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Entrevista Lyana Bittencourt: “Desenvolvemos o conceito da primeira loja Motorola do mundo”

Por a 2 de Dezembro de 2021 as 15:34

Lyana BittencourtO grupo brasileiro Bittencourt, especializado na expansão de redes de franchising, estabeleceu uma parceria com o grupo Your para iniciar atividade no mercado português. Em entrevista ao Hipersuper, Lyana Bittencourt, diretora executiva do grupo Bittencourt, avança que o objetivo no mercado português passa por ajudar as empresas a desenvolver  novos conceitos de negócio e de retalho  e a internacionalizá-los

 

O grupo Bittencourt nasceu há três décadas no Brasil com a missão de ajudar a desenvolver, gerir e expandir redes de negócios de franquia. Este ainda é atualmente o vosso core business?

O nosso negócio tem evoluído ao longo do tempo, sendo que o core business continua a ser o desenvolvimento, gestão e expansão de redes. A nossa atuação estende-se para as indústrias e o retalho em geral, continuando sempre fortes na atuação dentro das redes de franquias.

Que serviços principais prestam na área de FMCG (Fast-Moving Consumer Goods) e empresas de distribuição e retalho?

Apoiamos as empresas da área de FMCG no desenvolvimento de novos conceitos de negócios, principalmente com foco no crescimento dos mesmos, no consumidor e com pesquisas profundas do mercado e benchmarks de conceitos de todo o mundo. Temos conseguido construir, em conjunto com o cliente, novos modelos de negócios que se adequem à sua estratégia de ocupação do mercado e visão de futuro para a marca.

Pode partilhar, em linhas gerais, exemplos de projetos desenvolvidos?

Temos alguns projetos desenvolvidos para empresas como Motorola, M.A.C (Estée Lauder), Weleda, Xiaomi e Carrefour, entre outros. Para a Motorola, por exemplo, desenvolvemos o conceito da primeira loja Motorola do mundo, que já está a ser replicado noutros países.

Para a M.A.C desenvolvemos o projeto de franquias da marca e somos responsáveis pela expansão em todo o território brasileiro.

Para o Carrefour, fizemos todo o planeamento de expansão de uma das marcas do grupo.

Porque decidiram expandir agora o negócio para Portugal? Fizeram-no em parceria com o Grupo Your. Porquê?

Entendemos que o mercado português é um mercado ainda muito incipiente na área de franchising. Consideramos que existe um grande potencial para diversas marcas portuguesas, e para um investimento neste modelo de expansão, usufruindo da nossa competência neste setor, acumulada ao longo dos anos.

O Brasil está entre os dez principais mercados de franquias do mundo e é bastante maduro, podendo servir de benchmark para o desenvolvimento de tudo o que se refere a boas práticas no setor de franquias.

No nosso planeamento estratégico sempre existiu a visão de internacionalizar a nossa empresa e procurávamos o momento e o parceiro ideais para isso. Juntámo-nos ao Grupo Your pois, ao longo das nossas trocas de ideias, ficou clara a sua reputação no mercado português e a seriedade com que desenvolviam os negócios e lidavam com os seus clientes. Além disso, percebemos que existia uma congruência deste grupo com os nossos valores e a nossa forma de ser e estar.

Que valor acrescentado trazem para o mercado nacional?

Consideramos que a principal contribuição vem da nossa trajetória, de mais de 36 anos de atuação junto de redes de negócios e franquias. Apoiamos mais de 2500 empresas a expandirem os seus negócios de forma sustentável e crescente, desde empreendedores mais juniores até grandes indústrias, dos mais diversos segmentos de mercado. Pretendemos aportar este nosso conhecimento e a expertise dos nossos profissionais especialistas, a cada um dos projetos desenvolvidos por nós.

Que investimento fizeram para lançar o negócio em Portugal?

Não divulgamos esses números.

Quais os objetivos delineados para o mercado nacional?

Além de apoiar as empresas no desenvolvimento de novos conceitos de negócios, queremos também ajudar as redes de retalho a expandirem as suas marcas internacionalmente e a desenvolverem novos conceitos de retalho, que possam ser replicados de forma contínua e crescente.

Quantas pessoas constituem a equipa que vai trabalhar o mercado nacional? Onde se instalaram?

