “embora não ao ritmo dos grandes produtores europeus de vinho”, salienta o export manager da A&D Wines.

“Há, sem dúvida, uma consciencialização cada vez maior em Portugal do que significa ser um produto certificado biológico e a procura tem vindo a aumentar, sendo que inclusive as grandes superfícies começam a apostar em alguma oferta biológica”, revela o responsável, acrescentando que, no caso da A&D Wines, “as vendas têm vindo a aumentar muito no mercado nacional, mas talvez mais pela qualidade dos vinhos do que pela certificação biológica”.

O mesmo não sucede nos mercados internacionais. “Na Alemanha, em França e no Canadá, por exemplo, a produção e procura de vinho biológico é muito superior” e a certificação de agricultura biológica “facilitou muito a penetração nesses mercados”.

A concorrência de outras bebidas
Cerveja, sidra, kombucha, entre outras bebidas fermentadas, estão a ganhar consumidores que habitualmente bebem vinho. Isto acontece porque estão a ocorrer mudanças dentro do mundo dos vinhos, explicou Sérgio Pereira, especialista em vendas e marketing na Vinalda, por ocasião de um debate organizado pela distribuidora dedicado ao tema “O Vinho e a Comida do Futuro”. “Nota-se uma tendência, talvez porque o clima está mais quente, de as pessoas procurarem mais vinhos brancos, rosés e espumantes, e, no caso dos tintos, tintos mais frescos, leves, com menos álcool e menos açúcar”, esclarece Sérgio Pereira. Por outro lado, há “pessoas que começam a deixar o vinho e entram no mundo da cerveja e outros fermentados como a sidra, a kombucha, e mesmo bebidas naturais”.

Atenta a esta tendência, a A&D Wines tem vindo a afinar a produção“para vinhos com um perfil fresco, com menor graduação alcoólica, por gostarmos deles assim, mas também porque é, sem dúvida, uma tendência de mercado”, confirma o export manager da empresa de Baião. “Grande parte dos consumidores, sobretudo nas gerações mais jovens, prefere vinhos com maior leveza e frescura. Há também novos contextos em que muita gente bebe vinho, fora da refeição, como, por exemplo, nos festivais e nas discotecas, que impulsionam este registo de vinhos”, acrescenta. A José Maria Fonseca (JMF) está atenta a este fenómeno há mais de uma década e foi pioneira na produção de vinho sem álcool. É alias o único produtor de vinho sem álcool em Portugal, afirma António Maria Soares Franco, administrador da JMF com o pelouro Comercial e Marketing.

Depois de muitos anos de investigação, a JFM lançou em 2000 o Lancers Free e, há dois anos, lançou a marca O%riginal, com uma gama constituída por vinho branco, rosé e tinto. “Conscientes das novas preocupações dos consumidores, criámos esta gama para aqueles que gostam de vinho, mas que, pelas mais variadas razões, preferem optar por uma bebida não alcoólica”, sublinha o responsável.

O tinto e o rosé são produzidos com a casta Syrah e o branco com Moscatel e todos têm menos de 0,5% de álcool.

A produção do vinho sem álcool resulta de um processo natural. Tudo começa nas vinhas. “As uvas são colhidas durante as vindimas e levadas para adega onde são prensadas e fermentadas. Depois da fermentação, o vinho passa por um processo físico de desalcoolização através de uma coluna chamada spinning cone”, explica António Maria Soares Franco, acrescentando que “este processo remove o álcool através de uma destilação em vácuo a baixa temperatura, mantendo os aromas e sabores naturais das castas utilizadas”

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *