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Quinta da Ramalhosa vai apostar na produção de cerveja e no enoturismo

Por a 22 de Outubro de 2021 as 12:55

Quinta da RamalhosaO produtor de vinhos Micael Batista e a enóloga Patrícia Santos estão a dar uma nova vida à Quinta da Ramalhosa, no Dão. Reestruturaram a produção e já apresentaram ao mercado quatro néctares. O envelhecimento de vinho em garrafa, a produção de cerveja e o enoturismo são os próximos passos

Micael Batista tinha 18 anos quando fez o seu primeiro vinho que chegou ao mercado com o título Quinta da Ramalhosa Field Blend tinto 2015. Percebeu logo aos 15 anos que o seu futuro profissional passaria por dar continuidade ao negócio da família: a produção de vinhos na Quinta Da Ramalhosa, em Tondela, na região do Dão. Dois anos depois de lançar o seu primeiro néctar, conheceu a enóloga Patrícia Santos e a empresa ganhou um novo impulso. Juntos, restruturaram a empresa e a produção, após o incêndio na região que destruiu uma parte do trabalho feito pela família Batista. Em 2017, fizeram a primeira vindima, em cerca de dois hectares de vinha, que deu origem ao bivarietal Alfrocheiro/Touriga Nacional, e plantaram mais quatro hectares. “O objetivo passou por replicar as vinhas existentes, com mais de 40 anos”, conta o produtor Micael Batista, em entrevista ao Hipersuper.

Atualmente, a área de vinha plantada na quinta é de cerca de sete hectares. As vinhas com idade de 50 anos compreendem uma área de dois hectares e são compostas pelas castas tintas Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen, Tinta Roriz, Baga, Tinta Pinheira, Bastardo, e pelas castas brancas Encruzado, Malvasia Fina, Bical, Uva Cão, Rabo de Ovelha, Fernão Pires e Gouveio. Já as vinhas com três anos ocupam 2,5 hectares e são constituídas pelas castas Touriga Nacional, Alfrocheiro, Baga e Rabo de Ovelha. A quinta conta ainda com mais 2,5 hectares de vinha que serão enxertados em março de 2022.

Quando a produção das novas vinhas entrar em velocidade cruzeiro, a capacidade de produção aumentará para 40 mil garrafas por ano. Agora, a produção anual é de 8.000 garrafas. A adega da Quinta da Ramalhosa engarrafa quatro néctares: Field Blend Branco (colheitas de 2017 e 2018), Field Blend Tinto (2017), Touriga Alfrocheiro (colheitas de 2017 e 2018) e Palhete (2019).  Este último é uma homenagem ao avô do produtor.

“As vinhas velhas do Dão caracterizavam-se tipicamente, antes dos anos 70, por uma mistura de castas tintas e brancas. A uva branca conferia acidez e contribuía para a tonalidade que se pretendia adquirir”, explica o produtor. Atualmente, as uvas brancas são colhidas antes das tintas, mas Michael fez questão de recriar o vinho que o avô fazia no lagar e lançou o Palhete 2019, que conta com 15% de uva branca.

O produtor é apologista de blends. “Os vinhos representam bem a sub-região de Besteiros, pela frescura e elegância, assim como a delicadeza da região do Dão. São um perfil muito próprio que representa o caráter familiar da Quinta da Ramalhosa”. Apesar disso, não descarta a hipótese de lançar monovarietais. Micael Batista vê potencial em dez castas utilizadas para a produção vinícola no Dão. “Vai ser desenvolvido um trabalho dedicado às castas do Dão – com início de plantação prevista para agosto de 2021 -, que se espera vir a funcionar como uma espécie de laboratório de estudo para mostrar ao mundo o que se fazia no Dão. Para esta análise serão utilizadas as castas Cerceal, Uva Cão, Terrantez, Tinto Cão, Alvarelhão, Marufo e Camarate”, adianta.

Definido o terroir dos vinhos, seguiu-se o projeto de expansão da marca. “Em termos comerciais, o projeto está a está a dar os primeiros passos. A distribuição é atualmente feita em Lisboa, em garrafeiras e restaurantes de gama média e alta e no mercado externo, concretamente nos Estados Unidos e em França”, afirma a enóloga, Patrícia Santos. A exportação representa já 20% das vendas, mas a meta do casal é alcançar uma taxa de exportação na ordem dos 70%.

Entre os desafios para fazer crescer a marca, a responsável destaca a singularidade dos néctares. “Os vinhos têm um estilo próprio, que foge um pouco aos projetos que existem na região. A identidade é muito importante e manteremos este conceito, porque é nele que acreditamos. Criar uma marca é sempre trabalhoso e difícil, no meio de tantas marcas e projetos de imensa qualidade. É um desafio que pretendemos alcançar com dedicação e persistência”.

O envelhecimento de vinhos em garrafa, a produção de cerveja e o enoturismo são os próximos passos deste projeto vitivinícola.

*Artigo originalmente publicado na edição 394 do Hipersuper

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