António Cuco, mestre destilador que criou a marca Sharish, conversou com o Hipersuper e contou a história de um gin que hoje é reconhecido internacionalmente e está presente em mais […]
“Em todos os gins que faço utilizo fruta fresca e sempre portuguesa”
António Cuco, mestre destilador que criou a marca Sharish, conversou com o Hipersuper e contou a história de um gin que hoje é reconhecido internacionalmente e está presente em mais […]
Ana Rita Almeida
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António Cuco, mestre destilador que criou a marca Sharish, conversou com o Hipersuper e contou a história de um gin que hoje é reconhecido internacionalmente e está presente em mais de 30 países mas que já foi uma bebida caseira apenas para consumo entre amigos.
Produzido no Alentejo, o gin Sharish vai buscar o seu nome à vila de Monsaraz, por quem António Cuco é um apaixonado. Termo utilizado durante a ocupação muçulmana, Monte Sharish significava Monte erguido num impenetrável brenhal de estevas, originando posteriormente Monsaraz.
António Cuco, o mestre destilador que criou a marca Sharish, não tem dúvidas: o que marca a diferença nos seus gins são os produtos frescos que utiliza. “Sou autodidata, nunca tive formação tradicional e tudo o que fiz foi por método ‘tentativa erro’. Acho que acima de tudo o que fazemos de diferente é a utilização de fruta fresca em todos os gins da marca Sharish. A minha assinatura enquanto destilador é a utilização de fruta fresca. E porquê? Porque estamos no sul da Europa, temos tudo e muito com boa qualidade. Em todos os gins que faço utilizo fruta fresca e sempre portuguesa” começa por dizer em conversa com o Hipersuper.
Hoje é um gin reconhecido internacionalmente, presente em mais de 30 países para onde é exportado, mas já foi uma bebida caseira apenas para consumo entre amigos. O Sharish “nasceu um bocado por acaso em 2013, quando era professor e estava desempregado. Os meus pais tinham um restaurante aqui em Reguengos e um grupo de amigos meus começou a pedir gin. Estamos aqui pertinho de Espanha onde já se bebia gin habitualmente por isso começaram a pedir gins diferentes” conta.
“Um dia, numa almoçarada mais longa alguém deu a sugestão de ter um gin da casa. E eu disse que fazia, mas a verdade é que nunca tinha visto um alambique a trabalhar. Fui pesquisar, vi muitos vídeos na internet, muitas receitas de gin, a sua história, tipos de destilação e perfis de consumidor… Um dia achei que estava preparado” acrescenta.
“Em Vendas Novas havia um alambique numa montra que eu já tinha visto. Pediram-me 500 euros e eu estava desempregado. Mas não desisti. No caminho vim a pensar como podia arranjar um alambique e lembrei-me que quando andava na escola uma professora de Físico-Química disse que ‘todas as pessoas podem fazer um alambique em casa com uma coisa que todos temos: uma panela de pressão’. E foi o que fiz: hoje ainda está na destilaria. Foi assim que tudo começou!” recorda.
“Eu sempre quis fazer um gin que fosse português. A minha ideia inicial até era fazer apenas para os amigos. Mas um gin diferente. Depois lembrei-me que há uma fruta que adoro desde miúdo que é a maçã Bravo de Esmolfe, que é a maçã mais aromática que existe. E não há nada mais português já que só existe cá” refere também António Cuco.
Hoje o Sharish Gin é uma bebida premium de qualidade reconhecida. E é na destilaria Sharish Gin que existe o primeiro e único Centro de Interpretação do Gin da Península Ibérica onde, por exemplo, a panela de pressão que viu nascer o Gin Sharish original se encontra em exposição.
Cada gin é único e pensado para que o seu consumidor tenha sempre uma opção. “Há sempre um gin para cada consumidor dentro da nossa gama” afirma António Cuco. Sharish Gin Original, Blue Magic Gin, Distillers Cut, Gin Laurinius e Gin Orange Blossom fazem parte da gama de gin’s que são “complementares”.
“Na nossa gama de gins em vez de termos concorrentes uns dos outros, que prejudicam a própria marca, temos gins que são complementares. A pessoa que não gosta de Sharish original pode gostar do Magic, a pessoa que não gostar nem do Original nem do Magic pode gostar do Cut” defende.
O Hipersuper quis saber como é que hoje, e depois de tantas mudanças, olha para o mercado. António Cuco admite que “ainda é muito cedo para avaliar. Ainda não conseguimos ver as consequências que todos estes problemas geopolíticos vão trazer mas o impacto do Covid-19 é fácil de avaliar. Os hábitos mudaram. O ano de 2020 foi um ano estranhíssimo e tivemos uma quebra na faturação na ordem dos 35 por cento. Acabaram os momentos de convívio e o mercado mudou muito. As vendas online subiram: não quero exagerar, mas vendemos umas 300 ou 400 vezes mais do que vendíamos antes do início da pandemia” refere.
“2021 foi um ano misto. Começou muito mal mas depois, a partir do segundo semestre, os números foram estonteantes, com recordes de venda sucessivos. Voltaram os convívios, as pessoas já começaram a saber lidar e acabámos 2021 com valores normais” acrescenta.
“Agora continuamos a crescer. O primeiro semestre fechamos com 25 por cento a mais que 2021, que já tinha sido um ano razoável. Estamos a notar muito mais vendas em off trade” diz ainda António Cuco.