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Antonina Barbosa (Falua): “A perspetiva é aumentarmos a área de vinha nos próximos anos”

Por a 30 de Setembro de 2021 as 11:43

Antonina Barbosa_FaluaO grupo francês Roullier, através da sociedade de vinhos Falua, comprou a Quinta do Hospital, em Monção, e lançou uma nova marca de vinhos verdes: Barão do Hospital. Com um volume de negócios de sete milhões de euros, a Falua tem 100 hectares de vinhas próprias na Região do Tejo e 25 hectares no Minho. “A perspetiva é aumentarmos a área de vinha em ambas as regiões nos próximos anos”, conta Antonina Barbosa, diretora geral e enóloga, em entrevista ao Hipersuper

A Falua, adquirida em 2017 pelo grupo francês Roullier, comprou recentemente a Quinta do Hospital, localizada na freguesia de Ceivães, concelho de Monção. Quando foi concretizada a operação? Qual o valor do negócio?

A recente aquisição da Quinta do Hospital pela Falua começou em fevereiro de 2021, com a concretização da operação a acontecer em maio, altura em que apresentámos o projeto e os vinhos ao setor.

A quinta detém uma área total de 25 hectares, dos quais 10 são dedicados em exclusivo à casta Alvarinho. Tem adega? Qual a capacidade de produção?

A aquisição da Quinta do Hospital acarreta a materialização de um projeto que fortalece a operação de viticultura e produção de vinhos do grupo na Região dos Vinhos Verdes, onde já tínhamos uma adega para vinificação e produção. A capacidade da adega é de 300 mil litros, apresentando condições excecionais para a criação de vinhos que contam e respeitam a história da Região dos Vinhos Verdes. Moderna, criada de raiz, pensada em todos os detalhes para responder às exigências de uma produção de alta qualidade.

O que acrescentou esta aquisição ao ecossistema de negócio da Falua?

Esta aquisição materializa uma vontade que o grupo já tinha há algum tempo de expandir a operação a outras regiões demarcadas. No caso concreto da Região dos Vinhos Verdes, que é uma referência na produção de vinhos brancos em Portugal, temos a firme convicção de que dispomos de um terroir de excepção para produzir vinhos únicos de castas que têm uma afirmação crescente no mercado, como é o caso do Alvarinho e do Loureiro.

Nesse sentido, sim, o Quinta do Hospital é um projeto com valor acrescentado para o negócio da Falua, não só pela diversidade de portefólio que nos permite mas, acima de tudo, pelo desafio de produzir num terroir com características muito diferenciadas e de excelência, no coração da sub-região de Monção e Melgaço, associando um legado histórico secular a uma marca que se quer posicionar como referência na região.

Porquê a Região Demarcada dos Vinhos Verdes?

Acima de tudo, porque acreditamos que a Quinta do Hospital se enquadra, na perfeição, na nossa missão de abraçar projetos que celebrem a excelência e a diferenciação, fazendo crescer com prestígio o negócio de vinhos do grupo em Portugal.  E acreditamos, essencialmente, por duas razões. Primeiro, porque a Quinta do Hospital reúne condições naturais excecionais para produzir vinhos autênticos, de excelente qualidade, depois, pelo legado histórico da quinta, que que remonta ao século XII, período da História em que D. Teresa terá doado as terras à Ordem Hospitalária de São João de Jerusalém ou Ordem do Hospital, para que os Hospitalários se instalassem no Condado Portucalense. Um legado que queremos recuperar e fazer perdurar no tempo.

Têm planos para chegar a novas áreas regiões demarcadas?

Quando o Grupo Roullier adquiriu a Falua, deu início ao seu projeto de vinhos a nível mundial. Escolher Portugal como país de grandes vinhos impõe-nos o desejo e o desafio de alargar o nosso portefólio explorando outras regiões e perseguindo o objetivo de criar projetos diferenciados, com perfis de vinhos únicos e que se destacam.

Qual o volume de negócios da Falua no ano passado?

A Falua tem atualmente um volume de negócios superior a sete milhões de euros.

Foi neste contexto de que lançaram a nova marca de vinhos verdes Barão do Hospital que chega ao mercado com duas referências.

Sim, nesta primeira edição de 2020, produzimos 19 mil garrafas de Barão do Hospital Alvarinho e 37 mil garrafas de Barão do Hospital Loureiro.

Por que decidiram apostar em dois monovarietais?

A riqueza das castas que dão origem a estes vinhos monovarietais definiu naturalmente a orientação das primeiras referências a apresentar ao mercado: em Monção, em pleno berço da casta Alvarinho, não poderíamos deixar de lançar um vinho que significasse a expressão máxima do seu terroir, enquanto ícone de vinhos brancos de eleição.

Por sua vez, o Loureiro – a casta “rainha” da Região dos Vinhos Verdes -, tem um potencial enorme para produzir vinhos de grande qualidade e, por isso, não podíamos iniciar este projeto sem um vinho que representasse a Região dos Vinhos Verdes no seu todo.

Quais as principais características dos dois néctares?

O objetivo foi fazer vinhos com muita identidade, respeitando a casta e o seu terroir de origem.

O Barão do Hospital Alvarinho 2020 é um vinho de cor citrina que se define elegante, intenso e de grande complexidade, com predominância dos aromas de fruta branca e de alguns citrinos, em harmonia com nuances florais e uma irreverente mineralidade. É um vinho estruturado, com uma acidez viva e bem integrada, que se revela num longo final de boca com nota especiada, ideal para acompanhar pratos de peixe, mariscos, carnes de aves e alguns queijos e enchidos.

Por sua vez, o Barão do Hospital Loureiro 2020 apresenta uma cor cítrica, com elevada intensidade aromática. Além das variadas notas florais, destacam-se os aromas a citrinos, como o limão e a lima. Com um longo e intenso final de boca e uma marcante frescura e mineralidade, acompanha pratos de peixe, vegetarianos, massas e saladas ou pode ser servido simplesmente como aperitivo.

Aumentar a gama de vinho da nova marca está nos vossos planos?

Obviamente que sim. Estamos já a trabalhar nisso, pelo que surgirão novidades em breve.

Qual o posicionamento em preço da nova marca?

Os vinhos Barão do Hospital têm um PVP [Preço de Venda ao Público] recomendado de 14,99 euros, no caso do Alvarinho, e 8.49 euros, no caso do Loureiro. O posicionamento do grupo Falua define-se na criação de vinhos de qualidade superior, que acreditamos que afirmam as regiões onde são produzidos também em valor.

Que objetivos traçaram para o primeiro ano de lançamento da nova marca no mercado?

O principal objetivo para este ano de lançamento foi criar vinhos de elevada qualidade, comunicando e posicionando a marca de forma a sermos em breve uma referência nos Vinhos Verdes.

Em que canais de distribuição estão a investir para lançar a marca?

Entendemos que a nova marca deve ter uma forte presença no canal Horeca, assim como temos procurado reforçar a nossa presença junto de canais especializados de venda online que assistiram a um forte crescimento no último ano, sem esquecer as garrafeiras em todo o País. Paralelamente, a moderna distribuição é também um canal onde percebemos que o consumidor, cada vez mais, procura este perfil de vinhos.

A Falua tem com 25 anos de atividade no setor de viticultura e enologia em Portugal. Que principais desafios enfrenta a empresa para crescer no nosso País?

O grupo Falua está num momento de crescimento que reflete, precisamente, a estratégia definida face aos desafios que o mercado português impõe: temos 25 anos de experiência que nos permitem abraçar novos desafios em diferentes regiões, pois temos já uma história marcada pela qualidade, pelo arrojo, pela confiança do consumidor e pela sua preferência.

Em 2020, fomos distinguidos pelas principais revistas especializadas como Marca do Ano – com a marca Conde Vimioso – e Empresa do Ano, o que nos dá a certeza de que temos um feito um percurso sólido e reconhecido pela crítica. Ao mesmo tempo, os prémios internacionais que vamos somando são uma evidência que o mercado português reconhece como rigorosa e indicadora do valor do nosso trabalho.

Têm também adega e vinhas próprias na região do Tejo. Qual a estratégia desenvolvida para as principais marcas de vinho?

A estratégia é simples: criar vinhos diferenciados que sejam verdadeiros embaixadores da região e que sublinhem um posicionamento de qualidade superior.

Com um vasto portefólio disperso pelo mundo, em Portugal destaca-se a história de duas marcas – Conde de Vimioso e Falua.  A gama Conde Vimioso é a chancela com um legado histórico superior a 20 anos, cujos vinhos assumem uma identidade própria em cada uma das 11 referências disponíveis no mercado. Com origem em videiras que crescem entre calhau rolado na icónica Vinha do Convento, contam uma história com mais de 400 mil anos.

Já a marca Falua é a expressão do terroir em cinco referências: os Falua Reserva Unoaked são uma opção distinta para dar a conhecer a excelência natural das castas e a pureza do terroir único da Vinha do Convento, enquanto os Falua Duas Castas desvendam vinhos criados a partir de lotes de duas castas, que evidenciam o equilíbrio e a elegância de um blend naturalmente concebido para surpreender em tons de branco, tinto e rosé.

Qual a capacidade total de produção em Portugal? E área de vinha?

No Tejo, temos 100 hectares de vinhas próprias e acompanhamos a produção de mais cerca de 150 hectares de vinha. Em Monção temos agora 25 hectares de vinha. A perspetiva é aumentarmos a área de vinha em ambas as regiões nos próximos anos.

Quais as principais castas nas quais apostam?

Trabalhamos com muitas castas diferentes, cada uma com características muito próprias. Na Região Tejo temos Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Castelão, Aragonês, Petit Verdot, Syrah, Arinto, Fernão Pires e Verdelho, enquanto na Região dos Vinhos Verdes afirmamos as castas Alvarinho e o Loureiro.

Sendo propriedade de um grupo internacional, quanto representam as exportações para a Falua? Quais os principais mercados?

Exportamos mais de 70% da nossa produção para mais de 20 países em todo o mundo, com destaque para Polónia, Reino Unido, Brasil, Suíça, China, Estados Unidos e Colômbia.

Qual a estratégia para as marcas de vinho nos mercados internacionais?

A estratégia das marcas portuguesas nos mercados internacionais tem obrigatoriamente de se basear na autenticidade e na qualidade dos seus vinhos e, sobretudo, na capacidade de assim os conseguir comunicar.  Este é o nosso foco e acreditamos que é o motivo pelo qual temos crescido internacionalmente e arrecadado diversos prémios em concursos internacionais com as diferentes referências que detemos em portefólio, destacando os vinhos da Falua como referências a seguir ou a guardar.
*Entrevista originalmente publicada na edição 394 do Hipersuper

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