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João Sanches (Shopopop Portugal): “Rentabilidade do modelo de entregas colaborativas foi validado em França”

Por a 29 de Julho de 2021 as 12:41

shopopop-cliente-A plataforma francesa de entregas colaborativas Shopopop iniciou operações em Portugal em setembro de 2020 e já conquistou as cadeias de distribuição alimentar Meu Super (Sonae), Minipreço (Grupo Dia) e E.Leclerc

 

A empresa francesa Shopopop desenvolveu uma plataforma logística de entregas colaborativas que junta empresas com necessidades de fazer entregas de proximidade e uma comunidade de pessoas dispostas a rentabilizar as suas deslocações diárias ou o seu tempo livre para fazer entregas com os seus próprios meios, numa ótica de rendimento extra.

Com o objetivo de tornar as entregas ao domicílio mais flexíveis, económicas e sustentáveis, a operação da Shopopop assenta em três princípios: simplificar interações entre negócios, clientes finais e shoppers, contribuir para uma comunidade local mais ativa, ao aproximar vizinhos, e conferir mais sentido às entregas com a otimização de recursos de toda a comunidade.

A rentabilidade do modelo de negócio foi validada no mercado francês, conta João Sanches, country manager da Shopopop Portugal, em entrevista ao Hipersuper. “Em França, o modelo é já uma referência e é utilizado em mais de 1.200 supermercados das principais cadeias. Auchan, Intermarché, E.Leclerc, Carrefour, U-Drive, Groupe Casino e Decathlon substituíram uma parte significativa das suas entregas de proximidade pelo modelo colaborativo. Em França temos já cerca de 100 mil pessoas registadas a fazer entregas colaborativas para duas mil lojas”.

Validado o modelo de negócio, a Shopopop levantou em janeiro de 2020 uma ronda de investimento de quatro milhões de euros para iniciar a expansão internacional no continente europeu. No ano passado, a empresa aterrou em Portugal, Itália e Bélgica. A operação no mercado português arrancou em setembro do ano passado e o balanço está em linha com as expectativas, considera João Sanches. “Nestes primeiros meses o balanço é muito positivo pois conseguimos rapidamente conquistar a confiança de algumas das principais cadeias de supermercados nacionais e de retalho especializado, assim como pequenos negócios, como floristas, garrafeiras, pastelarias, entre outros”. As cadeias de distribuição alimentar Meu Super (Sonae), Minipreço (Grupo Dia) e E.Leclerc já trabalham com a plataforma de entregas colaborativas. João Sanches está em negociações com as restantes insígnias de supermercado com operação em Portugal. “O setor de distribuição alimentar é o nosso principal foco”, explica o responsável. “A nossa ambição é a penetração na distribuição destas grandes cadeias e a fase de entender os desafios logísticos de cada uma é muito importante. Ajudá-las a entender o que os seus clientes mais valorizam na experiência de compra e de entrega, ajuda-nos a criar propostas e respostas à medida de cada parceiro”.

Lisboa e Setúbal para começarshopopop-cliente-2

A pandemia funcionou como um acelerador para a entrada da Shopopop em Portugal. Apesar de o estágio de desenvolvimento do e-commerce em Portugal estar ainda aquém da média europeia, a pandemia encurtou um pouco esta distância. “Portugal está ainda um pouco atrás da média europeia nas entregas ao domicílio, mas, com a crise pandémica, espera-se uma estabilização das compras online de supermercado em 5%, três pontos percentuais acima de 2019. Isso faz com que seja o momento certo para a entrada neste mercado. Simultaneamente, com a pandemia, o fator rapidez de entrega tornou-se mais importante para os portugueses. Desta forma, pode dizer-se que a pandemia foi sem dúvida um acelerador para a entrada em Portugal”, afirma o country manager da Shopopop.

Além da evolução abrupta das compras online no mercado nacional ter pesado na decisão de entrar em Portugal, João Sanches revela que a presença de alguns players de retalho franceses em Portugal não foi alheia à aposta no mercado português.

A empresa disponibiliza dois tipos de serviço: ship to store (entregas ao domicílio a partir de loja) e store to store (transporte de stocks entre superfícies comerciais).

“Oferecemos um serviço de entregas de última milha, no próprio dia, até um raio de 20 km de cada loja. Asseguramos entregas a partir de duas horas, agendadas em janelas mínimas de uma hora”, explica João Sanches, acrescentando que “não há limite de entregas por janela horária, o que permite responder com muita eficácia a horas e dias de pico”.

