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David Carvalho (Veracruz): “Estimamos produzir 4.000 toneladas de amêndoa a partir de 2025”

Por a 18 de Novembro de 2021 as 15:39

VERACRUZ

Depois de concluir um investimento de 33 milhões de euros na expansão do projeto agrícola, o grupo Veracruz vai desembolsar mais dois milhões de euros para aumentar a área de amendoal e 15,3 milhões numa unidade industrial de descasque e secagem de amêndoa, conta David Carvalho, CEO e sócio fundador da Veracruz, em entrevista ao Hipersuper.

O grupo Veracruz anunciou, em 2019, um investimento de 50 milhões de euros na região da Beira Baixa para produzir amêndoas de variedade mediterrânica. Deste valor, qual o montante já investido e em que projetos?Até agora, já investimos 33 milhões de euros na expansão do projeto agrícola. Iremos investir mais dois milhões de euros nesta área e 15 milhões de euros na fábrica de descasque e secagem de amêndoa, que deverá começar a funcionar em 2023.

Onde ficará instalada a fábrica?

A fábrica ficará instalada em Idanha-a-Nova e deverá começar a funcionar em 2023. Vai criar, inicialmente, 30 postos de trabalho e envolve um investimento total de 15,3 milhões de euros.

Quais as principais características deste investimento industrial?

Esta unidade de descasque e secagem de amêndoa vai valorizar um produto com origem numa região de excelência e de elevada qualidade. E, tal como sucede com a produção, na área industrial também vamos apostar em tecnologia de ponta, sempre com foco em princípios de sustentabilidade e de economia circular. Por exemplo, a casca da amêndoa será utilizada para gerar energia. Acreditamos que é um investimento industrial emblemático que irá reforçar a fileira dos frutos secos da Beira Interior.

Quantos postos de trabalho criaram com o investimento já efetuado e quantos preveem criar aquando da conclusão do investimento?

Este investimento irá criar cerca de 50 postos de trabalho diretos e mais de cem indiretos. Neste momento, temos já 33 trabalhadores na nossa equipa, 90% dos quais são da região. Damos prioridade aos trabalhadores locais e queremos que este seja um projeto estruturante para o distrito de Castelo Branco, não só em termos de atração de talento como de exemplo de boas práticas de produção. Queremos atrair talento para a região e contribuir para a fixação de jovens no interior. No nosso quadro de pessoal, temos colaboradores de outras regiões e de outros países que escolheram a Beira Interior para se fixar e viver.

Quando deverá estar concluído o projeto de investimento?

O projeto estará concluído até 2023.

Na altura em que anunciaram o investimento, previam ter uma produção de quatro mil toneladas quando a produção estivesse 100% instalada. Em que pé está esse objetivo?

Estimamos atingir 4.000 toneladas de produção a partir de 2025. Em 2022, a previsão é alcançar as 800 toneladas de produção.

Para quando está previsto o retorno do investimento?

Um projeto agrícola desta magnitude tem um retorno de investimento de oito a dez anos.

Têm a produção concentrada na Beira Baixa. Onde estão localizadas as propriedades? Qual a área total dedicada ao amendoal?

A Veracruz tem atualmente 1.300 hectares distribuídos entre o Fundão (Herdade do Carvalhal) e Idanha-a-Nova (Herdade do Vale Serrano, Herdades do Rochoso, Presa e Joanafaz). Destes 1300 hectares, 850 já estão plantados.

Quais as variedades de amêndoa nas quais apostam?

Produzimos as variedades Soleta, Belona, Guara e Avijor, todas mediterrânicas. Procuramos um sabor crocante, suave e rico, que se beneficia da localização privilegiada na Beira Baixa.

Quais os números das primeiras colheitas? Estavam em linha com as expectativas?

Em 2020, colhemos as nossas primeiras amêndoas, uma colheita simbólica de 50 toneladas e que chegou mais cedo do que o esperado. Este ano, posso adiantar que atingimos as 400 toneladas, um número que superou as nossas expectativas e que já é fruto de uma estratégia assente em smartfarming, que cuida com enorme precisão do solo, da água e das árvores.

Em que consiste a estratégia de smartfarming?

O nosso projeto foi desenhado de raiz para unir a tecnologia à agricultura. No campo, usamos o que há de mais inovador para reduzir o impacto de variáveis que não controlamos e conseguimos medir com exatidão o uso da água, por exemplo. Criámos mesmo a Veratech, braço tecnológico do grupo, com uma equipa própria que investiga, testa e implementa as ferramentas de smart farming e trabalha em estreita ligação com instituições académicas.

Que ferramentas são essas?

Somos os primeiros produtores de amêndoa a ter um sistema de blockchain na produção que permite a toda a cadeia acompanhar o percurso do produto de forma 100% automatizada e em tempo real. Também somos pioneiros em Portugal no uso da tecnologia Aqua4d, que trata a água antes de ser aplicada à cultura e promove o desperdício zero dos recursos hídricos. Um dos projetos que temos em curso é incorporar todos os indicadores agrícolas, climáticos e industriais numa grande base de dados que nos permitirá gerar informação fundamental sobre desempenho e processos. Esta análise em tempo real utiliza inteligência artificial e machine learning e será uma ferramenta preciosa para gerir recursos e reduzir o desperdício.

Preveem exportar 70% da produção. Como chegaram a esta cifra?

Esse objetivo foi resultado de uma análise da procura de amêndoa no mercado nacional e da necessidade existente no mercado global. Já estamos a exportar as nossas amêndoas para Espanha.

Quais os mercados internacionais mais importantes na estratégia de expansão internacional da Veracruz?

Europa e Ásia são as geografias estratégicas, mas ainda estamos numa fase inicial do nosso projeto. O objetivo é inverter a situação deficitária de Portugal no que toca à produção de amêndoa e contribuir para que o País seja uma referência na produção deste fruto.

Qual a faturação em 2020? Qual a variação esperada este ano?

Sendo o preço da amêndoa uma espécie de commodity, o nosso resultado depende, em parte, da colheita dos Estados Unidos, que acaba por determinar o preço de venda, já que são responsáveis por mais de 80% da produção mundial.

Como se distribuiu o capital da Veracruz?

Os dois sócios fundadores têm cidadania portuguesa. Eu sou sócio maioritário, nasci no Brasil e moro em Portugal, onde decidi investir e viver. Somos um grupo 100% português.

*Entrevista originalmente publicada na edição 396 do jornal Hipersuper

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