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Douro e Terras de Cister lideram crescimento na produção de vinho em Portugal

Por a 2 de Novembro de 2021 as 12:25

vinho verdePortugal deverá produzir este ano cerca de 6,5 milhões de hectolitros de vinho, mais 1% em termos homólogos. As maiores subidas em volume terão lugar na região do Douro, com mais 25 milhões de litros, e em Terras de Cister, região onde a produção deverá aumentar 35%

O nosso País deverá produzir este ano cerca de 6,5 milhões de hectolitros de vinho, o que se traduz num acréscimo de 1% em relação a 2020. O aumento da produção é sustentado pela maioria das regiões vitivinícolas. As maiores subidas em volume terão lugar na região do Douro, com mais 25 milhões de litros de vinho, e na região de Terras de Cister, onde a produção deverá aumentar 35%. No Dão prevê-se um aumento de 15% e em Trás-os-Montes e Alentejo uma subida de 5%. Na Bairrada, a produção deverá estar em linha com a do ano passado. É nas regiões dos Açores (-25%), do Minho (-15%) e de Lisboa (-15%), onde se antecipam as maiores quebras de produção, face à campanha anterior. As previsões são do Instituto da Vinha e do Vinho. Fomos falar com as principais regiões vitivinícolas sobre vindimas, certificação, promoção no exterior e exportações.

ALENTEJO

Francisco Mateus, presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, estima que a região atinja na atual campanha um aumento de produção entre 5 e 10% para 120 milhões de litros, com base nas previsões feitas pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, com quem a CVRA trabalha há mais de 20 anos. Em entrevista ao Hipersuper, o responsável avança que “as boas condições atmosféricas registadas e o controlo de pragas se estão a traduzir na recolha de uvas sãs e fazem prever vinhos de elevada qualidade”.

O Alentejo vitivinícola divide-se em oito regiões delimitadas: Reguengos, Borba, Redondo, Vidigueira, Évora, Granja-Amareleja, Portalegre e Moura, onde está concentrada mais de 70% da área de vinha. “As vindimas ainda estão a decorrer, mas estamos confiantes que o aumento de produção será sensivelmente igual por todo o Alentejo tendo em conta as condições climatéricas do ano agrícola, mas também o aumento de área de vinha, mais 600 hectares face ao ano anterior”, prevê o responsável.

No primeiro semestre do ano, as exportações de vinho alentejano cresceram 20% em valor, gerando receitas de 32 milhões de euros, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). “Também o preço médio por litro de vinho acompanhou a tendência de subida, com um aumento de 5%, para 3,48 euros por litro. No Top 10 dos 89 mercados para onde se exportou, todos registaram subida no preço médio”, indica Francisco Mateus. Em volume, as exportações aceleraram 14% para 12 milhões de garrafas.

Brasil, Suíça, EUA e Reino Unido constituíram os destinos que mais cresceram na exportação de vinhos do Alentejo. A performance no mercado asiático também salta à vista entre janeiro e junho. “Caso mantenham a tendência de crescimento registada até agora, no segundo semestre de 2021, os mercados asiáticos poderão potenciar melhorias nos resultados de exportação de vinhos alentejanos”, estima o presidente dos Vinhos do Alentejo.

No que diz respeito ao orçamento para promover os vinhos do Alentejo nos mercados internacionais, a CVRA conta este ano com 850 mil euros, o que representa um crescimento de 20% face a 2020. “Temos feito uma maior aposta na comunicação digital, tal como em 2020, ano em que houve necessidade de replanear toda a atividade promocional, no qual onde acabámos por fazer mais ações do que o previsto inicialmente e com um menor valor de investimento”, conclui.

ALGARVE

A Comissão Vitivinícola do Algarve estima um aumento de produção na ordem dos 10% na atual campanha para 1,4 milhões de litros, “com perspetivas de excelente qualidade”, prevê Sara Silva, presidente de direção, em entrevista ao Hipersuper, ressalvando que os “valores são preliminares, o apuramento final é realizado com as declarações de colheita e produção no mês de novembro”.

Apesar de na atual campanha a região contar com mais produtores a iniciar a produção de vinhos de Denominação de Origem, concretamente em Lagos e Tavira, a IG [Indicação Geográfica] Algarve continua a representar mais de 90% do volume produzido.

