Furto no verão: regresso à normalidade traz desafios aos retalhistas

David Pérez del Pino, Business Unit Managing director Checkpoint Systems Portugal & EMEA Channel

Depois de quase dois anos de incerteza, o verão de 2022 apresenta-se como uma época balnear com um regresso à normalidade cada vez mais claro. Contudo, os desafios que se apresentam aos retalhistas estão apenas a começar: a normalidade das férias está acompanhada de um crescendo de crise económica e de uma afluência cada vez mais abrupta às superfícies comerciais.

Se antes da pandemia os retalhistas sabiam, de uma forma generalizada, qual a afluência que teriam, normalmente, nas suas superfícies comerciais, quais os horários e épocas mais críticas, na atualidade esta realidade sofreu algumas alterações.

Por um lado, mantemos na listagem de produtos com maior índice de furto os cremes de bronzear e protetores solares, os fatos de banho e os produtos de praia, por outro, os retalhistas vêem-se cada vez mais confrontados com o furto geral que aumenta com o número de clientes em loja e que, este ano, não permite realizar previsões tão claras como em anos anteriores.

Atualmente, podemos verificar que as grandes cidades, e cada vez mais as cidades de zonas turísticas, estão a sofrer uma maior pressão com o turismo – de acordo com o Barómetro Mundial do Turismo da OMT, os valores do turismo nos primeiros três meses de 2022 cresceram 182% face ao mesmo período do ano anterior, estando Portugal em valores pré-pandemia desde abril deste ano –, ao que se junta o levantamento das restrições de ocupação no comércio. Esta conjuntura vê-se refletida no aumento do número de clientes em cada loja, tornando as operações de segurança e prevenção de perdas cada vez mais complexas.

Os retalhistas passaram de momentos de controlo de afluência em loja condicionados por medidas de saúde, para uma realidade em que o controlo de ocupação é uma medida que ajuda à prevenção das perdas: saber a todo o momento quantos clientes estão em loja é mais do que simplesmente cumprir a lei, é também uma ferramenta que os retalhistas podem, e devem, utilizar de forma melhorar os sistemas de segurança e levarem os colaboradores a estar, de maneira ainda mais ativa, alerta para quaisquer problemas que possam surgir.

Por outro lado, e como forma de ajudar a prevenir as perdas, os retalhistas precisam de manter, de forma clara, os seus produtos protegidos. A tecnologia evoluiu de tal maneira que é possível ter os produtos protegidos sem que, para isso, os mesmos estejam em vitrines, fora do alcance do cliente – por exemplo, os clientes já querem ler os componentes de um protetor solar, se estiverem longe do alcance do cliente, este pode desistir da compra, sendo muitas vezes necessário um colaborador para acompanhar a compra. É esta experiência de compra mais próxima que os retalhistas têm de considerar, seja em que época do ano for, mas mais ainda quando existem cada vez mais clientes em loja.

Mais ainda, é necessário considerar a proteção de todos os produtos. Até há uns anos, a principal preocupação dos retalhistas era proteger artigos de grande valor, sejam aparelhos eletrónicos, roupas de marca ou similares. Mas as tendências atuais vieram provar que os artigos furtados já não têm categorias – desde telemóveis até produtos congelados, todos os artigos são potenciais alvos e, como tal, uma preocupação para os retalhistas.

Portugal é, cada vez mais, um país caracterizado pelo turismo e estar atento às tendências de consumo torna-se mais e mais importante para os retalhistas. Se antes, o controlo da afluência às lojas era mais fácil de gerir, a verdade é que nos tempos que correm é necessário adequar os processos de venda ao elevado número de clientes e canalizar os colaboradores para ações de melhoria de experiência de compra.