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Retoma do canal Horeca dá gás à indústria portuguesa

Por a 13 de Outubro de 2022 as 11:01

industria_alimentarNíveis históricos de inflação, retoma da atividade de hotéis e restaurantes para níveis pré-pandemia e deslocalização da procura de fornecedores, de países como Ucrânia e Rússia, para Portugal, contribuíram para alavancar o volume de negócios da indústria portuguesa

O volume de negócios na indústria portuguesa disparou 31,5% em junho, em termos homólogos, e aumentou 2,4 pontos percentuais em relação a maio, segundo os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que determinam ainda um crescimento de 37,5% das vendas realizadas pela indústria portuguesa para o exterior, em relação a junho de 2020. Os níveis históricos de inflação e a recuperação acentuada da atividade nos cafés, restaurantes e hotéis, são os principais contribuidores para estes resultados. Como explica Luciana Matos, gerente da Skymsen Europa, em entrevista ao Hipersuper, assim como ocorreu em todo o mundo, também Portugal registou um aumento no volume de negócios em virtude dos “fortes” aumentos de preços dos produtos. Além da inflação, a reabertura do setor de hotelaria, bares e restaurantes “contribuiu e muito para esse crescimento”, avança a responsável da empresa fornecedora de equipamentos de preparação de alimentos para a indústria, como liquidificadores, picadoras, cortadoras e descascadoras.

Após dois anos de contenção em setores que suportavam o crescimento da indústria alimentar, a atividade dos hotéis e restaurantes está a retomar os níveis pré-pandemia, o que levou a um aumento da procura de fornecimento de produtos alimentares. Além disso, lembra Eros Trevisan, gerente da Hanna Instruments Portugal, a indústria alimentar labora atualmente com menos restrições, estando “mais capacitada para rentabilizar a sua produção e acompanhar a procura dos mercados”. O gerente da empresa fornecedora de soluções de medição para a indústria alimentar (pH, cloro, acidez, sódio, temperatura, entre outros) acrescenta mais um dado à análise. “Com a atual situação de guerra na Ucrânia, observamos a perda do fornecimento de produtos alimentares proveniente de países como Ucrânia e Rússia e, consequentemente, uma deslocalização da procura de fornecedores e produtores em outros países, como Portugal”.

Eros Trevisan está confiante que, se a situação económico-política se mantiver, a indústria alimentar manterá um “ritmo acentuado” de crescimento até ao final deste ano. “Após um período de reajuste à flutuação do mercado, as cadeias de fornecimento e produção tenderão a otimizar os seus processos. Apesar de alguns possíveis estrangulamentos no setor das aquisições de matéria-prima e distribuição”, sublinha o responsável da Hanna Instruments.

No entanto, as recentes projeções para a evolução da economia portuguesa traçam um quadro negro e até o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já avisou os portugueses que, se continuar a guerra e a inflação, 2023 “não será um ano parecido com este, não terá o crescimento deste”.

A gerente da Skymsen Europa está consciente dos riscos mas mantém o otimismo. Apesar dos avisos de “renomados economistas” sobre uma eventual “desaceleração da economia e até do risco de uma recessão”, Luciana Matos mostra-se confiante tendo em conta a “reabertura dos bares e restaurantes e o crescimento do setor do turismo e hotelaria, os quais continuarão a puxar para cima o crescimento do setor alimentar, ou, na pior das hipóteses, a manter os índices pré pandemia”.

As restrições para conter a pandemia e, mais recentemente, a guerra na Europa, causaram constrangimentos no que respeita à produção e fornecimento de materiais, originando, por sua vez, atrasos nas entregas. Por isso, a Hanna Instruments reforçou o modelo de produção autossuficiente, passando a controlar verticalmente todo o processo, desde o desenvolvimento dos produtos, passando pela manufatura, controlo de qualidade, certificação, embalagem, até à distribuição. “O facto de centralizarmos os processos no Hanna Instruments Science Park, na Roménia, permite-nos uma maior independência das perturbações e interrupções sentidas no mercado de compras de matéria-prima”, salienta Eros Trevisan, acrescentando mais uma vantagem: manter o fluxo de produção.