As exportações têm vindo a crescer gradualmente ano após ano e representam entre os 10 a 15% do volume de produção. Em 2020, a comissão apurou 100 mil litros de vinho comercializados sobretudo em países europeus. Mas, as exportações dos vinhos do Algarve estão a crescer no continente americano, nomeadamente nos EUA e no Brasil.

Tendo em conta as restrições orçamentais que resultaram da pandemia, a região encurtou este ano o orçamento para promoção, que se centrou em ações de comunicação e marketing no canal digital.

TÁVORA – VAROSA

O clima e o desenvolvimento vegetativo das videiras contribuíram positivamente para a produção em Távora-Varosa, uma das regiões que lideram o crescimento da produção na atual campanha. José Pereira, presidente de direção da Comissão Vitivinícola Regional de Távora-Varosa, estima que a região termine a vindima com uma subida homóloga de 40% para 50 mil hectolitros de vinho produzido. A vindima na região com 2.181 hectares de vinha plantada apresenta uvas “em bom estado sanitário” pelo que a perspetiva é que a “colheita apresente vinhos de excelente qualidade”.

Apesar de a promoção internacional ainda estar condicionada pelas medidas de combate à pandemia, a região irá reforçar o investimento em relação a 2020. “Estamos num ano de relançamento da região com forte aposta no crescimento e desenvolvimento nos mercados de exportação, sem perder de vista a posição já consolidada no mercado interno”, contou José Pereira ao Hipersuper.

Nos palcos internacionais, os vinhos e espumantes de Távora-Varosa chegam a mercados tão diversificados como Alemanha, Angola, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Dinamarca, Estado Unidos da América, Japão, Macau, Peru, Reino Unido, Roménia, Rússia, Singapura e Suíça.

VINHOS VERDES

A evolução da meteorologia ao longo do ciclo vegetativo da Região dos Vinhos Verdes penalizou a produção. A região deverá produzir entre os 71 e os 79 milhões de litros, valores inferiores à campanha do ano passado, disse Manuel Pinheiro, presidente da Comissão Executiva da Região dos Vinhos Verdes, ao Hipersuper. Apesar da redução na quantidade, o responsável enaltece a qualidade e o facto de este ano a vindima ter o condão de valorizar “um pouco mais” as uvas dos produtores, “premiando”, desta forma, o “esforço de um ano de trabalho”. Sendo muito diversa, a região regista na atual campanha produções mais generosas em Monção e Melgaço, “um pouco menos quanto mais se caminho para o interior dos Vinhos Verdes”, esclarece Manuel Pinheiro. Todos os anos, a região comercializa a totalidade da produção.

A CRV dos vinhos verdes conta este ano com um orçamento próximo de três milhões de euros para promover os néctares do Minho. O Vinho Verde é o segundo vinho com DO [Denominação de Origem] português mais exportado, logo a seguir ao Vinho do Porto. Em 2020, a região alcançou um valor recorde de exportação de 74 milhões de euros. Nos primeiros seis meses de 2021, a região aumentou o volume das exportações em 13%, em termos homólogos.

Presente em mais de 100 países, o Vinho Verde encontra no mercado norte-americano o maior destino de exportação. Em 2020, a região vendeu 16 milhões de litros para os EUA. A Alemanha e os países do Norte da Europa já são bons clientes do vinho da região e começa a despontar o Japão na estratégia internacional. “Estamos a crescer no Japão, onde já vendemos mais de meio milhão de litros por ano, o que é muito bom, pois trata-se de um mercado que valoriza bem os nossos vinhos. Na opinião dos japoneses, o Vinho Verde é o parceiro ideal para o sushi”, enaltece o responsável.

SETÚBAL

Henrique Soares, presidente da direção da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal, estima que a produção na região alcance na atual campanha 499 mil hectolitros, um crescimento de 5% em relação à edição anterior e “ligeiramente acima” da média das cinco últimas campanhas. “Até à data, estamos perante uma vindima de excecional qualidade, que poderá mesmo vir a ser a melhor ou uma das melhores destas primeiras décadas deste século”.

*Artigo originalmente publicado na edição impressa 395 do Hipersuper

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