La Casa de Las Carcasas investiu 2,1 milhões em Portugal em quase dois anos

Quase dois anos depois do início de atividade em Portugal, com 21 lojas espalhadas pelos principais centros comerciais do País e um volume de negócios de 3,5 milhões de euros, a retalhista espanhola La Casa de Las Carcasas tem planos para abrir nove lojas este ano e criar 60 postos de trabalho

A retalhista espanhola La Casa de Las Carcasas, que escolheu o mercado português como primeiro destino para internacionalizar o negócio de caixas e assessórios para aparelhos eletrónicos, conta já com um parque de 21 lojas em Portugal. “Nestes quase dois anos, investimos mais de dois milhões de euros na reformulação das instalações que abrimos, assim como na contratação e formação da equipa de mais de 140 pessoas que somos hoje em Portugal”, revela João Fonseca, country manager da La Casa de Las Carcasas em Portugal, em entrevista ao Hipersuper.

“O nosso objetivo inicial era ver se Portugal, que tem uma cultura de consumo bastante semelhante à de Espanha, era capaz de abraçar positivamente o nosso formato de loja inovador, assente sobretudo numa experiência de compra de primeira linha através do aconselhamento personalizado dos nossos experientes colaboradores”, explica João Fonseca. E assim tem sido. “Com as conquistas alcançadas no meio da pandemia de Covid-19 e com a marca a ultrapassar as 20 lojas ativas em diferentes cidades de Portugal, olhamos para o nosso futuro no País com otimismo e vontade de continuar a fazer crescer a marca neste mercado tão importante para nós e com tanto potencial”.

Consolidada a atividade em Portugal, a retalhista aposta todos os trunfos na expansão territorial. “É imprescindível que a nossa empresa esteja presente em todas as localidades e regiões onde é possível, e que esteja localizada em zonas chave de atividade comercial”.

Neste sentido, nos próximos meses de 2021 “esperamos manter o nosso ritmo de aberturas em várias localidades portuguesas. Vamos ter notícias importantes sobre isto, as próximas lojas vão permitir que cada vez mais consumidores portugueses conheçam o nosso catálogo e utilizem a forma diferenciada de venda da La Casa de las Carcasas”.

Expansão contempla lojas de rua e shoppings

A insígnia planeia abrir um total de nove lojas este ano, das quais quatro já foram inauguradas no primeiro semestre. As mais recentes inaugurações tiveram lugar nas cidades de Guimarães e Póvoa do Varzim, onde a marca ainda não tinha lojas, no Centro Comercial LouresShopping, na Área Metropolitana de Lisboa, e em Faro, no Algarve.

“Mesmo apesar do confinamento e do fecho do comércio, temos um contrato assinado com o centro comercial Glicínias Plaza de Aveiro, com inauguração marcada para o final do ano, e estamos a negociar com outras lojas nas zonas do País onde pretendemos entrar”, conta João Fonseca.

O plano de expansão priorizou até agora a presença nos principais centros comerciais do País, mas o responsável quer aumentar a presença da marca nas principais ruas comerciais portuguesas. “É verdade que, atualmente, a maior parte dos estabelecimentos que temos estão localizados em centros comerciais, porque entendemos que esta era a melhor carta de apresentação para um País que, quando começámos, mal nos conhecia. Mas, o nosso objetivo é agregar novas lojas em pontos chave das principais cidades portuguesas, e que incluam centros comerciais e ruas com comércio e, nos próximos meses, haverá inúmeras e importantes aberturas em ambos os cenários”.

Tal como fez em Espanha, a insígnia pretende ter uma presença uniforme em todo o País. “Queremos aumentar progressivamente o número de regiões que têm uma loja La Casa de las Carcasas. Mas como é óbvio, procuramos dar destaque às cidades e zonas com maior população, porque queremos ser acessíveis ao maior número de consumidores possível”, explica.

A estratégia resume-se a duas ideias bem definidas. “Continuar a crescer nas grandes cidades onde já estamos presentes e, em paralelo, tentar a expansão pelas diferentes regiões de Portugal, priorizando aquelas onde detetamos maior potencial”.

Ressalvando que o valor do investimento nas lojas “depende muito do que encontramos nas instalações, das reparações que temos de fazer e da área de vendas” propriamente dita, o investimento numa loja de média dimensão “pode rondar os 85 mil euros, entre obras e projetos, licenças, formação e contratação de pessoal, mercadoria, inauguração, seguro e outras obrigações”.

A principal regra de orientação para esta expansão “é que cada loja deve estar localizada num ponto estratégico da atividade comercial da localidade em que está inserida”, acrescenta.

João Fonseca, country manager da La Casa de Las Carcasas em Portugal

Design pensado em função da experiência de compra

Os estabelecimentos da La Casa de Las Carcasas têm em média uma área entre 70 e 100 metros quadrados. A maior loja da marca tem morada em Guimarães e ocupa 130 metros quadrados. O design dos espaços comerciais é pensado em função da experiência de compra. “Acima de tudo, priorizamos a exposição aberta dos produtos à venda, sem obstáculos entre eles, para que o consumidor possa ver de forma eficaz os destaques que podemos oferecer para complementar os seus dispositivos tecnológicos. Tudo isso é apresentado num ambiente informal, despreocupado, alegre e dinâmico”, declara João Fonseca.

Também a atenção personalizada e especializada dos funcionários é um ponto central na estratégia da insígnia. “Apostamos fortemente na formação dos nossos colaboradores para criar um vínculo com o cliente. Com base na imparcialidade e na empatia, eles são capazes de contribuir com os seus conhecimentos para orientar o processo de compra da forma mais técnica possível, respondendo às dúvidas que o consumidor possa ter e, paralelamente, atuam como consultores de moda e de estilo, procurando o complemento certo que melhor se adapta a um produto tão pessoal como o telemóvel”, detalha.

