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O futuro desafiante do setor têxtil

Por a 27 de Junho de 2022 as 15:36

SASPor Nuno Fernandes, senior account executive do SAS Portugal

Hoje iremos debruçar-nos sobre um dos mais importantes setores económicos de qualquer país, o Têxtil, falando sobre o seu futuro e desafios para um crescimento dito sustentável.

O mercado encontra-se a recuperar, é um facto, mas tem ainda desafios consideráveis ao nível dos custos, atualmente relacionados com o impacto da guerra da Ucrânia no custo da energia, com situações de faturas de energia de um mês a aumentarem 5 vezes desde o ano passado.

Quanto à questão da sustentabilidade, sabemos que a indústria da moda é uma das indústrias de consumo mais geradoras de desperdício no mundo e que figura entre os sectores mais poluentes do mundo. Pensemos nisto: a linha de valor de umas calças começa com o algodão produzido na Ásia, tecelagem feita na América, tinturaria na Europa, confeção na Ásia e, como tal, o têxtil está numa das indústrias com maior pegada de carbono.

Segundo dados recentes, a indústria têxtil ocupa o quarto lugar na utilização de matéria-prima primária e água, e a quinta nas emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) e com menos de 1% de todos os têxteis a nível mundial a serem reciclados.

A par disto, há também a questão da circularidade dos recursos naturais como a água, pretendendo-se efetivamente otimizar a água usada no processo de produção do setor.

Sendo de referir que a Europa vai passar a legislar para a imposição do passaporte da roupa – “Digital Product Passport” – o qual fornecerá informações sobre a sustentabilidade ambiental dos produtos, ajudando por um lado consumidores e empresas a fazer escolhas informadas no ato das suas compras, e por outro ajudando as autoridades públicas a realizar melhor as verificações e controles.

Há aqui uma série de desafios que o setor têxtil tem pela frente, mas as tecnologias avançadas oferecem uma oportunidade de transformar a indústria têxtil, tornando-a mais ética e ambientalmente consciente, sendo que a analítica pode ser considerada como um eixo de suporte a esta indústria em várias vertentes.

De que forma? Na compreensão do cliente, de modo a servi-lo de forma mais efetiva (produto para o cliente certo e com as características certas ao nível da cor, tamanho, tipo de moda, etc.), na compreensão da gama de produtos para perceber tendências e preferências de mercado e geografias, na previsão de comportamentos, nomeadamente ao nível de unidades vendidas, (mesmo não havendo histórico dessa coleção, mas ancorando em atributos comuns das várias coleções e reações imediatas de gostos nos canais digitais que possam antecipar necessidades de produção) e na otimização de stocks e posicionamento de produtos nos locais com procura que permitam reduzir custos de transporte e excesso de produção.

Apesar deste tema da sustentabilidade ser complexo, queremos acreditar que estamos no bom caminho e a verdade é que os clientes estão cada vez mais sensibilizados e, se desafiados, é certo que apoiarão as iniciativas levadas a cabo com o propósito de proteger o meio ambiente.

Em suma, vemos que o setor têxtil tem alguns desafios pela frente e certas dificuldades pelas quais tem de passar, sendo que a colaboração entre parceiros e empresas do mesmo setor é fundamental, estando felizmente já a efetivar-se para ultrapassar as várias etapas das enormes barreiras que vão surgindo.

 

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