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O retalho na vanguarda da proteção ambiental

Por a 21 de Janeiro de 2022 as 14:32

david_perez-19102015-9668Por David Pérez del Pino, business unit managing director Checkpoint Systems Portugal & EMEA Channel

A superpopulação mundial, que pode atingir mais de 10 mil milhões de habitantes nos próximos anos está, de acordo com os mais recentes relatórios, a incrementar a pressão exercida sobre os recursos ambientais e, como tal, os recursos alimentares.

Com um valor total de 89 milhões de toneladas de perdas em alimentos a nível europeu, o retalho representa, no que a este tema diz respeito, 5% do desperdício total, ou seja, mais de 4 milhões de toneladas . Se a esta tendência compararmos o contraponto da diminuição de quase 50% de desperdício alimentar em casa registado pelos consumidores, é possível observar que a balança está a tender para a necessidade de adotar medidas de forma urgente por parte do retalho. Ainda que as tradicionais campanhas de sensibilização para a preservação ambiental e a diminuição do desperdício alimentar seja, no que diz respeito à responsabilidade social, uma estratégia importante para as empresas, a necessidade de agir e ser mais pró-ativo é uma imposição social e financeira que os retalhistas têm que assumir. Não apenas estes valores correspondem a um grave impacto europeu para o desperdício alimentar, mas também representa a perda de milhões de euros diariamente em todos os sectores dos produtos perecíveis.

No departamento de mercearia do retalho, os produtos perecíveis correspondem a cerca de 50 a 60% do total das vendas. Dadas as reduzidas validades que os mesmos comportam, a verdade é que, ser possível gerir os stocks disponíveis, os seus prazos e como escoar os que se aproximam do fim de vida, são dos principais desafios que os operadores encontram. Mas, a renitência que os produtores apresentam face à necessidade de etiquetar de forma mais inteligente, é um dos obstáculos mais difíceis de ultrapassar.

Assim sendo, as estratégias de vendas, como sejam as promoções aplicadas a produtos perto do final da validade, são as mais vulgares de encontrar no retalho. Mas, esta é uma gestão difícil de implementar quando nos referimos ao grande retalho. Há poucos anos atrás, a estratégia passava pela verificação manual das validades, permitindo uma rotação dos stocks a preços mais baixos, mas a gestão e o uso de recursos de pessoal que esta movimentação impunha sempre representaram um esforço financeiro extra para os gestores.

Neste sentido, os fornecedores de sistemas de gestão de perdas inclinam-se, nos tempos que correm, para uma maior eficiência tecnológica para diminuir o desperdício. Não nos referimos apenas a etiquetas e soluções mais eco sustentáveis e com materiais recicláveis ou reciclados, mas sim, a soluções que integram os produtos desde o produtor até à venda, acompanhando toda a cadeia de distribuição dos produtos perecíveis. E, se por acaso os retalhistas se encontrarem com fornecedores de produtos renitentes a adotar estas novas ferramentas, é possível ao comerciante, em qualquer ponto da sua cadeia, instalar novas soluções que gerem os seus stocks, as validades e até as campanhas a implementar para cada um.

Uma abordagem holística seria a ideal, na qual quer o retalhista quer o produtor caminhem lado a lado na diminuição do desperdício alimentar associado à má gestão de stocks e de validades, contudo, a realidade é bem mais drástica: a gestão tem que ser implementada em qualquer ponto, por qualquer dos atores da distribuição e venda, como forma de colmatar perdas e desperdícios desnecessários. Olhar para o futuro do retalho alimentar não se fica apenas pelas vendas, mas sim, e acima de tudo, pela sustentabilidade alimentar, ambiental e social que estes intervenientes representam no quotidiano dos consumidores.

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