O papel dos managers na retenção e desenvolvimento de colaboradores no retalho

Por Margarida Monteiro, senior consultant retail na Michael Page
O retalho sempre foi uma área muito marcada pela falta de mão-obra, principalmente em funções mais operacionais. Durante a pandemia sentimos esta realidade de forma mais acentuada por todas as questões inerentes à situação (colaboradores doentes e de quarentena, entre outros). Passados dois anos, com a retoma da economia, a dificuldade prende-se em ter equipas suficientemente estáveis que consigam dar resposta a um consumidor muito exigente e que voltou em força. A preocupação com a retenção dos colaboradores na área do retalho, não é uma temática nova, contudo, esta nova realidade pós-covid trouxe alguns desafios que até então não eram tão visíveis.

Mas como podemos trabalhar esta questão dentro das organizações? Por um lado, podemos desenvolver os colaboradores através de formações, potenciando a partilha de conhecimento. Segundo um estudo do Linkedin, 94% dos colaboradores mostraram-se mais comprometidos com a empresa, caso existisse a possibilidade de desenvolverem as suas competências profissionais através de formações. Se, em algumas situações, o trabalho remoto veio para ajudar, neste caso em concreto poderá ser um obstáculo. Por isso, é importante que as empresas também pensem num bom desenvolvimento em termos de ferramentas tecnológicas que possibilitem a partilha de informação entre colaboradores.

Por outro lado, outra estratégia bastante eficaz é o envolvimento dos managers na partilha das necessidades das suas equipas. Sabemos que o engagement de uma equipa poderá estar fortemente explicado pelo tipo de gestor que a gere e uma solução simples passa por ouvir as equipas de gestão.

As equipas de gestão têm, frequentemente, a noção das lacunas que as suas equipas têm em termos de competências. Por isso, muitas vezes são estes profissionais as melhores pessoas para partilharem conhecimento em cursos e formações. Neste sentido, as empresas devem implementar processos que possam quantificar as necessidades das equipas junto dos gestores. Este processo pode ser feito através dos Recursos Humanos (RH), complementado com discussões internas das equipas de gestão sobre iniciativas a promover internamente.

Dar um papel específico aos gestores é um dos pontos mais fulcrais no envolvimento das equipas. Como têm mais visibilidade e controlo das prioridades das suas equipas, o departamento de RH deve aproveitar este envolvimento para incutir nas equipas um maior comprometimento e participação.

Pode ser difícil para as equipas de gestão incentivar as equipas a aprender algo novo quando estão sobrecarregadas com o seu trabalho diário, ainda para mais quando falamos de uma área tão dinâmica e imediata como o retalho. Aqui, o grande foco dos managers é criar um espaço (e tempo) destinado a este tipo de formações, mostrando também disponibilidade para participar nestas mesmas formações. Este tempo e participação irá, certamente, incentivar a equipa a participar. Outra questão muito importante para os managers é ajudar a própria equipa a implementar as aprendizagens feitas ao longo destes processos de formação.

Com as rápidas mudanças que o mercado de trabalho tem sofrido, concretamente na área de retalho, é necessário pensar em reter e desenvolver os colaboradores. Contudo, esta estratégia não tem de passar apenas pelo envolvimento dos RH, mas também das equipas de gestão. Cada vez mais, os managers têm uma posição única para impulsionar a retenção e o comprometimento das suas equipas, as empresas apenas precisam de fornecer as ferramentas necessárias.