O portefólio da empresa acompanha as diversas fases da cadeia de produção alimentar, auxiliando no desenvolvimento e controlo da qualidade e segurança alimentar. A linha Foodcare para a medição de pH e temperatura, por exemplo, é utilizada por profissionais para criar os seus produtos. “Não desenvolvemos apenas produtos, criamos sistemas de medição e controlo que ajudam a melhorar desde o sabor dos produtos à qualidade da água utilizada”, exemplifica o responsável.

No início deste ano, a empresa apresentou o HALO2, “um conceito de medição sem fios com oito novos modelos” especificamente desenvolvidos para aplicações alimentares. “Este conveniente medidor, conectado a um smartphone ou tablet, com a aplicação HANNA Lab, transforma-se num medidor com a precisão e funcionalidades de pH profissionais”.

A marca apresentou ainda um novo controlador digital universal, o HI510, para medição em linha de pH, ORP, temperatura,industria condutividade e oxigénio dissolvido. “Pode ser configurado para inúmeras aplicações que requerem acompanhamento ou controlo de parâmetros de processo. Este controlador possui uma entrada de sonda digital que deteta e atualiza automaticamente o medidor com o parâmetro a medir”, acrescenta o gerente, acrescentando que a Hanna está a preparar o lançamento de muitas novidades para o próximo ano.

Os fornecedores das fábricas não beneficiaram, no entanto, em igual medida do aumento do volume de negócios da indústria alimentar portuguesa. É o caso da Ameno, que trabalha num setor muito específico da cadeia alimentar: controlo de temperatura e de humidade.

“Os nossos produtos e serviços são aplicáveis nas instalações das unidades industriais e ainda não sentimos o impacto direto do aumento verificado no volume de negócios da indústria”, conta Nuno Couceiro, diretor-geral da Ameno, em entrevista ao Hipersuper.

Apesar disso, o responsável espera atingir, este ano, um volume de negócios de um milhão de euros (valor que compara com os 750 mil euros de 2021), à boleia dos projetos em carteira. “Até ao final do ano, temos agendadas instalações de soluções de controlo de humidade em fábricas de produção alimentar e centros logísticos”, adianta o responsável, acrescentando que “as soluções da Ameno permitem ganhos de produtividade e de redução de custos energéticos”, um fator crucial para todas as empresas, sobretudo atualmente com o agravamento da fatura energética.

A empresa tem vindo a registar um aumento da procura na gama de desumidificadores por absorção, “uma tecnologia ainda pouco conhecida” por parte da indústria alimentar. “Conseguimos eliminar a formação de humidade e gelo, nomeadamente nas áreas de congelação e refrigeração, o que se traduz em benefícios para a segurança alimentar e para os trabalhadores, aumentando igualmente a produtividade ao reduzir as pausas para limpezas e descongelação”, garante Nuno Couceiro.

No entanto, os best sellers da empresa são os climatizadores Cooler, equipamentos adiabáticos que arrefecem utilizando água e eletricidade, com um consumo elétrico em 80% inferior a um ar condicionado, e os desumidificadores Dry, cuja principal diferenciação é o “elevado rendimento” com baixas temperaturas, podendo ser utilizado para reduzir a humidade mesmo com temperaturas negativas.

Para dar resposta às empresas que, em função do risco associado ao investimento, têm dúvidas sobre a aquisição dos equipamentos, a Ameno dispõe de uma frota de aluguer de mais de 400 equipamentos, que permite testar as soluções e avaliar os benefícios antes de fazer o investimento.

Já a Dry Ager Portugal, especializada em equipamentos para maturação e carne, peixe e outras proteínas, espera um crescimento de 50% no volume de negócios este ano. “Em 2022, o mercado ganhou um novo ímpeto, quer em volume de negócios quer em número de solicitações e pedidos de informação”, afirma Gonçalo Mendes, country manager da Dry Ager, em declarações ao Hipersuper.

No início deste ano, a empresa lançou a quarta geração dos seus equipamentos de maturação (Dry-Ager DX Premium S) que se distinguem pela incorporação da tecnologia “SmartAging”, “um controlo inteligente que permite maturar com a ajuda de programas específicos para cada produto”, sublinha Gonçalo Mendes.

*Artigo originalmente publicado na edição 405 do jornal Hipersuper 

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