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Compras online: “90% das empresas em Portugal não entregam no mesmo dia”

Por a 28 de Junho de 2021 as 16:15

AdobeStock_430634159A empresa britânica LineTen entrou no mercado português para revolucionar o mercado de entregas no mesmo dia. “90% das empresas em Portugal não entregam no mesmo dia da encomenda ou da compra online”, revela o líder do projeto de expansão no mercado português, Bruno Gil, em declarações ao Hipersuper. A solução de delivery manager que a empresa britânica lança agora em Portugal permite agregar vários transportadores numa só plataforma que liga diretamente ao site da e-commerce da empresa que está a prestar o serviço. Quando a plataforma recebe um pedido, é selecionado automaticamente o melhor transportador, em função de critérios e requisitos pré- -definidos, desde logo o preço, o serviço e a rapidez. “Tudo isto facilita as entregas de última milha. Esta é uma solução muito focada nas entregas no próprio dia. O que estamos a fazer é a tentar revolucionar o mercado disponibilizando maioritariamente serviços de entrega no próprio dia”, anuncia.

A empresa especializada em software de e-commerce, com sede no Porto, recebeu um financiamento de 12,41 milhões de euros, em abril, numa ronda de série A, na qual participou o fundo 200M, que pertence ao Banco Português de Fomento (com um investimento de 3,27 milhões de euros), e as empresas Tech Luxury Fund, Brendan Forster e Tiberius Gelsard Limited.

Portugal vai beneficiar deste investimento e Bruno Gil revela ao Hipersuper que a principal aposta no mercado português passa pela solução de entregas delivery manager. Exceção feita ao setor da restauração, são muito poucas as empresas em Portugal que entregam no próprio dia, insiste. “Queremos muito avançar para esse mercado e iniciamos conversações para um projeto-piloto com um grande retalhista em Portugal para testar a solução”. O projeto-piloto deverá arrancar em breve, com duas lojas. “Vamos aproveitar as estruturas que essas lojas já têm para o click&collect e transformar em espaços para delivery, aproveitando os recursos já disponíveis nas lojas para preparar as encomendas”.

Estou a consultar por áreas de negócio e empresas, quais os lead times médios de entrega ao cliente final, os transportadores com melhor nível de serviço e os custos associados. Acredito que há aqui muita margem e oportunidade para crescer porque mais de 90% das empresas em Portugal não disponibilizam ainda entregas no mesmo dia”, reitera. Bruno Gil acredita que vai conseguir disponibilizar um serviço de entrega no próprio dia ao preço que o mercado está atualmente a disponibilizar para entregas em três a seis dias.

Há cadeias de distribuição alimentar que não fazem venda de e-commerce através dos seus próprios sites, lembra, estando dependentes de comissões. “A Line Ten não cobra comissões. Tem uma subscrição mensal de valor fixo”, um “valor bastante residual”, e cobra o valor da entrega que pode chegar até ao máximo de um euro. “Por exemplo, se o transportador cobrar cinco euros, o nosso serviço custará no máximo seis”. “E isto é muito diferente de dizer que levamos 20% sobre o valor de cada entrega”, acrescenta, lembrando o valor da taxa cobrada pelas empresas que entregam refeições porta-porta.

A grande vantagem deste serviço, acredita Bruno Gil, é que toda a gestão de burocracia das entregas está nas mãos da Line Ten. A empresa prestadora do serviço trabalha com uma única empresa e tem uma única fatura. Além de ter acesso a um conjunto de dados analíticos para apoiar a sua gestão operacional, como medição de entregas, otimização de rotas, notificações, seguimento das devoluções, entre outras. “Por exemplo, um retalhista passa a ter acesso a uma frota praticamente ilimitada e passa a trabalhar com todas as empresas de estafetas e de entregas, o que permite reduzir os riscos”.

O líder da Line Ten lembra que a empresa concorre com outras produtoras de software para e-commerce e não com a Glovo ou a Uber Eats. “A Glovo é nossa parceira. Eles conseguem integrar diretamente com a plataforma dos clientes, é certo, mas estão limitados ao volume das mochilas e nós temos outros parceiros com capacidade de até 10 mil quilos”.

A Line Ten levou a cabo recentemente uma revisão do seu portefólio, especializando-se em três áreas e disponibilizando três soluções a nível global: delivery management, POS integration e online order. A solução de online order permite a criação de uma plataforma de pedidos online (site e app móvel), totalmente personalizada e incorporada no site da empresa, e com programas de fidelização integrados. Isto permite às empresas venderem diretamente a partir do seu site, sem o pagamento de taxas adicionais a terceiros, enquanto mantêm a sua identidade.

Até há pouco tempo esta solução estava apenas disponível para o setor da restauração, mas vai ficar acessível a todas as áreas de atividade e o desenvolvimento de software foi feito em Portugal. “Um dos requisitos do grupo para o investimento em Portugal era que a implementação do negócio no nosso País passasse pelo desenvolvimento de soluções que permitissem criar emprego em Portugal”. Atualmente, a Line Ten dá emprego a cinco pessoas em Portugal, mas quer contratar mais 15 nos próximos seis meses, ligadas às áreas de desenvolvimento de software, financeira, comercial, marketing e recursos humanos.

Já a solução POS Bridge foi desenvolvida a pensar nas necessidades do setor da restauração. “Permite simplificar as operações omnicanal ao integrar vários sistemas ePOS de diferentes marketplaces, numa só plataforma. Permite, no fundo, ter apenas um centro de comando para a cozinha e da cozinha para os diferentes marketplaces. As atualizações são feitas na nossa plataforma e atualizadas de forma instantânea em todas as plataformas envolvidas”.

A LineTen, que iniciou atividade em 2009, está atualmente presente em 26 países. Além do Reino Unido, já tem operação nos EUA, Canadá, Holanda, Dinamarca, França, Espanha, Dubai, Brasil, Chile, Irlanda, Áustria, Austrália, Itália, Alemanha, Arábia Saudita, Kuwait, Bahrain, Qatar, Roménia, Colômbia, Suíça, México, Hong Kong, Malásia e Singapura.

Portugal é um mercado apetecível para a Line Ten? “É. E precisamente por não estarmos ainda muito avançados enquanto país no comércio online, há muita margem para crescer. Há muitas empresas que ainda não disponibilizam encomendas online. Porque temos bons recursos humanos. E por ser um pequeno país permite testar e rapidamente replicar noutros países. Permite escalar facilmente boas soluções”, termina.

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