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Sustentabilidade – um trunfo para o sucesso empresarial

Por a 3 de Outubro de 2022 as 11:39
João Campos, Humb Consulting

Por João Campos
Humb Consulting

É com satisfação que podemos afirmar que, hoje, a maioria das empresas já não questionam a necessidade de adotarem práticas sustentáveis. Ainda assim, apesar da evolução desta temática no setor empresarial, podemos diferenciar as empresas em função do seu posicionamento no que toca à sua relação com a sustentabilidade: aquelas que se adaptam em função da pressão do mercado e dos stakeholders e as que colocam a sustentabilidade no core do negócio.

As que se adaptam vão evoluindo paulatinamente e mitigando impactos à medida que (maioritariamente) os clientes e os reguladores vão tornando-se mais exigentes. Tipicamente, são seguidores de tendências e vão pouco além do que lhes é exigido. Estas empresas adotam as práticas necessárias para continuarem a operar, mas não abraçam a sustentabilidade como missão ou vantagem competitiva.

As que colocam a sustentabilidade no core do negócio percebem claramente as vantagens de criarem uma ligação estreita entre a responsabilidade socioambiental e o negócio. Este grupo de empresas vê para além do retorno económico de curto prazo e procura anular os impactos negativos, e já em alguns casos até indo mais longe criando impactos sociais e ambientais positivos. São as denominadas empresas com propósito que olham para o investimento nas componentes sociais e ambientais como a melhor forma de enfrentar uma nova economia, tornando-as mais resilientes e valorizando-as economicamente a médio-longo prazo.

Olhar para a sustentabilidade empresarial com compromisso obriga a repensar o produto/serviço, mas também a olhar para dentro da organização e para as operações a montante e jusante. Um investimento sério e coerente nos pilares da sustentabilidade pode gerar vantagens competitivas claras e consequentemente um retorno económico-financeiro para o negócio. O retorno deste investimento pode provir de três formas:

  1. Notoriedade, reputação e credibilidade. Marcas com práticas comprovadamente sustentáveis têm maior notoriedade, reputação e credibilidade no mercado. O efeito desta componente pode não refletir-se diretamente no resultado das empresas, mas os seus benefícios são evidentes e manifestam-se através de reconhecimento, maiores taxas de fidelização dos clientes e confiança junto de consumidores, reguladores, fornecedores e investidores. Os certificados e rótulos de sustentabilidade são formas credíveis de atestar os atributos do produto ou da organização, reforçando a confiança das partes interessadas.
  2.   Margens internas. O negócio pode libertar maiores margens operacionais por via do investimento na ecoeficiência, permitindo ao mesmo tempo reduzir custos e pegada ambiental. A poupança com custos energéticos é das mais visíveis e o retorno pode ser alcançado através da eficiência energética ou do investimento em fontes renováveis. Mas também a poupança no consumo de recursos hídricos pode reduzir custos através de um uso eficiente de água ou através do investimento na sua captação e reutilização. Uma aposta na desmaterialização também pode ajudar a reduzir custos com a gestão e tratamento de dados. A redução de desperdícios de materiais e a sua valorização é outra via de redução de custos. A otimização de rotas e cargas de transporte ou a eletrificação de frotas também permite combinar benefícios económicos e ambientais.
  3. Margens externas. Esta terceira via refere-se aos benefícios de mercado gerados pela aposta na sustentabilidade empresarial. Desenvolver e comercializar produtos/serviços sustentáveis que conjugam inovação e sustentabilidade, permite agregar-lhes maior valor e com isso penetrar em novos mercados e aumentar margens de lucro. Também modelos de negócio assentes numa economia circular permitem gerar fluxos de receita contínuos, transformando vendas únicas em receitas contínuas, através da servitização (por ex.: renting ou subscrição) ou da extensão de vida do produto (por ex.: reparação, modularidade, upgrade, remanufactura ou revenda).

Articular os pilares social, ambiental e económico pode ser encarado apenas como uma via para responder timidamente às exigências de mercado ou pode tornar-se um trunfo determinante para vencer numa nova economia verde, azul e circular e criar um impacto positivo no planeta e sociedade.

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