As nossas instalações ficam situadas na mesma localização da sede do grupo Your, temos um country manager/CEO português, além das equipas de marketing e operações que estão divididas entre o Brasil e Portugal. Estamos a trabalhar a full time, com tendência a fazer crescer a nossa equipa, à medida que os negócios forem evoluindo.

O objetivo é, a partir de Portugal, marcarem presença em outros países europeus? Se sim, quais?

O próximo passo deve ser o mercado espanhol e devemos avançar para outros países, à medida que os negócios se forem desenvolvendo.

Tem também como objetivo chegar ao mercado africano. Quando? Porquê?

O facto de termos a mesma língua permite-nos chegar e entrar de forma mais pragmática em países como Angola e Moçambique. A proximidade cultural é também um fator que valorizamos muito quando considerámos estes países.

“Juntamente com o grupo Your pretendemos levar a cabo uma missão empresarial com visitas técnicas logo a partir do início de 2022, nomeadamente marcando presença no maior evento realizado pela Nacional Retail Federation”, disse na conferência “A indústria e o Direct to consumer: diferenciação e inovação”. Que iniciativa é esta?

A NRF é a Federação de Retalho Americana, que realiza há muitos anos a principal feira de retalho em todo o mundo. Nela estão presentes os maiores players do mercado, que partilham as suas estratégias e melhores práticas de negócios. Este é sempre um grande momento de inspiração e reflexão, sobre o que está para chegar nesta área. Além de debates muito importantes, a NRF Big Show traz uma feira de tecnologias voltada para a área de retalho, que dá a conhecer o que de mais inovador pode ser incluído nos negócios.

Além desses benefícios, o nosso grupo é composto por grandes executivos retalhistas e a oportunidade de networking é valiosíssima. Consideramos a NRF Big Show um momento de paragem obrigatória para as empresas, que desejam fazer crescer os seus negócios.

“É nossa premissa marcar a diferença junto da indústria do grande consumo, através da revisão de conceitos, modelos de negócio, inovação, uma vez que é a partir destas abordagens que se reinventam as empresas”, acrescentou. Que trabalho fazem com os clientes passo a passo?

A nossa metodologia é construir o projeto junto com o cliente, num verdadeiro processo de cocriação. Geralmente começamos a procurar inspirações em negócios, dos mais diversos segmentos, que possam trazer insights para o projeto, além de partilhar a nossa expertise no desenvolvimento de novos modelos de negócio para marcas dos mais diversos segmentos.

Em seguida, definimos quais os pilares que irão direcionar todo o conceito de negócio tendo em consideração uma série de fatores que passam pela experiência do consumidor, tecnologia utilizada e modelos de atendimento, entre outros.

Estão são os pilares que vão guiar a construção do novo conceito. Faz parte também do processo, definir um mapa de oportunidades com pesquisas aprofundadas junto de potenciais clientes e consumidores da marca. No atual cenário de negócios, nada pode ser desenvolvido sem ter o envolvimento do consumidor, sob o risco de se perder investimento e poder prejudicar a marca.

Quais são na sua opinião os grandes desafios e tendências que enfrenta o mercado de grande consumo no próximo ano?

De uma maneira geral, o grande desafio é entender qual será o comportamento do consumidor neste novo cenário retalhista pós-Covid. Será certamente um consumidor cada vez mais consciente sobre as questões globais, tais como problemas ambientais e novas vagas da pandemia. Estão cada vez mais envolvidos com a área de sustentabilidade, desejam estabilidade e segurança. Além de terem sentido um grande impacto no seu comportamento de consumo. Estas mudanças de cenário tornaram o consumidor mais reticente em consumir. Esta situação muda e mudou tudo, sobretudo no que se refere ao seu relacionamento com as marcas.

Algumas tendências passam pelo desenvolvimento de parcerias estratégicas com empresas que possam oferecer negócios complementares e que permitam a composição de uma solução completa para o consumidor, além de potenciarem o desenvolvimento de negócios que estejam mais próximos e que ofereçam experiências realmente relevantes.

A inclusão e a diversidade devem também fazer da génese das empresas, e da composição dos pilares do ESG (Environmental, Social and Governance). Afinal, negócios comprometidos com boas práticas de gestão e governação tendem a serem mais sustentáveis e, por isso, alcançam melhores resultados.

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