FMCG Homepage Newsletter

Rafael Garrido (The Vegetarian Butcher): “A estratégia passa por ‘hackear’ a indústria da carne animal”

Por a 6 de Maio de 2022 as 14:22

Rafael_GarridoA marca “The Vegetarian Butcher” é vendida em 30 mil lojas, em 45 países, e está a entrar agora no retalho português. “É apenas o começo da nossa expansão global”, diz Rafael Garrido, brand manager, em entrevista ao Hipersuper

A marca de refeições vegetarianas “The Vegetarian Butcher” conquistou os lineares das lojas Continente, fazendo a sua estreia no mercado nacional no canal da distribuição moderna.

Sim, a marca entrou no canal de restauração português em março de 2020. Concretizou a sua entrada com lançamentos como o Whopper Vegetal, do Burger King, as pizzas vegans, da Telepizza e o Caril Vegan, do Chickinho, uma cadeia local de frango assado.

A marca nasceu na Holanda.

Sim, tudo começou na Holanda, com Jaap Korteweg, um agricultor de nona geração e amante de carne, que definiu o seu grande objetivo de se tornar no maior talhante do mundo. A visão da marca consiste em lançar uma revolução alimentar que liberte os animais da cadeia alimentar, criando um mundo em que o consumo de carne à base de plantas se torne a norma.

A marca pertence à Unilever?

A marca pertence à Unilever desde dezembro de 2018. Antes disso, a marca só existia na Holanda e no Reino Unido. Ao adquirir a marca, a Unilever proporcionou uma oportunidade única para concretizar o grande objetivo de Jaap Korteweg: tornar-se no maior talhante do mundo. Desde então, a marca já se espalhou pelo mundo, estando presente na América Latina, nas Caraíbas, no Norte de Africa, e na Asia.

A nossa inovação permite-nos satisfazer essa necessidade dos vegetarianos, dos flexitarianos ativos e dos que substituem a carne ainda cautelosamente. Resumindo, esta mistura de inovação e tradição foi o que levou este produto a estar agora em 30 mil lojas de retalho em mais de 45 países, e isto é apenas o começo da nossa expansão global.

Qual a posição desta marca atualmente no mercado português?

A marca está presente no mercado de restauração português desde 2020 e acabou de entrar no canal de retalho nacional. Ainda estamos numa fase de crescimento. Mas, a nossa ambição a nível europeu é sermos líderes do segmento de alternativas plant-based à carne animal em todos os países que operamos.

Com a entrada no Continente, como preveem que ocorra a evolução das vendas?

Com esta entrada no canal de retalho português, prevemos que as nossas vendas cresçam à medida que formos divulgando mais sobre a marca e que a nossa comunidade recomende os nossos produtos àqueles que ainda duvidam do sucesso das alternativas à carne animal.

Estão a negociar a entrada noutras cadeias de supermercados?

Nesta fase inicial de lançamento, os artigos encontram-se disponíveis nas lojas Continente, Meu Super e Go Natural. Acreditamos que este lançamento será um sucesso e, portanto, fulcral para aumentos de distribuição e entrada nas prateleiras de todas as cadeias de hiper e supermercados a nível nacional.

Como se constitui o portefólio à venda em Portugal?

Consiste em cinco produtos. O Legendary Burger é uma versão vegana de hambúrguer de carne de vaca. Este é já o best-seller da marca. O Chickened Out Burger é o nosso hambúrguer de “frango vegan”. O Kikiricrunch Burger é o nosso hambúrguer de “frango vegan panado. Em quarto lugar, os Lucky Nuggets, o snack para partilhar com família e amigos. Por último, os Chicken Winners: pedaços vegetais com sabor a frango.

Que estratégia desenharam para fazer crescer a marca?

A estratégia da marca passa por “hackear” a indústria da carne animal, daí o uso de termos do género “a nova carne”. Os nossos produtos procuram satisfazer a procura daqueles que procuram consumir menos carne animal, mas não querem abdicar do sabor tenro e suculento que a mesma proporciona. A nossa estratégia digital consiste em fazer crescer a nossa comunidade orgânica nas redes socias, interagindo com os nossos seguidores diariamente e mantendo-nos relevantes perante os acontecimentos atuais. Assim, conseguimos liderar o nosso exército na maior revolução alimentar de todos os tempos.

Que balanço faz das vendas de refeições vegetarianas no mercado nacional?

As vendas de refeições vegetarianas em Portugal têm explodido nos últimos anos, algo que foi ainda mais acentuado durante o período da pandemia. Este crescimento deriva de um aumento de procura dos consumidores devido a três grandes fatores: preocupação com a saúde e melhoria de qualidade de vida através da dieta alimentar, crescente preocupação com o bem-estar animal, acentuado pela difusão de informação e documentários sobre o tratamento de animais no processo da cadeia alimentar e o impacto ambiental que a intensa indústria animal traz para o planeta.

Quanto representa este setor em valor?

A carne animal ainda é um elemento tão presente nas dietas dos consumidores portugueses, que 315 gramas de carne animal são consumidos por pessoa, por dia, em Portugal (o equivalente a dois bifes por dia por português). Por isso, o mercado português de carne animal vale mais de 6 mil milhões de euros. Dentro deste espaço, existe o mercado de alternativas à carne, que valia, em 2019, mais de sete milhões de euros. Dito isto, existe um enorme potencial de crescimento.

Os produtos estão atualmente disponíveis em 30 mil lojas, em mais de 45 países. Qual a faturação global desta marca?

Em 2020 e 2021, a marca registou uma taxa de crescimento de faturação mensal global de 40% e 32%, respetivamente. Esperamos que a nossa entrada no retalho português consiga ajudar-nos a crescer mais no futuro.
*

Entrevista publicada na edição 401 do jornal Hipersuper

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *