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Pandemia, RFID e omnicanalidade: a trilogia para o futuro do retalho

Por a 2 de Setembro de 2021 as 15:56
David Peréz del Pino, business unit managing director Checkpoint Systems Portugal & EMEA Channel

David Peréz del Pino, business unit managing director
Checkpoint Systems Portugal & EMEA
Channel

No decorrer dos últimos doze a vinte meses, o panorama mundial sofreu um conjunto de transformações não apenas inesperadas, mas também de tal maneira paradigmáticas que, numa visão de futuro, terão vindo para ficar.

O retalho, e sobretudo o retalho alimentar a área alimentar, foi um dos setores em que a pandemia mais se fez sentir e a mais mudanças obrigou. Se por um lado o retalho de apparel, desporto, decoração, entre outros, viram as suas operações suspensas fisicamente, em conjunto com o alimentar, todos se convergiram para a omnicanalidade como base para o sucesso e vendas – a capacidade de adaptação e integração tecnológica foram as ferramentas que permitiram às empresas destacarem-se.

Portugal é um país onde os consumidores facilmente se adaptam às novas tecnologias e novas ferramentas, sempre e quando isso lhes permita comprar de forma mais rápida, acessível e sem muitas barreiras. Se por um lado, é tipicamente português o passeio para as compras, simultaneamente, os consumidores nacionais estão muitíssimo bem informados sobre os produtos, a concorrência e os preços – a relação qualidade/preço, acompanhada da experiência de compra são, evidentemente, um dos trunfos dos retalhistas que queiram fidelizar os seus clientes.

Nesta conjuntura mundial, os consumidores portugueses facilmente se adaptaram, e se anteriormente as compras online se restringiam, na sua maioria, à tecnologia e apparel, a migração para o retalho alimentar foi, evidentemente, uma transição simples e fácil para o cliente.

Contudo, nem todos os retalhistas estavam, ou estão, preparados para o nível de exigência dos seus clientes: o consumidor quer receber ou levantar – em sistema buy online pick in store – as suas compras, na hora por eles definida e sem qualquer falha. Garantir esta fiabilidade e eficiência está nas mãos dos retalhistas.

A nível mundial os retalhistas recorrem, há já muitos anos, às tecnologias EAS e RF para proteger os seus artigos e prevenir as perdas em todos os canais. Ainda assim, as tecnologias têm vindo a evoluir e o recurso ao RFID parece ser, no mundo atual, a ferramenta que melhor está à disposição dos retalhistas e maior retorno de investimento tem. A RFID é uma solução tecnológica que permite combinar as potencialidades da RF e integrar-se em muitos dos seus sistemas não apenas cooperando na prevenção das perdas, mas destaca-se também por permitir uma visibilidade de inventário e gestão de stocks únicas até ao momento.

A RFID é uma ferramenta ao serviço do retalhista que pode ser implementada desde o fornecedor – com etiquetas na origem mais inteligentes – e que acompanham cada um dos artigos individualmente até à mão do consumidor. A qualquer momento e em qualquer ponto da cadeia de distribuição o retalhista sabe onde encontra o artigo pretendido, no tamanho especificado, na cor de eleição do cliente e garante a sua venda de acordo com o pedido, entregando na loja ou em casa do cliente.

Esta conveniência ao cliente, que fica satisfeito em todas as suas compras, estende-se ao retalhista, não apenas na realização da venda, mas também porque as tecnologias RFID se tornaram mais inteligentes e recolhem informação do consumidor que, de outra forma, não seria possível obter. Seja em loja ou online, é possível recolher mais e mais informações do comportamento dos clientes, o que, quando analisado pelos retalhistas, irá permitir construir estratégias de marketing e vendas mais direcionadas e que, no final do dia, ajudam à venda/compra. Até há cerca de um ano e meio, os retalhistas encaravam a RFID mais como um avanço tecnológico a considerar para o futuro, mas as novas realidades de consumo empurram-nos para que estejam a par do que de melhor se faz e que permita garantir vendas.

De um modo geral, a RFID permite ainda organizar o quotidiano dos retalhistas de forma a garantir que o cliente fique satisfeito seja deslocando-se à loja, seja comprando online e recebendo em casa, ou até mesmo, comprando online, mas indo recolher à loja.

Esta nova estratégia de compras é essencial ao consumidor, pois junta o melhor dos dois mundos: se por um lado compra na comodidade da sua casa, recolhendo informação disponível online e fazendo comparações, por outro não perde o contacto físico com a marca, recolhendo numa das lojas, sem perder muito tempo e garantindo que consegue devolver o artigo de forma pratica e eficiente. Esta nova realidade é, pois, mais um garante de qualidade de serviço ao retalhista que, no futuro, se poderá tornar mais e mais uma prática comum.

Nestas circunstâncias, será necessário aos retalhistas não encararem a RFID como uma situação passageira, ou a omnicanalidade como resultado da pandemia, mas sim como estratégias consolidadas e integradas que não vieram apenas para exigir investimento financeiro, mas que estão para ficar e são ferramentas essenciais ao sucesso das marcas.

*Artigo originalmente publicado na edição  393 do Hipersuper

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