A tecnologia desenvolvida pela Shopopop permite ainda acompanhar em tempo real a realização das entregas e a empresa criou uma equipa de apoio ao cliente que tem a responsabilidade de monitorização do serviço.

Atualmente, a solução está disponível nos distritos de Lisboa e Setúbal. “Os nossos parceiros encontram-se atualmente nos distritos de Lisboa e Setúbal. Optámos por fazer crescer a nossa rede de parceiros inicialmente de forma mais centralizada e localizada, para permitir um crescimento coerente da nossa comunidade de shoppers”, afirma João Sanches, acrescentando que os parceiros acabam por influenciar o processo de expansão geográfica. “Consoante as suas necessidades, podemos iniciar operações com lojas em centros urbanos, que tenham por exemplo maior volume de entregas, e expandir gradualmente para cidades mais descentralizadas, onde existe necessidade de melhorar o suporte à distribuição. A flexibilidade do nosso modelo permite-nos iniciar operações em apenas uma semana, em qualquer zona do País”, garante.

shopopopModelo colaborativo ganha expressão

O modelo colaborativo está a ganhar expressão. Em França, 20% dos super e hipermercados já fazem entregas colaborativas ao domicílio entre particulares. “O sucesso crescente do modelo em França prova que este modelo flexível é de fácil implementação, eficaz a gerir flutuações de volume e mantém o foco no cliente. Olhando para o panorama português, e sabendo que o consumidor que compra online cada vez mais valoriza as entregas no próprio dia, num horário por si escolhido e, ainda mostra preocupações com a sustentabilidade, não temos dúvidas de que as entregas colaborativas são uma opção que vai consolidar-se no mercado”.

Quais são, então, as grandes vantagens da logística colaborativa face aos modelos mais sofisticados de entrega de mercadorias em última milha? O country manager da Shopopop destaca as três principais diferenciações do serviço. “O nosso produto é diferenciador por permitir entregas no próprio dia agendadas, num modelo de slot based delivery, o que permite ao cliente selecionar a janela horária em que receberá o seu produto, podendo recebê-lo duas horas após a compra. Simultaneamente, não existe qualquer limite de número de entregas por dia ou janela horária, permitindo dar resposta a todos os pedidos dos clientes, sem constrangimentos. Ao mesmo tempo, e sendo um produto tecnológico, temos um sistema de precisão horária que permite que a loja possa monitorizar todas as entregas em tempo real e que o cliente seja informado no momento em que o shopper se dirige a sua casa.
Além disso, qualquer contacto com os clientes finais das empresas parceiras é da responsabilidade da Shopopop que, através de um serviço de apoio ao cliente, assegura a concretização de todas as entregas, dentro do horário definido”.

À semelhança de Portugal, a expansão em Itália e na Bélgica está a ter um resultado “muito positivo”. Em ambos os países, a Shopopop já é parceira de cadeias de distribuição musculadas, como o Carrefour, Cora, Crai, Doro Supermercati, Famila (Selex Group) e Conad. A empresa está a iniciar este ano operações em Luxemburgo, Holanda e Espanha. “A prioridade neste momento é o desenvolvimento do negócio na Europa e em breve teremos mais novidades”, termina o responsável.

 

João Sanchez, country manager Portugal

João Sanchez, country manager Portugal

3 perguntas a…

João Sanches, country manager da Shopopop em Portugal

 

  1. Quais os setores de atividade que mais podem beneficiar com a utilização da plataforma?

A Shopopop é a plataforma de logística ideal para o setor de atividade da grande distribuição alimentar, mas também para muitos outros negócios, cujas encomendas não se tratem de produtos para consumo imediato (como os quentes) e não tenham dimensão superior à transportável num carro particular, dos quais são exemplo floristas, mercearias, garrafeiras e grandes superfícies especializadas.

  1. Que desafios estabeleceu para fazer crescer o negócio em Portugal?

O nosso principal objetivo é provarmos a efetividade do nosso modelo ao grande retalho alimentar e especializado. Simultaneamente, queremos também penetrar outros verticais de negócio, de forma a ajudar os vários setores a responder à crescente demanda por entregas em casa, e ao desejo de rapidez e conveniência dos portugueses, acentuado pela Covid-19.

  1. Qual o plano de expansão geográfica que desenharam até ao final do ano?

Queremos acima de tudo consolidar a relação com os nossos parceiros e expandir o modelo colaborativo para todo o território nacional, inclusive para zonas rurais, garantindo entregas de qualidade, entre vizinhos.

 

 

Artigo originalmente publicado na edição 392 do jornal Hipersuper 

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