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Das perdas desconhecidas à importação paralela: a problemática do grey market

Por a 3 de Junho de 2022 as 17:23

david_perez-19102015-9668Por  David Pérez del Pino, business unit managing director Checkpoint Systems Portugal & EMEA Channel
O sector do retalho é uma das áreas económicas que mais sofre com as flutuações inerentes ao poder de compra dos consumidores, não apenas associado ao próprio mercado nacional em que se enquadram, mas também, e acima de tudo, pela influência que a pressão internacional exerce sobre os hábitos de consumo.

Parte integrante do comportamento dos consumidores está, de forma bastante clara, o potencial do consumo associado a determinadas marcas, o que, nos tempos que correm, faz surgir uma nova problemática para o sector: o designado grey market, ou importações paralelas.

Produtores e retalhistas sofrem, em diferentes pontos da cadeia de distribuição, um nível diferente de probabilidade de perdas, mas no momento em que o produto chega ao consumidor final, este não tem, em muitas situações, propriamente consciência do que está a montante do seu ato de compra.

Entre os retalhistas, as perdas consideradas desconhecidas são passíveis de ser integrantes em grandes grupos, desde o furto simples, ao furto organizado ou por colaboradores, entre outros. Contudo, quando procuramos observar qual a posição dos produtores face a esta problemática encontramos uma nova barreira: o desvio ou distribuição de bens autênticos fora dos canais de distribuição oficiais, sem a aprovação do titular da marca ou marca registada, uma situação comumente associada à diferença de preços entre países, sobretudo quando têm uma fronteira direta.

De entre os diferentes subsectores do retalho mais afetados por esta situação encontramos as bebidas, nomeadamente as bebidas com alto valor de venda no mercado e status social associado.

O nível de perdas associadas a este comércio paralelo é difícil de contabilizar, sobretudo considerando que em muitas situações alguns produtores não têm sequer a possibilidade de medir de forma fidedigna os valores/percentagens de produtos que são comercializados por este meio. Contudo, o mercado começa já a oferecer soluções integradas, baseadas em RFID que podem ajudar nesta necessidade de rastrear os produtos do momento em que está na linha de engarrafamento, e que saem do produtor até ao consumidor final, sendo até possível perceber em que ponto e porque meios passou um posto fronteiriço, compreendendo melhor qual o trajeto realizado.

Ainda que consumidor e produtor não estejam, em grande parte destas situações, conscientes de que o produto em causa possa ter passado por uma situação de importação paralela, a verdade é que a rastreabilidade do produto garante ao produtor um maior controlo sobre o trajeto realizado, o que acaba por se revelar num garante de proteção de marca que de outra forma não seria possível estabelecer.

Se os retalhistas lutam contra as perdas desconhecidas, a verdade é que os produtores têm, cada vez mais, que se preocupar com mercados e importações paralelas dos seus produtos, mais ainda quando nos encontramos em ciclos de contração económica que afetam, de forma determinante, os hábitos de consumo dos clientes. Evitar as perdas não é um problema apenas da loja, é sim do retalhista em toda a sua cadeia de distribuição, e do produtor, logo no momento em que se encontra na fase de produção – e as soluções para esta gestão estão à disposição de todos.

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