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Pedro Soares dos Santos: “Estamos preparados para mitigar o que se pode passar [aumento de preços] ao consumidor”

Por a 10 de Março de 2022 as 15:13

Pedro Soares dos Santos, presidente do conselho de Administração

O cenário é de aumento significativo de custos e, em conferência de imprensa realizada esta quinta-feira, Pedro Soares dos Santos, CEO e chairman da Jerónimo Martins, garantiu que a companhia está “preparada para mitigar o que se pode passar ao consumidor  [aumento de preços]” e o que a companhia pode “absorver” em termos de aumentos de custos.

 

“Este vai ser o grande exercício das próximas quatro ou cinco semanas. Vai haver uma enorme pressão para aumentar os preços. Vamos ter uma grande luta para travar o aumento dos preços”, afirmou Pedro Soares dos Santos, em conferência de imprensa da apresentação anual de resultados, tendo a companhia apresentado um lucro de 463 milhões de euros, mais 48,3% em relação ao ano anterior.

 

Face aos problemas decorrentes da invasão da Ucrânia pela Rússia, o CEO da Jerónimo Martins realçou que  esta “terá impacto no negócio”. “Há uma grande incerteza sobre o futuro da operação, o aumento dos custos sobe a incerteza”, referiu o CEO do grupo, não se comprometendo, assim, a fazer projeções para o exercício de 2022. “As projeções para este ano são reservadas. Não tenho certezas em relação à inflação. A inflação das commodities é grande e tem grande impacto na cadeia alimentar. Por isso, prefiro manter a reserva nesta matéria”, salientou.

O responsável acrescentou que o grupo está preocupado com a dívida e a subida dos juros. “O impacto que vai ter nas famílias será muito grande”, afirmou, defendendo que, para fazer face a este cenário, é “necessário um alívio fiscal.
Soares dos Santos defendeu, em concreto, um alívio do IRS das famílias e uma diminuição do IVA. “Teríamos de baixar os impostos sobre a energia para sermos competitivos”, afirmou, defendendo que o governo teria de fazer “grandes reformas ao nível dos custos”. Para se fazer um alívio fiscal são necessárias reformas. E é preciso coragem”, defendeu.

O CEO da Jerónimo Martins admitiu ainda que se adivinham tempos difíceis em matéria de negociações com os fabricantes, devido à pressão derivada do aumento dos custos. “Vai trazer alguma dificuldade nas negociações: Estas não vão ser fáceis, mas teremos de saber lidar, porque não podemos passar tudo para o consumidor”, defendeu.

Em relação à Biedronka, a insígnia da companhia na Polónia não teve ainda problemas na cadeia de abastecimento por causa da guerra. “Em termos de supply chain não sentimos uma disrupção”, afirmou Luís Araújo, CEO da insígnia, embora tenha admitido que essa realidade possa vir a suceder nas próximas semanas. A Biedronka, conforme já anunciado, retirou das suas prateleiras todos os produtos originários da Rússia e da Bielorrússia, mas o CEO garantiu que o abastecimento de produtos está garantido. “A nossa operação baseia-se bastante em marca própria. A Polónia é um país com uma indústria muito forte. E a maioria dos nossos produtos é fabricada na Polónia”, referiu.

 

Em relação à expansão da operação em território polaco, Luís Araújo garantiu que a companhia “mantém o plano de desenvolvimento intacto”. “Vamos concretizar o nosso plano”, afirmou, não escondendo, no entanto, as dificuldades. “Há um impacto que se faz sentir em algumas componentes da construção”, admitiu.

 

Para 2022, a Jerónimo Martins prevê investir 850 milhões de euros. Em Portugal o investimento será de 175 milhões de euros, sendo 150 milhões canalizados para o retalho alimentar. Os restantes 25 milhões de euros serão canalizados para o agroalimentar. “No agroalimentar estamos em fase de perceber onde vamos fazer investimentos”, afirmou Pedro Soares dos Santos. “Vai crescer nos próximos anos, mas não queremos cobrir todas as áreas do agroalimentar”, acrescentou,

 

 

Quanto à expansão da operação para outro território ou uma eventual aquisição – já foi anunciada a intenção da Jerónimo Martins investir na Roménia -, Soares dos Santos disse que, nas atuais circunstâncias, é difícil. “Este ano é mais importante dar apoio à população do que uma aquisição”, conclui.

 

 

 

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