A empresa conta com um stock superior a 50 mil “caixas para todos os modelos das marcas mais populares de telemóveis”, com designs para todos os gostos. “Designs mais sóbrios e discretos e outros mais ousados e focados no utilizador, que pretende que o seu telemóvel seja uma reivindicação marcante, não só pela sua tecnologia, mas também pelo seu aspeto e pela sua adaptação às últimas tendências da moda. Paralelamente, trabalhamos em conjunto com algumas marcas de diversos setores para comercializar colaborações exclusivas. O objetivo final é que cada produto contribua para mostrar como é cada utilizador, quais são os gostos que tem e como vê o mundo”, afirma o country manager da La Casa de Las Carcasas em Portugal.

As aprendizagens sobre a pandemia

Do período mais negro da pandemia, a retalhista espanhola retira lições para o futuro. “Os primeiros seis meses de 2021 foram difíceis para todo o comércio em Portugal e nós não fomos exceção. Desde o encerramento forçado em janeiro até à retoma da atividade em 7 de maio, houve dias de muitos telefonemas, comunicações de última hora, mudanças e outros procedimentos urgentes”. A prioridade passou por “garantir a tranquilidade no trabalho dos nossos colaboradores”. “Confiamos na nossa equipa para superar as adversidades da pandemia”, declara o responsável.

“Sentimos é que há uma mudança geral nos hábitos dos clientes. Na hora de comprar um produto, na hora de sair para comprar, uma maior atenção aos detalhes. A pandemia trouxe mais preocupação com coisas que antes não eram tão importantes. O bom é que o nosso negócio é feito por e para os nossos clientes, pelo que a nossa atenção para e com eles tem sido ainda mais reforçada”, acrescenta.

A primeira loja da empresa em Portugal foi inaugurada no verão de 2019, vários meses antes da pandemia. “A chegada da Covid-19 não coincidiu com o início da atividade da La Casa de las Carcasas no mercado português. Se o coronavírus nos tivesse ‘apanhado’ desde o início, teria sido mais difícil para nós começar, com um setor de retalho físico que tem tido alguns meses difíceis devido à preocupação dos clientes e aos períodos de encerramento obrigatórios”.

O regresso à atividade após confinamento está a correr bem, garante João Fonseca. “Quando voltámos, recebemos uma resposta muito positiva dos consumidores portugueses. Adaptámo-nos a este contexto muito rapidamente, promovendo a utilização de máscaras e do álcool gel nos nossos estabelecimentos e limitando a capacidade máxima nas lojas, visto que pretendemos garantir as condições mais seguras possíveis aos nossos clientes e colaboradores”.

Sobre o futuro do negócio, a expectativa de João Fonseca é que sejam levantadas “muito em breve” as “numerosas restrições”, que “o processo de vacinação continue a bom ritmo e nos próximos meses de verão possamos recuperar o turismo e, claro, a economia”. “O ideal seria chegar ao Natal com a população maioritariamente vacinada, o que nos permitiria regressar às festas natalícias que todos queremos, com incentivo, alegria, compras, claro, mas, acima de tudo, com a normalidade típica daquela época”, vaticina.

Reforçar online através das redes sociais

Em 2020, a empresa registou um volume de negócios de quase 3,5 milhões de euros em Portugal, apesar de ter tido as portas fechadas de algumas lojas durante cerca de três meses.

No ano passado, “abrimos 11 lojas ao longo do ano, seis entre julho e novembro, pelo que, voltamos a dizer, que confiamos muito no cliente português e na sua receção do nosso modelo de negócio”, sublinha o responsável.  Este ano, João Fonseca espera alcançar um “número maior”, embora o período de encerramento tenha sido “mais longo” e o “retorno à atividade normal está mais difícil”.

Presente no canal online com uma loja própria desde agosto de 2019, a retalhista admite que é uma “área da empresa a explorar e a melhorar”. “Os hábitos de compra mudaram e existem cada vez mais clientes de comércio eletrónico. A presença no digital é muito importante e deve ser acompanhada de perto”, defende.

“O nosso negócio é a combinação da atividade das nossas lojas físicas com o comércio eletrónico, no qual apresentamos o nosso catálogo completo com os mesmos preços competitivos que nos caracterizam. À semelhança dos nossos estabelecimentos físicos, temos trabalhado para que a atividade comercial eletrónica seja cada vez maior em Portugal, e o nosso objetivo é reforçar através de canais como as redes sociais”.

Expansão segue para França, Áustria e Alemanha

Itália foi o segundo mercado internacional da La Casa de Las Carcasas. A primeira loja abriu no final de 2020. “Como nos disse o nosso CEO, Ismael Villalobos, é mais um país que nos deu uma visão quase imediata do nosso negócio modelo, o nosso produto e a nossa forma especial de tratar o cliente. Em Itália estamos atualmente numa situação muito semelhante à de Portugal, com 23 lojas abertas, um processo de expansão territorial em todo o país e planos muito ambiciosos de continuar a crescer num mercado no qual vemos muito potencial”, conta João Fonseca.

A expansão prossegue para três novos países europeus. “Temos um roteiro para que, nos próximos meses, possamos iniciar as operações em França, Áustria e Alemanha. Como sempre, faremos isso mediante um estudo detalhado de cada mercado, para confirmar que existem as condições que procuramos para consolidar o negócio da forma como imaginamos”, termina.

Correção. *Artigo originalmente publicado na edição 392 do Hipersuper.  Em data posterior à publicação, João Fonseca solicitou a correção do valor do investimento em Portugal. São 2,1 milhões de euros e não 1,5 milhões, como o responsável tinha avançado inicialmente.